Era quarta-feira á tarde e eu ainda não havia decidido se iria acampar com Percy ou não. Eu tinha que dar a resposta para ele amanhã de manhã e eu só estava enrolando, isso mesmo Annabeth, é assim que se faz as coisas.

Eu já tinha perguntado para a minha mãe se ela deixaria eu ir e ela disse que sim. O problema agora era comigo mesmo, eu não conseguia me decidir, droga.

Resolvi ligar para a Cassie. Desde o incidente com Luke ficamos um pouco distantes, mas ela ainda conversava comigo.

– Alô Cassie? – eu disse quando ela atendeu o telefone.

– Oi Annabeth! Tudo bem?

– Mais ou menos Cass...eu tou com uma dúvida enorme e não sei o que fazer. Eu preciso de um conselho – ok, só pessoas perturbadas pediam conselhos para a Cassie, mas era a minha melhor opção no momento.

– Wow, pode falar.

– Sabe aquele dia, quando eu saí da casa do Luke? Pois é, eu encontrei o Percy. E ele conversou comigo.

Ela gritou e disse:

– Wow, Annie, isso é ótimo o que ele falou com você?

– Na verdade ele me fez um convite. Ele perguntou se eu queria acampar com ele e os amigos dele no fim de semana, mas eu não sei se eu vou, essa é a dúvida.

– Wow...sério que ele te chamou? Ele não estava zoando não?

Ok, esse comentário dela me magoou, mas resolvi manter a calma.

– Não Cassie, ele falava sério.

– Bem é que esse acampamento ele faz todo ano, e é só para populares. E você não é popular, você acabou de chegar no colégio. Então eu não sei por que ele te chamou.

– Eu também não sei Cassie, só não sei se vou ou não.

Ela ficou sem falar nada por alguns segundos e depois disse:

– Bem, se você resolver ir, você me leva? Eu sempre quis acampar com eles.

– Não Cassie. Eu sou só uma convidada, eu não posso chamar ninguém.

– Ah...tudo bem. Então decide aí, mas sinceramente, o acampamento não é lugar para você – ela disse e desligou o telefone na minha cara.

Nossa, ela ficou mesmo com raiva. Mas foda-se, se o Percy me chamou é porque ele queria se aproximar de mim e se tornar meu amigo, e a culpa não era minha se ela era toda esquisita e não tinha amigos.

Depois de mais algumas horas pensando, decidi ir. Mas primeiro eu tinha que fazer uma coisa. Desci as escadas e encontrei minha mãe na sala, lendo uns papeis.

– Mãe, me empresta seu cartão de crédito?

– Vai comprar o quê?

– Roupas – respondi e ela me lançou um olhar do tipo “quem é você e o que você fez com minha filha?” – e livros – completei, para ela não estranhar muito.

Ela sorriu e me entregou o cartão.

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A manhã de quinta-feira foi complicada por motivos de: Cassie. Pra começar ela tinha me xingado, isso mesmo, me xingado só porque eu decidi ir no acampamento, e ela não iria. Depois ela continua sentada atrás de mim, e toda hora chuta minha cadeira ou minha perna de propósito. Sinceramente, eu não sabia se a Cassie tinha 17 anos ou 7. Então lá estava eu, recebendo chutinhos e tentando ignorá-los quando o Percy chegou na minha frente e colocou os braços na minha mesa. O cabelo negro dele estava despenteado, dando um ar sexy. A barba dele estava começando a crescer, e os olhos verdes dele estavam revoltos, como o mar em um dia de tempestade. Ele usava uma camisa polo preta e uma calça jeans, e o perfume dele era inebriante, um misto de tabaco, menta e maresia. Só de vê-lo e sentir sua presença próxima a mim eu já ficava atordoada.

– E aí? Já tem uma resposta?

– Ah, oi Percy – eu disse, com as bochechas mais coradas do que lava de vulcão – já sim. Eu vou poder ir.

– Que ótimo. Você sabe onde fica minha casa, certo? Então, tem como passar lá amanhã por volta das quatro horas da tarde?

– Tem sim.

– O acampamento vai ficar ao redor de NY mesmo, e já temos todos os carros, não se preocupe com transporte. A gente volta no domingo, então leve roupa para três dias. O resto a gente combina amanhã – ele disse e sorriu, indo para sua mesa logo em seguida. No meu peito, meu coração fazia acrobacias.

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No resto do dia fiquei por conta de arrumar minhas malas. Ontem eu tinha comprado muitas roupas, muitas mesmo, e eu estava apaixonada por todas. Mas não podia levar tudo, não queria carregar uma mala pesada.

No fundo da mala coloquei alguns cosméticos, maquiagens e acessórios, e por cima coloquei três shorts novos que eu havia comprado, um vestido bem soltinho e quatro blusas. Depois coloquei uma bermuda mais velhinha que eu tinha e uma camiseta, também antiga. Em um dos compartimentos coloquei meu Vans, um Nike, duas rasteirinhas e um chinelo. É, acho que era o necessário.

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Faltavam dez minutos para dar 16:00h, então eu despedi da minha mãe, ela me desejou boa sorte, juízo, e etc., eu peguei minha mala e fui rumo á casa de Percy.

Cheguei lá ás 16hras em ponto, e toquei a campainha. A casa de Percy era deslumbrante assim como ele.

Alguns segundos depois a porta se abriu e ele atendeu. Ele usava uma bermuda jeans, um Vans preto e uma camiseta cinza, que deixava seus braços fortes á mostra. Deuses, ele era perfeito demais para existir.

– Oi garota-que-desmaiou-na-minha-festa – ele disse e me abraçou. Pequenas ondas elétricas percorreram o meu corpo. Eu nunca havia tocado nele, e agora que isso aconteceu era tudo muito surreal. Suas mãos se encaixavam perfeitamente na minha cintura, e eu tocava seus ombros de leve. Seu cheiro pareceu ainda mais inebriante agora, era como uma droga, uma droga deliciosa da qual eu precisava cada vez mais. Eu me arrepiei toda e ele me soltou. A sensação de sua pele na minha ainda permaneceu em mim por alguns segundos, mas depois se dissipou e eu senti que precisava mais ainda dele.

– Vamos entrar – ele disse e sorriu.

Entrei na sala de estar dele e lá já tinha algumas pessoas. A primeira que eu vi foi Bianca (infelizmente) que disse um “oi Annabeth” para mim e pegou Percy de volta assim que entramos. Ao lado de Bianca tinha seu irmão Nico, e ao lado dele a Zöe. No outro sofá estava Silena, impecavelmente linda mexendo em seu smartphone. Ao lado dela estava Rachel olhando para o nada e Charles, também mexendo no celular. Na pequena poltrona ao lado do sofá tinha uma menina de cabelos claros que eu não conhecia.

Quando eu entrei o pessoal disse um “oi” meio sem-graça e sem jeito para mim, e a menina que eu não conhecia se apresentou como Calipso. Ela não era da Goode, já estava na faculdade.

– Bem pessoal agora é só esperar Thalia e Luke e Jason e Leo – disse Percy olhando para a gente. Me sentei em uma cadeira ao lado de Calipso, e fiquei olhando a sala com cara de eu-não-sei-o-que-vim-fazer-aqui.

Alguns minutos depois a campainha tocou e dois caras que eu não conhecia entraram. Um era louro alto, com um porte físico de atleta. Seus olhos eram azuis bem claros, como o céu. O outro tinha a pele bem morena, era muito bronzeado. Seus cabelos eram bem negros e despenteados, e ele parecia muito animado.

Ambos sorriram para mim quando entraram e se apresentaram como Jason e Leo. O Leo estudava na Goode mas era um ano mais novo que a gente, e o Jason já estava na universidade. Enquanto eles arrumavam um lugar para se sentar e cumprimentavam o pessoal, Luke e Thalia chegaram. Thalia estava bem estilosa, com seu cabelo preso em um coque alto, um short jeans claro e uma blusa caída dos Rolling Stones. Luke estava de bermuda e camisa polo, e olhou para mim de um jeito estranho...como se estivesse com raiva ou algo assim. Será que ele ainda estava assim por causa do dia da festa?

Depois que eles entraram, Percy disse:

– Bem, agora que está todo mundo aqui vamos partir?

Todos soltaram gritinhos animados e eu sorri. É, talvez minha vida não estivesse tão ruim assim.