O começo do fim escrita por ChrisDA


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do cap.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/511343/chapter/9

1° de novembro de 2015 – Dia 137 – 21h30min

Desculpe a demora para escrever. Aconteceram tantas coisas que nem me lembrei da história. Trabalhei no meu tempo livre para descobrir quem era o impostor. Coloquei aparelhos de escuta (eu os tinha pegado em uma busca por suprimentos, achei em uma agência de detetives, achei que seria útil um dia então eu trouxe eles para a base) no quarto de todos os membros do conselho, os únicos que sabem nossos pontos fracos e onde ficam os suprimentos. Depois de filtrar as buscas, descobri que eram duas pessoas, justo as que eu mais confiava. Reuni provas, colocando escutas e rastreadores em mochilas sem que eles percebessem, descobri o local de reunião deles, onde era a base inimiga e reuni as provas necessárias.

Convoquei uma reunião de emergência, para “tentar descobrir quem é o espião”. Chegando lá, pedi que todos colocassem suas armas dentro de uma caixa, para que nada de ruim acontecessem, todos colocaram, inclusive eu, mas mantive comigo duas setas venenosas e um canudo (formando uma zarabatana), e começamos a discutir. Como eu tinha escutado, eles me incriminaram, pois “só o suspeito armaria essa reunião para se livrar da culpa.” Então criei uma armadilha simples e eles acabaram se comprometendo, falaram mais do que deviam, pois, no momento da luta, eu estava na linha de frente, não tinha como ordenar o grupo da retaguarda a abandonarem o posto. Foi quando eu dei um xeque-mate.

Mostrei as provas que eu reuni: textos, plantas da base, conversas e imagens do encontro deles. Eles tentaram se defender, mas as provas eram irrefutáveis, então confessaram tudo e ela sacou um mini revólver e deu um disparo em minha direção. O tiro acertou no colete, mas me fingi que tinha sido fatal até eles receberem, cada um, uma flechada no pescoço. As setas tinham um veneno poderoso, mas que não mata de imediato, leva a uma morte agonizante em dois dias. Os trancamos em um quarto e voltamos à reunião. Mostrei a eles a localização do ponto de encontro e da base inimiga e planejamos um contra golpe. Vai ser agora, às 23h, já que é lua nova, a luminosidade é bem reduzida, e temos lunetas com visão noturna.

Chegou a hora da retaliação.

27 de junho de 2015 – Dia 9 – 08h30min – POV Toni

Acordei no chão de uma sala. Não fazia ideia de onde estava. A sala era um local muito estranho. Era todo branco e a única coisa além das paredes é a porta. Levantei-me e a abri, dava em um corredor com várias portas, terminando em uma porta de correr. Entrei em cada uma delas, mas eram idênticos: vazios e completamente brancos. Empurrei a porta e encontrei em um salão que terminava em um corredor. Tinha várias pessoas, mas quando elas se viraram para mim, vi que todos eram zumbis, e o pior, eram os meus amigos. Todos aqueles a quem eu jurei proteger, todos estavam mortos. Sem olhar pra trás, corri em direção ao corredor, me esquivando de todos. Corri pelo longo corredor abri a porta no final e acabei em um campo. A vista era linda: o céu azul, um campo com capim ralo e verde, ao fundo via-se uma floresta e uma montanha solitária, com neve no cume. Ouvi os gemidos atrás de mim e retomei a corrida. Depois de um tempo, vi uma silhueta familiar, era ela e ainda estava viva, abri um sorriso e corri em sua direção. Quando restavam pouquíssimos metros, ela se virou, vi que ela tinha se transformado em um zumbi. Tudo que importava para mim tinha se transformado nesses monstros. Ajoelhei-me, não tinha mais sentido para continuar vivendo. Ela se aproximou, vi seus olhos sem vida, completamente brancos, a pupila bem retraída. Fechei os olhos e esperei a morte vir até mim.

Abri os olhos e vi uma parede azul claro. Meu coração estava a mil, significava que estava vivo e tudo aquilo não passou de um pesadelo. Me acalmei e tentei lembrar o que aconteceu na noite de ontem. As últimas coisas de que me lembro eram de ter recebido uma pancada na cabeça, de ter gritado pra alertar a Clara, e... e de alguém me pedindo desculpas, que pensou que eu era uma dessas coisas. Estranho, a voz tinha um sotaque norte-americano, o que uma pessoa dos Estados Unidos fazia por aqui?

Ouvi minha barriga roncando, estava morrendo de fome, não comia desde o café da manhã no acampamento. Rolei na cama e vi que estava em uma sala com outros dois leitos. Na cabeceira tinha alguns remédios, um termômetro e um pequeno café da manhã, com alguns biscoitos e um copo de café. Tinha algo no meu braço, era o tubo que levava soro para as minhas veias. Retirei-o e me sentei. Ainda me sentia fraco, mas precisava saber onde os outros estavam. Tentei me levantar, mas caí na cama em frente. A mulher que estava no leito tomou um susto, sacou uma pistola e logo em seguida a guardou. Ela tinha um corpo definido, morena, olhos e cabelos negros, e me olhava com um ar de autoridade.

– Não devia de levantar assim, tão fraco. – Ela estendeu a mão para mim. – Deixa que eu te ajude.

– Não preciso que ninguém me ajude. – A intenção era ser uma voz firme, achei até um pouco rude, mas só saiu um sussurro. Ela me ajudou a levantar e me sentei na cama dela.

– Qual o seu nome?

– Não se lembra? Tenente Rodriguez. Soube que você e sua amiga salvaram a minha vida. Obrigada.

– De nada. Mas eu queria saber o seu nome de verdade.

– Carmem Rodriguez.

– Antônio Souza, mas me chame de Toni.

Voltei a minha cama e tomei o meu café. Depois voltei a me deitar e acabei adormecendo.

Estava andando pelas ruas do meu bairro. Moro aos arredores de uma cidade, mas nosso bairro parece mais com uma zona rural. Subi a rua de casa e a encontrei com o portão aberto. Na sala, vi meus pais e meu irmão transformado naquelas coisas. Saí correndo em direção à mata até cair em um buraco. Quando cheguei ao fundo dele, estava tudo escuro, a única luz vinha do buraco lá em cima. Quando as luzes se acenderam, todos estavam ali: minha família, meus amigos, conhecidos, todos transformados em zumbis. Apenas me encolhi em posição fetal, fechei os olhos e esperei pela morte.

Acordei de novo em minha cama, fiquei observando o teto até me acalmar. Quando consegui, me virei e vi uma garota que eu não conhecia entregando comida a Carmem, depois indo em direção ao outro leito, o leito da Vivi. Me sentei já me sentia bem melhor, a Carmem me olhou e sorriu. Olhei para a cabeceira e ela estava apenas com os medicamentos. Me levantei, ainda não estava cem por cento, mas consegui andar até a porta. Pensei em abri-la, quando ela se abriu e vi a Clara. Ela me encarou e abriu um enorme sorriso, me dando um abraço bem forte. Me forçou a ir até a minha cama e me sentar, segundo ela, “ainda não estava pronto para circular”.

Ela me contou tudo que aconteceu depois que eu apaguei enquanto comia o meu almoço: arroz, feijão, carne de frango e salada, mas essa não tinha gosto de comida de hospital.

– Bom, quando você gritou feito uma garotinha, - revirei os olhos e ouvi risos no quarto. - fiquei um pouco indecisa se ia embora ou se ia te resgatar, decidi por ir atrás de você. Quando cheguei ao terceiro andar, encontrei uma garota te carregando na maca, ela ficava murmurando coisas como “ele não era um zumbi” ou “droga, por que eu o acertei”. Destravei a arma e fiquei pronta pra atirar nela e te levar embora, quando vieram cerca de três zumbis pelo corredor. Com a sua faca, ela derrubou os três e te levou corredor abaixo, mas vieram uns doze zumbis, foi quando eu comecei a atirar. Como ela te acertou sem querer, decidi por levar ela comigo. Quando chegamos à ambulância, ela havia pegado três tripés para o soro. Carregamos tudo dentro da ambulância e saímos em direção a casa onde estava a oficial. Chegamos lá, o Roberto a colocou dentro do ônibus, assim como boa parte das coisas da ambulância e saímos rumo ao casarão.

Chegando lá, a entrada estava infestada de zumbis, eram cerca de 80, eles já tinham matado vários, saímos do carro e ajudamos a eliminar o resto. Eu, o Roberto e a garota atacamos pela retaguarda, a Tainá e o Maicon atacavam de cima, dando cobertura, e pelo lado de dentro, a Brenda e o Bernardo acabavam com eles. Depois de duas horas intermináveis, conseguimos eliminar todos aqueles e os que chegaram depois, cerca de 40. Limpamos o interior e armamos uma pequena ala médica no primeiro andar, essa que você está agora, e trouxemos os três para cá. Depois, retirei cerca de um litro de sangue seu para a Viviane e a tenente. Você já está apagado a cerca de quatro dias, se alimenta por meio de uns suplementos que injeto em você. - ela suspirou e lohou pro vazio. - Fiquei com tanto medo de... esquece.

– Com tanto medo de? – Já tinha terminado de almoçar. Já sabia também a resposta, mas queria ouvir dela. – Vamos fale.

– De que você morresse. Você é importante para a equipe. V-Você é i-importante pra... – Ela, que já estava vermelha, ficou ainda mais e ia sair da sala. Eu geralmente sou tímido, sempre penso muito antes de agir. Mas dessa vez, deixei os meus instintos e sentimentos agirem por mim. Eu a puxei e a beijei. Foi um beijo doce, delicado e que ela correspondeu. Eu a conheci há poucos dias, mas já sentia algo por ela. Acho que ela também sentia algo por mim. Depois de um tempo, nos separamos e ela me deu um tapa no rosto.

– Isso é pra você nunca mais repetir uma coisa dessas. E se você fizer de novo vai ganhar outro.

– Acho que vale a pena o risco. – A puxei e a beijei de novo, mas dessa vez um beijo mais quente, molhado, daqueles que você perde a respiração. Ela correspondeu e, quando se afastou, me deu um tapinha, mais fraco e abriu um sorriso. Depois, se aninhou no meu peito.

– Sabe, há tanto tempo não me sentia assim. Acho que eu gosto de você. Só não quero que cometa uma loucura como essa. Não quero achar que te perdi de novo, ok?

– Quanto a isso, bom, não posso te prometer nada. Mas vou me esforçar. – Ficamos um tempo assim. – Acho que não posso viver sem você também. Nesse tempo que eu fiquei fora do ar, sonhei que tinha perdido você. Senti que parte de mim morreu junto. Nunca vou me separar de você.

Do outro lado da sala, vi a tenente dando um sorriso e a Vivi se levantando. Cutuquei a Clara e apontei para o outro lado e ela viu. Peguei a colher, e ela a faca e fomos em direção a cama. Eu já estava bem melhor, já conseguia caminhar sozinho sem me sentir tão fraco. Ela se levantou e caiu em cima da cama da Carmem. Pensamos que ela tivesse virado um zumbi, quando ela deu um grito:

– Caralho! Cadê o meu pé? Por que eu ainda to viva? E porque a Clara está sem a mão?

– Tivemos que tirá-lo para você poder viver. Acho que, por estarmos infectados, a mordida apenas causa uma reação extrema do nosso corpo, que quer acabar com a “infecção”, mas acaba nos matando. O resto você já sabe. – Eu falava enquanto a ajudava a levantar e sentar em sua cama. – Já a mão da Clara, el...

– Fui arranhada e tive que amputar a mão. Pelo menos eu ainda estou viva.

– Mas a gente perdeu uma médica. Ela vai precisar das duas mãos para fazer a maioria das coisas. – A Vivi falava enquanto comia. A garota trouxe o prato para ela e falou em um português perfeito.

– Você tem que comer tudo direitinho. Ou você vai ficar fraca e não vai andar de novo.

O sotaque dela... era idêntico a da...

– Foi você.

– Fui eu o... – Ela ficou pálida quando me viu. – Me-e de - desculpa, e-eu pensei q-que fosse u-um z-zumbi. – Ela gaguejava e já estava quase chorando só de me ver, era meio estranho, mas engraçado. Foi recuando e bateu no pé da cama, quase que caí no chão.

– Eu te desculpo, mas que isso não se repita, hein? – Falei sorrindo e apontando pra ela. Ela não entendeu, depois sorriu e saiu da sala. Me virei para a Clara. - Então hoje é o dia...

– 1° de julho de 2015, dia 13 pra ser mais exata. – Respondeu a Clara. – Agora todos os três, voltem para as suas camas e descansem.

Voltei pra minha cama e adormeci.

1° de julho de 2015 – Dia 13 – 21h30min – POV Toni

Acordei e não encontrei ninguém acordado no quarto. Levantei-me e saí para dar uma volta. Encontrei o grupo na sala, mas passei despercebido, não queria conversar ainda. Subi as escadas e encontrei a Clara vigiando a casa. Não encontrei nenhuma arma por perto, então subi a escada. Saí em uma varanda, terraço coberto, não sei bem ao certo. Era grande, tinha duas mesas com armas e acessórios.

Peguei um rifle de precisão 7,62, com luneta regulável, adicionei silenciador e peguei mais dois pentes. Foi muita sorte ter encontrado esse rifle. Estávamos na última viagem ao depósito, dei uma olhada pra trás para me despedir quando vi um soldado no telhado. Subi pra conferir e encontrei esse rifle. Dei uma facada na cabeça e o depenei, ele tinha sido mordido na perna. Perguntei ao Roberto e ele me disse que ele foi o último a descer do caminhão e que um zumbi o mordeu. Depois ele subiu para dar cobertura aos outros.

Quando cheguei à varanda, a Tainá estava observando dois zumbis se aproximarem, estava indecisa se atirava ou não. Regulei a mira, me preparei e atirei. O primeiro zumbi caiu morto e o segundo foi atingido no ombro. Depois, atirei no segundo zumbi. Apareceram mais outros três, mas dei conta do recado.

– Pensei que a mocinha estivesse descansando. – A Tainá ficou rindo da minha cara. – Já tá melhor?

– Haha, muito engraçado. Já to melhor sim. – Falei enquanto matava mais uma dessas coisas. Vi que ela estava com o meu rifle, fui até a mesa e peguei um silenciador para ele. Quando eu entreguei o rifle, agora com silenciador, ela ficava me encarando, isso me deixou meio envergonhado. Encarei a rua de novo e falei sem olhar pra ela.– O silenciador não abafa totalmente o ruído, então os zumbis em uma área de uns 25 metros vão nos ouvir, mas já é melhor do que 1Km.

– Onde você aprendeu tudo isso?

– Meu pai me arrastava até clubes de tiro. Como eu não tinha idade para atirar, ele me dava as suas armas para desmontar, limpar, dar manutenção, colocar acessórios, essas coisas. Acabou que outros atiradores faziam o mesmo, então depois de dois anos, eu já conhecia qualquer tipo de arma, como dar manutenção, como funciona os seus acessórios, etc. - Criei um pouco de coragem e olhei pra ela. - E você?

Não deu tempo de ela responder, passava uma horda de cerca de 200 zumbis pela nossa porta, era melhor não enfrentarmos eles. Desci e avisei aos outros, a coisa agora era esperar. Passou mais ou menos três horas até o bando todo passar e se afastar da casa. Subi as escadas e voltei à varanda. Vi que subia alguém, era o Bernardo e a garota.

– Chegou a hora da mudança de turno.

– Você sabe atirar? – Perguntei a garota que pegava uma pistola .40 e colocava o silenciador.

– Meu pai me ensinou a atirar quando eu tinha 15 anos, sei atirar com armas curtas, shotguns e rifle de precisão.

– Onde você morava garota?

– Morava nos EUA, mas queria ser ambientalista e fazia intercâmbio aqui em Minas. Morava no estado do Texas. E meu nome não é garota. – Ela abriu um sorriso e me estendeu a mão. – Meu nome é Kimberlly, mas me chame de Kim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se alguém manja dos paranauê pra fazer uma capa pra fic seria legal. E seria legal um comentário pra variar. (Desculpa meu mau humor, eu com sono fico meio mal.) Até o prox. cap.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O começo do fim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.