Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 9
A noite


Notas iniciais do capítulo

Capítulo (na minha mais que humilde opinião) muito animado.

Já chorei no ombro de vocês no capítulo anterior, então nem tenho nada a dizer aqui.

Música tema: Kings and Queens - 30 Seconds to Mars



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No café de quarta, as meninas estavam rindo da minha cara na noite anterior.

— Eu não acredito que você realmente apareceu daquele jeito. Achei que Emily ia ter um infarto de tentar segurar o riso maléfico da vitória — cochichou Beatrice bem a meu lado.

Cobri a boca mas não consegui refrear a gargalhada que se formou. Beatrice teve que me chutar por baixo da mesa.

— Ei! — reclamei dando um tapa no braço dela.

Ela deu uma risadinha e voltou-se para seu prato quase vazio.

— O príncipe Caleb deseja saber se a senhorita tem a tarde livre para ele — sussurrou um mordomo no meu ouvido.

Olhei para onde Caleb estava e fiz um aceno quase imperceptível com a cabeça.

Era nosso segundo encontro. Tremi só de pensar nisso.

Caleb estava me puxando apressada e nervosamente pelos corredores.

— Meus Deus, homem! Acalme-se.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Eu estou calmo. Calmo como um lago no verão.

— Um lago no verão no meio de um furacão.

Ele abriu uma porta lisa que eu supus ser a mesma torre da outra vez.

— Algo por aí.

Ele se sentou no chão, sentei de frente para ele, as pernas cruzadas. Era a coisa mais normal que eu já o tinha visto fazer.

— Dessa vez eu pedi a Peter para não nos interromper, não se preocupe.

— Peter… o rapaz do muay thai?

Pude notar a surpresa em seus olhos e não entendi o porquê.

— Sim — o príncipe olhou para baixo, como se olhar para mim fosse constrangedor.— Eu queria falar com você… sobre a pergunta que você me fez no outro encontro.

Repassei mentalmente nossa breve conversa naquele pôr do sol.

— Eu perguntei se você já tinha beijado alguém antes.

Ele assentiu, o rosto completamente vermelho.

— Eu nunca beijei uma garota — confessou como se fosse um crime imperdoável.

Não pude conter a surpresa. Caleb era bonito e tinha bom papo, mesmo que não pudesse se apaixonar por ninguém porque deveria casar com uma Selecionada, ele poderia se divertir.

— Nunca?

— Eu sei que é patético.

— Não é patético — discordei.— É fofo.

— “Fofo” é a palavra usada para dizer de forma delicada que eu sou um imbecil em termos de lidar com garotas?

Inclinei a cabeça para um lado. Não tinha consciência que era assim que ele se sentia. De toda forma aquilo tudo era esquisito e Caleb não estava fazendo muito para melhorar. Olhei no fundo de seus olhos castanhos.

— Ainda não entendo o que isso tem a ver com o momento atual.

— Você… já beijou outros rapazes.

— Sim. E...

Ele se apoiou nas mãos, inclinando-se para trás e se afastando de mim um pouco. Seu nervosismo era claro.

— Eu gostaria que você… me desse aulas de beijos. Sabe, para eu não me sentir um idiota com as outras meninas. — Ele ergueu as mãos com as palmas voltadas para mim. — Sei que é tudo muito apressado, mas não posso me dar ao luxo de evitar esse tipo de contato se realmente quero escolher minha esposa.

Fiz que sim com a cabeça. Fazia sentido.

Ficamos em silêncio por tanto tempo que o sol desapareceu, tornando-nos apenas sombras.

— Só por curiosidade, por quê eu?

— Por que você é a única delas em quem eu confio realmente. Mesmo naquele momento em que nos conhecemos eu pude sentir que você via além do príncipe. Via o homem perdido que eu sou.

— Você não é perdido. É um perfeito cavalheiro...

Ele me interrompeu.

— Essas coisas foram aprendidas. Quando se trata de lidar com garotas não existe nenhum livro ou tutor que possa me ensinar. Eu já te disse que estava aterrorizado com a Seleção. Pode parecer bobagem, mas é a mais pura verdade. Minha vida está em jogo.

— Está tudo bem. Eu vou ajudá-lo em tudo que você precisar. Serei sua amiga, sua professora, sua confidente... O que você quiser.

Ele pegou minha mão, entrelaçando nosso dedos, embora eu não pudesse ver seu rosto podia imaginar uma expressão de culpa acompanhando a hesitação em seus movimentos. Era engraçado demais.

— O que eu quiser… essa é uma coisa arriscada de dizer levianamente, senhorita Alexia.

— Eu me garanto, Alteza.

Branco faiscou na escuridão, seus dentes brilhando em um sorriso largo.

— Devo te beijar, professora?

—Seria um bom momento. — Ei, eu não tenho culpa de estar um pouco sem ar.

Muito suavemente ele se colocou de joelhos e inclinou em minha direção.

Meus olhos se fechararam, nossa respiração estava rápida e superficial. Passei a mão que não estava na dele por seu cabelo curto, puxando-o para mim e então veio o gosto doce dele.

Soltei minha mão da dele e passei por suas costas. Era meio estranho estar conduzindo isso, mas não era ruim. De modo algum.

Caleb se arriscou e passou os braços a meu redor com a delicadeza de uma seda, uma mão estava no meu ombro e a outra na cintura. Eu já tinha beijado alguns caras antes, mas ele fazia aquilo tudo parecer novo e incrível.

Um som alto e irritante pareceu ecoar pela propriedade, quebrando o encanto.

Caleb se levantou com um salto, me puxando com ele.

— Droga! Tinha que ser agora?

Meu coração parecia estar batendo mil vezes por segundo.

— O que foi?

— Rebeldes na propriedade. Venha.

Ele me puxou com uma velocidade impressionante. Aquela máxima era verdadeira: Para baixo todo santo ajuda. Em menos de dois minutos estávamos em frente a uma parte lisa da parede, Caleb meio que a empurrou de lado deixando uma porta à mostra. Lá dentro estavam todas as meninas da Seleção, além da família real.

Pude ver a surpresa das garotas ao me ver com o príncipe e nossas mãos entrelaçadas. Desviei o olhar, envergonhada.

— Caleb, graças a Deus! — rainha America murmurou abraçando o filho. Se eu não estivesse bem a seu lado não teria ouvido.

Sentei entre Pietra e Beatrice que ergueu as sobrancelhas em uma pergunta muda. Movi os lábios “Depois”. Ela concordou com a cabeça e inclinou-se contra a parede, procurando uma posição confortável.

O príncipe George estava nos braços do irmão, ressonando suavemente em seu ombro. Não pude evitar pensar em Patrick e em nosso relacionamento. Pela primeira vez, agradeci silenciosamente o fato de ele não estar comigo naquele momento.

Não sei quanto tempo ficamos ali, uma a uma as pessoas iam dormindo a meu redor.

Por fim só sobramos eu e Caleb acordados, ou ao menos com os olhos abertos. Apesar da pouca luz no abrigo, eu pude ver ele sorrindo para mim e erguendo as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa.

Sacudi a cabeça e dei de ombros “Está tudo bem”, era o que o meu gesto significava e acho que ele compreendeu porque seu sorriso cresceu um pouco.

Eu não ia desistir, a minha cabeça ia estar a prêmio dentro ou fora do palácio.

Ele afagou um ombrinho de George com carinho. Se ele fosse assim com o país, Illea estava em boas mãos.

Caleb e eu permanecemos em comunicação muda por um tempo, era estranho como os momentos ruins pareciam unir as pessoas.

Depois do do que me pareceram várias horas insones, a porta foi aberta por um guarda. Ele se encaminhou até onde a família real dormia e chamou o rei com um tom completamente comum, como se estivessem em uma conversa.

— Majestade, os rebeldes foram subjugados.

O rei abriu os olhos, totalmente alerta. Ele tinha o sono leve de um gato!

— Acorde as senhoritas da Seleção — ele se virou para a esposa e a acordou com suavidade.

Caleb se levantou também, tomando cuidado para não acordar o irmão em seus braços. Tal como eu, ele estava com os olhos exaustos de não ter dormido um segundo.

Pensei em tudo o que eu Patrick tínhamos vivido em nossa casa e comparei com a vida de Caleb e George. Eles viviam do mesmo modo que nós, sempre com medo de novos ataques a qualquer momento.

Eu saí de um nicho de tortura para um campo de guerra.


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Notas finais do capítulo

Reviews são legais :3



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