1960… foi um ano comum, chato e monótono para muitos, mas para mim, foi quando descobri que o verdadeiro inferno não é de fogo, mas sim de água e metal.

Sou um reles estudante de faculdade de arquitetura em Nova Iorque, mas em meus tempos vagos, ou seja, férias de verão, sou um pescador que atua em alto mar, próximo ao Oceano Atlântico.

Eu costumava pescar com meu pai, seu nome era August Sinclair... Ele foi um grande homem, vegetariano e praticava pesca esportiva, vencedor de muitos campeonatos e blá blá blá...

Como dizia, costumava pescar com ele, mas dois anos atrás ele simplesmente sumiu no meio das águas e apenas sua barcaça, a Fúria das Marés voltou para casa e bem...

Eu o admirava muito para pensar que ele tinha simplesmente morrido, e em 28 de Dezembro de 1959, parti com a Fúria das Marés v2.0 em uma tentativa suicida de encontrar meu pai, seguindo sua rota diretamente para o Atlântico, carregando apenas alguns suprimentos, minha vara de pesca e algumas ferramentas caso a maldita barcaça desse de quebrar novamente. Incrivelmente, no fundo eu sabia que eu não voltaria mais, talvez que eu morreria nisso.

Nunca fui muito com navegação, e por causa disso, facilmente me perdi, e depois de algumas horas de um vai e vem marítimo, eu me via cercado apenas por água, sem nenhum sinal de terra e nem de peixes ah, ainda esqueci de contar o pior, eu estava no meio de uma tempestade!

A velha barcaça de meu pai nunca foi das melhores... Afinal, nós nunca tivemos muito dinheiro e eu tentei o máximo para que essa coisa ficasse em condições para navegar, a reformando, mas de nada adiantou pois, naquela cruel tempestade, o barco começou a lentamente se desfazer, soltando prancha por prancha de madeira, parafuso por parafuso...

Seria questão de tempo até eu morrer afogado naquelas águas esverdeadas e traiçoeiras, no meio de uma madrugada de quinta-feira –eu acho que ainda era quinta- mas então... uma forte luz apareceu em minha visão, quase me cegando, e no fundo de minha pouca fé cristã, realmente acreditei que havia morrido e ido ao paraíso, mas depois que meus olhos se acostumaram com aquela desgraçada claridade, eu vi que não era nada mais que um farol...

Quer saber o estranho? Um farol no meio do oceano, sem ilha e nem continente a vista, mas eu não tinha outra opção a não ser ancorar naquele farol, antes que morresse afogado ou de frio, se bem que... estava muito na cara que aquele lugar era ermo, mas a luz do farol se encontrava acesa.