Matt

Logo que acordei, vi Jimmy na cama ao lado, com seus cabelos ruivos levemente despenteados, sentado como se estivesse esperando por algo. Espreguicei-me, ainda cansado, e meu irmão percebeu que eu estava acordado.

– Entreguei seu poema para ela, ela disse que vai ler com carinho - disse Jimmy levantando-se da cama, como se estivesse alegre por mim.

–Ótimo! E qual é o nome dela?

–Laffi – em seguida ele parou, refletindo sobre alguma coisa – sabe, eu acho que você deveria conhecer ela, pessoalmente, ou entregar você mesmo os seus poemas, para ela já começar a se interessar por você.

– É, talvez você tenha razão, mas é que tudo isso é muito novo para mim, sabe, estar a fim de uma garota...

– Bom, - disse Jimmy, me interrompendo – se você pensa assim. Você não quer treinar comigo? Faz tempo que não fazemos algo junto.

– Tem razão, vamos.

No caminho, vi Jimmy cumprimentar vários de seus amigos. A maioria das pessoas eu desconhecia, algumas me cumprimentavam, outras não davam a mínima para minha existência.

Chegamos ao Arsenal para pegar nossas armas. Pegamos nossos arco e flecha e nos dirigimos para a Arena.

A Arena estava praticamente vazia, por ser ainda muito cedo. O Sol a recém havia aparecido. O dia estava quente, típico do verão. Alguns semideuses treinavam com outros semideuses, ou simplesmente sozinhos.

Começamos a treinar. Percebi que Jimmy tinha melhorado muito seu desempenho com o arco e flecha, e ele começou a me ajudar com o meu.Logo a Arena começou a lotar. Muitos vieram cumprimentar e falar com Jimmy, alguns notavam a minha presença.

– Oi, Jimmy. Como vai?

Gelei. A menina de cabelos loiros e olhos azuis estava vindo em nossa direção. – Oi Laffi. Permita-me apresentar o meu amigo, Matt. – Ele falou como se eles já se conhecessem a tempos e já tivessem intimidade o suficiente para fazer brincadeiras.

– Oh, claro. Oi, Matt, me chamo Laffi.

–Oi, muito prazer. – foi o que eu consegui dizer. Caramba, eu estava conversando com a menina por quem eu estava apaixonado.

– Então, você é de que chalé?

– Sou do 7. – respondi, meio sem jeito.

–Uau, dois filhos de Apolo.

– Porque nós somos demais. – Falou Jimmy, com um ar de superioridade. Laffi riu, e eu me esforcei para diminuir a minha tensão.

Em seguida paramos de treinar e saímos os três para o pavilhão do refeitório. Estávamos andando devagar, e Laffi conversava com nós descontraidamente, os raios batendo em seus cabelos em movimento, fazendo-os ficar ainda mais brilhantes.

Chegamos o refeitório, onde cada semideus deveria sentar-se à mesa respectiva de seu Pai ou de sua Mãe. Vários já estavam comendo, conversando, rindo alto, ou simplesmente contando sobre o seu dia no acampamento.

– Jimmy, fale para o meu admirador que eu adorei o poema.

Ela tinha gostado do poema. Ela realmente tinha gostado, dava para notar a sinceridade em sua voz.

– Pode deixar.

– Queria poder dizer isso para ele pessoalmente.

Jimmy me encarou, e eu fiz que não discretamente com a minha cabeça. Ainda não queria que ela soubesse.

– Por enquanto, não. Você vai ter que esperar.

– É realmente uma pena.

Jimmy me olhou novamente, como se dissesse: “Por que você não diz logo?”.

– Até mais garotos, adorei falar com vocês – ela parou, me olhando – gostei de te conhecer, Matt.

Sorri, meio tímido. Estava perdidamente apaixonado por ela, e cada vez que olhava para ele, aumentava mais o meu desejo de conhecê-la melhor, ainda mais minha vergonha e meu medo de me decepcionar.

A voz de Jimmy me afastou de meus pensamentos e me trouxe de volta:

– Matt, você sabe que pode contar comigo para tudo, mas eu não vou entregar poemas o resto da minha vida para a Laffi, ok?

– Eu sei, apenas me dê um tempo, e eu prometo que eu entrego e ou falar com ela eu mesmo.

Jimmy sempre era sincero e eu admirava isso nele, ele sempre sabia o que e quando tinha que falar algo, e 90% das vezes ele sempre tinha razão, como agora. Que fim irá levar isso se Jimmy continuar entregando meus poemas para Laffi? Não poderia depender de Jimmy para sempre, e era hora de mudar isso em mim, fazer as coisas diferentes, agir de modo diferente, e de repente, poderei ter uma chance com Laffi. Prometi para mim mesmo que começaria minhas mudanças logo. Peguei meu caderno, e anotei algumas coisas que para mim eram importantes. A primeira delas era: perder a timidez. Conseguindo isso, tenho coragem para fazer todas as outras, e ir falar pessoalmente com a filha de Atena responsável por essa paixão toda que faiscava para fora de mim.