Vicioso escrita por CarolinaG


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo, eba! o/

Agradeço à Mary por ter manifestado. Meu primeiro comentário!
Esse capítulo é dedicado à você :)



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A moça agora de 24 anos, bebia compulsivamente arrasada com tudo ao seu redor. Estava cansada. Cansada de lutar mais uma vez em vão. O celular vibrou no bolso e ela mal se mexeu para atender. Só queria esquecer de tudo mais uma vez.

O olhar estava perdido em um ponto qualquer do ambiente que estava cheio. Ela, no entanto sentia-se vazia.

Nada no mundo era capaz de preencher o vazio que no peito morava.

Virou-se para o barman e pediu mais uma.

Diego, olhou com pena para a garota e embora sua vontade fosse fazer o contrario nada podia fazer, afinal era seu trabalho.

– Marcela, chega.Para com isso. – Lhe entregou a bebida.

– Me deixa, por favor.

– Estou tentando te ajudar. Você não se dá conta de que isso só a prejudica mais e mais?

– Prejudicar o quê? Não há nada mais que possa me atrapalhar. A vida já não tem mais sentido pra mim, Diego.

Ingeriu a bebida, olhando mais uma vez para o nada. Depositou o copo na mesa e olhando fundo em seus olhos, pediu mais uma vez.

– Eu sinto muito, mas não posso fazer isso. Já chega.

– Você está trabalhando não está? Então, quero mais uma.

– Mas não darei. Chega, Marcela! Olha pra você! Olha a sua situação!

A garota olhou bem pra si.

É, não era isso que ela havia sonhado.

Pagou e saiu cambaleando em direção à saída. Ainda ouviu o amigo chamar, mas ignorou.

Seu estado não era o dos mais favoráveis. Ela sabia que estava péssima. As pessoas olhavam pra si e ela ignorava ou tentava ignorar, mas sabia que era em vão.

Ela só queria sair dali, o mais rápido possível, mas sua cabeça doía e tudo ao seu redor girava. Encostou-se na parede, sentindo uma forte dor de cabeça e do lado de fora ao da boate onde estava, respirou fundo.

Estava perdendo o controle. Estava ficando cada vez mais sem forças. E pior, estava sozinha.

Poderia pedir ajuda ao amigo Diego, mas sua situação estava fora de controle e mesmo que estivesse bem não se daria ao luxo.

Era orgulhosa demais para admitir que precisava de alguém.

Buscou na bolsa o celular. A última ligação havia sido do pai o qual ela havia ignorado anteriormente. Sentiu-se péssima por isso. O pai sempre estivera ali do seu lado lhe dando apoio e sempre pensando no seu bem.

E por que então, ela sempre fazia o oposto? O errado?

Era muito mais forte que ela isso ninguém podia negar.

O telefone chamou, mas de repente a linha ficou muda.

A bateria havia descarregado.

Com raiva teve vontade de tacar o celular em qualquer lugar livrando-se do que agora lhe parecia inútil. Mas Marcela não estava tão inconsciente. Tudo era sua culpa e na tentativa de escapar e esquecer nem que fosse um mínimo se quer fazia aquilo.

Pensando no próprio bem, mas sabia que o prazer era momentâneo.

Com raiva jogou o celular no chão, mas arrependeu-se logo em seguida. Agachou-se para pegá-lo e de repente sua cabeça girou. Estava tonta. Muito tonta.

Ela sabia que era culpada de tudo o que estava acontecendo. Prometera ao pai e a si mesma que mudaria aquela situação, mas era muito mais forte do que ela poderia imaginar. Ela tentava isso ninguém podia dizer que não, no entanto, seu corpo pedia mesmo sua mente dizendo que aquilo não a levaria a lugar algum. O prazer era momentâneo ela sabia disso.

Mas não se importava.

Encostou-se na parede e fechou os olhos.

Parecia que estava se acalmando finalmente.

E ela adormeceu.

***

Abriu os olhos e tentou se levantar. Sua cabeça estava pesada e seu corpo dolorido. Sentou-se na cama e respirou fundo. Olhou em volta e só então pôde notar onde estava.

Que lugar era aquele?

O quarto era espaçoso. Havia algumas fotos na cômoda ao lado da cama. A de um casal em especial lhe chamou atenção. Em outro porta-retrato, um rapaz segurava uma bebê sorridente. Na cômoda, alguns livros e o guarda-roupa que era pequeno.

Nunca estivera naquele lugar. E muito menos conhecia aquelas pessoas.

Foi só então depois de analisar o ambiente, que Marcela pôde sentir o corpo estremecer.

Estava com medo. Muito medo. Seu coração batia acelerado e ela não sabia o que deveria fazer.

Levantou-se depressa e se deu conta de que estava vestida. O que de certo modo a aliviou. Caminhou até o banheiro, ainda dentro do quarto e encarou seu reflexo no espelho.

Os cabelos estavam bagunçados e a maquiagem borrada. Lavou o rosto e amarrou o cabelo. Ela tentara se lembrar de como chegou até ali, mas só conseguia lembrar de quando discutiu com Diego.

Aquela também não era a casa do amigo.

Andou lentamente até a porta e a abriu, ainda com receio, afinal ela não sabia onde estava nem muito menos sabia com quem estava. Tudo o que ouviu foram algumas vozes distantes. Abriu um pouco mais a porta na esperança de poder escutar mais alguma coisa e tudo o que viu foi dois rapazes que mais pareciam estar discutindo.

– Você trouxe uma estranha para dentro da sua casa? Você enlouqueceu Caio? E se ela for sei lá, uma bandida? Eles usam esse truque, sabia?

– A menina estava jogada no chão indefesa, queria que eu fizesse o quê? Deixasse ela lá? Correndo riscos?

– Correndo riscos – o outro o imitou com uma voz arrastada.

– Além do mais ela é bem bonitinha, poxa!

– Você não toma jeito.

– Ah, qual é? Sou homem, tá?!– o amigo o repreendeu – mas isso não significa que eu fiz alguma coisa, tenho respeito. Não faço nada sem consentimento, porque o prazer deve ser mútuo. - Caio sorriu malicioso.

– Cara, é sério para com isso.- Eric disse caminhando até a porta. Caio o acompanhou.

– Sério, não faz besteira.- Eric pediu, antes de sair já do lado de fora do apartamento do amigo.

– Eu não vou fazer.

Caio fechou a porta e quando virou-se Marcela já se encontrava na sala à sua espera.

O apartamento era pequeno. A sala e a cozinha formavam um cômodo sendo divido apenas por um balcão. Havia um quarto onde Marcela havia passado a noite e perto deste, uma porta onde seria o outro banheiro.

Ela analisou o ambiente. Era bem decorado, havia livros pelo sofá e na estante.

Deduziu então, que o homem parado a metros de distância morava sozinho.

Então, por que aquelas fotos no quarto?

Resolveu não pensar nisso, afinal não era de sua conta.

– Que bom que acordou. Quer café? É bom pra curar a ressaca.- ele brincou.

Mas ela não riu.

– Eu preciso ir embora, só isso.

Caminhou em direção a saída, mas o rapaz a impediu.

– Não, espere. - Ela o encarou séria - Desculpe, você precisa se alimentar. Não sei, avisar pra alguém que tá viva pelo menos. Eu não sou da máfia, pode ficar tranquila. Meu nome é Caio.

Ela não queria estar ali. Queria ir embora, encontrar o pai ou passar as próximas horas descansando.

– Eu não sei quem você é e o que faz e sei que pode parecer até estranho tudo isso, mas as minhas intenções são boas, é sério. Eu vi você jogada no chão, desacordada e pensei em te trazer pra cá. – Ela o encarava apenas. Caio esperava uma resposta aquilo estava afligindo-o. Estava apenas fazendo uma boa ação, sem segundas intenções, mas a garota parecia não colaborar.

– Tudo bem.

Ele olhou o relógio. Passava das 9 da manhã. Precisava trabalhar, mas não queria deixar a moça sozinha. Seu chefe ia ter que esperar. Além do mais odiava trabalhar.

Aquela seria uma boa desculpa. Embora ninguém fosse acreditar.

– Tem café na garrafa. Algumas bolachas no pote. Pode sentar lá. Eu preciso arrumar umas coisas aqui.

O rapaz caminhou até a sala arrumando suas coisas e pegou um jornal.

Marcela sentou-se e tomou seu café da manhã. Aquilo era no mínimo estranho não podia negar, mas simpatizou com o rapaz. Claro que não diria isso a ele, muito menos daria a entender, pelo menos por enquanto.

– Você não me disse seu nome. – Ele disse, bebendo o café.

– Me chamo Marcela.

Ele sorriu apenas voltando a atenção para o jornal.

– Por quê?

Ele a encarou. Sem entender.

– Por que me ajudou? Você não me conhece, não tem medo?

– Simpatizei com você.

– Não foi só isso. Você nem me conhece. Não é qualquer pessoa que se daria a esse trabalho. Encontrar alguém na rua e simplesmente levar pra casa.

– É só uma boa ação. Só isso. - Deu de ombros.

– Onde dormiu? Digo, há apenas um quarto e eu estava nele...

– No sofá.

Ela preferiu não insistir. Terminou o café e levantou-se.

– De qualquer modo, eu agradeço. Você foi muito corajoso, não sei se faria isso no seu lugar. As consequências podem ser drásticas.

– Já me disseram isso. – Ele sorriu, trancando a porta. Marcela o acompanhou até o elevador onde Caio apertou o térreo.

– Eu sei.

– Você ouviu minha conversa?

– Você devia ouvir seu amigo.

– Eric é um louco, não sabe o que fala.

– E você não sabe o que faz.

Ela riu. E ele também.

Mas o que era aquilo, afinal? Estavam criando um laço de amizade?

– Eu confesso que costumo agir por impulso. É um problema sério, não nego. Mas eu não tenho controle, sabe? Então, não sou culpado. – Se defendeu.

– Mas é claro que é o culpado! Afinal é você, são suas mãos e suas ações.

–Ah, não! Mais uma psicóloga na minha vida, não!

– Eu não sou psicóloga. – Ela disse séria. – E não costumo me dar muito bem com eles. Psicólogos na sua maioria costumam se achar os donos da razão.

Caio a encarou séria. Ele também tinha a mesma opinião, mas não diria isso, afinal, já havia brigado com o amigo por conta disso e não queria encarar uma outra situação envolvendo o assunto.

– Eric é psicólogo. Ele me disse a mesma coisa, mas eu não o escutei. Pelo menos não paguei a consulta. Ele falou porque quis.

Ela sorriu entrando no elevador.

– Problema dele, saiu perdendo.

Os dois riram, riram alto como se tivessem acabado de ouvir uma piada muito engraçada. A dor de cabeça de Marcela já havia passado. Uma senhora que ali estava os encarava séria. Mas isso não foi motivo para que Marcela e Caio se sentissem intimidados.

– Você viu a cara da dona Amélia?- Disse Caio, assim que chegaram à portaria.

– Aquela senhoria no elevador? Vi sim.

Riram mais uma vez.

– Acho que ela não é feliz, odeia barulho.Precisa vê-la nas reuniões do condomínio. É um saco.

– Muito bonito falar assim das pessoas quando elas não podem se defender.

– Ah, qual é? A gente falou do Eric também.

– Essa é uma exceção.

Ele riu concordando.

– Bem, eu só queria mesmo te agradecer por ter me ajudado. Foi um gesto muito bonito da sua parte. Obrigada. - A menina sorriu.

– Você é legal. Não me arrependo de ter te ajudado. Você não parece ser uma pessoa má.

– As aparências enganam.

– Você não é má, Marcela.

– Como pode ter tanta certeza? Acabou de conhecer...

O rapaz deu de ombros.

– Eu sei que não é.

Ela o encarou. Pela primeira vez, prestara atenção em seus olhos azuis. Suspirou derrotada, encarando o chão, sentindo-se intimidada como há tempos não se sentia.

– Preciso ir.

Se despediram. Caio seguiu um caminhou e Marcela outro. Caminhou lentamente pelas ruas da cidade. Não podia negar que a companhia de Caio lhe fizera bem e a deixara extremamente intrigada. Não estava acostumada a ser tratada com afeto por pessoas que não conhecia.

Caio era mesmo uma exceção.

Chegou em casa. Chamou pelo pai, mas não obteve resposta. Na porta da geladeira havia um bilhete.

"Me avisa quando chegar. Se é que vai chegar. Se você se lembrar que tem um pai e uma casa"

Respirou fundo. Aquilo estava errado, ela sabia. Precisava dar um jeito na sua vida sua situação não podia continuar daquele jeito.

Principalmente quando mais alguém sofria.

Seu pai.


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Notas finais do capítulo

Eu sempre reviso o capítulo antes de postar e pode ser que alguns erros passem despercebidos. Então, qualquer coisa, podem me avisar.