Línea - Os 10 Anciões escrita por Bryan


Capítulo 1
A menina e o Dragão


Notas iniciais do capítulo

'' ...As nuvens estavam vermelhas e em combustão, o céu se tornara escarlate... ''



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Quando ele acordou, a fogueira já estava apagada. Seus músculos estavam pesados e a geada cobria a relva. Olhou ao seu redor e deu uma baforada na fogueira, fazendo uma chama escarlate surgir num piscar de olhos. Sua respiração parecia pesada e suas olheiras mostravam como sua mente estava abalada. Claro, faltava apenas um ano para o dia fatídico e ele carregava um fardo enorme em suas costas. Apesar disso, seus olhos continuavam vorazes como um lobo, afiados como uma navalha e revigorantes como a brisa da primavera.

Vasculhou a mochila do seu companheiro, encontrando um delicioso pernil. Devorou com tal voracidade que nem ele mesmo sentiu o pernil descer em seu estomago. Deu um golpe na parede, rasgando as pedras e afiando suas unhas. O gelo da geada que restara em suas escamas derreteu quando ele saiu da sombra da caverna e prestigiou um dos mais belos sois de sua vida. A relva estava cintilante e refletia a luz solar. As abelhas voam de flor em flor coletando o polem quando de repente, um vulto branco salta da relva em direção à floresta. Era um coelho élfico branco, um animal extremamente rápido, capaz de ultrapassar a velocidade de um leopardo. Pouco antes do animal entrar na floresta, ele pode escutar o vento uivar silenciosamente e em um instante um falcão peregrino cravou suas garras no pequeno animal, que, sem defesa alguma, apenas aceitou o seu destino e deu seu ultimo suspiro.

O falcão voou em sua direção e ele se perguntou o que dera na cabeça do animal em vir na direção de um dragão de tres metros de altura, que no olhar dele parecia um pequeno pombinho desengonçado. O animal passou por sua cabeça e quando ele virou para trás, espantado, se encontrou olhando para uma jovem criança, de cabelo loiros como o deserto e um olhar penetrante azul como o mar. O animal largou a carcaça do coelho no chão e pousou esplendosamente em seu fino braço. Heskan lançou um olhar neutro sobre a criança e, curioso, chegou mais perto.

— Qual seu nome pequena criatura? — Disse o dragão abismado.

— Chamo-me Alice e você? — Respondeu calmamente a criança.

— Sou Heskan o escarlate, você não está com medo? — Indagou Heskan.

— Medo de um dragão velho como você? Nunca! — Respondeu Alice sorridente.

Aquilo repercutiu na cabeça de Heskan e ele nunca se sentiu tão furioso em todos os seus 340 anos de vida. Deu um passo para trás, se voltou para o céu, firmou as garras no chão e de seu peito podia-se sentir o ar vibrar. Num relance tudo ficou numa clareza avermelhada, uma rajada quente de vapor atingiu o rosto de Alice e um grande estrondo a deixou inconsciente por poucos segundos. Quando Alice abriu os olhos e se ergueu, ficou branca, numa palidez que nem mesmo o mais majestoso sol poderia esquentar sua pele. As nuvens estavam vermelhas e em combustão, o céu se tornara escarlate. Um vento quente passou em seu corpo, deixando a pele de Alice avermelhada. Ela nunca tinha visto algo tão estrondoso e sentiu que o céu ia desabar sobre sua cabeça.

Um pouco de fumaça espanta as moscas não é mesmo? Disse Heskan com um ar irônico.

O falcão se encontrava desmaiado ao lado do coelho e Alice rapidamente recolheu os dois animais, sumindo floresta adentro.

Do horizonte, Heskan pode ver seu mestre vindo correndo espantado com um balde de peixes e algumas ervas aromáticas em uma sacola de couro.

— Você ficou louco Heskan? Temos que nos mover ou irão descobrir onde estamos nos escondendo — Disse o mestre furioso.

— Fique calmo , nunca pensei que Dragan o destemido fugisse de uma batalha.

— Não se faça de bobo, você sabe que eu tenho um grande peso em minhas costas e o futuro de do planeta terra depende de nós.

— Sinceramente, essa tarefa de reunir os doze anciões esta dando uma trabalheira danada.

— Temos que nos manter firmes ao objetivo, estamos perto de achar Luna agora venha me ajude a cozinhar estes atuns.

Com prazer! — disse Heskan ansioso.

A quatro quilômetros dali, Alice corria para sua cabana chorando com a pele um pouco queimada do vapor de Heskan. Deixou o coelho na mesa, olhou para o falcão empoleirado na janela e começou a chorar, quando de repente algo pesado e suave tocou sua mão. Abriu os olhos, enxugou as lagrimas e se deparou com um olhar profundo. Aqueles olhos azuis, iguais aos dela pareciam entender sua dor, e como se se tudo de mal no mundo fosse extinto, escutou uma voz firme e sutil ecoar no quarto.

— Não se preocupe jovem criança, todos passam por momentos difíceis, me diga quem fez isso com você?

A noite caia sobre o reino de Línea, o crepúsculo se tornava cada vez mais escuro, os mosquitos saíram para caçar e a cabana de Alice se perdia na escuridão. Dragan e Heskan dormiam como bebês e a fogueira expelia faíscas no corpo de Dragan que o deixavam irritado. Mexeu-se e resmungou

— Esse diabo de fogueira esta me incomodando.

Mal sabia Dragan que aquelas faíscas salvaram sua vida. Heskan escutou o resmungo e abriu os olhos, vendo um vulto numa moita. Dando um rugido ensurdecedor, um enorme tigre branco de listras azuis saltou e em milésimos de segundos cravou as garras afiadas na coberta de Dragan que por intuição, sentiu a aura assassina do animal, e se jogou contra a fogueira queimando sua coxa e rolando para extinguir a chama.

Heskan na velocidade da luz atinge o tigre com sua garra que desvia rapidamente e entra em posição de defesa

Sabia que estaria se escondendo em algum lugar nessa floresta, Luna a safira
Não sabia que o grande dragão escarlate tinha como agora o passatempo de assustar crianças indefesas Retrucou Luna

A atmosfera estava pesada e com o tempo a tensão foi diminuindo. Dragan gemia de dor pela queimadura e aplicou as ervas que tinha coletado de manhã.

— Idiotas. — Resmunga novamente Dragan.

Enquanto Alice admirava a luz da lua e Dragan tratava seus ferimentos, Heskan se dirige a Luna.

— Tenho algo para lhe dizer. — Disse Heskan serio.

— O grande dia esta chegando, não é? — Responde Luna.

— Entendo, você também sentiu aquilo. Dias escuros estão chegando.


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