Os Três Winchester's escrita por Cassiela Collins


Capítulo 17
Empregada


Notas iniciais do capítulo

Kath criando uma nova vida ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/510814/chapter/17

Dean estava bem perto de enlouquecer.

A noite estava passando, e logo começaria a amanhecer. E nem sinal de Katherine.

Ele não conseguia falar com o pai. John nunca ficava tanto tepo longe do celular, e ele estava ficando extremamente preocupado.

Mas eles não poderiam ir atrás do pai sem Kath. Não sem achar a irmã primeiro.

Ele está tentando se distrair - colocou um filme pornô na tv, mas nem isso está prendendo sua atenção - quando o telefone toca.

Ele se precipita em direção ao aparelhinho.

– Alô, Sam? Já achou alguma coisa?

– Não, Dean. Nada.

Dean sentiu-se desabar por dentro.

– Você acha que ela está bem?

– Acho - Sam não hesitou em responder.

Kath era esperta, forte, e boa lutadora. Sem falar que, se algo tivesse acontecido, ela já teria dado um jeito de avisá-los.

Dean sabia disso, e isso era o que era pior.

Tudo o que ele dissera a ela agora pesava sobre ele. Pesava sobre suas costas e em seu peito, apertando seu coração com força e impedindo-o de respirar.

Como ele pudera ser tão idiota? Tudo o que ele dissera a ela... era simplesmente um espelho de seus próprios medos! Tudo o que ela pensava sobre ela mesma!

E ele dera voz a esses medos. De causar dor à família. De ser uma inútil.

Era óbvio o que ela faria depois.

Fugir.

E, agora, ela estava em algum lugar lá fora, no meio da cidade, fugindo deles dois. Depois do aviso do estranho - aquele a quem Dean precipitada e erroneamente chamara 'alucinação' - qualquer coisa poderia acontecer.

.

Katherine ficou brincando com o isqueiro e o canivete, apalpando-os, girando-os e ativando-os, durante um longo tempo.

Talvez por perceber que alguma coisa estava errada, a dona da lanchonete nada dissera a ela, tampouco pensara em expulsá-la por estar ocupando os lugares dos clientes, mesmo muito depois de terminar a refeição.

A mulher tinha a pele clara e os cabelos escuros, repicados quase na altura do queixo. Não era alta, e era o que se define por 'cheinha' - não chegava a ser gorda, mas ainda era um pouco acima do peso.

Ela já tivera filhos. Dois. E agora os dois eram adultos; o menino se mudara para estudar fotografia, e a filha estava fazendo faculdade de veterinária, mas a menina ainda a ajudava na lanchonete.

Depois de um tempo, a moça viu a garota tirando algo de um bolso do casaco moletom. Uma bolsinha minúscula a prova d'àgua, que Kath sempre levava para todos os lados.

Havia um bloquinho de poucos centímetros. Então, ela tirou um lápis do cabelo, desmanchando o coque frouxo que firmara com ele, deixando os longos cabelos caírem sobre as costas.

E começou a escrever.

Palavras aleatórias, frases e trechos. Do mesmo tipo de um dos que a professora lera, mas muitas vezes mais tristes, pois era o que sentia agora.

Mas a moça reparou em como escrevia rápido.

Era veloz como uma corrente de vento, escrevendo com letras legíveis. Seu braço se mexia com uma elegância peculiar impossível de se definir.

Ela se aproximou da garota.

– Oi, menina. Qual seu nome?

Ela ergueu o olhar.

– Sou Katherine.

– Katherine... - ela ecoa o nome. - É um belo nome.

– Ahn... obrigada - a garota diz, hesitante.

– Kath, por acaso, você gosta de escrever?

– Sim - ela diz. Agora a moça entrara em um assunto que a atraia. A moça percebe as barreiras caindo entre elas. - Gosto de escrever histórias. De aventura, principalmente, mas também algumas coisas mais simples. É que eu gosto de escrever, simplesmente. Deslizar o lápis no papel e ver a tinta surgindo da ponta... é incrível.

Ela faz mais um traço no bloco e olha fixamente para ele, para exemplificar.

– Bom, você gostaria de... não sei, talvez trabalhar aqui? Anotando os pedidos?

A própria moça já vira vários estabelecimentos com garotas nos caixas. Ela mesma adorava ir nesses lugares. A menina certamente atrairia bastante clientela, com aquela face infantil.

Sem falar que algo lhe dizia que a garota precisava disso.

– Você pode receber algum dinheiro... - a garota acena compreensivamente com a cabeça. De 'algum' deduzira que não seria o que qualquer outro funcionário recebia, o que achava completamente plausível, por sua pouca idade e tudo o mais. - ... e pode dormir com minha filha no quarto do andar de cima, sempre que precisar... você está fugindo de algo?

A garota confirma, suspirando.

– Só estou dando um tempo, na verdade. Mas é... tipo isso.

– Então, o que acha?

A garota novamente pondera a proposta.

Recusara a de Luke, era verdade. Mas a moça estava sempre rodeada. Trabalhava numa lanchonete 24 horas, revezando-se com a filha e os funcionários, de forma que era extremamente mais seguro do que o outro sozinho.

– Seria ótimo! - decide, por fim.

Já vira a mulher mexendo com prata na cozinha, de soslaio, e poderia fazer o teste com a água benta em qualquer momento, com facilidade.

Ela parecia ser, de fato, só uma mulher simpática, o que, para Kath, era quase uma novidade.

– Ótimo! - comemora a moça. - Me chamo Mary - ela estende a mão para Katherine, que a aperta com vigor.

– Pode me chamar de Kath.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!