InFamous: A Tirania de Rowe escrita por Thuler Teaholic


Capítulo 2
Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Eai, povo! Mais um capítulo fresquinho!
Esse aqui fluiu bem, espero que continue assim
Dedicado aos leitores e comentadores : Jago, Drake e Annie Bee. Obrigado, seus lindos!
Se você lê e não comenta, fique a vontade também



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A garota pousou o gravador sobre a escrivaninha, satisfeita. Reprimiu um bocejo e se espreguiçou na cadeira de escritório. Pousou as mãos sobre o colo e apoiou a cabeça no encosto. Ouviu uma voz em tom de reclamação vinda da cama à sua esquerda.

– Acabou? – Perguntou seu colega de quarto, ranzinza.

Ela fechou os olhos com calma. – Por enquanto sim. – Respondeu sonolenta, a cabeça pendendo um pouco para o lado.

Seu companheiro virou-se na cama e a fitou como se a garota fosse um objeto curioso e inconveniente. – Por que está fazendo isso mesmo?

Limitou-se a dar de ombros em resposta. O outro fez um muxoxo de desaprovação e deu-lhe as costas. – Boa noite. – Disse em tom aborrecido. A jovem sorriu de canto.

– Boa noite, Hugo. – Bocejou mais uma vez e levantou-se da cadeira de má vontade.

O quarto em si era bem pequeno, possuindo apenas um banheiro, um beliche em L no canto, um guarda-roupa e uma escrivaninha junto do beliche perpendicular. Yasmine pegou o pequeno gravador e o escondeu no seu lado do guarda-roupa, na mesma gaveta que guardava suas roupas íntimas. Despiu-se e vestiu uma camisola tye-dye, amontoou suas roupas aos pés da cama. “Amanhã guardo” Pensou com desânimo e subiu no beliche.

Ajeitou os travesseiros e puxou as cobertas ásperas até o queixo. Já passava das onze da noite e ela estava morrendo de sono, mas não conseguiu pegar no sono por conta do rosto da condutora de som que tomava seus pensamentos, trazendo consigo ondas de náusea e tontura. Fechou os olhos com força tentando afastar a sensação, sem sucesso. Já fazia um mês, mas a ruiva ainda dominava sua mente.

Yasmine tinha certeza que ela não pretendia ir embora tão cedo.

A garota suspirou e parou de lutar, tendo consciência que a garota infame transformaria seus sonhos em pesadelos, como frequentemente fazia.

O cansaço logo a dominou e ela se entregou aos pesadelos iminentes.

Estava sentada na beirada de um prédio, observando o rio Hudson ao longe, a atenção as vezes era capturada por um dos muitos prédios que faziam a skyline de Manhattan. Os cabelos multicoloridos esvoaçavam formando uma cortina que limitava sua visão periférica.

O uivo do vento que tomava seus ouvidos pareceu fraquejar por um segundo e Yasmine foi tomada por uma onda de tontura e jogou o corpo para trás, afastando-se da queda que a esperava à frente. Caiu deitada no cascalho, estava segurando a própria cabeça para que a mesma parasse de girar quando a garota ruiva apareceu sobre ela, dominando-lhe a visão.

A condutora de som olhava para baixo, para Yasmine, que se deu conta de que estava paralisada, as mãos revolveram o cascalho procurando embaixo deste por tinta, mas não achou nada que não o chão nu e úmido. A frequência que já lhe era familiar feria-lhe os ouvidos, Yasmine os sentia quentes sabendo que era o sangue os inundando.

O rosto pálido e redondo da garota infame estava emoldurado pelos longos cabelos ruivos; os lábios finos se curvavam em um sorriso irônico, fazendo par com os sagazes e divertidos olhos azuis. O piercing em sua narina esquerda vibrava, assim como os três em sua orelha de mesmo lado.

Yasmine a olhava com olhos mortificados, sentindo o cérebro ser oprimido pela frequência. A condutora de tinta esquadrinhava sua rival, as roupas escuras, os quadris largos, a corrente que fazia as vezes de cinto e o estranho cano achatado que pendia entre os elos. A garota estava pouco nítida, como se fosse vista através de um vidro embaçado ou como se estivesse vibrando quase que imperceptivelmente.

A garota infame se ajoelhou ao lado de sua inimiga caída e aproximou seu rosto, sussurrando-lhe ao ouvido.

– Você é minha... – A voz soava como os zumbidos de milhares de vespas furiosas.

Montou em Yasmine, um sorriso malicioso dançando pelo rosto pálido. As mãos entraram pela camisa da condutora indefesa e correram por seu corpo, subindo aos seios lentamente.

Yasmine suava frio, o toque não lhe era prazeroso, pelo contrário. As mãos da ruiva rasgavam sua pele ao mais suave toque, a rebelde sentia seus gritos arranhando-lhe a garganta, mas os mesmos não eram captados pelos ouvidos. A infame agarrou os seios da rebelde, que foi tomada por uma dor insuportável.

A ruiva começou a beijar suas faces, os lábios retalhando a derme, estes logo encontraram os lábios da rival e os beijaram com ferocidade, dilacerando a carne macia.

Yasmine sentiu o gosto metálico do sangue encher sua boca.

A ruiva rasgou sua camisa e começou a lamber seu abdome. Sua saliva queimava e cobria a pele de bolhas vermelhas, extremamente dolorosas também, mas a ruiva não se fartava da dor da condutora de tinta. Ela começou a despir-lhe da cintura para baixo, sempre sorrindo.

Ela alcançou o que queria. Os gritos da rebelde formavam uma música contínua sobrepujada pela frequência ensurdecedora.

Mas nunca cessavam...

Yasmine acordou ofegante, a garganta estava seca e o rosto molhado de suor e lágrimas. A garota tateou o corpo freneticamente com as mãos trêmulas à procura das marcas deixadas pela ruiva, mas não encontrou nada.

Escondeu o rosto nos travesseiros tentando abafar os soluços que lhe escapavam. Sentia dores fantasmas nos lugares em que havia sido tocada, ainda mais nos seios e nas coxas. Estava febril e exausta, mas se negava a fechar os olhos, pois sabia que a ruiva tornaria a lhe violar se o fizesse. Ela não seria surpreendida, as mãos deslizaram pela fronha e encontraram a pequena faca escondida ali. Os ruídos e movimentos mais ínfimos que captava eram o suficiente para fazer sua pulsação subir. Ficou nesse estado de alerta até que a luz começou a se infiltrar pelas frestas da janela, restaurando um pouco de sua sanidade abalada.

Dez minutos depois ouviu Hugo acordar. Suspirou aliviada, o parceiro não deixaria que a ruiva lhe ferisse, deixaria? De qualquer forma, estava na hora de levantar, ela desceu do beliche, mas suas pernas cederam sob seu peso assim que tocaram o chão.

A voz preocupada de seu parceiro foi a última coisa que ouviu antes de ser tragada para um sono frio e sem sonhos.

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Acordou e sentiu o sol ferir seus olhos, tentou esconder o rosto nos travesseiros, mas percebeu que estava no chão e os travesseiros ainda na cama acima. Levantou-se apoiando na escrivaninha e sentiu uma onda de tontura e fraqueza nas pernas. Praguejou e deixou-se cair na cama arrumada e vazia do companheiro.

Mirou o pulso esquerdo a procura de seu relógio, mas este também estava na cama acima. Suspirou irritada e pela luz do sol concluiu que já era de tarde. Pensou em abrir a janela, mas a mesma estava trancada, o fecho ficava mais alto do que o braço alcançava naquela posição e se sentia muito fraca para se levantar, sabendo que a primeira coisa que faria depois seria vomitar pela abertura.

Emitiu um barulho frustrado. A cabeça ainda girava e as memórias da noite ainda eram turvas com exceção do sonho, que vinha claro à sua mente. Sentia-se dolorida e desconfortável, o corpo estava dolorido, o estômago terrivelmente embrulhado e faminto, os olhos e a garganta demasiadamente secos e a língua inchada, colando-se ao céu da boca. Era sempre assim, às vezes pior.

A maçaneta da porta girou e Hugo entrou trazendo uma bandeja com o que a garota imaginou que fosse o café dela. Torradas, leite, analgésicos e uma pequena lata a qual Yasmine descobriu o conteúdo pelo cheiro.

Hugo era um jovem de feições latinas, sorriso irônico e cabelo negro espetado para todos os lados. Ele tinha uma pele morena bem característica de sua descendência, a pele um pouco mais escura que a de sua parceira.

– Bom dia, Bela Adormecida. – Disse sorrindo de canto. – Dormiu bem?

– Vá para o inferno. – Respondeu mal humorada. O jovem riu e pousou a bandeja no colo da garota.

– Você está horrível, sabia? – Disse como se a elogiasse, o elogio em questão foi respondido com um dedo médio. – Trouxe um pouco de tinta para você. – Apontou a pequena lata. – Amarelo-canário.

A garota levantou a mão e drenou a tinta, o líquido denso se desfez em gotículas que foram absorvidas pela pele da condutora. Era pouco, mas a garota não reclamou de forma alguma.

Sentia-se muito melhor, mesmo que ainda estivesse um pouco fraca. A cabeça não mais girava e a dor no corpo pareceu diminuir, em compensação, a fome pareceu triplicar e Yasmine atacou as torradas, consumindo-as em poucos minutos e virou o copo de leite em um gole em seguida junto com duas cápsulas de ibuprofeno. O parceiro a fitava com um sorriso contido.

– Bem melhor. – ela segurou um arroto. – Obrigada.

O jovem assentiu satisfeito e jogou as roupas que a garota amontoara aos pés da cama para ela. – Melhor se vestir logo, são 15:30 temos que treinar para o mata-mata, lembra?

A garota apanhou a roupa no ar. – Vá na frente enquanto me arrumo, te vejo no pátio em vinte minutos. – O rapaz assentiu, pegou a bandeja e a deixou sozinha no quarto. Ela rumou para o banheiro, onde tomou uma rápida ducha escovando os dentes e penteando o cabelo de muitas cores sob a água. Enxugou-se e vestiu com cuidado, sentindo-se um pouco dolorida ainda. Vestiu os jeans amassados e a camisa branca coberta de manchas coloridas, fez a cama e vestiu uma blusa com capuz, o símbolo dos Rebeldes pintado nas costas por um estêncil.

Trancou o apartamento ao sair e desceu as escadas, ansiosa.

Por mais que a ruiva lhe enchesse a mente, o treinamento sempre a esvaziava.


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Notas finais do capítulo

Comente ae, seu lindo!