Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 33
Nervosismo


Notas iniciais do capítulo

Se o outro capítulo era Tem De Tudo esse aqui é Tem De Tudo E Mais Um Pouco.
Vai ser meio água com açúcar e com zero (repito: ZERO) tretas, mas tudo para o desenvolvimento dos demais capítulos! (Sim, tô brava pq não tem treta u.u)
Sim, tem Calexia. Na verdade tem uma overdose de glicose de Calexia, e também tem uma coisita para vocês refletirem sobre seu modo de agir sobre outras Selecionadas.
Enfim... Divirtam-se :D



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Na véspera de Ano-novo todos os nervos estavam à flor da pele e nem eu sabia o motivo que me fazia ficar batucando no chão do quarto de Georgie e ficar olhando para a porta do Salão das Mulheres a cada dois segundos. Havia uma inegável aura de urgência sobre todos nós.

Embora ninguém dissesse, todas nós sabíamos que aquele seria o último grande evento antes de Caleb fazer sua escolha e o nervosismo e o medo de serem enxotadas faziam unhas antes perfeitamente feitas serem destruídas.

Além disso eu ainda tinha a memória de Caleb me abraçando durante a noite fresca na memória e todo mundo parecia ver isso. Apesar de tudo, as coisas entre nós dois estavam se acertando, mesmo considerando que eu dei um tapa na cara dele quando ele tentou me beijar depois da discussão que acabou levando-a até minha cama.

Eu estava pensando nisso quando Beatrice estalou os dedos bem na frente do meu rosto.

Pisquei algumas vezes.

— O que foi?

— Eu disse que Caleb está te chamando lá fora. — Ao notar minha confusão ela explicou: — Estávamos conversando e ele me pediu para falar com você. Relaxa!

— Estou relaxada. Não tenho motivos para não estar, tenho? — perguntei apertando as mãos nervosamente. De repente eu me sentia como se estivesse novamente no início da Seleção.

Ela sorriu.

— Nem meio motivo. Vá logo.

Saí ajeitando o meu vestido.

— Alteza.

Ele me lançou um sorriso torto, apesar de ter um brilho de incerteza no olhar.

— Pare com essa bobagem, pelo amor de Deus. Eu sou Caleb. Sempre fui apenas Caleb para você.

Peguei sua mão.

— Desculpe, é o nervosismo.

— Nervosismo? — suas sobrancelhas se uniram. — Por quê?

Porque você provavelmente vai me chutar em alguns dias.

— Não sei — dei de ombros.

— É bom ver que você não está mais com a tipoia e que seu ombro não incomoda mais — comentou do nada.

— Nem sinto mais, na verdade. O médico disse que vou ter que fazer uns exames, fora isso, está tudo ótimo comigo fisicamente.

— Fisicamente? — perguntou me indicando uma entrada à direita. — E os outros aspectos?

— Mentalmente também, claro. Eu não estou louca ainda — sorri para ele. — Mas emocionalmente…

— Mas emocionalmente o quê? — Caleb parecia assustado.

— Tenho medo de perder as pessoas que são importantes para mim — sussurrei. — Cada dia que passa é um dia de incerteza, tanto sobre as pessoas aqui no palácio quanto as que estão lá fora. Meus amigos, meu irmão, meu pai… Isso me desgasta emocionalmente, fora a tensão constante. Isso acaba comigo.

Pessoas aqui no palácio?Pensei que fosse pessoa, no singular — sua voz também estava baixa.

— Posso pensar em pelo menos duas pessoas aqui no palácio que me importam.

— Quem?

Revirei os olhos.

— Você e Georgie, é claro.

Caleb parou de andar e me encarou.

— Eu sou importante para você?

— Claro que é. Se não fosse eu já teria dado o fora, acredite.

— Mas você não foi embora, mesmo quando estava brava comigo — ele estava confuso.

— Eu estava brava, mas não tinha parado de amá-lo — confessei baixinho. — Isso não acontecerá.

Não vi como aconteceu, mas em meio segundo eu já estava em seus braços, nossas bocas a centímetros uma da outra, ele mergulhou para me beijar e e eu retribuí de um modo que se houvesse um ataque rebelde naquele segundo eu não perceberia. Tudo o que eu percebia era Caleb e seu cheiro maravilhosamente familiar e a textura de seu cabelo sob meus dedos.

— Ah, Alexia! Você é tão inexplicável, tão inexplicável — murmurou em meus lábios. — Eu não mereço sequer conhecer alguém assim e a tenho em meus braços. Eu tenho muita sorte!

Escondi a cabeça em seu peito. Eu estava cada momento mais confusa.

— Você vai me chutar, Caleb?

Caleb, que estava acariciando meu pescoço e murmurando palavras doces só para mim, parou. Afastou nossos rostos para olhar-me.

O quê? Que ideia é essa?

Sacudi a cabeça. Eu não podia contar a ele que havia escutado, clandestinamente, sua conversa com a rainha.

— Não sei, só pensando. Você vai mandar algumas de nós embora, estive me perguntando se eu poderia ser uma dessas.

Ele pegou meu rosto, forçando-me a olhar em seus olhos.

— A resposta é não. Você não está na lista de meninas que vão voltar para casa — havia alguma coisa em sua voz que me deu a clara impressão de que ele estava contrariando as vontades de alguém, como se estivesse explicando uma coisa pela décima vez.

Sorri feliz, parte da tensão deixou meu corpo. Caleb não mentia. Bom, tirando o fato de ter mentido para mim naquele dia fatídico em que eu o peguei aos amassos com Pietra.

— Acho melhor eu ir embora — murmurei. — Quer que eu chame alguma garota?

A expressão de Caleb se fechou.

— Eu queria ficar com você.

— Se essa vontade ainda estiver aí depois da festa você pode aparecer no meu quarto essa noite, depois da festa. Preferencialmente sóbrio — fica a dica.

— Depois da festa? Mas eu tinha a intenção de ficar com você na festa — falou mordiscando o lóbulo da minha orelha de um jeito que deveria ser proibido. — A noite toda.

Com um esforço supremo eu me afastei.

— Comporte-se.

— Eu estou me comportando. Você não faz ideia de como estou me comportando. — Seus olhos brilhavam intensamente.

Ignorei-o com um sorriso.

— É sério. Tchau.

Ele revirou os olhos.

— Hoje à noite — prometeu.

Fiz uma reverência sorrindo enquanto voltava pelo corredor.

Para variar eu estava completamente perdida naquele labirinto e me deparei com uma cena assustadora: uma pessoa chorando.

Aproximei-me como se ela fosse atirar em mim ou coisa parecida. Não que eu duvidasse de qualquer coisa vinda de Kayla Newsfit.

— Kayla? Você está chorando? — Não palhaça, ela está regando os poros.

— Estou. Algum problema?

— Posso te ajudar em alguma coisa?

— Não — disse tentando, sem sucesso, secar as lágrimas. — Leia isso e vê se alguém pode me ajudar.

Peguei o papel que ela sacudia na minha cara.

Era uma bilhete escrito com uma letra delicada.

Querida K,

Achei melhor te avisar agora do que você descobrir quando voltar para casa, Jamie pediu Anabelle Wiperoof em casamento, sem namoro nem nada.

Lamento,

sua irmã Candie.

— Estou confusa. O que isso significa?

— Significa que o homem da minha vida está noivo. Que todo o meu maldito esforço para fazer ciúmes nele entrando na Seleção e permanecendo um tempão não serviu de nada.

— Você só esteve aqui fazendo ciúme em um cara? — Franzi as sobrancelhas. — Não seria mais fácil simplesmente dizer como se sente?

— Não — respondeu simplesmente. — Jamie é orgulhoso, ele provavelmente acharia que eu estava brincando com a cara dele. Ele acha que a elite não pode se apaixonar por pessoas de classe mais baixa, mas eu o amo, não me importo se é pobre ou rico, Dois ou Dez.

— Foi isso que te irritou quando Pietra disse que eu era uma Cinco — percebi. — Porque ela estava dividindo por castas.

Kayla assentiu.

— Se as castas existissem eu seria uma Dois, Jamie seria Seis. Ele foi criado para pensar como alguém da casta Seis e por isso vive me repelindo aí eu tive a brilhante ideia de que, se eu estivesse na Seleção, ele iria perceber que gostava de mim e… — ela suspirou. — E o tiro saiu pela culatra.

— Ah.

Kayla se sentou, as lágrimas haviam parado de rolar.

— Era por isso que eu agia daquele jeito com todo mundo — explicou, continuando seu discurso rapidamente. — Você sabe que eu sou atriz, então eu usei isso a meu favor: projetei uma personagem que seria uma megera com tudo e com todos. Eu nunca estive na competição, então por que não botar um pouco de lenha na fogueira? — Ela sorriu. — Caleb achava meu jeito divertido e conversávamos muito, ele é um bom rapaz, mas eu nunca estive aqui por ele ou pela coroa.

Kayla respirou fundo e continuou o seu relato.

— De vez em quando a projeção falhava e alguém vislumbrava um pouco de mim, da Kayla que foi criada para sempre dar o seu melhor independentemente de a quem. Eu passei a gostar de algumas garotas, a torcer por vocês… Enfim, eu era espectadora onde deveria ser participante esperando que Caleb me chutasse assim que percebesse que eu não dava a mínima para ele, mas ele não dava a mínima para mim também e nos tornamos amigos com uma coisa em comum: as pessoas pelas quais estávamos apaixonados retribuíam-nos com reservas.

— Espera aí — interrompi. — Jamie retribuía?

Ela sorriu, novamente lacrimosa.

— Sim, mas ele parecia temer que eu me envolvesse demais porque aquilo era errado e eu deveria me casar com alguém que pudesse me bancar. Como se eu precisasse disso — ela sacudiu a cabeça. — A Seleção está acabando e logo eu vou ter que voltar e vê-lo com aquela coisinha, argh! E eu nem consigo odiar Anabelle. Jamie é cativante, qualquer imbecil se apaixonaria por ele, até eu.

— Eu sinto muito, Kayla. Pode parecer meio clichê, mas sinceramente eu acho que quando você voltar deveria procurá-lo. Dane-se que ele está noivo. Se ele tem sentimentos por você vai perceber a burrada que está fazendo e se arrastar a seus pés.

— Caleb se arrastou a seus pés depois do rolo com a Pietra? — Ela abriu um sorrisinho de desculpas. — Todo mundo ficou sabendo.

—Ele não se arrastou, mas as coisas estão bem entre nós.

Kayla sorriu.

— Isso é bom. Vocês merecem ser felizes.

— Obrigada Kayla. Fico feliz por poder te conhecer um pouco melhor e ver que você não é a vaca do mal que se esforça tanto para ser.

Ela riu.

— Não sou tão má mas sei afiar as garras quando necessário.

— Bem afiadas — concordei.


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Notas finais do capítulo

Se você aguentou esse capítulo sem vomitar, parabéns! Agora recomponha-se e escreva um review bem bonito pra mim *u*
Sim Gabriella, o Henry vai aparecer no próximo capítulo. Respira!