Madness escrita por Ilirea
Eros se retirou da casa dos gêmeos sem muitas explicações, a fúria fervendo em suas veias. Discutindo baixinho consigo mesmo, o garoto dos cabelos cinzentos seguia a passadas duras pela rua, passando em frente a um enorme hospital.
Ace e Conn escolheram este exato momento para sair, ambos discutindo enfaticamente sobre como Connaweir passaria a noite na casa do Gato já que os médicos não conseguiram encontrar um motivo coerente para manter o garoto encarcerado mais uma noite.
– Provavelmente vou te colocar para dormir no chão. – Ace provocou. – Sem colchão, travesseiro ou cobertas. Nada melhor para o Chapeleiro esfriar a cabeça.
– Vai sonhando Cheshire. – O ruivo fixou um olho azul e um negro no garoto de cabelos escuros, erguendo as sobrancelhas. – Eu enlouqueço você. Se bem que não é necessário.
O ás gargalhou longamente, fazendo Connaweir rir com ele ao mesmo tempo em que balançava a cabeça.
– Você não tem jeito mesmo.
Quando Ace abriu a boca para responder chocou-se contra algo, caindo sentado.
– Mas o que raios...? – Quando ele ergueu os olhos azuis deparou-se com um garoto de olhos dourados e cabelos cinzentos encarando-o com ódio.
– Olhe por onde anda. – Eros reclamou.
– Olhe você. – O Gato retrucou, franzindo a testa.
Os olhos dourados do Coelho Branco faiscaram perigosamente enquanto ele limpava a sujeira da roupa e se levantava.
– Cheshire... Esquece isso. – Connaweir ajudou o outro garoto a se levantar. – Não vamos brigar.
– Connaweir. Fique fora disso. – Por algum motivo estranho o ar de Ace era ameaçador.
– Não brinque comigo, idiota. – Eros rosnou. Ao terminar a frase o garoto dos cabelos cinzentos olhou o dos olhos azuis de cima abaixo, fazendo uma cara de desprezo ao ver sua pele pálida, as olheiras doentias e as roupas largas e de aparência desleixada.
–Ora seu... - O ar ao redor do ás pareceu ferver e seus cabelos de arrepiaram como se ele realmente fosse um gato enfurecido.
– Ace! – Connaweir chamou, exasperado. – Deixa a mocinha de lado e esquece isso.
– Mocinha seu... – Eros abriu a boca para revidar, porém uma mão pressionou sua boca antes que ele pudesse proferir mais algum insulto.
– Nos desculpem. – O uníssono na voz dos gêmeos era perfeito. - Ele é um pouco... Irritado demais.
– Percebi. – Ace rosnou, sacudindo os cabelos negros e revirando os olhos.
Foi então que os Wess pararam para realmente reparar nos dois com quem o Coelho Branco andara discutindo. Enquanto realizavam um exame minucioso em Ace e Connaweir, os olhos verdes iam se arregalando cada vez mais e a cor ia sumindo dos rostos iguais, deixando as sardas cada vez mais aparentes.
– Vocês são... – Hime começou, perplexa.
– Cheshire e o Chapeleiro. – Allen completou.
O ruivo e o moreno se entreolharam, surpresos com a reação dos gêmeos e sem condições de exprimir o que realmente pensavam.
– Não. – Eros foi quem se recuperou mais rápido. – Por favor não me digam que eles também precisam participar do jogo. Por favor.
– Sim. – Os olhos dos gêmeos Alice já não focavam mais coisa nenhuma. - E o jogo começa... Agora.
O mundo pareceu virar de cabeça para baixo, para então desvirar, virar mais uma vez e jogar os cinco contra uma parede. Os irmãos tinham as bocas abertas em um berro mudo, Eros agarrava as têmporas e Ace e Connaweir mantinham os olhos fechados ao mesmo tempo em que seguravam-se um no outro. Era assustador, era surreal. O que raios estava acontecendo ali. Onde exatamente eles iriam parar?
No momento em que essa pergunta passou pela mente dos presentes, tudo parou.
O Gato de Cheshire foi o primeiro a abrir os imensos olhos azuis, focando no que via sem acreditar.
– Vocês definitivamente precisam ver isso. – Ele sussurrou.
Connaweir abriu lentamente os olhos, soltando uma exclamação chocada quando percebeu o que se estendia diante deles. O que raio era aquilo? Alucinação em grupo? Esquizofrenia? Qual era a explicação lógica? A resposta era: Não havia explicação lógica. Não havia explicação lógica para a colina verdejante que se estendi a frente deles, não havia lógica no mar de flores coloridas que os cercavam, nem na estrada de terra batia que serpenteava pelo lugar, indo a perder de vista.
– Onde raios nós estamos? – O garoto perguntou baixinho.
– Bem-vindos, bem-vindos. – Os gêmeos começaram, usando uma voz que não era deles. – Não sabem onde estão pequeninos? Aqui é o País das Maravilhas. E eu sou a Rainha de Copas, é um imenso prazer encontrar figurinhas tão ilustres em meus domínios. E já que estão aqui, nós vamos começar com um... Joguinho. O que acham queridinhos?
– Esses diminutivos são realmente irritantes. – Eros respondeu, indignado. – E quem é Rainha de Copas? Vocês são os gêmeos Wess. Alice. São os gêmeos Alice.
– Não, no momento eles não são Coelinho. – Hime respondeu. – No momento a consciência deles foi empurrada pela minha e posso falar livremente a partir de seus corpos. É magnífico não acha?
– Poderia nos explicar quais são as suas regras e qual seria o jogo? -Ace imediatamente bateu na cabeça de Eros, pedindo silêncio.
– É claro Gatinho. – Allen quase ronronou. – O nosso jogo é bem simples. Como vocês mesmo já descobriram, cada um de vocês é um personagem do livro Alice no País das Maravilhas e cada um de vocês recebeu poderes relacionados com o personagem que vocês são. Mas acho que já descobriram isso também. Pois bem, o objetivo do jogo só eu sei qual é. Não é maravilhoso? Porém vocês também podem descobrir, se forem espertos o suficiente.
– E como podemos descobrir isso? – Connaweir perguntou com cuidado.
– É fácil! – Ambos os gêmeos responderam, a voz feminina e irritante tornando-se ainda mais irritante. – Procurem por toda Wonderland!
No fim dessas palavras os gêmeos desfaleceram, mal dando tempo para que Eros e Conn conseguissem segurá-los e impedir a queda.
– Eu... Não entendo. – Ace sussurrou. – Eu realmente não entendo. Quem é a Rainha de Copas. Que tipo de jogo estamos jogando? E por que? Quais são as regras? E como ela conseguiu falar através dos gêmeos?
–Eu não sei. - Eros deitou Allen na grama, soltando um longo suspiro. – Eu realmente não sei o que pensar. Só... Precisamos vencer. Custe o que custar.
– Por que? – A ingenuidade do ruivo foi comovente.
– A Rainha de Copas é famosa nos livros por mandar cortar cabeças. – Ace respondeu sombriamente. – Definitivamente não devemos perder para ela.
– Oh. – Connaweir soltou. – Então é muito mais do que apenas jogar.
– A conclusão foi tão óbvia que merece parabéns. – Eros respondeu sarcasticamente. – O que vale aqui são nossas vidas.
– Ninguém se perguntou o que será nosso prêmio se ganharmos? – Ace perguntou baixinho.
– Talvez possamos sair daqui. – O garoto dos olhos desiguais soltou.
– Ou não. – Eros respondeu amargamente. – Não sabemos o que nos espera.
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