Capítulo Único - When I Was Your Man

Barulho. Dor de cabeça. Mais barulho. Música alta. Mais dor de cabeça.

Eu mal havia chegado ao pub onde meus amigos e eu nos encontramos toda maldita sexta e já estava querendo ir embora para minha casa. Eu simplesmente não estava naquele clima de felicidade, festas e comemoração. Não mais, não depois dela ter parado de vir comigo toda sexta, não depois dela ter ido embora.

Nas primeiras semanas, eu tentei parecer forte, independente, autossuficiente. E funcionou por alguns dias, entretanto, quando eu chegava a nossa antiga casa, que agora era apenas minha, as coisas mudavam de rumo. Tudo o que eu sentia ali era o seu cheiro e um vazio enorme dentro de mim. Mas, claro, sendo eu quem sou, me fiz de forte para que ninguém percebesse o meu real estado. E é como dizem: a pior mentira é aquela que contamos a nós mesmos.

Same bed, but it feels just a little bit bigger now

Our song on the radio, but it don't sound the same

When our friends talk about you

All that it does is just tear me down

Cause my heart breaks a little

When I hear your name

E agora, observando a aproximação de meus amigos, eu colocava mais uma vez minha máscara de indiferença. Tudo estava bem. Tudo tinha que estar bem. Tudo tem de parecer bem. Ao menos até eu ir embora desse lugar.

–Olá, Edward! Como vai? – Emmett perguntou-me enquanto todos se sentavam à mesa. Pude perceber Alice me analisando, como se soubesse que eu estava prestes a mentir, mas nada disse, o que eu agradeci mentalmente. Assim, pude continuar com a minha pseudo-indiferença.

–Melhor impossível. E vocês dois? –Minha amiga Alice se limitou a revirar os olhos, incrédula.

–Estamos ótimos. Mas e quanto à Bella? Você poderia me informar se ela está tão bem quanto você?

A pergunta direta de Alice surpreendentemente me abalou. Quer dizer, ela parecia com raiva. E, bem, Alice nunca ficava com raiva. Não existia pessoa mais de bem com a vida do que aquela mulher. Então, o que diabos estava acontecendo?!

–Eu não sei mais de Isabella, Alice. Você sabe, ela foi embora. –Defendi-me da melhor maneira que eu podia, tentando ainda não demonstrar o quanto ela ter me abandonado havia me magoado.

–E de quem foi a culpa dela ter ido embora, Edward? Isso mesmo, completamente sua. Nós nos conhecemos há muito tempo e eu sempre soube o quão egoísta você era e ainda é, mas pensei que quando se apaixonasse, você poria as necessidades da pessoa amada, ao menos, no mesmo nível das suas. No entanto, eu estava errada, não é mesmo?

Eu queria ignorar e sair correndo daquele lugar e, finalmente, me trancar em meu quarto até que aquela maldita sensação de frustração saísse de mim. Contudo, eu sabia que Alice nunca faria nada para mim sem ter a absoluta certeza do que dizia. E isso me deixou ainda mais desesperado.

–Eu sempre fiz o melhor que eu pude. –Pela primeira vez na noite, deixei minha máscara de indiferença de lado. Eram meus amigos ali, afinal, e eu morreria se não conversasse com ninguém a respeito do que aconteceu.

–Não fez, cara. Você pensou que fez. Olha, se lembra de como você lutou para conquistar a Bella?

A lembrança que Emmett trouxe à tona me fez sorrir. Como eu poderia não lembrar? Ela era uma garota obcecada apenas pelos estudos na faculdade e não queria saber de homem de jeito nenhum. Ela me dispensou tantas vezes que é impossível de contabilizar. Mas eu não desisti. Primeiro, continuei insistindo para ela tomar um café no intervalo. Após umas semanas, eu consegui que ela fosse almoçar comigo. E em menos de um mês, eu consegui –talvez roubei seja mais apropriado- um beijo dela.

–Bella, vai dar tudo certo. É só uma prova e você estudou muito para ela. –Eu disse, tentando acalmá-la. Era a segunda vez que eu conseguia convencê-la a almoçar comigo e, sinceramente, a faculdade não era um dos tópicos que eu esperava discutir, porém qualquer assunto que Bella puxasse era bom para mim. E sim, eu sabia que isso era estranho.

–Mas você sabe que eu sou bolsista. Se eu for mal, eu perco a minha vaga e eu me esforcei tanto para chegar até aqui. –Seu rosto preocupado fez com que minha texta se franzisse em preocupação. Eu queria que ela ficasse tranquila, porém não tinha a mínima ideia de como realizar tal fato.

–Ei, acredita em mim, okay? Dará tudo certo. –Em um ato totalmente inconsciente, eu coloquei minha mão em cima da dela e a apartei levemente, tentando lhe passar alguma segurança, ou apoio, ou o que quer que seja.

Bela olhou primeiramente para nossas mãos, juntas. Depois, olhou para meus olhos que observavam atentamente os seus e sorriu. Sorriu brilhantemente pela primeira vez para mim, de uma maneira única que fez meu mundo todo se alegrar e se iluminar com aquilo. Eu retribuí o sorriso da melhor maneira possível.

–E então, vamos lá? Vou te levar até a sua sala para dar boa sorte. –Bella apenas concordou com um aceno de cabeça enquanto saíamos do restaurante. Eu pensei que ela iria dizer que não era preciso como da outra vez, porém ela concordou. E meu coração idiota se encheu de esperanças.

Quando chegamos à frente da sua sala, eu não sabia ao certo o que fazer. Bem, eu lhe dizia tchau e ia embora? Sem convidá-la para mais um café, ou um almoço? Talvez um jantar? Um passeio? Droga, eu não estava acostumado com isso. Precisava pedir uns conselhos à Alice.

–Então, eu acho que já vou entrar... –Bella olhou para seu relógio de pulso e depois para mim, mas não se moveu um centímetro sequer. Será que ela também queria prolongar o nosso tempo?

–Sim, é. –Caramba, nem falar mais eu sabia perto dela?! O que estava acontecendo comigo?

Olhei mais uma vez para Bella. Seus cabelos estavam soltos e suas bochechas estavam coradas, provavelmente por eu estar olhando para ela todo o tempo que ficamos juntos até agora. Eu sorri travesso quando ela mordeu os lábios, nervosa. Pela primeira vez, ela não estava fugindo de mim. Ela estava parada à minha frente, e eu não seria eu se não aproveitasse a oportunidade.

Lentamente, me aproximei mais dela. Ela continuou parada, apenas me observando. Bom. Coloquei uma de minhas mãos em sua cintura e, a outra, levei até suas bochechas adoravelmente vermelhas, fazendo-lhe um carinho. Ela não saiu correndo novamente. Muito bom. Devagar, minha mão desceu até seu queixo, fazendo com que ela levantasse o rosto e olhasse para mim. Quando vi seus olhos ansiosos e temerosos para meu próximo passo, eu simplesmente agi. Colei meus lábios aos dela imediatamente. Esperei que ela me empurrasse ou começasse a gritar pedindo socorro, mas nada disso aconteceu. Ao contrário. Timidamente, ela colocou uma de suas mãos em minha nunca e fez um leve carinho nos meus cabelos que ficavam naquela região. Meu coração deu um salto e eu não pensei em mais nada, apenas aumentei a intensidade do nosso beijo. Sua boca, seu gosto, eram muito melhores do que eu havia imaginado em meus sonhos e eu não queria soltá-la nunca, nunca mais.

–Srta. Swan, creio que sua prova não se fará sozinha. Trate de entrar para a sala já! –Ao ouvir a voz de sua maldita professora, Bella se afastou imediatamente de mim e eu suspirei frustrado, tentando me controlar. Droga, nós precisávamos fazer aquilo de novo. E sempre. E logo.

–Hey, espero que o nosso beijo te dê sorte, Bella. –Ela corou e eu abri ainda mais o meu sorriso. – Nos vemos amanhã no café daqui?

–Sim, Edward. Até mais. –Acho que eu me encantei ainda mais com Bella quando ela pronunciou meu nome tão docemente. Eu estava apaixonado por aquela voz melodiosa, aqueles lábios, aquelas bochechas rosadas e aqueles olhos cor de chocolate. Eu estava apaixonado por Isabella Swan. E eu faria qualquer coisa por ela. Qualquer coisa para que ela me aceitasse em sua vida.

(...)

–Edward? Você está aí? Olha cara, me desculpe a sinceridade, mas... –Interrompi Emmett assim que saí de minhas lembranças e voltei a realidade.

–Não, Emm. Você está certo. Eu queria tanto a Bella, estava tão apaixonado por ela que quando ela finalmente abriu as portas da sua vida e do seu coração pra mim, eu simplesmente parei de conquistá-la todos os dias, eu só não consigo entender o porquê.

–Talvez você não a ame, Edward. Talvez...

–Não, Alice. Eu a amo. Eu... estou perdido desde que ela foi embora e eu me arrependo todos os dias por não ter dito nada, não ter feito nada. Eu só queria tê-la de volta, mas é tarde demais.

Too young, too dumb to realize

That I should've bought you flowers and held your hand

Should've give you all my hours when I had the chance

Take you to every party

Cause all you wanted to do was dance

Now my baby is dancing, but she's dancing

With another man

–É só você pedir desculpas a ela.

–Não é tão simples. Quando Bella disse que também estava apaixonada por mim eu parei de me esforçar e pensei que estava tudo garantido.

–A gente sempre deixa de cuidar de quem já tem na mão, não é? –Alice disse, olhando-me tristemente.

–E é sempre sem perceber. –Concordei.

As inúmeras vezes que Bella tinha se decepcionado comigo durante o nosso relacionamento apareceram como mágica em minha mente. Estavam lá, muito claras. No entanto, a que mais me doía até hoje foi a cena que aconteceu no dia do seu aniversário.

–Edward, você pode ficar no plantão no meu lugar hoje? Eu tenho um compromisso, e....

–Claro, Mandy. Vá sim, eu não me importo. –Minha colega de trabalho me agradeceu e desapareceu logo.

Sabendo que ficaria em seu lugar de plantão no hospital, decidi ligar à Bella para avisar. Afinal, não tinha motivos para ela me esperar acordada hoje à noite. Decidimos morar juntos a alguns meses e eu já a conhecia bem o suficiente para saber que ela nunca iria dormir antes que eu chegasse ou ligasse avisando que iria demorar.

Disquei o número decorado há muito tempo e minha namorada atendeu no segundo toque.

–Edward! Onde você está?

–No hospital, amor. Onde mais eu estaria? –Ela ficou em silêncio por um bom tempo, o que eu estranhei. O que havia de errado? –Bella, você está aí? O que aconteceu?

–Nada, é que... Estava todo mundo apenas esperando por você. –Sua voz decepcionada chamou minha atenção. Diabos, esperando para quê? Eu não lembrava de nada importante para hoje.

–Bella, eu tenho que ficar no plantão daqui hoje. Foi de última hora, mas... Eu não sabia que os nossos amigos iam aí hoje.

–Ah... Nós íamos jantar fora. Você sabe, para comemorar. –Merda. A decepção e o quase choro na voz de Bella só avisava que eu havia esquecido de alguma coisa. Alguma coisa importante. –É meu aniversário, Edward. E você disse que estaria aqui.

Antes que eu pudesse pedir desculpas, ou desejar-lhe os parabéns, ela desligou o telefone. Certo, havia esquecido o aniversário da namorada. Mas que culpa tinha? Era um médico em início de carreira e vinha trabalhando demais. Bella tinha se formado em Literatura e seu trabalho não exigia tanto tempo quanto o dele. Ela poderia ser compreensiva, não poderia?

Não. Isabella nunca era compreensiva. E, com uma súbita mágoa da namorada, decidiu não retornar a ligação. Nem comprar-lhe umas flores numa floricultura 24hrs. Afinal, era só um aniversário, nada demais.

Ela me amava e me perdoaria, como sempre.

(...)

My pride, my ego

My needs and my selfish ways

Caused a good strong woman like you

To walk out my life

Now I never, never get to clean up

The mess I made

And it haunts me every time I close my eyes

It all just sounds like ooh, ooh, ooh, ooh, ooh

Fechei meus olhos com força e me controlei para não quebrar o copo que estava à minha frente na mesa. Merda. Como eu consegui ferrar com a minha vida desse jeito? Como pude ser tão insensível com a mulher que eu amei, que eu amo? Eu poderia ter enviado flores e poderia ter passado o plantão adiante. Eu poderia tê-la levado num restaurante caro e chique e depois, a convidado para dançar sussurrando que a amava em seu ouvido. Mas eu não fiz nada disso. Simplesmente por ser um egoísta de merda, como Alice mesmo havia dito.

Eu a fiz sofrer. Eu a decepcionei. Eu a fiz sair da minha vida. E agora tudo estava uma merda tremenda, tudo estava fora do lugar. E eu não sabia se algum dia a recuperaria. Não sabia se um dia teria o seu perdão.

Too young, too dumb to realize

That I should've bought you flowers and held your hand

Should've give you all my hours when I had the chance

Take you to every party

Cause all you wanted to do was dance

Now my baby is dancing, but she's dancing

With another man

–Edward, eu acho que você já percebeu onde errou. Vamos embora? –Estranhei Alice querendo ir embora dali tão cedo. Afinal, era sexta feira.

Minha amiga estava toda hora olhando para a pista de dança e parecia um tanto quanto nervosa. Decidi olhar para aquela direção também para ver o que estava a incomodando tanto. Foi quando eu a vi. Bella. Bella estava lá.

Dançando. Alegre. Rindo.

Dançando alegre com outro homem. Um homem que eu não fazia ideia de onde tinha surgido.

Meu coração se apertou com a cena. A música que tocava não era muito agitada, o que deu a oportunidade para que os casais que estavam na pista dançassem mais calmamente e bastante colados.

Eu fui ao inverno e voltei quando vi o homem que estava com Bella acariciar seu rosto delicadamente como eu fazia e, doeu mais ainda quando ela lhe deu um sorriso lindo e brilhante. Aqueles sorrisos lindos e brilhantes que eram direcionados a mim num passado não tão longínquo.

Ele se inclinou na direção dela e a beijou calmamente e, Bella retribuiu. Ela não saiu correndo, nem gritou por ajuda. Ela simplesmente queria aquilo, tanto que retribuiu.

Ela estava abrindo as portas da sua vida outra vez. Só que para outro cara. E aquilo doía mais do que qualquer coisa.

Although it hurts

I'll be the first to say that I was wrong

Oh, I know I'm probably much too late

To try and apologize for my mistakes

But I just want you to know

I hope he buys you flowers, I hope he holds your hand

Give you all his hours when he has the chance

Take you to every party cause I remember

How much you loved to dance

Do all the things I should've done

When I was your man

Eu sabia que Bella não sabia fingir. Não fazia parte de quem ela era. E depois de todos os erros que cometi com ela, não ter dado valor ao seu amor foi o pior de todos. É verdade, a gente sempre deixa de cuidar de quem já tem na mão. E por mais que seja sem querer, machuca da mesma maneira. Destrói sentimentos da mesma maneira.

Depois de tudo que eu fiz Isabella passar, ela merecia ser feliz. E esse homem que eu nem ao menos conhecia, estava fazendo isso, pelo visto. Eu não poderia intervir. Não poderia exigir alguma coisa dela, porque tudo entre nós estava acabado. Ela saiu de nossa casa porque eu disse para ela ir. E ela foi. E não tinha mais volta...

–Edward, faz uma semana que você chega em casa quando eu já estou saindo. Isso não está certo, eu sei que é o seu trabalho, mas...

–Correto, Isabella. É o meu trabalho e você sabe como a vida de médico é complicada, não sabe? Médicos fazem plantões o tempo todo.

–Sim, eu sei que fazem! Mas não a semana toda, Edward. Você sabe que isso só te prejudica e até ilegal é. Você não dorme mais de uma hora por dia! Por que diabos você está fazendo isso com você? Com a gente? –Bella chorava. A minha cabeça doía. E eu só queria que ela parece de reclamar, como fazia sempre.

–Faço tantos plantões porque, ao menos, é melhor do que ficar em casa e ter que ouvir você reclamando e exigindo coisas de mim. Até parece que não sabe que eu sou um homem ocupado, não pode me ver em casa descansado que já quer sair daqui e me arrastar junto. Eu não aguento mais!

O silêncio que se seguiu depois de meus gritos foi palpável. Bella não chorava mais, só olhava para mim com uma horrível expressão vazia.

–Eu não queria me envolver com ninguém na faculdade, Edward, porque eu sabia que não ia acabar bem. Mas você insistiu tanto que, quando eu vi, eu já estava terrivelmente encantada e apaixonada por aquele homem persistente e carinhoso. Eu continuei com ele até o fim da faculdade e continuei depois quando nos formamos e viemos morar juntos. Eu fui contra tudo que eu acreditava pelo meu sentimento por esse homem, Edward. Mas esse homem sumiu. Onde ele está? Onde?

Ela chegou mais perto de mim e tocou meu rosto com suas mãos delicadas. Eu fechei os olhos, porque sua expressão angustiada estava me deixando pior do que eu já estava.

–Eu olho pra você e não vejo mais aquele homem que me conquistou há alguns anos. Só vejo um homem tremendamente egoísta que pensa que está certo o tempo todo.

–Bella, não é assim, eu só estou cansado e você sempre quer sair, conversar...

–Porque é o que casais fazem, Edward! –Ela gritou descontrolada e saiu de perto de mim. Eu a olhei com os olhos arregalados. A Bella que eu conheci nunca gritaria daquela forma. E também nunca estaria com os olhos inchados de tanto choro daquele jeito. A culpa era minha? Não. Eu só queria o melhor para nós dois.

–Eu só quero trabalhar bastante para vivermos bem. Mas parece que você não reconhece o meu esforço, não é? Nunca reconheceu!

–Você quer trabalhar bastante para fugir dos seus problemas. E vivermos bem? Nós vivíamos bem antes de você começar a agir como um completo estranho pra mim. Ou será que quem você é agora é quem você sempre foi, Edward? Será que eu me enganei? Será que entreguei meu coração para alguém que existiu apenas na minha imaginação? –As lágrimas haviam voltado aos seus olhos e escorriam rápido pelo seu rosto. Eu não sabia como agir. Ela estava machucada e me fazendo sentir culpa. Mas eu era orgulhoso. E estava com a razão. Não iria me dar por vencido.

–Se você está tão decepcionada com quem eu sou, por que não vai embora daqui? Talvez assim você consiga viver bem com alguém que esteja disponível para você o dia todo, não trabalhe e te faça feliz comprando flores idiotas e te levando para jantar sempre que você quiser.

Quando eu notei, as palavras amargas já haviam saído pela minha boca. E Bella já me olhava de uma maneira que nunca havia olhado antes. Com pavor. Com mágoa. E o pior: com determinação.

–Sim, você está certo. Eu tenho que ir embora daqui e encontrar quem me ame de verdade. Volto para buscar minhas coisas num horário que você não esteja. Adeus, Edward.

E dizendo isso, ela simplesmente pegou sua bolsa que estava sobre o sofá da nossa sala de estar e foi o mais rápido que pôde em direção a porta. Eu queria pedir desculpas. Dizer para que ela ficasse e me perdoasse, mas não disse nada. Fiquei ali, apenas, vendo-a abrir a maldita porta e ir embora daquela casa.

Daquela casa e da minha vida.

(...)

Contudo, por mais que Bella tivesse ido embora da nossa casa e da minha vida, ela ainda permanecia muito presente em meu coração, por mais que eu não quisesse admitir. E ver ela com outro homem só me comprovou isso.

Tudo o que eu queria era afastar aquele homem dela. Dizer que aquela linda mulher era a minha namorada e que eu mesmo dançaria com ela. E, bem, se fosse há alguns meses, eu realmente poderia ter feito isso. Mas meu egoísmo fez com que as coisas mudassem. Agora, Bella era mulher solteira. E estava feliz com aquele homem desconhecido para mim.

Tudo o que não via antes ficou claro como cristal para mim. Meu orgulho e minha prepotência haviam afastado a mulher que eu amo da minha vida. E eu nada mais poderia fazer, pelo menos não agora. Todos os erros têm consequências e eu tinha que lidar com as minhas. Eu tinha que mudar. Tinha que ser um homem merecedor do amor de uma mulher como Bella. Eu tinha que parar de achar que eu era o centro do universo.

Infelizmente, essas mudanças não acontecem de uma hora para a outra. Porém, eu me esforçaria para ser alguém digno de Isabella. Mesmo que, depois de tudo, ela não me quisesse mais e estivesse feliz com quem quer que fosse esse sujeito que estava com ela dançando.

–Tomara que ele seja o homem que ela merece. –Murmurei mais para mim do que para meus dois amigos, mas eles ouviram, de qualquer jeito.

–Edward, cara, você a ama! Vai deixar por isso mesmo? –Emm parecia perdido.

–Eu fui horrível com ela, Emm. Errei horrores e pensei só em mim e no que eu queria. A magoei muito. Eu não quero pedir desculpas a ela, nem tentar nada com ela enquanto eu não mudar totalmente. Acho que preciso disso. Não posso pedir desculpas e cometer os mesmos erros do passado. Ela está feliz com ele, não vê? Olha como ela está sorrindo...

Do all the things I should've done

When I was your man

Talvez, um dia, Bella pudesse me perdoar. Talvez eu pudesse mudar e me perdoar também. Enquanto isso, eu deveria me manter longe dela. Talvez nunca mais a tivesse para mim e pensar nessa possibilidade doía como o inferno. Porém, era o certo a se fazer: deixá-la livre.

Uma vez na vida, eu não seria egoísta: deixaria Bella viver a vida dela sem minha interferência, por mais que eu amasse, por mais que doesse conviver com a ausência dela.

Afinal, não haviam dito que deixar a pessoa que amamos livres é a maior prova de amor e altruísmo que podemos ter?

Eu esperava que sim.