No escuro

As janelas fechadas

Ao meu quarto

A caneta escorrega

Palavras se formam

Ao se formarem

Meus desejos contornam

Os bons e os ruins

Crio os personagens

Com tanta facilidade

Que é como se

Fizessem parte de

Mim.

Eu me apego tanto

Aos personagens

Que é difícil

Fazer um fim.

Tudo que é bom acaba

Como essa sensação

Longa porém curta

Em meu coração

Poderia durar mais

Mas acaba.

Quando a caneta cai

Meus desejos acabam

Minhas fantasias somem

É só fechar ao meu caderno

Que percebo o quanto

Eu sou infame.

Volto a escrever

Pois quero sumir

Desse mundo

Onde para sorrir

É preciso mexer os músculos.

Sempre gostei mais

Escrever Sorrir

Em meu caderno

E apenas imaginando

Esse gesto singelo.

Eu esperava que não acabasse

Mais um dia acaba

Como tudo nasceu

Tudo irá acabar

Mais o final das coisas

Apenas, é possível imaginar.

Agora paro

Penso um pouco

Procuro palavras

Para descrever meu sonho

Onde tudo era mágico

Tudo surreal

Onde ninguém

Esperava um final.

A caneta parou

Os versos acabaram

O vento passou

E roubou a inspiração

O que dá o fim

A essa sensação.