Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl
Notas iniciais do capítulo
Capítulo (na minha mais que humilde opinião) muito animado.
Já chorei no ombro de vocês no capítulo anterior, então nem tenho nada a dizer aqui.
Música tema: Kings and Queens - 30 Seconds to Mars
No café de quarta, as meninas estavam rindo da minha cara na noite anterior.
— Eu não acredito que você realmente apareceu daquele jeito. Achei que Emily ia ter um infarto de tentar segurar o riso maléfico da vitória — cochichou Beatrice bem a meu lado.
Cobri a boca mas não consegui refrear a gargalhada que se formou. Beatrice teve que me chutar por baixo da mesa.
— Ei! — reclamei dando um tapa no braço dela.
Ela deu uma risadinha e voltou-se para seu prato quase vazio.
— O príncipe Caleb deseja saber se a senhorita tem a tarde livre para ele — sussurrou um mordomo no meu ouvido.
Olhei para onde Caleb estava e fiz um aceno quase imperceptível com a cabeça.
Era nosso segundo encontro. Tremi só de pensar nisso.
Caleb estava me puxando apressada e nervosamente pelos corredores.
— Meus Deus, homem! Acalme-se.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Eu estou calmo. Calmo como um lago no verão.
— Um lago no verão no meio de um furacão.
Ele abriu uma porta lisa que eu supus ser a mesma torre da outra vez.
— Algo por aí.
Ele se sentou no chão, sentei de frente para ele, as pernas cruzadas. Era a coisa mais normal que eu já o tinha visto fazer.
— Dessa vez eu pedi a Peter para não nos interromper, não se preocupe.
— Peter… o rapaz do muay thai?
Pude notar a surpresa em seus olhos e não entendi o porquê.
— Sim — o príncipe olhou para baixo, como se olhar para mim fosse constrangedor.— Eu queria falar com você… sobre a pergunta que você me fez no outro encontro.
Repassei mentalmente nossa breve conversa naquele pôr do sol.
— Eu perguntei se você já tinha beijado alguém antes.
Ele assentiu, o rosto completamente vermelho.
— Eu nunca beijei uma garota — confessou como se fosse um crime imperdoável.
Não pude conter a surpresa. Caleb era bonito e tinha bom papo, mesmo que não pudesse se apaixonar por ninguém porque deveria casar com uma Selecionada, ele poderia se divertir.
— Nunca?
— Eu sei que é patético.
— Não é patético — discordei.— É fofo.
— “Fofo” é a palavra usada para dizer de forma delicada que eu sou um imbecil em termos de lidar com garotas?
Inclinei a cabeça para um lado. Não tinha consciência que era assim que ele se sentia. De toda forma aquilo tudo era esquisito e Caleb não estava fazendo muito para melhorar. Olhei no fundo de seus olhos castanhos.
— Ainda não entendo o que isso tem a ver com o momento atual.
— Você… já beijou outros rapazes.
— Sim. E...
Ele se apoiou nas mãos, inclinando-se para trás e se afastando de mim um pouco. Seu nervosismo era claro.
— Eu gostaria que você… me desse aulas de beijos. Sabe, para eu não me sentir um idiota com as outras meninas. — Ele ergueu as mãos com as palmas voltadas para mim. — Sei que é tudo muito apressado, mas não posso me dar ao luxo de evitar esse tipo de contato se realmente quero escolher minha esposa.
Fiz que sim com a cabeça. Fazia sentido.
Ficamos em silêncio por tanto tempo que o sol desapareceu, tornando-nos apenas sombras.
— Só por curiosidade, por quê eu?
— Por que você é a única delas em quem eu confio realmente. Mesmo naquele momento em que nos conhecemos eu pude sentir que você via além do príncipe. Via o homem perdido que eu sou.
— Você não é perdido. É um perfeito cavalheiro...
Ele me interrompeu.
— Essas coisas foram aprendidas. Quando se trata de lidar com garotas não existe nenhum livro ou tutor que possa me ensinar. Eu já te disse que estava aterrorizado com a Seleção. Pode parecer bobagem, mas é a mais pura verdade. Minha vida está em jogo.
— Está tudo bem. Eu vou ajudá-lo em tudo que você precisar. Serei sua amiga, sua professora, sua confidente... O que você quiser.
Ele pegou minha mão, entrelaçando nosso dedos, embora eu não pudesse ver seu rosto podia imaginar uma expressão de culpa acompanhando a hesitação em seus movimentos. Era engraçado demais.
— O que eu quiser… essa é uma coisa arriscada de dizer levianamente, senhorita Alexia.
— Eu me garanto, Alteza.
Branco faiscou na escuridão, seus dentes brilhando em um sorriso largo.
— Devo te beijar, professora?
—Seria um bom momento. — Ei, eu não tenho culpa de estar um pouco sem ar.
Muito suavemente ele se colocou de joelhos e inclinou em minha direção.
Meus olhos se fechararam, nossa respiração estava rápida e superficial. Passei a mão que não estava na dele por seu cabelo curto, puxando-o para mim e então veio o gosto doce dele.
Soltei minha mão da dele e passei por suas costas. Era meio estranho estar conduzindo isso, mas não era ruim. De modo algum.
Caleb se arriscou e passou os braços a meu redor com a delicadeza de uma seda, uma mão estava no meu ombro e a outra na cintura. Eu já tinha beijado alguns caras antes, mas ele fazia aquilo tudo parecer novo e incrível.
Um som alto e irritante pareceu ecoar pela propriedade, quebrando o encanto.
Caleb se levantou com um salto, me puxando com ele.
— Droga! Tinha que ser agora?
Meu coração parecia estar batendo mil vezes por segundo.
— O que foi?
— Rebeldes na propriedade. Venha.
Ele me puxou com uma velocidade impressionante. Aquela máxima era verdadeira: Para baixo todo santo ajuda. Em menos de dois minutos estávamos em frente a uma parte lisa da parede, Caleb meio que a empurrou de lado deixando uma porta à mostra. Lá dentro estavam todas as meninas da Seleção, além da família real.
Pude ver a surpresa das garotas ao me ver com o príncipe e nossas mãos entrelaçadas. Desviei o olhar, envergonhada.
— Caleb, graças a Deus! — rainha America murmurou abraçando o filho. Se eu não estivesse bem a seu lado não teria ouvido.
Sentei entre Pietra e Beatrice que ergueu as sobrancelhas em uma pergunta muda. Movi os lábios “Depois”. Ela concordou com a cabeça e inclinou-se contra a parede, procurando uma posição confortável.
O príncipe George estava nos braços do irmão, ressonando suavemente em seu ombro. Não pude evitar pensar em Patrick e em nosso relacionamento. Pela primeira vez, agradeci silenciosamente o fato de ele não estar comigo naquele momento.
Não sei quanto tempo ficamos ali, uma a uma as pessoas iam dormindo a meu redor.
Por fim só sobramos eu e Caleb acordados, ou ao menos com os olhos abertos. Apesar da pouca luz no abrigo, eu pude ver ele sorrindo para mim e erguendo as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa.
Sacudi a cabeça e dei de ombros “Está tudo bem”, era o que o meu gesto significava e acho que ele compreendeu porque seu sorriso cresceu um pouco.
Eu não ia desistir, a minha cabeça ia estar a prêmio dentro ou fora do palácio.
Ele afagou um ombrinho de George com carinho. Se ele fosse assim com o país, Illea estava em boas mãos.
Caleb e eu permanecemos em comunicação muda por um tempo, era estranho como os momentos ruins pareciam unir as pessoas.
Depois do do que me pareceram várias horas insones, a porta foi aberta por um guarda. Ele se encaminhou até onde a família real dormia e chamou o rei com um tom completamente comum, como se estivessem em uma conversa.
— Majestade, os rebeldes foram subjugados.
O rei abriu os olhos, totalmente alerta. Ele tinha o sono leve de um gato!
— Acorde as senhoritas da Seleção — ele se virou para a esposa e a acordou com suavidade.
Caleb se levantou também, tomando cuidado para não acordar o irmão em seus braços. Tal como eu, ele estava com os olhos exaustos de não ter dormido um segundo.
Pensei em tudo o que eu Patrick tínhamos vivido em nossa casa e comparei com a vida de Caleb e George. Eles viviam do mesmo modo que nós, sempre com medo de novos ataques a qualquer momento.
Eu saí de um nicho de tortura para um campo de guerra.
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Reviews são legais :3