Chantilly escrita por Marezinha


Capítulo 2
Novembro de 2000




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Antes que mais memórias sejam apagadas e você, leitor, não saiba com quem vos fala, deixarei escrito aqui tudo o que lembro sobre mim mesma.

Meu nome é Sofia Aragon, nasci em Paris, mas logo criança meus pais se mudaram para Avilly. Por ser uma cidade muito  pequena, acabei vivendo a maior parte da vida em Chantilly.

Hoje tenho vinte e cinco anos, gostaria de poder dizer que tenho filhos ou marido, mas sou estéril e meu homem me largou não faz muito tempo. Queria lembrar quando foi exatamente, mas não tem importância agora... O que importa é que dentro de alguns meses, dias ou talvez horas eu simplesmente esqueça que existiu um homem tão especial em minha vida. Mas, antes de esquecer, falarei um pouco sobre ele.

O nome dele é Pierre, louro, alto, cabelos perfeitamente bagunçados, sorriso simpático, nem gordo, nem magro, totalmente na medida exata. Namoramos desde os 15 anos. Acho que agora compreende, leitor, por que é tão importante, não? Dez anos na vida de alguém é muita coisa... Nós tentamos ter um filho diversas vezes e, devido a falta de sucesso, procurei um especialista. Foi quando descobri que jamais os teria e, consequentemente, ele me deixou. Apesar da tristeza, fico feliz que ele tenha se livrado logo de mim, seria um peso pelo resto da vida estar com uma mulher que jamais poderá dar o que ele quer. Mas se soubesse do que aconteceria em seguida, preferia ter continuado com ele. Ele sempre foi meu vizinho, entretanto, devido a crise, não se lembra nem o próprio nome, quem dirá de mim.

Já eu, sou comum. Não me vejo bonita, mas também não sou feia. Acho que poderia engordar uns quatro ou cinco quilos. Isso, inclusive, aumentaria meu corpo, que, cá entre nós, está mais para "filé de borboleta". Meu cabelo é preto, tão preto quanto a escuridão total, assim como meus olhos amargos. Mas, não tenho do que reclamar, meu homem quis ficar comigo apesar de tudo isso.

 Sou arquiteta. Projetei uma ou duas coisinhas bonitas. Ele era professor, de música. Compunha canções encantadoras.

Acho melhor não dar muitas voltas... Começo a esquecer de mais coisas que gostaria.

O fato, leitor, é que olho pela janela e vejo ruas devastadas. A cidade inteira está assim, temo que futuramente a França deixe de existir. Não entendo o que poderá acontecer, gostaria que descobrissem a solução depressa. Gostaria que tivesse volta, gostaria que (...)

Eu não me lembro.


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