Vicioso escrita por CarolinaG


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera?
Quero começar essa nota,desejando a todos um feliz ano novo,repleto de realizações em todas as áreas da nossa vida!
Vejo vocês depois :)



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Caio arrumava alguns DVDs na estante. Ele não sabia o que deveria fazer quando Marcela chegasse. E na verdade não sabia nem porque se sentia tão nervoso. Era acostumado a sair e se dar bem com o sexo oposto, sempre conseguia o que queria, mas com Marcela as coisas pareciam ser diferentes.

Era atraente e muito bonito. Sabia do seu potencial, mas naquele momento se sentia nervoso, inquieto, inseguro e principalmente ansioso.

Ora! Nunca havia se sentido assim antes por causa de uma garota e não seria a primeira vez que sentiria aquilo. Ah, mas como ele estava enganado! Sempre tem uma primeira vez pra tudo, não é mesmo?

Sentia-se como um adolescente na puberdade. E ele não sabia nem explicar o porquê.

Depois que chegara do trabalho aquela tarde, ficou horas pensando no que deveria fazer para que pudesse causar uma boa impressão. Por isso, fora até o mercado mais próximo comprar tudo o que precisava para que sua noite fosse ao menos divertida. Ele não tinha muitos planos. Ter a simples presença de Marcela em seu apartamento novamente, fazia com que aquela noite valesse a pena.

Não importava o que iriam fazer. Rever Marcela valeria toda e qualquer dia estressante de trabalho.

E aquele havia sido um.

Mas Caio pouco se importava. Passara o dia pensando em cada detalhe para que aquela noite fosse memorável.

E agora,no exato momento,ele procurava um bom filme pra passar o tempo. Quem sabe Marcela não gostaria de acompanhá-lo?

A campainha tocou e ele estranhou. Não esperava ninguém além de Marcela e o porteiro não havia avisado. Intrigado, caminhou até a porta e nem preocupou-se em verificar de quem se tratava. Simplesmente abrira a porta deparando-se com um Eric sorridente.

Não tivera como esconder sua cara de decepção.

— O que foi? Cara de quem comeu e não gostou. – Eric perguntou, entrando em seguida.

— Está alegre. O que foi? Desencalhou? Ah, mas já era hora, não?! – Caio tentou amenizar a situação, afinal Eric não tinha culpa da sua pequena frustração.

Eric riu ignorando o comentário do amigo. Observou o apartamento arrumado e organizado. Estranhou.

— O que é isso? – Disse apontando pra mesa.

— Nada. – Deu de ombros. Falar a verdade faria com que Eric o questionasse.

E mesmo que tentasse mentir, sabia que seria em vão.

— Você estava esperando alguém. Quem era? – Disse rindo.

Caio não respondeu. Na verdade não queria falar com Eric a respeito de Marcela,afinal nem ele mesmo sabia o porquê. Simplesmente não queria falar a respeito.Talvez,porque no fundo soubesse o que o amigo iria lhe dizer.

Caio? Apaixonado?

Aquilo era impossível.

— Nada? Sei...você pensa que consegue me enganar, não é mesmo? – Caminhou até o sofá e sentou-se. – Vamos lá me diga quem é ela.

Caio bufou indo até a sacada e Eric riu. Ele sabia bem como irritar o amigo.

Aquele então era o seu ponto fraco? Ótimo! Eles estavam quites agora. Eric já sabia bem no que tocar quando Caio viesse lhe atormentar.

— É uma garota. – Disse por fim. De repente, observar as estrelas parecia muito mais interessante.

— Era? Não precisa se lamentar porque eu cheguei. Eu vou embora. – Eric levantou-se.

— Não, espera... – Caio o chamou.

Eric esperou que Caio dissesse alguma coisa,mas apenas ficou calado. Nem ele mesmo sabia o que iria falar. Na verdade, sabia sim, mas tinha medo.

— É aquela garota...sabe... a gente andou se falando e bem, ela me ajudou com um trabalho que tive que fazer e só estou tentando agradecer.

Eric permaneceu calado. Caio parecia falar a verdade.

—Tudo bem... vá em frente se você acha que tem futuro.- Silencio - Doeu?Desabafar faz bem sabe Caio... – Riu. Caio jogou uma almofada em sua direção e Eric pegou-a no ar.

— Epa! Violência não!

Riram.

***

Marcela chegou em casa, tomou um banho e preparou um leite quente para tomar.

Sentia uma enorme vontade de chorar. Tentou ignorar as lágrimas que insistiam em cair, mas aquele gesto parecia ser em vão. Deitou-se no sofá e fitou o teto. Estava sozinha em casa aquela noite. Gustavo havia saído com Patrícia e pelo bilhete que havia deixado, não pretendia voltar pra casa nem tão cedo.

Alguém se deu bem. — Pensou.

A solidão havia chegado como uma boa companheira aquela noite. Claro que estava feliz pelo pai, afinal, ela mais que ninguém torcia muito para que ele avançasse em seu relacionamento com Patrícia. Relacionamento esse que nem havia começado direito.

Ela sabia que preferia ficar sozinha pelo menos naquele momento. Se Gustavo estivesse em casa, certamente iria lhe dar uns bons conselhos e ela sabia bem que conselhos seriam aqueles.

Gustavo era um ótimo pai. Seu melhor amigo. Era jovem e talvez a idade influenciasse em seu relacionamento com Marcela. Gustavo conhecia bem a filha e sempre tinha as palavras certas para lhe dizer quando ela precisava ouvir.

Então, por que você voltou?

Aquele certamente seria um dos seus questionamentos. Ele iria dizer que aquela não havia sido uma boa decisão. E talvez no fundo ele estivesse certo. Mas Marcela não se importava. Tomou a decisão que julgara ser a correta. Mesmo que no fundo soubesse estar errada. Por que voltou afinal? Por causa de Eric? Por causa de Caio? Por medo?Medo do quê?

Medo.

Medo que Eric dissesse a verdade, embora ela soubesse que aquilo não seria nada ético. Medo de Caio descobrir a verdade por si próprio?

O medo dominava seu corpo.

Suspirou derrotada. Pensar não aliviara seu problema. Ligou a TV e resolveu assistir o noticiário. Aquilo a interessava. Porém, nada do que passava na televisão fazia com que a garota esquecesse a imagem que vira minutos antes.

Aquilo havia a irritado.

Por que Eric tinha que aparecer justo naquele momento? Se não fosse por ele, ela certamente não estaria em casa pensando na vida. Seu celular vibrou e ela notou que Caio ligava.

Suspirou fundo. A vontade de atendê-lo sufocava. Não queria ter feito aquilo, mas sabia que havia sido a única opção naquele momento. Adiar a verdade talvez fosse a desculpa mais plausível que encontrara para justificar tal ato. E Marcela não podia negar que sentia medo da rejeição de Caio.

Por quê? Talvez não soubesse dizer ou explicar.

Deixou o telefone chamar. O que diria ao atender? A verdade não seria uma opção. Desligou o telefone temendo que ele voltasse a telefonar e voltou a se concentrar na TV. Marcela paralisou imediatamente quando ouviu o âncora dizer algo sobre o mundial feminino de vôlei.

“Brasil vence Sérvia e se classifica no Mundial de vôlei feminino”

A garota sentiu seu coração disparar. Piscou os olhos repetidas vezes e respirou fundo.

— Respire um, dois, três. – Disse pra si mesma numa tentativa de obter o próprio controle mediante os fatos.

Quanto tempo havia se passado, desde que abandonara as quadras?

Fechou os olhos e tentou não pensar muito, mas fora inevitável. Aquilo era praticamente impossível! Era um campeonato e seria normal que estivesse sendo noticiado. Desligar a TV seria em vão, porém mesmo assim ela o fez.

Deitou-se no sofá encarou o teto mais uma vez.

E se as coisas tivessem sido diferentes?

Marcela buscou as lembranças que estavam esquecidas até então e se perguntou novamente. O que teria acontecido se tudo realmente tivesse sido diferente? E Sol? Por onde andaria? A responsável por promover a sua entrada para aquele mundo tão obscuro? Aquele mundo tão errado e tão vazio?

A euforia que sentia nos momentos em que se encontrava entorpecida pelo uso das drogas, era a justificativa que Marcela encontrava para não voltar atrás. Aquele prazer era momentâneo. Não era real. As sensações que sentia eram passageiras e tão logo o efeito passaria e de novo, estaria ela de volta para a sua vida tão revirada.

Aquilo não a fazia bem. Mesmo que lhe trouxesse um conforto momentâneo os problemas tão logo voltariam e ela sabia que aquilo era uma mentira.

Ela deveria ser forte e dizer não. Não àqueles pensamentos, não àquelas lembranças e principalmente, não as drogas.

Espantou aqueles pensamentos insanos e resolveu mais uma vez, deixá-los guardados em algum lugar do passado. Não valia a pena relembrar de tudo o que havia feito.

— Respira um, dois, três...- Repetiu as palavras anteriores até que estivesse calma o suficiente e quando menos esperou, adormeceu.

***

Gustavo entrou em casa tentando não fazer muito barulho. Se sentia livre e revigorado. Há quanto tempo não se sentia assim tão liberto e tranquilo? Ele não sabia ao certo explicar com precisão a sensação que dominava seu corpo, mas sabia que era algo muito bom, e gostaria de repetir aquilo muitas outras vezes.

Com Patrícia, claro.

Ah, sim! Aquela noite havia sido adorável. Marcaram de se encontrarem na casa dela e Gustavo jamais poderia imaginar no salto que sua vida daria aquela noite.

Eles haviam avançado um passo na relação. Relação de amizade. Gustavo queria ir devagar e Patrícia parecia querer o mesmo, no entanto o destino tratou de dar uma mãozinha para que as coisas não fossem tão lentas como ambos queriam.

Ele também não podia negar que o vinho havia ajudado.

Acendeu a lâmpada e deparou-se com a filha adormecida no sofá.

— Marcela? Filha?

A garota abriu os olhos estranhando o clarão e sentou-se no sofá.

— Que horas são?

— Quase quatro da manhã. – Disse meio tímido.

Marcela espantou-se e encarou o pai.

— Quatro horas da manhã? Isso são horas Gustavo Werneck? – Cruzou os braços. Gustavo riu.

— Não, não são horas para ficar acordado, por isso acho bom a senhorita subir para o seu quarto.

Marcela encarou o pai ainda de braços cruzados e riu.

—Rindo do quê? – Perguntou Gustavo, com uma falsa cara de raiva.

Ele nunca conseguiria fazer aquilo diante da filha.

— Pai, por favor! Vamos me conta, o que aconteceu? Vocês já foram para os finalmente? – disse segurando o riso.

Gustavo enrubesceu.

— Marcela está tarde, amanhã conversamos, está bem? – Disse levantando-se indo em direção à cozinha.

Marcela balançou a cabeça negando e seguiu o pai. Gustavo bebia uma água, pensativo.

— Ok, não vou perguntar mais nada, mas olha, sua linguagem corporal denuncia a sua resposta.

O pai tentou não rir mas fora em vão. Gustavo não conseguia ficar muito tempo bravo com a filha.

— Foi divertido. – Pausa. – Eu gosto dela.

A garota sorriu. Caminhou em sua direção e beijou sua bochecha.

— Ela também.

***

Hey, brother There’s an endless road to re-discover
Hey, sister know the water's sweet but blood is thicker
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Caio abriu os olhos e xingou mentalmente. Virou-se para o lado oposto da cama e cobriu a cabeça com o travesseiro, deixando a música do despertador tocar.

Ele sabia que aquilo seria em vão e nem podia deixar com que o sono vencesse mais uma vez ou seu chefe o demitiria, ele tinha certeza disso. É verdade que não gostava nem um pouco de Julio, mas precisava pagar suas contas.

Abriu os olhos e encarou o teto. Lembrou-se da noite passada. Por que Marcela o ignorou quando ele ligou?

Ele poderia muito bem deixar essa história de lado e tentar seguir com sua vida, porém algo em Marcela o instigava.

Ele não queria deixá-la.

O rapaz suspirou fundo. Ficar deitado ali remoendo o passado não adiantaria nada. Levantou-se irritado e seguiu rumo ao banheiro enquanto a música do despertador continuava a tocar. Tomou um banho, fez sua higiene matinal e preparou um café forte para encarar aquele longo dia.

Terminou o café, pegou suas coisas e seguiu rumo a porta quando o celular tocou. Seu coração disparou, mas logo retomou o fôlego quando viu de quem se tratava.

Poderia ser Marcela, por que não? No fundo ele ainda tinha esperanças.

— Fala, Eric.

— Liguei pra saber da sua maravilhosa noite. - Eric disse rindo, enquanto encarava a rua pela janela de sua sala.

Caio bufou do outro lado da linha.

— Péssima.

Eric estranhou, sentando-se na cadeira.

— O que aconteceu? - Perguntou preocupado.

— Ela não apareceu. Me deixou sozinho.

—Ela te deu um bolo. – Eric riu.

— Não ri. - Caio disse irritado.

—Por que você se incomoda tanto com isso?

Caio suspirou baixinho, tentando achar as respostas para tal pergunta. Aquilo realmente o incomodava? Por quê?

— Por que me incomodaria? Somos amigos.

— Claro, claro. Mas você não pensou na possibilidade de que pode ter acontecido algum imprevisto?

Caio refletiu por um instante. Ele não havia pensado naquilo.

— Pode ser. – Pausa. De repente a tensão tomou conta do seu corpo. – Eric, e se tiver acontecido alguma coisa? Se ela tiver sido sequestrada?

— Mais ânimo, Caio! Pare de imaginar coisas! Quanto pessimismo! - O psicólogo balançou a cabeça negando enquanto soltava um risinho.

Caio definitivamente se importava com aquela garota. Só não sabia disso.

Ainda.

— Pra você é fácil falar – Disse entrando no elevador e dando de cara com Roseli, a senhora ranzinza do andar de cima. Caio respirou fundo tentando não encará-la.

Primeiro: Não gostava muito daquela senhora.

Segundo : Estranhamente ela lhe lembrava Marcela. Afinal, haviam se divertido aquele dia em que eles conversaram no elevador sobre a tal senhora.

— Falo porque sei. Tenho que desligar agora. Tenho um paciente pra atender agora. Qualquer coisa...

— Pode deixar, eu ligo... – disse frustrado.

O elevador chegou ao térreo e Caio cumprimentou o porteiro.

Aquele dia, realmente seria longo.

***

Marcela encarou a fachada do consultório de longe e fez uma careta.

Ela não queria estar ali. Aquela era a segunda consulta que teria e a garota já pensava em desistir.

Mas ela não podia fazer aquilo. Mesmo que não quisesse estar ali ela sabia que não poderia fazer a sua própria vontade.

Ela não podia desistir.Não agora,que o universo conspirava ao seu favor.Não totalmente,mas as coisas iam bem. Ela já tinha um certo controle sobre a vontade de beber ou de fumar um cigarro. Ela estava conseguindo.

Não era fácil, era difícil. Mas aos poucos lutando contra si mesma ela conseguia passar por cima do impulso.

Só não sabia até quando teria de ir aquelas consultas, afinal, ela estava conseguindo, não estava?

E Eric nem mesmo sabia o que a levava ali já que a primeira consulta dias antes, havia sido uma batalha.

Eles mal conversaram!

Discutiram, verdade.

Relutante Marcela entrou. A recepcionista como de costume lhe sorriu e pediu que esperasse ser chamada. O que não demorou muito.

Eric caminhou até a porta da sua sala e chamou. Olhou para a única garota que estava à espera e só então lembrou-se.

Aquela garota o tinha tirado do sério!

Marcela que também o encarava, resolveu acabar logo de vez com aquela cena. Poderia facilmente encenarem um filme de romance onde ao ser chamada seus olhares se cruzam.

De fato aquilo aconteceu, mas o resultado não foi o esperado, tampouco tão previsível como nos filmes.

Levantou-se e entrou na sala. Respirou fundo e ouviu a porta da sala ser fechada devagar.

Bufou baixinho porque queria sair dali o mais rápido que podia. E aquela atitude do psicólogo não estava ajudando muito.

Mas ela sabia jogar. E se quisesse que seus planos dessem certo ela teria que se render ao menos um pouquinho.

— Que bom que está aqui, Marcela. – Ele disse se sentando em seguida, de frente para ela. – Como está se sentindo?

A garota riu.

— Acha mesmo que se estivesse tudo bem eu estaria aqui?

Eric suspirou.

Aquela garota ainda o faria cometer uma loucura.


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Notas finais do capítulo

Voltei! o/
Eu sei que demorei mais que o normal e não era minha intenção (nunca é) porque eu odeio demorar. Não vou prometer postar o próximo capítulo logo, porque a gente nunca sabe. Mas a boa notícia é que estou de férias(eba!) e vou me esforçar para escrever os capítulos e tentar não demorar tanto.
Ah, e de novo: Feliz Ano Novo :)



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