Mal abri a porta daquele quarto demoníaco, os meus olhos arregalaram- se.

…N era um homem morto.

****

Quando entrei naquele quarto, foi como se o meu coração fosse totalmente partido. Senti os meus olhos começarem a ficar molhados, o que eu logo tentei impedir.

Logo de seguida, a raiva penetrou todo o meu eu. Depois, o ódio, e finalmente a dor.

Definitivamente: N vai ficar com a cara toda partida.

–O QUE ESTÁ A ACONTECER AQUI!? -Berrei ao observar N prendendo a White contra o sofá. Bravo com ambos, observei N me olhar surpreso, porém com um sorriso vitorioso. Apertei a fechadura da porta com raiva.

Ela… Me traiu?!

Não… Ela não… Faria isso…

Ela não… Fez isso…

Não. Não não não NÃO NÃO NÃO!! ISTO NÃO ESTÁ A ACONTECER!!

Deixei uma pequena lágrima escapar, e observei o sorriso satisfeito que N deu. Trinquei os dentes, com vontade de matar N e fazer White sofrer, por ela me trair daquela man-

...Choro?

Eu estou a ouvir… Alguém a chorar? Não… Não me diga que…

Não… Ele não... Não me diga que ele... Ele... fez isso…!!!

Observei com mais atenção, o que eu menos queria ver.

Naquele momento, soquei a cara de N com tanta força quando consegui naquele momento, e ele caiu no chão. Encarei White chorando lágrimas grossas, apenas de roupas íntimas. Estavam já quase mostrando tudo, mas, não se via nada, sem ser o facto do peito dela já estar sem nada por cima, e a garota tapar com as próprias mãos. A raiva controlou- me totalmente, pois, parti para cima do cabeça de… ARG AGORA JÁ NEM TENHO NOME PARA ELE!!

Soquei cada vez mais a cara dele, enquanto ele ficava parado, rindo loucamente. White estava chorando cada vez mais, sentada no sofá, com uma das mãos na boca de espanto. N ria cada vez mais alto enquanto eu, com a maior raiva do mundo, queria matá- lo.

Queria fazê- lo sofrer; Morrer e dores; Enforcá- lo e matá- lo da pior forma possível naquele momento. Eu queria que ele senti- se a dor da minha raiva e a minha própria dor; Queria vingança; Queria o ódio fora de mim.

Juro, eu vou matá- lo. Eu não sei o que eu senti naquela hora, mas foi como se até os meus pensamentos fossem levados para um buraco de ódio, vingança, raiva e dor. Esses quatro horríveis sentimentos resumiam o meu estado de espírito agora.

Enquanto tentava dar mais socos, N segurou os meus punhos, sorrindo maliciosamente, deitando sangue da boca e meio negro no olhos. Mas isso nem foi desculpa para no momento seguinte, o jogo virar: Era ele agora em cima de mim a sorcar- me. White estava paralisada a ver a cena, cada vez a chorar mais.

Enquanto ele me socava, eu consegui empurrá- lo de cima de mim, deixando- o no chão. Rapidamente levantei- me, olhando- o. Ele estava no chão, e eu em pé, ou seja, eu o olhava com desprezo. A raiva que eu sentia por ele estava resumida no olhar mortal que lhe lancei.

Seguidamente, encarei uma mesa ao meu lado que tinha uma faca. A raiva e a sede de vingança acabaram por me controlar por completo, pois eu nem me lembro o que me passou na minha mente naqueles pequenos momentos. Não me lembro qual foi a minha reação ao observar tal ideia na minha mente.

Peguei na faca, sorrindo com desprezo e vitorioso, misturado com ódio e vingança. O sorriso da satisfação da vingança estava no meu rosto. Resumindo: Eu estava louco!

N olhou- me com medo, enquanto eu ergui a minha mão com a faca. Um sorriso psicopata surgiu no meu rosto, enquanto eu apenas disse.

–Morra!!–Sorri mais, e bem no momento que o ia matar, alguém segurou o meu braço. Olhei para trás e observei White chorando cada vez mais, abraçando- me.

Paralisei, e voltei à realidade. O que… Eu ia fazer…? Eu estou a enlouquecer. Não vou descer ao nível dele. Nem pensar…

...Se bem que ele merece morrer da forma mais lenta possível.

–P-Por favor… Vamos embora... -Murmurou a garota dos meus sonhos, enquanto fechava os olhos com força. Larguei a faca no chão, e abracei com toda a força a garota que conquistara o meu coração.

–Desculpe… -Murmurei, abraçando- a com mais força ainda- Vamos embora… -Ela me olhou nos olhos e sorriu, enquanto eu retirei as lágrimas que estavam já na sua bochecha.

–...Nunca vire as costas ao inimigo… -Murmurou uma voz assustadora. Olhei para trás e observei N com a faca na mão, sendo que era ele desta vez que ria loucamente. Ele mirou na White, mas eu fiquei de costas para ele, deixando White no meu peito, e abraçando com força.

Como eu havia dito antes, eu jamais deixaria que algo lhe acontece- se. E eu, idiota e anormal que sou, dei sem intenção, uma livre passagem para N fazer o que queria com White.

Eu me odiava naquele momento. Porque a deixei sozinha?! Se eu não chega- se tão cedo… Podia ter…

Ou melhor, se não chega- se tão tarde, nem iria existir riscos de tal coisa acontecer. Mas pronto, resumindo, eu estava a rezar a mim próprio para que White fica- se bem.

–MORRA!!–Berrou N desta vez. No momento que ele baixou a faca, mirando no meu pescoço, segurei o pulso dele, deixando- o surpreso, e logo a seguir, assustado. Olhei para ele com raiva, falando com voz assustadora, com raiva e ódio daquele ser sem sentimentos.

–Nem se atreva a ficar no meu caminho… Se voltar a fazer White chorar… Eu não terei dó em te matar.–N paralisou, e eu segurei White com força, levando- a para o mais longe dele. Ela pegou rapidamente nas suas roupas, e saímos do local, deixando N paralisado.

Porque ele não em matou? Eu sabia que ele não me matou porque não quis. Mas não, ele preferiu me deixar vivo, juntamente com a White.

Não liguei muito a isso, pois levei White imediatamente para o nosso quar- Espera, é o quarto dela.

Ah, quem eu quero enganar? Aquele quarto era nosso. Dava para entender perfeitamente que nós já não éramos bem amigos… Mas isso não vem ao caso agora.

White sentou- se na cama, olhando para baixo (Ela já tinha sutiã seus pervertidos). Suspirei ao entrar no quarto, pois o silêncio estava desconfortável. Observei que White ainda estava meia paralisada com o que aconteceu. Tudo o que fiz foi baixar- me ao nível da garota, frente a ela, pegando nas mãos dela. Ela desviou o olhar do chão, fintando os meus olhos.

–Desculpe… -Murmurei meio bravo- Eu sou um idiota. Não devia ter deixado você sozinha e…

–A culpa não é sua… -Ela interrompeu- me e eu sorri um pouco. A garota suspirou- Tenho medo se N v-volta a fazer coisas assim…

–Hey!! -Disse novamente, desta vez sendo eu a interrompê- la.- Já disse: Eu não deixarei o N te fazer ma- Calei- me na hora. Eu de facto, fui o responsável de isto acontecer. Olhei para baixo, perdendo a visão dos lindos olhos da cor do céu.

Ela levantou- me a cabeça, com dois dedos pousados no meu queixo. Olhei novamente os olhos dela, enquanto ela sorriu. Eu tentei, mas nada de sorrir. Estava completamente com ódio de mim mesmo, querendo- me fazer sofrer a mim próprio.

Ela sofreu até agora, e a culpa foi minha!! Arg, porque a deixei sozinha e não a levei comigo!? Sou um completo imbecil. N é o maior filho da puta daqui, mas eu não fico atrás.

Enquanto pensava em xingamentos para mim próprio, ela sorriu uma vez mais, porém desta vez, fora um sorriso doce.

–Você fez o que eu te pedi… -Fiquei confuso, fazendo uma careta. Ela riu um pouco, e explicou- Eu pedi para não fazer nada contra N, e você me respeitou… Por isso é que eu te… -Ela calou- se. Fiquei confuso novamente, e ela riu baixinho uma vez mais.

–Você o quê? -Perguntei curioso. Ela acenou negativamente com a cabeça, tentando esquecer algo que, com certeza, girava em torno da sua mente. Mais confuso fiquei quando ela se aproximou e roubou- me um selinho.

….ELA ROUBOU- ME UM SELINHO!!

–Hey! -Ela observou- me com o rosto meio rosado, o que criou um motivo para ela rir mais.

–Sim…? -Perguntei, virando a cara meio corado. Novamente ela suspirou, deixando um leve sorriso ficar nos seus lábios. Com tudo, foi impossível retirar o sorriso bobo que estava estampado no meu rosto.

A garota levantou- se, pegando nas roupas e vestindo- se. Como sempre, virei a cara para “não olhar”, embora eu tivesse observado ela o tempo inteiro.

Mal ela terminou de se vestir, sentou- se ao meu lado na cama, novamente. Desta vez, fora um silêncio confortável que se formara.

–Hey White! -Interrompi, fazendo a garota me olhar, virando a cara para mim. Mal ela abriu a boca para dizer algo, eu a beijei. Ela ficou de olhos arregalados, e senti o arrepio circular por todo o corpo dela. Coloquei as minhas mãos nas costas dela, deixando os nossos corpos completamente colados. Aos poucos, ela fechou os olhos, deixando o beijo rolar.

Senti ela colocar as mãos em volta do meu pescoço, deslizando e dando lugar aos braços que estavam apoiados nos meus ombros. Ela sorriu ligeiramente, e eu sorri igualmente. Ela mordeu levemente o meu lábio, enquanto desta vez fui eu a corar e arrepiar; Ela estava a testar- me para ver até onde eu conseguia ir sem ficar nervoso.

–Tem mesmo a certeza que quer ver onde eu consigo ir…? -Sorri maliciosamente para a garota, olhando- a com um olhar provocante. Ela corou, bufando e virando a cara, cruzando os braços. Ri alto ao observar o rosto dela virar a cor de uma Pokébola, novamente.

–Seu idiota…!! -Bufou novamente, porém desta vez, fui eu a pegar no seu queixo e lhe roubar um selinho.

–Significa que estou perdoado….? -Perguntei com esperanças na voz. Ela me olhou confusa fazendo uma cara estranha.

–Perdoado? Pelo quê? -Perguntou a garota, com uma voz mais confusa ainda.

–De eu ter deixando o N… Fazer aquilo… -Baixei a cabeça- Eu prometi sempre te proteger e jamais deixar ele se aproximar de você e…

–Hey!! -Disse a garota alto, enquanto eu a olhei.- A culpa não é sua…

–É sim, eu sou um idiota! -Disse meio alto, desviando o olhar do rosto dela, que começava a ficar bravo, novamente para o chão- A culpa foi toda minha! Sério cara! Eu me odeio mais que tudo. Não mereço ter você. Eu quero- me matar nesse momento e me fazer sofre-

Fui interrompido quando ela ficou em cima de mim, prendendo os meus braços. Para minha surpresa, pude observar poucas lágrimas nos olhos dela.

–CALADO!!–Berrou, enquanto eu a olhei completamente surpreso. O que estava a acontecer aqui? Depois de uma pausa de segundos, enquanto ela me olhava nos olhos, continuou- SEU IDIOTA!! JÁ DISSE QUE A CULPA NÃO É SUA!! FOI TODA MINHA!! FUI EU QUE FUI TER COM ELE, PORQUE ACHAVA QUE ELE TINHA FEITO ALGUMA COISA COM VOCÊ!!

Um longo silêncio se fez. Pude observar as lágrimas que caíam dos olhos dela. Depois disto, ela começou a chorar cada vez mais, acalmando- se um pouco.

Entendi. Ela não gostava de falar desse assunto e, além disso, não gostava e me ver bravo comigo mesmo e me xingando. Devia fazê- la sentir- se triste e mal.

–Eu… Tive medo de algo acontecer com você… -Murmurou, olhando para baixo, enquanto a sombra do cabelo dela tapava a visão dos olhos lindos da garota- T-Tive medo de você fazer loucuras por minha culpa… Eu não mereço o que você faz por mim. Eu mal me posso proteger sozinha: Nem Pokémons fortes tenho, apenas a Bubu que é como a minha melhor amiga pequena…

–Hey Whi- Fui interrompido, quanto ela voltou a falar.

–POR ISSO!! -Berrou alto, prendendo os meus pulsos com mais força- TENHO MEDO DE TE PERDER IDIOTA!! P-Porque… P-Por… Que…

Olhei- a. Ela falou diversas vezes a mesma palavra, chorando bastante.

–PORQUE EU AMO- TE SEU IDIOTA!! -Paralisei completamente.- EU AMO- TE MAIS QUE TUDO NESTE MUNDO!! AMO- TE COM A MINHA VIDA!! FARIA TUDO POR VOCÊ, POR ISSO EU JAMAIS ME PERDOARIA SE VOCÊ FIZESSE LOUCURAS POR MIM!!

Nesse momento ela pousou suavemente os seus lábios nos meus. Foi apenas um selinho, mas, nesse momento, ela rapidamente os retirou, deixando- me completamente paralisado.

Cara. Eu. Sou. O. Garoto. Mais. Feliz. Nesse. Mundo!!

SÉRIO!! A GAROTA MAIS PERFEITA DO MUNDO AMA- ME!!

Estou completamente feliz agora. Ganhei a porcaria do dia! Um sorriso bobo que não saí os meus lábios, o rosto corado e o coração a bater super rap-

–E-Eu… -White tentou falar algo, mas eu a olhava sem acreditar, interrompendo- me dos meus pensamentos. Nesse momento, ela pegou o seu colete numa mão, correndo para fora do quarto.

–HEY WHITE ESPERE!! -Berrei, pegando no meu casaco e correndo atrás da garota.

Ah, que droga!!