Capitulo 8 – No quarto ao lado da minha inimiga

O quarto era o 210. Nico ao entrar no quarto pela primeira vez olhou em volta, admirado, procurando por um erro por menor que seja, mas pelo rosto dele não achou nenhum.

–Esse lugar é incrível! – Berrou quando chegamos, ontem.

Era mesmo. A sala tinha um enorme sofá com vista a uma TV com tantas polegadas que nem eu sabia quantas eram. Havia uma mesinha de cabeceira onde havia o controle e algumas revistas, separada por um balcão havia uma pequena cozinha, com uma mini geladeira e uma pia. Entre a “cozinha” e a sala, havia um corredor que se separava em 3 portas, segui-o e abri a primeira porta, onde havia um beliche, e uma escrivaninha, um sofá-cama e um armário, noutro quarto. Havia uma cama de casal, com as paredes em azul-marinho, e um armário, preso á parede, havia um banheiro ao lado do armário. Os banheiros eram iguais, uma pia dupla encontrava-se abaixo de um espelho, havia – claro! – uma privada, um chuveiro e uma banheira. Depois de olhar tudo eu e Nico dormimos, em nossos respectivos quartos, assim, no dia seguinte, ficamos o dia todo no nosso “Apartamento” enquanto Poseidon ia resolver os problemas de seu trabalho, estava vendo com o Di Ângelo um filme qualquer. Até que, a tarde, após um merecido banho – de banheira, é claro - voltei para nossa sala onde Nico via TV, deitado no sofá. Olhou por cima do ombro, ao ouvir meus passos.

–O que foi? – Perguntou, desconfiado.

–Nada. – Ele encarou-me, com a sobrancelha arqueada.

–Fala. – Suspirei.

–Vou para o cassino.

O Di Ângelo agarrou o controle, desligando a TV e pulando do sofá, sorrindo.

–Vou com você.

Revirei os olhos, bufando, mas Nico somente riu, seguiu-me para fora do quarto sorrindo. Saímos do quarto, sendo parados pelo mau pai.

–Vão para onde? –perguntou.

–Hã... Para o cassino...?

–Me deem a chave então.

Nico entregou para Poseidon, que agradeceu e entrou por onde saímos anteriormente. Continuamos a andar pelo corredor, até chegarmos ao elevador, a porta foi aberta, antes mesmo de Nico apertar o botão. Um homem, alto, com a vestimenta dos funcionários do Cassino Lótus, saiu, seus olhos azuis penetraram-me, seus cabelos ruivos caíram um pouco.

–O que estão fazendo? – Perguntou, encarando-me.

–Olá...

Ele bufou e andou para frente, forçando-nos para o lado. Revirei os olhos, e entrei no elevador, junto com o Di Ângelo. Cliquei no térreo, e o elevador logo fechou as portas, descendo.

–Mal-educado. – Disse Nico.

–Hã?

–O homem, mal-educado.

–Ah... Sim, ele era mesmo. – Falei encarando o painel do elevador. – Muito mal-educado...

–O que deu em você?

–Hã... O que? Ah, nada de mais – Falei.

No exato momento dessa minha fala a porta se abriu, deslizei, entrando na área dos cassinos.

–Então? Qual é o primeiro?

Nico olhou em volta.

–SINUCA!

Revirei os olhos, bufando. Mas segui-o até a mesa. Ele agarrou, após uma minuciosa escolha entre todos eles, um taco.

–Você vai? – Neguei com a cabeça.

Tive que ficar ali, parado, enquanto via o jogo do Di Ângelo, aproveitando um tempo, peguei um Refrigerante no Bar, e voltei a mesa de sinuca, deparando-me com Nico, com a língua para fora e um olho fechado, preparando para dar sua tacada.

Deu, acertando em cheio, com a bolinha branca, a Bola numero 6, que entrou na caçamba direita do meio.

–Faça melhor. – Desafiou Nico, para o moreno.

–Com todo prazer. – Ele lançou a bola branca, derrubando a de numero 4 na caçamba do canto.

Então começou uma acirrada competição, em apenas algumas rodadas, as bolas 1, 2, 3, 5, 7, 9, 10, 11 e 12, depararam-se com um trágico fim nos buracos, logo as outras caíram, com um intervalo cada vez maior. Até que a número 8, era a última no meio da mesa.

–Pronto? – Riu o ruivo.

Lançou a bolinha branca, que se bateu com a 8, fazendo-a ir, rápido, até a caçamba, porém, alguns centímetros da borda, a bola negra parou.

–Não...

–SIM!

Nico agarrou o Taco, bateu na branca, que bateu na 8, que caiu na caçamba.

–EUREKA! – Berrou com o taco para cima, e uma cara alegre. Revirei os olhos.

–Vamos logo!

Joguei a latinha no lixo fomos até a mesa de Pôquer, e após uma rodada, pegamos as fichas e voltamos para o elevador, esbarrei num loiro, que nem parou para pedir desculpas, revirei os olhos, e novamente entrei no elevador, com Nico.

–Venci!

–Eu vi – falei. – Não precisa falar isso para a China!

Ele riu.

–Tá bom, tá bom, Jackson.

Bufei. O elevador parou, entramos no apartamento, discutindo sobre sua vitória na sinuca.

–Oi meninos. – Falou meu pai.

–Oi – falamos em uníssono.

Nico sentou ao lado de Poseidon Jackson, vendo o noticiário, peguei uma água na mini-geladeira. Voltei para sala, vendo-os vendo uma recém-começada comédia. Sentei para vê-la. Quando ela acabou, e a quantidade de água tomada passou a de comidas, levantei, Poseidon franziu o cenho.

–Vai para onde?

–Vou pegar mais água. – Falei.

–Ok, pode ir. – Permitiu meu pai.

Assenti, peguei a chave, colocando na fechadura, a abri e então aconteceu o inesperado.

Uma mulher, loira, bateu com tudo sua cara na porta, caiu de cara no chão, que imagino não ser um colchão d’água. Coloquei minha mão em seu ombro, fechando a porta.

–Você está bem? – Minha voz estava rouca, fruto das águas com gás, bem, acho.

–‘To. – Falou, levantando e me encarando, arregalando os olhos. Também arregalei.

Foi quando tudo aconteceu. Depois de virar-se um misto de sentimentos, dos mais variados, me atingiu: Raiva, incredulidade, surpresa, ódio.

Era impossível. Improvável. Incrível. Coincidência. Inacreditável. Não podia acreditar. Deus – ou os deuses - me odiava.

Minha maior inimiga estava no quarto ao lado.