Literatura escrita por LiKaHua


Capítulo 4
Capítulo 04 – Refúgio


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu ia publicar esse capítulo ontem, mas não consegui terminar. Bom, para quem gosta do Tumblr eu queria deixar o link do Tumblr da história, eu estou postando lá também, quem quiser acompanhar por lá é só conferir: http://tellastorytome.tumblr.com/
Quero dar um oi e obrigada para a linda da Cristal Tally que comentou no último capítulo! Obrigada anja, feliz que está gostando!!!



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Ariana se ofereceu para me dar uma carona. Ela morava no centro da cidade e isso ia me economizar pelo menos vinte minutos de espera pelo ônibus, já que ela ia para lá com o carro do marido. Meio sem jeito eu aceitei a oferta, ela dirigia um gol preto que ficava no estacionamento da faculdade, quando chegamos perto ela desativou o alarme do carro e abriu a porta destravando a porta do carona para que eu entrasse, eu o fiz e coloquei o cinto de segurança.

– Então... – Começou ela enquanto prendia o próprio cinto. – Onde você mora?

– Hum... É um pouco longe. – Respondi tentando ser evasiva. – Fica depois do Hotel do Vale.

– Nossa! – Exclamou surpresa. – É muito longe, você vem a pé pra cá todo dia?!

– Não, venho de ônibus, mas às vezes volto à pé. – Admiti.

– Quanto tempo leva? – Quis saber parando no sinal vermelho na rua da faculdade.

– Hum... Uma hora e meia. – Dei de ombros olhando o posto de gasolina pela janela, aquele sinal demorava demais para abrir e eu sabia disso.

– A Ana parece ter um problema com você, não é? – Ela tocou no assunto com a sua voz calma.

– Não sei por que, não tenho nada contra ela. – Falei demonstrando minha indiferença.

– O professor Rafael defendeu você de um jeito interessante, não foi? – Ela comentou e eu percebi onde estava querendo chegar.

– Sinceramente, eu não entendi nada. Quando percebi já estavam discutindo... A única pessoa que já viu algo que eu escrevi foi o professor Carlos... – O sinal abriu e Ariana pegou a avenida passando pelo ponto de ônibus e as concessionárias.

– E você escreveu para quem? – Perguntou-me curiosa.

– Para um amigo... Que eu não vejo há muito tempo. – Respondi dando a conversa por encerrada.

Ela atravessou a rua e parou em outro sinal fechado em frente a um dos templos da Igreja Universal. Santa Rita não é um lugar bonito, eu costumo dizer que é um amontoado de casas. Não é tão pequena, mas não é grande, é aquele tipo de lugar que você só sabe entender se viver nele, e eu não recomendo que ninguém se mude para cá! Quando o sinal abriu ela pegou uma viela estreita onde ficavam localizados bares e prostíbulos, era uma região onde eu evitava passar quando ia para casa andando, normalmente eu tomava a rua de cima, mas de carro era por ali também que o ônibus passava, pois a rua de baixo levava direto na rua da casa de saúde que era o ponto mais próximo do centro da cidade. Ariana me deixou no ponto de ônibus em frente à Câmara de Vereadores, era onde eu pegava o ônibus para ir à faculdade.

– Obrigada... – Eu falei calmamente pegando a mochila.

– De nada. Você vai amanhã? – Ela quis saber.

– Ahn, vou sim e você?

– Também. Se quiser voltar comigo amanhã vai ser ótimo. – Sorriu e eu não tive como não retribuir.

– Obrigada... É muito gentil. – Desci do carro. – Boa noite.

– Boa noite. – Ela respondeu e eu fechei a porta.

Tomei o caminho pela calçada passando pelas lojas fechadas, a rua estava praticamente deserta, não fossem os cães vira-lata que perambulavam e um ou outro vivente que caminhava por ali à noite. Mas por uma estranha razão eu não sentia medo, pode parecer idiotice, mas desde a morte do Davi eu nunca me sinto sozinha como se a presença dele fosse constante na ausência. Eu dava passos lentos, colocando as mãos para dentro da manga do casaco, nessa parte do nordeste não faz frio como eu gostaria, mas os meses de Maio, Junho, Julho e início de Agosto é quase como um inverno, ainda que fraco. Estávamos no início de Julho. Enquanto eu tomava o caminho de casa tudo que me vinha à mente era a memória de Rafael calando a boca de Ana:

– Não é esse o motivo de todos vocês estarem aqui? Aprender? Se não for deveria. Eu falei atividade, Ana, não competição. Mas se você encara sempre tudo dessa forma porque ao invés de atacar a Laura você não se empenha em superá-la? E pelo que vejo creio que é exatamente isso que lhe incomoda, muito embora você sequer tenha visto algo escrito por ela, confesso que nem mesmo eu. Então, graças a você, esta atividade já vai contar cinco pontos para o nosso primeiro exercício daqui dois meses.

Eu não sabia por que, mas algo naquela atitude mexeu profundamente comigo e eu estava feito uma imbecil sem conseguir apagar aquelas palavras da cabeça, como se já não fosse bastante viver constantemente vítima da lembrança do sorriso perfeito que ele tinha e do olhar profundamente intenso. Foi tomada por essas lembranças que causavam os mais diversos tipos de sensações e sentimentos que eu apressei o passo para chegar em casa, eu tinha de subir duas ladeiras e atravessar uma via de mão dupla da estadual para chegar em casa que ficava em um bairro pobre chamado Don Pedro, não sei se quem deu esse nome ao bairro estava com algum tipo de gozação ou algo do gênero, mas é como eram as coisas. Quando cheguei à rua da minha casa, outra ladeira, Santa Rita era inconstante, cheia de elevações na maioria dos pontos da cidade, como a Itália, parecia uma enorme bacia só que sem o mar em volta.

– Chegou, graças a Deus! – Exclamou minha mãe ao me ver.

– Oi mãe, sua benção. – Falei parando para abraça-la.

– Deus te abençoe. Como foi a aula hoje?

– Interessante...

Respondi laconicamente indo na direção das escadas que levavam ao primeiro andar e entrando logo no meu quarto. Amberly estava no quarto dela provavelmente desenhando. Ela passava grande parte do tempo criando modelos de roupas e já tinha suas próprias coleções exclusivas, o sonho de ser estilista surgira ainda na infância quando ela costurava as roupas das nossas Barbies falsificadas. Larguei a mochila sobre uma cadeira e me apressei em tomar um banho rápido e entrar no pijama, eu precisava escrever. Liguei o lap top enquanto prendia os cabelos em um rabo de cavalo e peguei um pen drive na gaveta onde eu guardava meus textos e o livro que estava escrevendo. Tirei da bolsa o caderno onde eu estava fazendo anotações para digitar e coloquei uma música para tocar no computador pondo meu headphone enquanto relia o que já havia escrito para terminar. Eu gostava de deixar registrado em um caderno para o caso de dar algum problema no computador.

Capítulo 12

Emma olhou profundamente na imensidão daqueles olhos castanhos e sentiu seu estômago dar voltas, ele havia acabado de salvá-la de quatro brutamontes que estavam prestes a estupra-la e ela estava ali, incapaz de agradecer, que espécie de garota ela era afinal? O homem olhou para ela com uma expressão que oscilava entre o preocupado e o confuso:

– Você está bem? – Perguntou ele ajudando-a a levantar.

– Acho que sim... – Balbuciou ela sentindo agora dores pelo corpo.

– Consegue andar? – Ele colocou o braço em volta da cintura dela e antes que ela pudesse responder ergueu seu corpo tomando-a nos braços. – O que estava fazendo aqui a esta hora?

Emma não conseguiu responder, ela sentia os músculos dos braços dele prenderem seu corpo com firmeza, o peitoril másculo era visível na camisa branca de tecido fino e aquela visão fazia com que seus sentidos viajassem em horizontes distantes. Ela não se recordava do que havia acontecido há alguns minutos, como se todo o terror que tivesse passado houvesse findado com a chegada daquele estranho. O rosto meio quadrado dele era perfeito, como que esculpido por um artista, os lábios cheios e sedutores, sobrancelhas espessas, mas não exageradas, cílios longos e curvilíneos que não lhe davam um ar feminino, mas lhe deixavam ainda mais sedutor. Os cabelos cortados curtos eram negros como aquela noite.

– Quem é você?

Foi tudo que Emma conseguiu perguntar antes de cair na mais completa escuridão.

– Laura? – Amberly apareceu na porta do meu quarto com um sorriso maroto nos lábios.

– Oi Amb... – Falei casualmente.

– O que está fazendo? – Quis saber, mais por praxe que por curiosidade.

– Escrevendo... Por quê?

– Nada. Faz tempo que você chegou?

– Alguns minutos...

– Não vai comer nada?

– Estou sem fome, Amb. Você quer que eu faça alguma coisa?

– Não. Pode continuar escrevendo. Boa noite!

– Boa noite, durma com os anjos.

Demorou alguns minutos antes que eu conseguisse me situar na história novamente e voltar a escrever.

Quando abriu os olhos Emma piscou várias vezes para colocar a visão em foco novamente, sua cabeça latejava e seu corpo parecia ter levado uma bela surra, o que ela lembrava ter sido verdade. Olhando em volta ela viu o quarto com papel de parede de motivos medievais, aqueles desenhos antigos e espiralados que aparecem nos castelos medievais da Disney normalmente em grandes tapetes pendurados na parede. As cortinas da janela eram leves e de um rosa avermelhado, quase um tom de goiaba. A vista dava para um jardim onde várias rosas eram cultivadas.

– Rosas? – Pensei comigo mesma. – Isso parece meio... Não sei... Gay.

Apaguei a última frase e respirei fundo colocando uma música mais suave para tocar, até então eu estava ouvindo nightwish que era o que eu costumava ouvir quando estudava ou escrevia, mudei para Bach. Bach e Mozart eram meus compositores favoritos para inspiração e relaxamento. Revi os últimos parágrafos e continuei escrevendo.

A janela abria vista para um jardim simples, com grama verde aparada e uma árvore robusta que distribuía seus galhos majestosos como um telhado fazendo uma sombra agradável sobre a grama. Os móveis do quarto eram de madeira trabalhada e aparentemente artesanal, Emma podia ver os detalhes talhados e esculpidos com uma precisão artística que lhe deixou encantada, todos de tom escuro de um tipo de madeira que ela não sabia especificar, seu conhecimento natural se resumia no nome de uma ou duas flores e animais. Antes que ela pudesse analisar o resto do quarto, o estranho homem entrou no quarto trazendo consigo uma bandeja de prata com algo que cheirava muito bem, só então Emma percebeu-se faminta, mas não era para a comida que ela olhava, era para ele. Por alguma razão havia algo naquele estranho que a hipnotizava, talvez os olhos castanhos de olhar tão profundo mesmo escondidos nas lentes transparentes daqueles óculos, os braços másculos e sedutores que ela desejava que lhe prendessem e nunca mais soltasse, o sorriso sensual e ao mesmo tempo maroto que ele dava sempre que olhava para ela ou mesmo a forma como ele fazia com que o corpo dela gelasse e o coração acelerasse sempre que se aproximava.

– Como você está? – Perguntou ele com sua voz grave e cadenciada.

– Bem... – Mentiu. Ele arqueou a sobrancelha e sorriu com uma ironia disfarçada de blefe.

– Já te disse que eu consigo detectar uma mentira de longe?

– Você não me disse nada desde que me salvou daqueles homens...

Não vou mentir para vocês, se estão pensando que este estranho maravilhoso é o Rafael vocês estão absolutamente corretos. Por alguma razão eu não conseguia tirá-lo da cabeça e enquanto escrevia os capítulos daquilo que eu esperava que virasse um livro ele se encaixava cada vez mais naquele personagem misterioso e idealizado, meus pensamentos afloravam cada vez que eu pensava nele.

Escrever era o meu refúgio e muitas vezes isso chegava a ser quase um problema, eu vivia a maior parte do tempo dentro dos mundos que eu criava fantasiando uma vida fora do Brasil, que esquecia de viver a minha vida de verdade, afastava as pessoas de mim, queria como única companhia as palavras. Não que a solidão não incomodasse, as vezes ela chegava a espetar um pouco, mas eu não me importava com ela, eu me realizava no que fazia mesmo que ninguém visse. Eu havia escrito doze capítulos em três dias desde a minha primeira aula com Rafael, por alguma razão desde que eu o vira pela primeira vez, descobrira que achara o tipo perfeito para meu herói idealizado. E depois de me defender de Ana naquela aula, era exatamente isso que ele representava para mim, mas que loucura era essa que eu estava fazendo? Só havia uma única certeza: Eu não estava apaixonada por ele.

Fui dormir perto das três da manhã (De novo!), mas o que eu podia fazer? Quando eu estava lendo ou criando eram duas coisas que eu não podia evitar: A velha história do “só mais um capítulo” e “só mais esse parágrafo”. E quando fechei os olhos naquela madrugada eu sonhei com ele, o meu salvador misterioso cujo rosto eu conhecia.

*

A mesmice dos meus dias só me incomodava em duas ocasiões: Quando eu me sentia completamente desmotivada e quando eu encontrava um personagem em um livro que era apaixonante, mas não podia ser real. Naquele momento eu me sentia mal por ambos os motivos. Enquanto eu esquadrinhava as primeiras páginas da sequencia de Julieta Imortal no ponto de ônibus, a música suave, pesada e melódica do nightwish fazia trilha sonora particular nos meus ouvidos, suspirei tentando me concentrar nas linhas diante dos meus óculos e não nos olhares confusos e curiosos das pessoas à minha volta, ler era um costume tão raro em Santa Rita que parecia que eu era um ser extraterreste. Quando o ônibus chegou eu guardei o livro na bolsa e entrei, tomei um lugar na janela e passei a observar as ruas, um turbilhão de pensamentos me invadiu e na letra profunda de sleeping sun eu acabei derramando lágrimas de frustração e saudade.

Cheguei à faculdade por volta de seis e vinte, fiquei na sala, abri meu livro e continuei a leitura de onde havia parado:

"Há coisas piores do que se esquecer dos sentimentos. Há a lembrança deles.”

– Pois é, nunca concordei tanto com uma frase. – Falei comigo mesma tentando reaver meu bom humor.

Ouvi passos e olhei em direção à porta aberta quando o garoto que eu apelidei de “estranho do bloco G” passou em frente e acenou. Acenei de volta e voltei a ler, podia parecer paranoia minha, mas as vezes eu achava que aquele garoto sempre aparecia para me lembrar que ele estava ali. Idiotice, eu sei. Minhas primeiras aulas seriam de Lingua Estrangeira I, tudo bem, não que eu fosse lá uma “americana” da vida, mas eu adorava Inglês. Passava tanto tempo ouvido músicas em diferentes idiomas que pelo menos quando eu cantava, eu me sentia uma poliglota. Não conhecia a professora, mas estava animada com a aula e esperava que fosse tão boa quanto todas que eu tive até agora. Era sexta feira então, nas últimas aulas eu veria Rafael novamente o simples pensamento fez meu estômago dar uma volta de 360˚ e fui tomada por uma ansiedade fora do comum e isso, como sempre, me trazia ideias. Pausei a leitura mais uma vez e abri o caderno novamente para continuar o capítulo de onde havia parado:

Ele riu e aquela risada foi o bastante para desarmar Emma totalmente, de uma coisa ela estava certa, ele não faria mal algum a ela, afinal, ele a salvara e se ela estava viva e livre de qualquer sequela pior era graças a ele. Olhando-a por um momento ele colocou a bandeja sobre seu colo e ela percebeu que havia ali algumas torradas sobre um pratinho, três fatias de bolo, uma tigela de sopa de feijão concentrada e um copo com suco.

– Coma alguma coisa... Depois acho melhor ligar para os seus pais, eles devem estar preocupados. – Ele falou suavemente se levantando e caminhando em direção à porta.

– Não vou saber sequer o seu nome? – Ela o impediu com a pergunta quando a mão dele tocou a maçaneta.

– É Leandro. – Ele respondeu sem se virar, os olhos fechados ao admitir o seu nome, ele abriu a porta e saiu dando um pesado suspiro de frustração.

– Leandro... – A voz de Emma soou como um sussurro, seu misterioso príncipe finalmente tinha uma identidade.

– Laura? – A voz de Rafael me causou tremendo susto que eu fechei o caderno apressada e soltei involuntariamente um grito. Ele riu. – Desculpe, não queria assustar você.

– Tudo bem... – Eu falei, tentando colocar meu coração no ritmo certo.

– O seu texto me impressionou. – Ele começou a falar tranquilamente. – Algumas pendências gramaticais bobas, que podem ser consertadas facilmente, mas a qualidade do que você escreveu é inegável. Até mesmo a linguagem característica da época que foi o que mais me chamou atenção. – Ele sorriu e o sorriso dele me fez viajar novamente.

– Por quê? Foi só um exercício bobo... Nada demais.

– O que? Acha que é todo aluno que sabe empregar “fá-lo-ei” em um texto? Na verdade, eu só conheci um que conseguia usar tal padrão da linguagem. – Ele riu.

– Gosto de histórias medievais. – Admiti e direcionei o olhar para as mãos dele sobre a pasta que estava carregando. Não sei se pela minha respiração fora de ritmo ou por sentir o sangue desaparecer do meu rosto, mas ele me olhou de maneira séria em seguida.

– Você está bem? – Ele tocou meu braço e eu mantive a cabeça baixa, me sentindo a mais idiota das garotas. Meu olhar não conseguia se desprender daquela imagem. – Laura?

– Estou sim... –Falei tentando demonstrar uma segurança que eu estava longe de sentir. – Fico feliz que tenha gostado... Eu... Preciso ir.

Não esperei nenhuma resposta, só ouvi ele chamar o meu nome enquanto eu corria pelo corredor em busca do primeiro lugar em que eu pudesse me esconder. Foi quando eu virei o corredor em um dos blocos que esbarrei nele, o estranho do bloco G cujo nome eu ainda não sabia.

– Ei! – Ele riu me segurando delicadamente. – Calma, tá tudo bem? – A voz dele era de um grave de tez clara, agradável de ouvir.

– Desculpe... – Eu falei com a voz trêmula dando um passo para trás.

– Você está bem? Parece que viu um fantasma. – Ele pareceu realmente preocupado.

– Estou... Eu... – Me interrompi. – Eu tenho que ir.

Passei por ele segurando firme o meu caderno de rascunho para histórias e continuei correndo até encontrar um banheiro feminino, entrei nele e fiquei ali até o horário das primeiras aulas quando eu tive certeza de que Rafael estaria na sala de aula e minha professora desconhecida já teria entrado. Quando Ariana me viu, ela parou pasma no corredor e veio em minha direção:

– Laura? Meu Deus, você estava chorando? O que aconteceu?

– Nada, eu estou bem... – Menti me esforçando para parecer convincente. Não fui.

– Claro que não está! Seus olhos estão inchados, você está pálida... O que aconteceu?

– Não é nada... Eu só quero ir pra casa. – Admiti.

– A professora de Inglês não pôde vir, estamos esperando as aulas terminarem para Rafael poder vir. – Anunciou ela.

– Ótimo, vou pra casa mais cedo. – Falei passando por ela que me seguiu.

– Quer que eu te leve em casa? Posso voltar depois, você não parece bem.

– Não se preocupe. Eu prefiro ir sozinha, quero caminhar um pouco.

Depois de ela insistir muito acabou cedendo em me deixar ir sozinha quando recusei terminantemente a ajuda. A imagem de Rafael formada em minha mente desmoronou por um segundo, o herói idealizado daquele livro ia desaparecer, ele teria que desaparecer... Nesse momento as palavras do livro Julieta Imortal vieram à minha mente como dolorosas confirmações:

"Viro o rosto e nossos olhos se encontram, Sinto aquele sentimento de ligação atravessar o ar que nos separa, assim como na noite passada. Mas agora sei que a ligação não é apenas insensata ou impossível. É proibida."


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Notas finais do capítulo

Algo me diz que os meus planos de fazer uma shortfic vão por água abaixo '-'