Contos de uma Fujoshi escrita por Aquela Fujoshi


Capítulo 1
Ladrão


Notas iniciais do capítulo

Eu tava pensando em fazer uma songfic, mas aí desisti. Mas se alguém achar que tem uma música que combine com os capítulos, pode avisar, okai?
Eu mesma senti um pouco de Matt x Mello nesse capítulo, mas deixe quieto...
Espero que gostem!



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Andar pelo bairro mais perigoso e criminoso da cidade não é algo muito inteligente a se fazer.

A não ser que você seja louco. Como o Dake, por exemplo.

Dake sempre foi um rapaz problemático. Era o vândalo da escola, o preguiçoso da turma da faculdade. Hoje não é diferente, a não ser pelo fato de Dake ser rebelde até com sua orientação sexual.

O loiro caminhava pela rua como quem não quer nada, olhando as lojas e bares, pensando no que fazer. Ele decidiu entrar em um barzinho, o mais comportado dali, ou melhor, o menos violento. Passou o olhar pelas pessoas e pelos objetos de valor como se fosse a coisa mais normal do mundo, o que realmente devia ser num lugar como aquele.

Então Dake avistou, na mesinha mais longe ao fundo, um belo rapaz. Ele usava uma camiseta listrada de mangas compridas, um jeans preto apertado e coturnos marrons. Seu cabelo desgrenhado cor de caramelo brilhava à luz fraca das lâmpadas do local. Para falar a verdade, ele era tão delicado que parecia deslocado num lugar como aquele. Dake imaginou se ele não fosse um filhinho de papai que fugiu de casa. Talvez um delinquente novato na área. Nunca saberíamos. A questão é que Dake se aproximou sorrateiramente da mesa como uma pantera em suas roupas negras. Colocou o capuz da jaqueta e, atrás dele, apoiou um braço em suas costas e segurou sua cabeça antes que o rapaz se virasse assustado para ele. Não fosse pela gritaria e zoada do local qualquer um poderia ouvir o que eles conversariam, mas ainda assim Dake preferiu sussurrar ao pé do seu ouvido.

– Tá afim de um trampo? – Disse ele.

O jovem olhou de soslaio tentando enxergar quem estava atrás dele, mas só enxergou uma mão cheia de anéis de prata, unhas pretas e luva de dedo de couro. Sem deixá-lo virar mais a cabeça, Dake virou-a para frente novamente.

Ele demorou um pouco para formular uma frase, mas ao fazê-la não foi a resposta esperada pelo loiro.

– O quê você quer? – Gaguejou, olhando fixamente para o copo de uísque à sua frente que de repente parecia mais interessante do que qualquer outra coisa ao seu redor.

Dake, indignado, colocou a mão livre no bolso e apontou-a para as costas do rapaz, simulando uma arma. Ah, ele adorava fazer isso.

– Tá afim de um trampo? – Repetiu, mais pausadamente dessa vez.

O garoto imóvel não transparecia seu nervosismo, mas sua voz saía fraca quando tentava falar. E isso fez Dake rir, sentindo-se superior.

– Que tipo de trampo? – O jovem brincava com os dedos, tentando manter a calma, quando Dake afastou a mão de suas costas, fazendo-o suspirar de alívio.

– Você pode conseguir o quê quiser, precisa saber de mais alguma coisa?

Ele não era idiota de recusar uma oferta dessas. Estava claro que o loiro estava fazendo um refém, mas pouco importa, era justamente isso que ele viera fazer aqui: roubar.

– Onde? – Perguntou ele ao loiro.

– Seu nome é Joshua?

– O que...? – Ele indagou, virando a cabeça o máximo que pôde com a força do outro sobre a mesma.

– Você não devia trazer essas coisas para esse lugar, moleque – Disse Dake jogando a carteira dele agora vazia na frente do rapaz – Ou ela não é sua?

– É minha sim.

Dake riu. Adorava a ideia de um "aluno" inocente como ele a seu dispor. Poderia ensinar suas técnicas sem ninguém dizer que estava errado. Perfeito!

Joshua pegou a carteira às pressas e colocou-a de volta no bolso. Como esse cara se atreve a pegar sua carteira assim de bom grado e ainda tirar onda com seu nome? Joshua nunca gostou desse nome, mas ele não podia simplesmente trocá-lo no cartório por vários motivos pessoais.

Dake puxou o queixo do moço para cima, encarando-o finalmente. Puxa, como ele era bonito! Joshua tinha heterocromia, seu olho esquerdo era verde e o direito era castanho claro. Tinha lábios rosados finos e pequenos, que combinavam perfeitamente com seu narizinho arrebitado e sardento. Com certeza ele era um filhinho de papai que fugiu de casa.

E Joshua não tirava seus olhos do loiro acima de si. Tinha olhos tão azuis quanto o céu noturno e a sobrancelha delineava perfeitamente a feição sacana estampada em seu rosto escultural. Seus cabelos loiros um pouco compridos jogados para o lado caíam levemente em sua testa, misturando-se às suas mechas castanhas. Tinha um piercing circular no nariz e sua boca se contorcia em um sorriso maroto. Ele parecia um ator de filme de ação, o vilão no caso.

Mas que droga ele estava pensando?! Joshua não devia pagar de cu doce para um pilantra como aquele. Não mesmo!

– Conhece uma revistaria chamada Olhos De Luz?

– Talvez – Joshua tentou desviar o olhar daquelas safiras penetrantes, o que era praticamente impossível já que eles estavam quase encostando os narizes.

Dake riu da situação torturante em que Joshua se encontrava. Ele sabia que era tentador, suas técnicas de sedução funcionavam tanto com as garotas quanto com os garotos. Só bastava conhecer um pouquinho da sua vítima que os jogos começavam.

– Nos fundos tem umas revistas pornôs, pega três – Disse antes de enfim soltar o rosto de Joshua.

–x–

Não era necessário ser um expert em furtos nem nada para fazer bem o que Joshua sabia fazer. Ele entrou na revistaria caída aos pedaços sem ninguém reparar no seu estilo extravagante em comparação ao resto das pessoas presentes ali. Que também não eram muitas. Além do balconista, um cara gordo com roupas de mecânico estava tomando um café numa das mesinhas do estabelecimento. O balconista prestava atenção à TV do lado oposto às prateleiras dos fundos, onde se encontravam as revistas proibidas.

Joshua prestou atenção ao teto primeiramente. Só havia uma câmera, apontada para a caixa registradora. Não chegava nem perto das prateleiras. Rapidamente ele se abaixou e agarrou três revistas diferentes que ele só notaria nas capas depois. Enfiou-as debaixo da jaqueta emprestada por Dake – que por acaso deixava-o mais chamativo ainda – e dentro das calças, sem que ninguém visse nada. Funcionou.

Até que, perto da saída ele ficou tentado a pegar um maço de cigarros. Joshua hesitou. Ele podia simplesmente agarrar uma caixinha e escondê-la na manga, mas o tempo que ele gastou pensando foi suficiente para o balconista virar sua atenção para ele.

– Pois não? – Disse o balconista com cara de poucos amigos.

Joshua começou a suar. Não era de seu feitio ficar nervoso em situações assim, mas parecia ter dado algo errado. Ele olhou rapidamente para sua barriga, confirmando se as revistas não transpareciam na jaqueta. Pelo menos isso estava no lugar.

– Ah... Você não teria HQs aí, teria?

– Ali – O homem apontou para as prateleiras mais próximas à direita.

– Obrigado.

Joshua se sentia ridículo. Ele nunca fizera uma burrada tamanha, sequer falava sobre qualquer coisa com os donos das lojas que assaltava. "HQs"? Só pode estar de brincadeira!

Ele já estava prestes a sair quando o gordo sentado pareceu reparar na sua presença.

– Ei, guri!

Joshua se virou lentamente. Será que ele viu as revistas? Ele nunca fora pego em seus furtos, não saberia inventar uma situação convincente para justificar seus atos. Afinal, Joshua não sabia mentir direito. Ele podia ser aquele cara pilantra que era, mas era também honesto. Se alguém o pegasse no flagra... Não, ele não queria nem pensar na possibilidade.

– Sim? – Disse ele, fazendo a pose mais despreocupada possível. Apoiou o peso do corpo no pé esquerdo e olhou-o de soslaio. Seu peito ardia com o coração batendo forte.

– O cadarço da tua bota tá desamarrado.

O rapaz suspirou de alívio.

Coturno, ele quis corrigir depois que recebeu as palavras do gordo. Olhou para a "bota" e viu que os fios grossos estavam mesmo soltos ao chão. Ignorando aquele pequeno empecilho e imaginando a mancada que quase deu e como Dake poderia se enfezar com isso, Joshua se dirigiu até a porta e esbarrou em alguém que entrava. Para sua surpresa era o próprio loiro que entrava na loja.

Dake segurou seu braço antes que ele caísse de bunda no chão. Deu tapinhas nas costas dele e sutilmente jogou-o na bancada conforme andava para o frigobar. Só a sua presença já chamava atenção. Sem a jaqueta, ele vestia uma camiseta branca regata justa e a calça de couro deixava suas coxas roliças bem definidas. Quem não soubesse que ele era um criminoso, diria que ele era obviamente um garoto de programa, mas ele não se preocupava com isso. O preto apenas lhe caía bem. Ele deu uma olhada significativa para Joshua, que entendeu na hora. O moreno pegou o maço enquanto toda a atenção do lugar era atraída para aquela bunda redonda empinada do outro lado da loja. Joshua saiu do estabelecimento e, segundos depois, Dake apareceu com uma latinha de Coca Cola em mãos. Sabe-se lá se ele comprou ou roubou. Ele jogou-a para Joshua, que não a pegou e deixou-a cair logo em seguida, agarrou seu pulso e puxou-o para o beco mais próximo, atraindo alguns olhares curiosos para eles.

Já no beco, Dake agarrou com força a gola da camisa de Joshua, puxando seu rosto até si, encostando os narizes.

– O-o que foi que eu...?

– Você? – Interrompeu-o – Você simplesmente não disse que era menor de idade! – Disse Dake praticamente esfregando a identidade de Joshua em sua cara.

– E daí? – Joshua tentou mostrar indiferença, mas não adiantou muito, mesmo ele sabendo agora que Dake nunca tivera uma arma consigo. Sabe-se lá o que ele era capaz de fazer.

– "E daí"? – Repetiu Dake com uma imitação satírica malfeita da voz do menor – E daí que eu não gosto de trabalhar com menores! E a porra daquela caipirinha...?

– Uísque.

– Foda-se! Não era sua, era?

– Era!

Dake parecia um búfalo furioso, talvez até mesmo um dragão, pois só faltava sair fogo de suas narinas. Joshua de algum jeito se divertiu ao ver Dake naquele estado. Ele parecia estar se contendo para não esfolar sua cara ali mesmo naquela mesma parede. Veias protuberavam de seu pescoço e punhos. De certo modo, seu cenho franzido fazia seu rosto parecer mais adulto.

– Eu já tenho 17, não faz diferença!

– Faz toda a porra da diferença!

O que Joshua não entendia era que se ele fosse pego cometendo algum crime, não iria preso como Dake já foi. E isso ele fazia questão de acontecer.

Dake largou sua gola e apertou seus ombros, encostando-o na parede. Sua força não parecia fazer jus ao seus braços finos. Talvez fosse a adrenalina. Ou o próprio Joshua era mais fraco do que ele. O que importa saber é que Joshua estava sendo prensado na parede tanto pelos ombros quanto pela cintura. Dake adentrara sua mão pela jaqueta e agarrara aquela esguia cintura com força. O braço direito no pescoço, forçando-o ainda mais contra a parede de tijolos atrás de si. Dake não tirava os olhos do heterocrômico, ora focando no verde, ora focando no caramelado. Não queria admitir, mas aquele garoto era realmente sedutor. Ainda mais com essa pouca distância separando-os.

Pessoas aleatórias passavam perto do beco mas ninguém se atentava à cena. Um gatinho marrom saltara da caçamba de lixo no fundo mas Joshua nem sequer pensava nisso. Não conseguia tirar os olhos do loiro. Eles cintilavam com algo maior e mais intenso que ira, um desejo pecaminoso fumegava dentro de si. Mesmo Dake sendo maior que si, seus olhos estavam direcionados para um lugar mais abaixo dos olhos. Dake focava agora sua boca intensamente. Todo o tempo do mundo parecia ter se vaporizado naquele instante. Ele se aproximou ainda mais do rosto de Joshua. Podia devorar aquele coraçãozinho rosado em sua face também conhecido como boca como quisesse, mas se conteve em torturá-lo de outra forma. Sua mão direita, que segurava a cintura, se encarregou de descer lentamente pela silhueta, agarrando sua virilha de um jeito nada casto, fazendo o menor se contorcer de agonia na dominação do loiro. Dake ainda fitava aqueles lábios tentadores quando soltou o braço de seu pescoço e percorreu pela sua clavícula por baixo da jaqueta. Joshua resolveu não pensar na pessoa que fazia isso consigo. Fechou os olhos e tentou se imaginar com uma prostituta qualquer em um strip club qualquer, mas sua imaginação não era lá tão fértil.

Além do que a cegueira só fez aumentar sua sensibilidade nos outros sentidos. Além daquela maldita mão atrevida que apertava seu saco sem nenhuma vergonha lhe dando arrepios, o hálito quente em contado com a sua pele aumentava mais a sensação cálida que ele sentia nos braços de Dake. Não importava o quanto ele negasse a si mesmo, ele sabia que era o loiro quem lhe dava aquela sensação. Puxa, e que sensação!

Dake aproximou seus lábios do pescoço de Joshua, agora despido da jaqueta que pendia de seu ombro esquerdo, e lambeu ali como se fosse um doce, deliciando-se com a maciez da pele do moreno, deixando marcas avermelhadas de chupões que, como etiquetas, indicavam algo como esse aqui tem dono.

Joshua não queria se render, mas estava tão absorto nas sensações que nem conseguiu conter alguns gemidos arrastados que saíam de sua boca. Sério, não parecia ele. Aquela voz com certeza não devia ser a dele!

A manha de Joshua fez Dake dar uma gargalhada rouca e altamente estimulante ao pé do ouvido do menor. O loiro roçou seus lábios no lóbulo dele, fazendo-o enfim abrir os olhos.

– Você ainda pode trabalhar comigo – sussurrou ele, adorando a ideia de ter o garoto mais vezes consigo –, mas vai ter que arcar com as consequências.

– H-hum... – Concordou Joshua com um aceno de cabeça, totalmente ocupado com a tarefa de sentir aquela mão habilidosa em sua intimidade para pensar em que diabos havia concordado.

– Ótimo – Riu Dake, separando-se dele, que quase caiu de joelhos, tanto que eles tremiam, e recebendo um manhoso protesto da parte dele. Pegou a jaqueta e, vestindo-a novamente, olhou Joshua de cima a baixo e deu um sorriso prepotente – Agora se livre disso aí – Disse ele apontando para a ereção evidente do outro.

Saiu do beco levando as revistas – que Joshua nem percebera serem tiradas de si – e rindo, enquanto o heterocrômico se amaldiçoava por ter ficado de benga para um desconhecido.


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Notas finais do capítulo

Eu - Entonsses?
Lilica - Realmente, eu senti cheiro de Matt x Mello aí.
Eu - Gentem, eu não sei quando eu vou conseguir postar o próximo, okai? Até por que eu tenho outras duas pra atualizar TTuTT
Lilica - Mas pelo menos uma vai para o último capítulo.
Eu - Pelo menos isso.
Rodrigo - Dá pra falarem baixo? Eu estou tentando assistir uma coisa aqui.
Lilica - Você tá vendo o quê?
Rodrigo - Penny Dreadful.
Eu - Depois eu que tenho que ser a corrigida... Tá em que episódio?
Rodrigo - 4.
Lilica - Ohohoho!
Eu - Quer apostar quanto que depois de assistir ele vira gay?
Lilica - Aposto meus ossinhos!
Eu - Fechado!
Rodrigo - *gota* Pelo menos elas não estão brigando...