Eu abri os olhos, lentamente, inalando o suave perfume de jasmim do meu travesseiro.
Se você quisesse saber, eu diria que vem do meu cabelo.
Mas você obviamente não está preocupado com isso.
Um maldito e irritante som enchia meus delicados ouvidos.
 Sonolenta, dei um soco no despertador, que foi ao chão, fazendo um grande estrondo.
Então eu me sentei, num susto, subitamente desperta:
Ah, não... Quebrei outro... Sango vai me matar!
Levantei depressa e tomei um banho.
Coloquei meu uniforme fofo, o que consistia numa camisetinha preta, e uma saia pink.
Minha escola realmente é da moda.
Penteei meus longos cabelos negros (oh ho), e pensei no que faria com eles.
Pra variar, amarrei num alto rabo-de-cavalo.
Vou dizer, isso combina mais. As pontas dele são cor-de-rosa.
Dá pra acreditar? Essa moda já era...
Mas eu gosto, então, fica quietinho.
Desci correndo, e minha irmã já estava na cozinha.
Como ela consegue?
-B-b-bom dia!
Odeio quando ela fala entre bocejos. Se é pra ficar assim o dia todo, eu prefiro perder hora e dormir mais.
-Bom dia.
-Aquele barulho indica que você quebrou outro despertador?
Eu tentei apenas sorrir, mas eu estava corada.
Merda.
Odeio corar, isso entrega totalmente.
Tomei café sozinha com a minha mana.
Meus pais não estavam. Aliás, nunca estavam.
Eles são historiadores, e andavam o mundo todo á procura de...
Bem, ponto para quem disse: história!
Eu tomei café rapidamente, e saí correndo, com medo de que a bruaca da Kikyou me desse outra detenção.
Ela é uma perfeita...Você pode imaginar o que.
Eu a detesto.
Ela é muito bonita, e os garotos babam por ela.
Para que uma professora bonita?
Todas elas deviam ser velhas feias e simpáticas, ligeiramente gordas.
Ok, acho que exagerei.
Você vai ver que eu faço isso com freqüência.
Viajo total.
Bem, eu levo cinco minutos todos os dias para atravessar o jardim.
O Jardim do Arco Dourado, esse é o nome.
Isso aí, meu jardim tem nome, legal, né?
Ele tem esse nome porque (ponto pra quem adivinhou) ele tem um Arco Dourado.
Odeio nomes tão pouco originais...
O fato é que esse arco fica bem no meio do jardim, e é ligeiramente gigantesco.
E vou dizer, se você passar muito tempo olhando para ele, você fica meio que hipnotizada.
Quando eu era pequena, eu morria de medo dele.
Mas agora eu apenas acho ele a coisa mais linda.
Fica entre duas cerejeiras, uma de cada lado, parece até que são guardiãs dele.
Quer saber o que acontece se você atravessar ele?
?
Nada.
Você só sai do outro lado.
Hi hi...
Qual a utilidade disso?
Talvez você não queira saber, mas meu nome é Kagome.
Kagome Higurashi, tenho 15 anos (ok, 14. Mas faço quinze amanhã, dá licença!), e estudo no Primeiro Ano do Ensino Médio.
Falando assim até dá pra pensar que é legal.
Cheguei á escola, e, como sempre, fui cercada pelo meu grupinho.
Nós somos as “pops” desse colégio.
-Lindinha! – essa era a Katty.
-Coisa fofa! – e essa a Sakura.
-Flor! – dêem olá para a Hanna. Nome horrível, eu hein.Mas ela é ótima!
-Coração! – Essa aí é a Kanna. Irmã da Hanna. Viu que mães originais?
Viu só como elas são carinhosas?
-Olá meninas, tudo...
-Não dá tempo, a gente ta atrasada. A vaca da Kikyou, como sempre, já está na sala.
O que era de se imaginar.
Sempre que a primeira aula é com a Kikyou, o pátio fica vazio de meninos.
Adivinha porque?
Por que ela é muito gata, e eles querem ficar um tempinho extra com ela, sem ter que pensar na maldita lição, e poderem admirar ela livremente.
Aliás, ela só podia ser professora de matemática mesmo, essa amargurada.
Kanna me pegou pelo braço, e foi me arrastando até a sala.
Quando nós cinco entramos, todos já estavam na sala, e estava o maior silencio.
Beleza.
Mesmo sendo pop, vocês não tem noção de como eu sou tímida.
Merda, corei.
-As senhoritas estão atrasadas. Vão ficar depois da aula.
Dei de ombros, indiferente.
Se tem uma coisa que odeio, é gente assim.
Quero que ela saiba que eu quero mais é que ela se exploda.
 Fui para o meu lugar, fazendo questão de deixar um sorrisinho cínico no rosto.
-Como eu ia dizendo antes de ser interrompidas por essas mal-educadas, temos dois novos alunos hoje.
As garotas olharam, interessadas.
-InuYasha e Miroku Kanitama.
 InuYasha e Miroku...Interessante. Deviam ser da mesma família, pra ter o mesmo sobrenome.Eles estavam parados bem ao lado da bruaca.
InuYasha tinha cabelões prateados até depois do fim das costas. Seus olhos eram castanho tão claro que quase eram amarelos.
Só que não eram.
Percebi que ele tinha olherinhas de cachorro.
Que kawaii!
Amo cachorros.
Miroku tinha os cabelos pretos presos num rabo-de-cavalo baixo, e os cabelos dele não eram compridos.
Caraca, eles eram lindos!
Aliás, você deve estar estranhando essa história das olherinhas de cachorro, certo?
Ok, eu explico:
É que há cinqüenta anos, começaram a nascer pessoas especiais.
Foi um caos no início.
Algumas pessoas, os leigos, desinformados, sem cultura, e o que mais você quiser dizer, diziam que eles eram mutantes, e que deviam ser eliminados pelo bem da sociedade.
Outros, os mais instruídos, diziam que eles eram o início da evolução do Homo Sapiens.
As pessoas normais apenas queriam eles longe de seus filhos.
Existem duas “modalidades” de pessoas estranhas:
Algumas delas têm o poder de animais dentro de si, como aquele garoto á minha frente.
Eles são chamados de Youkais, e são muito estouradinhos.
E na maioria das vezes, tem a forma do animal. E tem uma estranha tendência a serem do lado negro da coisa, sabe, provocando mortes e coisas horríveis do tipo.
Não sei como aquele Youkai podia ser tão fofo!
E também tem os Mikos. (N/A: Não tem muito a ver com sacedortisa)
Eles têm poderes espirituais, sabe.
Eles podem mover coisas com a mente, e purificar os Youkais “do mal”.
Além de mais uma porrada de coisa, que eu ainda estou aprendendo.
Esqueci de contar:
Sou uma miko. Só que os mikos tem forma humana normal. Pelo amor de deus, eu detestaria se fosse parecida com, sei lá, uma foca.
E há trinta anos, finalmente, fizeram um decreto que permitia aos youkais e mikos viverem em sociedade.
E é por isso que hoje eu posso entrar na escola normalmente.
Embora daqui somente Kanna e os professores saibam desse meu “segredinho” básico.
Mas, voltando, InuYasha e Miroku são primos.
Parece que eles se mudaram para cá semana passada.
Isso vai ser muito interessante.
Acho que Kouga se sentiu ameaçado com a presença deles ali, porque acabou de me passar um bilhete:
“Olá, Higurashi. Vamos tomar um sorvete depois da aula?”.
Sussurrei um “Pode ser”.
Céus, eu amo o Kouga.
Só que eu não tenho a menor coragem de admitir, ele só fica cercando.
E como eu não encorajo muito, acho que ele tem medo de levar um toco, e não pede pra namorar!¬¬
Os garotos acabaram de se sentar.O tal de Inuyasha sentou bem atrás de mim!
Kouga ta olhando feio pra ele, que parece não estar nem aí pra nada.
E lá vai a Kikyou com a maldita chamada oral dela.
Ela nunca desiste?
O tal de InuYasha ta babando legal nela.
Credo.
Eu estava reparando agora...
Ele dentes toa bonitos!
O canino dele é meio maior, sabe, e deixa tão...
Calma Kagome, concentra na chamada.
Mas eu nunca me concentro.
Sempre tenho coisas na cabeça, em geral tudo merda, mas fazer o que?
-Kagome Higurashi!
Que jeito de ser despertada de um devaneio, com a voz de gralha dessa mulher.
-Ahn? Oh, sim?
-Sua vez, senhorita.
Levantei-me, trêmula.
Obviamente eu não sabia a matéria.
De que me ajudaria saber aquilo tudo?
Quando me formar, eu pretendo ser...
Ok, não sei.Mas isso não torna matemática essencial.
Ela acabou de fazer a pergunta.
Aff caramba, ela fez uma pergunta muito difícil.
Tenho certeza que ela guardou o pior para mim.
-E então, não sabe a resposta? Será que não precisa estudar mais?
Odeio quando me fazem sentir burra.
E não deixo barato.
-Não sei.Mas se sabe tanto, responda você mesma, não fica perguntando pros outros.
Haha, me ferrei.
Segura a língua, Kagome.Outro defeito: falo demais, e sem pensar.
Ela se levantou, e olhou com aquela cara de fazer cervo correr assustado.
Só que eu não sou um cervo, e não me deixo assustar tão fácil.
-Você vai ficar aqui até o sol se pôr.
-Não mesmo! Hoje meus pais chegam de viagem, e não vai ser você que vai me impedir de vê-los.
Fui para o meu lugar, e quando a bruaca abriu a boca, o sinal tocou.
Yes, isso que é sorte.
Sai ligeirinha.
Meus pais haviam mandado uma carta, dizendo que tinham um segredo importante pra me contar.
O que de mais importante podia ser?
Eu já tenho em que pensar, sabe, com esse lance de ser miko.
Porque minha tia, a Kaede, me ensina tudo o que eu tenho que saber sobre isso, depois da aula.
Por isso não me importo muito em ficar retida.
Mas o que será que eles queriam?

NO PRÓXIMO CAPITULO:
Os pais de Kagome chegam de viagem, e fazem uma revelação á ela que mudará toda a sua vida.
Mas ela simplesmente não acredita, acha que tudo é uma grande piada de mau gosto.
Mas a verdade daquela revelação a perseguiria por toda a vida dela...
Prestem atenção na história em: A revelação!