Lithium escrita por Mary Ficwriter, Mary


Capítulo 1
Lithium - capitulo único.


Notas iniciais do capítulo

Bem, olhando no meu calendário hoje é uma data importante... Oh, sim! Hoje a página da qual eu administro faz um ano... Haha, óbvio que não, né gente! Hoje é aniversário daquela pessoa que eu admiro pra caramba no mangá, meu personagem preferido:
Uchiha Itachi!
E como em todos esses anos eu não consegui fazer nada para comemorar esse dia, eu resolvi que era a hora de fazê-lo.
Essa fanfic nasceu por uma razão, eu estava em um estado de depressão, e o que eu faço para não me deixar levar por essa tristeza que me abate? Escrevo claro, ocupar a mente é muito bom. Vocês vão notar que oneshot ficou sem emoção, justamente por isso talvez. Enfim, fiz com todo carinho.
A revisão foi feita por mim, perdoem os erros ;( e me avisem, ok!
Boa leitura pra vocês, nos vemos nas notas lá embaixo ._.



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O caçulo apressou os passos em direção à academia de Konoha.

Vez ou outra Sasuke olhava para trás, observando o irmão mais velho parado na entrada da escola, lhe acenando de forma contida, ostentando um pequeno sorriso em meio à expressão sempre amena.

Com um último aceno, o menino de cabelos espetados se juntou ao aglomerado de crianças, sumindo logo após passar pelos portões. Itachi desfez o sorriso assim que perdera Sasuke de vista, trazendo a expressão fechada de volta ao seu rosto. Aguardando mais alguns instantes para que toda a multidão de pais dos alunos se dissipasse, para só então virar-se e murmurar:

– Você vai continuar a assistir de longe ou pretende dar as caras? – para pessoas que o fitavam de longe com curiosidade, Itachi estava apenas falando sozinho, mas tudo fez sentindo quando, em um breve espaço de tempo, outro homem surgiu ao seu lado.

O primogênito de Fugaku exibiu feições tediosas, apesar de o seu interior estar agitado, fato que ele só conseguiu demonstrar ao apertar a palma de sua mão até feri-la para conter o tremor que previa vir por simplesmente encarar o mais velho depois de tanto tempo. Shisui, diferente do moreno de longos cabelos, sorriu de forma mais ampla e verdadeira, frente a frente com outro, este o ignorou, desviando do mais velho e passando a caminhar a sua frente.

– Sua percepção está melhorando. – Shisui elogiou em um tom de zombaria. Com um girar ligeiro de calcanhares, o Uchiha de cabelos curtos passou á segui-lo, alguns passos atrás.

– Eu agradeço, mesmo com a petulância e o tom debochado. – o outro retorquiu com a voz macia, porém grave e profunda, parando para fitar o primo por cima dos ombros, dando-lhe um meio sorriso que não alcançara os olhos, mas logo se voltou para frente, caminhando.

Era meio complicado entender o que acontecia com sigo quando seu primo estava por perto. Ele não conseguia entender direito o que acontecia com seu corpo, o porquê do seu coração querer sempre abrir um buraco em seu peito e suas pernas tremer levemente. Isso não acontecia antes, mas com o passar do tempo, especialmente nos últimos dois anos, aquilo ocorria com frequência. Tanto que, nos últimos dias que tiveram a chance de encontrarem-se, ele evitava encará-lo mais que o necessário.

Shisui era seu melhor amigo, claro. Na verdade, ele era o único com quem conseguia manter uma conversa normal, sem precisar manter sempre a aparência de gênio do clã. Com Shisui, Itachi só precisava ser ele, e não o primogênito gênio de Fugaku Uchiha. Esse era um laço que Itachi não gostaria de perder, mas antes de tudo ele gostaria de entender o que acontecia com ele.

– O que está fazendo aqui? Soube que estava em missão e que voltaria somente...

– Ás vezes eu me pergunto qual o seu problema, Itachi. – o outro o cortou bruscamente. O outro nem se dera conta de quando o primo apressou os passos, e agora caminhava ao seu lado.

Itachi fitou-o pelo canto dos olhos, e apertou os olhos de maneira curiosa, erguendo uma sobrancelha negra para a frase, até então, sem sentido.

– Como assim? – o rapaz de cabelos compridos questionou curioso.

– Por que você tem um problema, é obvio. – objetou. Como se não tivesse ouvido a questão do mais novo, continuou a conversa quase unilateral, fitando o caminho á frente. – Você tem tudo isso, mas mesmo assim está sempre com essa mesma cara de quem comeu e não gostou. – sorriu de forma debochada.

Os ônix do mais novo estreitaram-se em aviso para com o outro, Shisui até notou, mas fingiu que o olhar mortífero do primo nada mais era do que uma brisa leve naquele dia de sol.

– O que quero dizer é que, ás vezes, eu invejo você. – ele comentou, virando-se para o outro com um sorriso de lábios cerrados, observando as sobrancelhas de Itachi se juntarem no meio da testa em meio a uma expressão confusa.

– Inveja? De quê? – questionou o outro, fitando o melhor amigo com os olhos curiosos. Agora totalmente tomado pela curiosidade de sua resposta.

Shisui parou de caminhar ao lado do outro, sentou-se em um banco, e, com duas batidinhas no acento ao seu lado, convidou Itachi a fazer o mesmo, dando-lhe um sorriso. Meio consternado, pois gostaria logo de voltar para a casa, o outro obedeceu ao pedido silencioso.

Shisui lhe sorriu de forma mínima, antes de voltar-se para os moradores de Konoha que caminhavam de um lado para o outro, os cantos de seus lábios estavam erguidos em um sorriso genuíno enquanto seus olhos.

– Eu gostaria de ser como você. – comentou.

Um vinco se formou no meio da testa de Itachi para aquela frase.

– Gostaria de ser como eu? – questionou, sorrindo para disfarçar a sua estupidez momentânea. Não era sua culpa se Shisui às vezes tinha a capacidade fazê-lo sentir um completo idiota.

–Sim, eu daria tudo para sentir o que você sente. – o outro contou, vendo os pedestres caminharem pela rua antes de voltar-se para o outro. – Essa alegria que está diante de seus olhos, mas você nem sequer se dá ao trabalho de realmente vivencia-la. Esse é o seu problema...

.

♪♪♪

.

Alegria...

Agora Itachi só sentia vontade de rir ao notar o quão as palavras de Shisui parecia uma gozação devido aos próximos acontecimentos que se sucederam após aquele dia em particular.

A imagem estava gravada em sua retina, era como um filme que passava como flashes diante de seus olhos. A voz de Shisui ainda soava em seus ouvidos, como se o amigo ainda estivesse bem ao seu lado. E, francamente, era o que o Itachi queria.

O primogênito de Fugaku procurava a resposta em seus pensamentos, mas a resposta parecia perdida em algum lugar de sua mente, com uma dificuldade absurda em encontrar o caminho para seu cérebro. E isso era algo inédito para alguém brilhante como ele, que sempre fora elogiado por suas deduções rápidas e inteligência julgada anormal para um adolescente.

Shisui era um completo idiota, sem duvidas. Itachi trocaria aquela maldição dos Uchiha, se simplesmente pudesse ter a presença de Shisui, nem que fosse somente mais uma vez.

Ele havia ido cedo demais, sem que ele pudesse dizer tudo que queria, o que sentia e agora era tarde demais para que ele soubesse. Algumas vezes ele cogitava suicídio para que pudesse simplesmente trazer Shisui de volta a vida, e então matá-lo novamente. Por que o rapaz teve de cometer aquele ato monstruoso bem diante dele, logo dele?! Ele não queria o despertar de nenhum novo jutsu ocular, não queria carregar a maldição de seu clã, não queria perdê-lo para sempre.

Itachi estava deitado de barriga para cima na cama. Observava desatento às sombras que se formavam na parede de seu quarto, devido à lâmpada acesa.

Todos na residência já dormiam em seus quartos, exceto ele. Sabia que naquela noite seria impossível dormir. Não só pela ansiedade que fazia seu corpo estremecer a cada segundo, mas também pelos outros sentimentos que tomavam conta dele à medida que os segundos passavam.

Segundos excessivamente longos. – observou mentalmente, virando-se na cama, agora fitando a parede.

O tic-tac do relógio também era ouvido e parecia diminuir seu espaçamento à medida que o tempo passava. Ele mal piscava os olhos. Estava morto de sono e cansaço – mental e físico -, no entanto não tinha o desejo de dormir, e sabia que se o fizesse com certeza iria ter sonhos perturbadores.

E com toda certeza Shisui estaria em todos eles.

Suspirou, soltando o ar lentamente pela boca, cogitando dormir. De nada adiantaria ficar acordado a noite toda como uma coruja, no dia seguinte (ou hoje, visto que já estava na madrugada) ele devia estar preparado e com a mente bem estabelecida.

Estava prestes a apagar a lamparina que descansava ao lado de sua cama quando ouviu passos leves de alguém que caminhava descalço pelo corredor. O adolescente não pode evitar um sorriso discreto que se formou em seus lábios. Ele sabia bem quem era. Pensou em fingir que estava dormindo, mas notou que ainda estava com a mão detida em direção à luminária, ela ainda estava acesa.

– Nii-san? – o tom infantil lhe chamou, assim que as mãos pequenas correram a porta de madeira.

Itachi estava virado de costas para a entrada do quarto, se tivesse sorte poderia fingir que dormia, e, assim sendo, manteve o silêncio.

– Nii-san? Você tá dormindo? – questionou, e o mais velho ouviu a porta voltar a se fechar e os pés descalços caminharam pelo chão de taco. – Eu sei que não está; você não dorme com a luz acesa. – o tom acusatório de Sasuke o fez sorrir.

Itachi girou seu corpo na cama, ficando na posição anterior, com a barriga para cima. Os orbes cinza-chumbo encontraram os ônix. Sasuke o fitava com curiosidade mesclada a uma expressão duvidosa, ele mordia o lábio inferior de segundo em segundo.

– Não tem como enganar você, não é, Otouto? – questionou com um meio sorriso.

Sasuke sorriu, não só com os lábios, mas com os olhos também, por ter recebido um elogio daquele a quem sempre buscou se espelhar. Itachi sem sombra de dúvidas era o seu ideal. Muitas vezes, o caçula se sentia ofuscado pelo mais velho. Ele queria ter o seu próprio lugar ao sol. Desejava ser brilhante, aplicado e inteligente. E não somente uma sombra de Uchiha Itachi. Não o entenda mal. Apesar de todo amor e do profundo significado que o mais velho tinha em sua vida, Itachi ainda era um obstáculo a qual tinha que atravessar para ser inteiramente completo com sigo e trazer orgulho ao pai, assim como o mais velho fazia.

– O que quer, Sasuke? – o tom tenro soou pelo quarto, fazendo Sasuke acordar de seu devaneio. Ergueu os olhos pretos para o irmão, e agora se ajeitava na cama para ficar frente a frente com o irmão caçula.

Sasuke mordeu o lábio inferior e desviou os olhos dos do mais velho. Itachi ergueu uma sobrancelha diante a atitude, e logo depois os olhos de Sasuke recaíram sobre o irmão novamente, alterando os olhos entre a cama e a face do mais velho.

Compreensão preencheu o primogênito.

– Você não vai dizer? – provocou, sabendo que Sasuke, como todo o Uchiha, tinha um orgulho enorme para admitir que apenas quisesse passar aquela madrugada ao lado do irmão.

Isso acontecia muito.

Sempre que o primogênito não esperava, o mais novo estava em seu quarto. Isso quando não acordava de madrugada com Sasuke já preso a sua cintura em um abraço apertado. Não que Itachi fosse reclamar, na verdade, ele não se importava. Estava acostumado, afinal, Sasuke tinha esse hábito desde que aprendera a caminhar sozinho.

Sasuke uniu as sobrancelhas e fez um bico para a questão imposta por Itachi; ele sabia muito bem o que ele queria. O irmão mais velho sorriu para aquela expressão, antes de abrir espaço no meio dos cobertores, cedendo espaço ao se afastar no colchão.

– Já é tarde, sabe... Tou-san não ia gostar de saber que você anda zanzando pelos corredores a essa hora da noite. – avisou. – Além de que amanhã você tem aula, não é? Vem, você pode dormir aqui. – comandou, com um aceno de cabeça.

Os olhos de Sasuke brilharam com a alegria que o preencheu. O garoto logo subia na cama do irmão e deitou-se no espaço cedido pelo mais velho, e Itachi logo tratou de puxar o cobertor para cobrir ambos os corpos, alcançando o interruptor e trazendo a escuridão ao quarto.

Com um gesto rápido, ele puxou Sasuke para seu abraço, unindo o corpo menor ao seu já aquecido. Sua mão logo se guiava para os picos rebeldes do cabelo do Otouto, tentando aninha-los, ato que ele sabia ser impossível, visto que quando tirava suas mãos dos fios preto-azulados eles logo voltavam a despontarem para cima novamente.

– Nii-san?

– Hn?

– Por que você não ‘tava dormindo? – o mais novo questionou. Sasuke se remexeu nos braços do mais velho, erguendo os olhos curiosos para Itachi, vendo que foi a vez do irmão morder o lábio inferior em busca de uma resposta. – Já é de madrugada.

Tentou manter a expressão em branco enquanto encarava os olhos pretos de Sasuke, tentando encontrar uma resposta que saciasse a curiosidade do irmãozinho. Com carinho, Itachi levou umas das mão para alisar a face do mais novo, como se redesenhasse as feições de Sasuke com o polegar, terminando com um sutil acariciar no queixo do caçula.

– Estava sem sono. – retorquiu brandamente.

– Sem sono? – questionou retoricamente. – É por causa do que aconteceu mais cedo com o Tou-san?

Ah, é verdade. Ainda havia aquele incidente que ocorreu naquela tarde. Quatro de seus companheiros acusaram-no da morte de Shisui, e, para o seu pesar, seu pai estava desconfiado de si também.

Realmente, perfeito...

– Não é isso... Tem muitas coisas acontecendo. – respondeu, suspirando em seguida. – Você não entenderia agora, Otouto...

– Agora você vai me tratar como criança, né? – guinchou Sasuke, elevando um pouco o tom de voz. – Você também não é um adulto, nii-san!

– Eu não disse que você é criança, Sasuke. Disse que há coisas que você não entenderia, não agora. – explicou brandamente.

Sasuke calou-se, abaixando o rosto e aspirando o perfume que exalava do moletom que o adolescente usava, fechou os olhos. O quarto ficou em silêncio, e Itachi até pensou que o mais novo dormia, até que a voz nasalada de Sasuke voltou a se fazer presente.

– Eu sei que você está triste por causa do Shisui-san. – Sasuke acusou em meio a um resmungo.

Itachi limitou-se a rir pelo nariz de forma contida. Sasuke era realmente um Uchiha afinal e, além disso, uma criança bastante observadora e perspicaz.

– Também, Sasuke. – concordou.

– Tem mais? – o mais novo questionou curioso. – Você pode me contar, Aniki e...

– Sasuke, vai dormir. – pediu.

– Mas, nii-san...

Itachi fez um som de reprovação com a garganta e lançou ao mais novo um olhar severo por debaixo dos cílios longos, ato que fez com que Sasuke ficasse em silêncio e parasse de lotá-lo com perguntas, logo abaixando o rosto novamente, não suportando manter contanto com o olhar pesado de seu irmão.

O primogênito voltou a acomodar o mais novo em seus braços de forma mais afetuosa, sua forma muda de pedir desculpas. Inalando o cheiro que exalava dos fios negros do mais novo. O adolescente questionou-se internamente se haveria novamente uma chance em que poderia ficar próximo de Sasuke como estava agora.

O pensamento fez seus olhos ardessem e o nariz coçar, um bolo automaticamente formou-se sua garganta, mas ele suportou, puxando o ar fortemente para seus pulmões, fechando os olhos e tentando parar de pensar em tolices.

Sasuke já suspirava baixo, e ele sabia que seu irmãozinho já estava em um estado entre a consciência e o sono, talvez devesse tentar dormir também. Precisava estar disposto para a missão de amanhã.

Há! Disposto. Que ironia.

Porém, antes que pudesse sequer cochilar, houve uma nova movimentação abruta nos lençóis. Como se tivesse tido uma lembrança importante de repente, Sasuke soltou-se do abraço do mais velho, assustando-o com os movimentos bruscos, este logo lançou um olhar questionador a menino que agora se ajoelhava na cama.

– Aniki! Eu aprendi a fazer o Goukakyuu no Jutsu! – ele abriu um sorriso, um dos raros sorrisos que abria somente para Itachi. E o mais velho não pôde opor-se ao impulso de sorrir também, ao mesmo tempo em que seu peito se enchia de orgulho.

– Mesmo? – questionou, vendo o mais novo chacoalhar a cabeça de forma afobada, assentindo.

– Tou-san me ensinou e... – ele falava rápido, tentando contar rapidamente, temendo esquecer algo importante em meio a narração de seu feito. – Eu posso te mostrar amanhã, né? – questionou com os olhos negros brilhando em contentamento, pois via que seu irmão havia se interessado realmente em sua pequena conquista.

Amanhã...

O interior de Itachi murchou rapidamente, como se um balde de água fria tivesse caído encima de si, e seu sorriso, antes verdadeiro e iluminador, tornou-se falso e forçado. Ele segurou o braço do caçula para que este deitasse, alisou seus cabelos, ajeitando-os.

– Amanhã eu não vou ter tempo, Sasuke... – contou com cautela.

– Você tem uma missão importante amanhã? – o mais novo questionou com curiosidade, erguendo o rosto para fitar o mais velho.

– Hn. – acenou um sim com a cabeça. – Mais ou menos isso. – ele não mentia.

– Então depois de amanhã? – esperançosamente, propôs.

Itachi soltou um riso rancoroso pelo nariz.

– Vamos ver, Otouto, vamos ver...

A resposta satisfez Sasuke, que cedeu, resolvendo que iria realmente calar-se e deixar-se alinhar nos braços do irmão e dormir. Porém, ao contrário do que tentou fazer, Itachi não conseguiu acompanhar o mais jovem e entregar-se ao sono.

.

♪♪♪

.

– Ainda não consegui acompanhar a sua linha de raciocínio, Shisui. – o outro retorquiu agora levemente irritado.

– Você tem tudo, Itachi. – o outro respondeu, com um meio sorriso. Saber que somente ele tinha a capacidade de irritar o mais novo tão rapidamente enaltecia o seu ego. – Uma mãe amorosa, um pai atencioso e um irmão que é praticamente a sua sombra.

O de longos cabelos girou os olhos para aquela constatação irrelevante. E daí que ele tinha uma família quase perfeita a olhares de terceiros, ele não via motivos para ser algo realmente especial.

– Esse um dos motivos que me fazem te amar, sabe... – o mais velho continuou a falar, fingindo não notar o rosa que tingiu as bochechas de Itachi devido á declaração repentina; não que fosse a primeira, mas Itachi ainda não havia se acostumado a elas. – Eu te admiro, gostaria de ser como você, sentir essa alegria que você sente, mesmo fingindo que não está nem ai para isso.

– Não é o contrário. – o outro retorquiu, cruzando os braços. – Eu realmente não sou tão ligado em tão pormenores como você.

– Ás vezes eu até acho que consigo acreditar, sabe? – questionou o mais velho. – O que não me surpreenderia, por que às vezes eu acredito que você seja um ser sem coração.

– Obrigado pela parte que me toca.

– Exceto com Sasuke. – o outro pontuou com um sorriso. – Um dia ainda irei arrancar do seu irmãozinho a receita que faz esse coração de pedra derreter. – brincou.

– Oh, cale a boca. – ordenou, Shisui sorriu.

Não suportando manter o contato visual com o mais velho por muito tempo, Itachi virou-se para frente, analisando pessoas caminharem apressadas, alguns garotos jogando bola, famílias dando gargalhadas.

Tudo tão fútil, pequeno e simples.

Itachi baixou os olhos para o chão, fitando os próprios pés, parando por um momento, preso em seus pensamentos únicos e individualistas. Shisui observava de fora o que sentia, mas o que ele vivenciava nos últimos dias como agente duplo da Ambu e do Uchihas não era nem de perto algo que se semelhasse a alegria.

Um riso sínico escapou de sua garganta, e não se conteve ao fazer uma das questões que brotou na ponta de sua língua.

– E a minha dor, não quer também? – o mais novo questionou com um sorriso de canto de boca. A resposta curiosa fez com que Shisui arregalasse os olhos levemente, mas logo após ele abriu um sorriso, fitando a lateral do rosto do amante.

– É claro que quero. Aceito compartilhar tudo que venha de você. Na dor e na alegria, não é como dizem? – questionou com um sorriso. – O que você continua temendo?

Aquele tom de simplicidade que o mais velho usava coçava um nervo em Itachi. Shisui realmente não entendia.

– Você sabe, sempre soube... Eu tenho medo de falhar, de errar nas minhas escolhas. – refutou brandamente.

– Você fracassar?! – Shisui retorquiu, apontando o indicador para o mais novo. – Somente quando o mundo virar de cabeça para baixo e formos parar em um universo alternativo. Nem que você se esforce, Itachi, você não consegue falhar... Você é perfeito, o orgulho dos Uchihas.

– Você está debochando de novo? – questionou o mais novo.

– Você sabe que sim. – riu. – Você é um ser humano Itachi, está propício a falhas, só que menos do que as outras pessoas.

Às palavras o deixou sem jeito, e ele teve de pigarrear para disfarçar seu desconforto. Shisui tinha sentimentos tão abertos e não tinha problema em expressá-los, e ele nem sequer ainda havia retribuído sua mais importante declaração.

De forma oculta, o mais velho segurou a mão que estava pousada sobre o banco, apertando-a de leve. O coração do mais novo perdeu o compasso com o ato por ele inesperado, mas, para alegria de Shisui, ele retribuiu o aperto.

– A única coisa que você deve lembrar-se é que não está sozinho, Itachi. – o mais velho contou, olhando para o rapaz de longos cabelos, este estava com a cabeça baixa, a franja caída na frente dos olhos. – Você tem a mim. E sempre vai ter. Nem que seja como um espírito, te seguindo para todo o canto. – riu de leve.

A última frase dita em um tom de brincalhão parece ter surtido um efeito errado no outro, que prontamente largou sua mão. Itachi se colocou de pé, e fitou-o com o cenho franzido.

– Não ouse repetir isso! Você acabou de dizer que dará tudo certo, não venha com suas suposições estúpidas. – retorquiu. – Eu não irei falhar, e você faça o mesmo... – precatou por último, decidindo que era a hora de voltar para a casa.

Shisui o assistiu afastar-se até sumir em meio às pessoas que caminhavam. Baixou os olhos e negou com a cabeça e abriu um pequeno sorriso melancólico.

– Nem sempre minhas garantias são o suficiente, Itachi...

.

♪♪♪

.

Ele falhará.

Ele não foi capaz de proteger Shisui. Não foi capaz de salvá-lo. Não foi capaz de fazer absolutamente nada.

Era fraco. Gostaria de ter tido forças para segurar suas mãos e não deixá-lo partir jamais, dar-lhe apoio ou até mesmo ter as palavras certas que o fariam repensar sobre aquela atitude, mas não conseguiu.

– Você nem sequer me deu tempo, não é, seu idiota? – sussurrou em um tom quase inaudível, para que Sasuke não acordasse.

O mais velho alisou seu rosto adormecido de Sasuke, tomando cuidado para gravar cada pequeno detalhe do rosto do seu irmãozinho; desde os lábios finos, aos cílios longos e o nariz arrebitado. E finalmente o que Shisui lhe dissera aquele dia fez sentido em sua mente.

Após fechar seus olhos por alguns segundos, cenas que nunca dera valor vieram a sua mente. Como naquele momento que Sasuke adentrara os portões da academia de Konoha pela primeira vez, ás vezes que chegava a casa e encontrava a mãe de pé frente a pia; logo lhe dando um sorriso e saudando-o com um “Okaeri, Itachi” e, até mesmo, as conversas com seu pai, das quais sempre considerou frustrantes ele notou que já sentia uma falta imensa.

Uma vontade imensa de reviver cada segundo como aqueles se apossou de si. Revivê-las, assim como devia der vivido enquanto era tempo.

Cada lembrança, uma nova lagrima. Cada lágrima, uma nova imagem.

Eram como aqueles momentos maravilhosos, que nem sequer somos capazes de expressar palavras. Afinal, o que diríamos se está tudo bem, não é? Talvez esse seja o problema de muitos, assim como ele: deixarem o silêncio tomar conta. Até que o fim surge e, por incrível que pareça, acabamos por descobrir que temos muito a dizer.

Agora era tarde.

A hora de trancar suas dores e sofrimentos havia chegado, e a partir de agora ele era o traidor, o desertor, assassino, um criminoso. Frio, sem emoções.

Itachi fechou os olhos, e, antes de adormecer recitou em mente:

É pela paz, é pela paz...


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Notas finais do capítulo

Apenas esclarecendo aqui: Lítio, é um medicamento antigo e ultrapassado, mas que resolve alguns problemas de depressão e algumas síndromes.
O nome da fanfic é esse porque no dia que eu estava totalmente na fossa eu ouvi a musica 'Lithium' do Evanescence seguidamente, e tive a ideia súbita de escrever este enredo.

E então, a one ficou seca e sem ânimo, né? Me deem um desconto, eu estava meio down quando escrevi.

Bom, eu tentei não me aprofundar demais no assunto, por que se eu fosse explorar mais afundo sobre a morte do Shisui, sobre o Itachi sendo agente duplo da Ambu, e sobre o massacre do clã eu teria de reler boa parte do mangá, e rever alguns fillers que saíram recentemente isso eu fiz, mesmo não querendo de jeito nenhum! AHEUAHEA Aquilo é pra cortar meu coração, dá licença! então para não errar TANTO eu não aprofundei o enredo.

Já sabem o novo lema, né?
Um review não dói à alma, não quebra um dedo e deixa um autor feliz. Se puderem, e se quiserem me dizer o que acharam, serão super bem vindos aqui em baixo _(._.)_