Forms of love escrita por immutable


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, people. Postei o prólogo ontem e já venho com o primeiro capítulo hoje. Espero conseguir manter este ritmo ao decorrer da fanfic.
Enfim, tomara que gostem. Nesse capítulo voltamos para o início de tudo. Aqui vocês conhecem um pouco melhor a Ariel e sua família.
Boa leitura!



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Capítulo 1

Segunda feira, 02 de Setembro, 8 am.

É feriado do dia do trabalho, o que indica que semana que vem o ano letivo começa. Também indica que a maioria das pessoas estão com suas famílias, aproveitando os últimos dias das férias de verão e se preparando para a volta à rotina. Essa foi a principal razão para eu ter comprado minhas passagens de volta para São Francisco neste dia. Feriado significa aeroportos vazios, o que significa menos transtorno para mim.

Meu avô lê concentrado ao jornal, enquanto esperamos pelo aviso da empresa aérea sentados naquelas cadeiras desconfortáveis do aeroporto. Noto uma criança – não deve ter muito mais que sete anos – comendo animada ao seu donut. Sorrio ao notar seu rosto todo sujo de calda, como eu costumava ficar. Descruzo então minhas pernas e fecho meus olhos. Sinto uma angustia crescer dentro de mim ao saber que em pouco mais de uma hora eu estarei de volta a São Francisco. E não é bem a cidade que me incomoda, mas sim toco o conjunto de minha vida nela. É tão extremamente diferente da vida com o meu avô, no interior. Em São Francisco eu divido uma casa com meu pai, Made e os gêmeos. Não que eu não os ame – eu amo – mas viver com eles, principalmente com Carl e Suzy, é igual há 24 horas sem silêncio, descanso e paz. Enquanto em São Francisco eu sou mais uma, um número na lista de alunos, em Redmon eu sou a Ariel. Ruiva neta do velho Montgomery. São como vidas paralelas, sem conexões. E agora, eu estou prestes a voltar para a deprimente realidade de São Francisco.

Pego com força o colar em meu pescoço e começo a mexer no mesmo. Já havia virado uma mania buscar ele em momentos de nervosismo. Abro o pingente que pendia dele e sorrio para a pequena foto que tinha dentro. Era minha mãe. Juliet Montgomery Harris. Fazem exatos sete anos desde que ela se foi. Eu só tinha 10 anos e perder a pessoa a qual eu mais imitava e admirava foi muito difícil. Meu pai se devastou e por muito tempo nós vivemos em um silêncio constante naquela casa, pouco nos vendo durante as refeições. Vovô teve até que vir do interior para passar uns tempos com a gente. Ele dizia que era porque sentiu saudade, mas todos sabíamos o real motivo. Mamãe havia partido e com meu pai completamente perdido, alguém tinha que fazer nossas vidas caminharem. E bem, elas caminharam. Tanto que há três anos atrás, Madeleine apareceu. Com seus vestidos coloridos e teses naturalistas, ela era parecida demais com o que um dia minha foi. Apesar de ser loira – diferente de minha mãe que, como eu, era ruiva. Acabei surtando por um tempo. Senti medo. Medo do que aquela nova mulher em nossas vidas iria realmente significar. Mas após ver meu pai sorrindo novamente, como há anos eu não via, percebi o quanto Madeleine significava para ele. Então Madeleine se tornou Made. Que acabou engravidando pouco tempo depois e acrescentando dois furacões a família. Hoje temos uma boa relação. Ela me trata como um de seus filhos – o que às vezes é irritante – mas que só demonstra que se importa comigo. Mas, no fundo no fundo, sinto falta da minha mãe. E às vezes me pego pensando em como teriam sido as coisas se ela não tivesse pegado o carro naquela manhã chuvosa.

Voo para Portland sem conexões, portão de embarque 10 – a voz saindo dos altos falantes do aeroporto narram, me despertando.

Voo para Portland sem conexões, portão de embarque 10 – escuto mais uma vez, então começo a arrumar minhas coisas e me levantar. Vovô fecha os jornais e se levanta, me olhando sorrindo. Sorrio de volta, mesmo entristecida.

– Vovô. – Digo entre um suspiro e o abraço apertado.

– Pequenina. – Chama-me ele, do modo que faz desde que eu era pequena, enquanto afaga meu rosto. – Faça uma boa viagem.

Eu assinto. – Pode deixar. Nos vemos no natal, certo?

Ele ri. – Vai mesmo me fazer pegar um avião, não é mesmo, Ari?

– Vovô. – Digo, brigando com ele de brincadeira. – Como pode deixar um avião bobo te impedir de passar o natal com seus netos?

– Ok, ok. Você me convenceu. Espere-me para o natal, satisfeita? – Pergunta.

– Muito. – Afirmo, sorrindo grandemente. – Se cuide ok? Nada de abusos.

Ele revira os olhos. – Pode deixar, pode deixar. Agora vá se não perderá o voo.

Trocamos um ultimo abraço e começo a caminhar para o portão 10. Vários passageiros já entravam. Checo meu celular e havia uma mensagem do meu pai, perguntando se eu já embarcara.

Estou embarcando agora. Se o voo não atrasar, chego em pouco mais de uma hora. – Respondo rapidamente. Entrego então minha passagem para a atendente da empresa aérea e ela sorri para mim, logo depois me desejando uma ótima viagem. Meu assento era na janela, algo que eu fazia questão. Sempre gostei de olhar as nuvens. Dava a impressão de que eu voava junto a elas.

Uma hora e meia depois, eu já estava aterrissando no aeroporto internacional de São Francisco. O desembarque foi rápido e em poucos minutos eu estava me direcionando para fora da área interna. Assim que passei pelas enormes portas de vidro, meu olhar varreu o ambiente. E não foi preciso muito para encontrar quem eu procurava. Aliás, com Carl e Suzy carregando aqueles enormes cartazes de bem vinda de volta, Ari – cobertos de gliter, estrelas e corações – mesmo que eu não quisesse velos, ainda assim os veria. Sabia que Made tinha tido uma ótima tarde – bem bagunçada – com os pequenos, colorindo tudo aquilo.

Meu olhar encontra o de meu pai e seu rosto se ilumina. Ele sorri grandemente e tira seu braço da base das costas de Made para abri-los para mim. Corro até ele, jogo minhas bagagens no chão e o abraço. Apesar de tudo, eu tinha morrido de saudade deles. Me viro para Made e a abraço também, ganhando o usual beijinho na testa. Os pequenos já se mostravam doidos pela minha atenção, puxando a barra da minha saia, então me abaixo na altura deles e os abraço ao mesmo tempo.

– E o meu beijo? – Pergunto e ambos rapidamente fazem biquinho, beijando ambos os lados da minha bochecha. Sorrio então e me levanto novamente. Papai pega minha bagagem com uma mão e passa o outro braço por trás do meu pescoço, ficando com ele apoiado sobre meus ombros e me puxando para mais perto de si. Made da suas mãos para os gêmeos e começa a perguntar sobre como foram as férias.

A viajem até a nossa casa é rápida. Felizmente moramos em uma área próxima ao centro então é perto de tudo um pouco. Assim que chego, a ficha finalmente cai. Não é a casa de madeira, com uma cadeira de balanço na varanda, próxima ao celeiro. É só a casa onde morei grande parte da minha vida. Balanço a cabeça, tentando afastar essa nostalgia e me apresso para entrar.

Faltam exatos 15 minutos para as 10 horas. Assim que chego ao meu quarto, noto que ele continua a mesma coisa de quando eu saíra. Mudando apenas a fronha que cobria minha cama, que havia sido trocada e as janelas que estavam abertas, permitindo a entrada do sol no ambiente. Jogo-me sobre minha cama e fecho os olhos. Lar, doce, lar.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Como já disse, espero que gostem. Ainda tem muita coisa para acontecer, muita mesmo. Eu quis criar uma base para os personagens e não só introduzi-los aleatoriamente. Vocês tem que conhecer a Ariel, para entender suas decisões e sentimentos. Muita da rejeição dela quanto a São Francisco e a casa não é simplesmente uma birra de adolescente. Afinal, sua mãe morou com eles ali. Não deve ser fácil, então, ainda não julguem haha
Enfim, não esqueçam de me dizer o que acharam. Beijos e até o próximo.