Meu corpo caiu pesado sobre a minha cama, e Percy se deitou por cima, encaixando seus lábios nos meus. Suas pernas estavam entrelaçadas no meu quadril, e suas mãos agarravam minha cintura com força. Nossos beijos eram vorazes, intensos, como uma colisão de estrelas cadentes.

Suas mãos percorriam minhas costas por baixo da minha camiseta, e seus lábios trilhavam um caminho de beijos pelo meu pescoço. Nossos lábios se chocavam uma e outra vez, e nossas línguas travavam uma batalha deliciosa. Sem perceber, eu o arranhava nas costas, sobre a camisa. Por impulso ele tirou a blusa, revelando seu tórax nu e bem definido. Sua pele me tocou, apenas uma camada de pano separando seu corpo do meu. Nós nos encaixávamos tão bem.

Fomos nos despindo aos poucos, entre beijos e carícias. A cada contato que sua pele fazia com a minha, uma onda de fagulhas elétricas percorria as minhas células, fazendo meu corpo gritar para ter Percy junto a mim. Nosso amor era uma dança sensual e intensa, leve e envolvente, como uma brisa que se torna um furacão em um dia de primavera.

O suor de Percy tinha cheiro de maresia, como os ventos suaves das praias da Califórnia. Seus toques eram intensos, desesperados, suaves e rudes ao mesmo tempo. Fazer amor com Percy foi de longe a melhor sensação da minha vida. O clímax foi esplêndido, nossos órgãos se encaixaram perfeitamente, como se tivessem sido concebidos um para o outro. As cenas de Luke e eu iam e vinham na minha mente durante o ato, mas eu não deixei isso atrapalhar a gente, e me foquei no toque, no calor e no cheiro de Percy. No final estávamos um pouco ofegantes, mas isso não impediu que travássemos mais uma guerra entre nossos lábios. Por fim adormecemos juntos, o corpo dele colado ao meu, nossas personalidades transformadas em uma só, nossa duas vidas se tornando uma unidade.

“Eu estava com tanto medo de que iríamos apenas continuar colidindo uma e outra vez se ficássemos juntos, e que eventualmente, o impacto me quebraria. Mas agora sei que sou como uma lâmina, e ele é como a pedra de amolar – eu sou forte demais para quebrar tão facilmente, e me torno melhor, mais afiada, cada vez que o toco”.

Quando acordei, olhei as horas em meu celular, que se encontrava na mesinha ao lado da minha cama. Puta merda, eram 17:50. Minha mãe chegaria daqui a 20 minutos no máximo, Percy tinha que sair daqui. Olhei para o lado e o vi, dormindo como um anjo. Um sorriso escapou dos meus lados quando o observei, os cabelos bagunçados sobre o meu travesseiro, o lençol cobrindo até a base da coluna. Ainda estávamos nus, e um pensamento pervertido veio até mim, mas eu tinha que manter o foco e acordá-lo, antes que minha mãe chegasse e tudo desse muito errado.

– Percy, Percy! – eu disse alto, enquanto sacudia-o. Ele acordou e olhou para mim sonolento.

– Hm...? – ele balbuciou.

– Percy, é o seguinte, minha mãe vai chegar daqui a vinte minutos, então é melhor você ir. Se troque rápido e vai, por favor.

– Tudo bem, Sabidinha – ele disse me deu um beijo cálido. Então ele se levantou, ficou nu de costas para mim (wow, que visão), pegou suas roupas do chão e foi para o banheiro.

Poucos minutos depois ele estava de volta, ainda suado e despenteado, mas vestido. Ele andou até a minha cama com um ar sério, e se sentou ao meu lado. Ele entrelaçou os dedos nos meus, com ternura.

– Annie, olha, tem mais uma coisa que eu preciso te dizer. Além daquilo tudo que eu disse mais cedo, é claro.

– O que foi, Percy? – na verdade eu suspeitava do que era. Provavelmente ele iria pedir para reatarmos o namoro, e isso me provocava alegria e raiva ao mesmo tempo.

– Então, semana passada eu fui para o alistamento obrigatório do exército, e recebi a resposta ontem. Eu fui selecionado, e terei que passar 6 meses no treinamento, e depois irei para a guerra do Oriente Médio. Por isso que eu vim aqui hoje Annie, para me despedir. Não só por que você está partindo, mas porque eu também estou, e por tempo indeterminado. Eu não queria ir, eu realmente estou arrasado com tudo isso, mas não tem outro jeito. Eu partirei na próxima semana.

Senti uma pancada no estômago. Aquilo não podia ser verdade, não podia ser, não podia. Aquilo não podia estar acontecendo comigo, logo agora que eu e ele estávamos quase nos reconciliando. Não agora que eu tinha decidido permanecer em NY.

Não podiam tirar ele de mim, simplesmente não podiam. Senti um ódio súbito de mim mesma, da vida, da sociedade, de tudo! Eles simplesmente não podiam obrigá-lo a ir fazer algo que ele não quer, a afastá-lo da família, dos amigos, de tudo.

– Percy...isso não pode estar acontecendo! Eles não podem te tirar de mim! – eu gritei e as lágrimas irromperam dos meus olhos. Abracei Percy com força, agarrando sua camisa contra o meu rosto, e deixando todos os meus lamentos caírem ali. Percy também chorava, e eu soluçava, sentindo o ar escapar dos meus pulmões e não voltar mais. Por quê? Por que isso estava acontecendo com a gente?

– Annie, olha só, deixa eu te dizer uma coisa – ele disse chorando, quando me acalmei um pouco – eu vou voltar. Fique tranquila que dentro de um ano, no máximo, eu voltarei. Talvez eu nem precise ir para o Oriente Médio, talvez daqui a 6 meses essa guerra já tenha acabado. E quando eu voltar, eu vou te procurar e vamos ficar juntos de novo, dessa vez para sempre. Vamos esquecer todo o passado, vamos começar uma vida nova, juntos. Olha eu te amo, de verdade, e quero ficar com você. E eu vou cumprir esta promessa Annie, eu voltarei e serei seu para sempre. Enquanto isso, trocaremos cartas, como nos velhos tempos. Nossa, nossos avós deviam fazer isso – ele disse e riu – enfim, eu te enviarei cartas toda semana, e você fará o mesmo, assim não perderemos contato, pode ser?

Eu assenti e ele beijou minha testa, em um gesto que simbolizava um “eu cuido de você”.

– Agora, eu preciso ir. Eu volto aqui antes de partir, ok? E nos falaremos por telefone também, eu prometo te ligar – ele disse e demos um último beijo, uma síntese de todos os beijos que havíamos dado. No início foi lento, sua mão acariciando as minhas costas suavemente. Depois foi mais profundo, intenso e voraz, nossos corpos completamente encaixados enquanto nossos lábios se acariciavam mutuamente.

Então ele saiu, e meu coração se apertou, fazendo mais lágrimas escaparem.

Antes de dormir, comecei a sentir leves fisgadas no estômago. Resolvi ignorar, provavelmente seria alguma dorzinha á toa. Peguei no sono rapidamente, mas acordei algum tempo depois, com as entranhas queimando em dor. Toda a minha barriga doía, e eu sentia náusea. A cada segundo que passava a dor aumentava mais e mais, se tornando mais aguda e pulsante. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, e eu já estava totalmente contorcida em cima da cama, com o vômito preso na garganta e a dor latejando no meu interior. Por fim não aguentei e gritei minha mãe. Não obtive resposta, então gritei de novo. Mas todo o esforço me fez vomitar, sujando completamente o chão do meu quarto. A dor continuava aumentando, e quando minha mãe apareceu na porta, tudo escureceu, e a última coisa que senti foi uma pancada no estômago, forte como um coice.