Os Três Winchester's escrita por Cassiela Collins


Capítulo 13
Procura-se Dean na Saída


Notas iniciais do capítulo

Preparando terreno para uma parte crítica da trama >:)



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Uma semana.

Havia uma semana inteira que a professora confiscara o caderno de Kath, e, a cada aula, ela reservava um bom tempo para ler mais e mais de seus trechos.

Ela ainda evitava Chris, mas nem ligava. Sabia que um amigo, por melhor que fosse, de nada adiantaria ali, fosse a curto ou longo prazo.

Suas aventuras. Suas histórias. Suas reclamações e pensamentos mais profundos e íntimos.

Tudo exposto. Aquele caderno era como se fosse seu diário, e agora tudo estava exposto.

A história já começara a se espalhar. Nos corredores, ela era apontada mais e mais vezes. Ouvia os comentários maldosos e os risinhos sádicos.

– '... Entrei em pânico. Não conseguia ver mais nada. Só sentia o ar abafado se acumulando ao meu redor. Apalpei as laterais da cova. Como sairia sali? Estava alto demais para eu sair sozinha, e meus dois irmãos estavam ocupados demais, bem longe dali. Achei que nunca sairia, e não pude conter o medo, que avançava e ameaçava me dominar por completo...'

As risadas ecoam pela sala. O som era quase mais comum ali do que sal no mar, peixes num aquário ou flores num jardim.

Por fim, Katherine não consegue mais se segurar.

Ela não consegue conter as lágrimas que escorrem teimosamente por sua face.

Não pela primeira vez, ela se levanta, joga desajeitadamente a mochila por sobre o ombro e dispara para fora da sala, tropeçando nos pés estendidos de quase todos os colegas no trajeto.

.

Sam ainda não tivera coragem de falar com Dan.

Ele chega à porta principal evitanto o 'amigo' pelos corredores.

Então, ele vê, surpreso - embora não muito -, que não é o primeiro a chegar.

Katherine já está lá, sentada nos degraus, com o fone de ouvido torto na cabeça e os cabelos jogados à frente do rosto, cobrindo-o por completo.

Ultimamente, ela chegava antes com muita frequência. De alguma forma, Sam sabia que ela não acabara de chegar, mas não sabia o que pensar ou fazer a respeito.

– Kath? - ele pergunta, doce, se sentando ao seu lado, um degrau acima, e apoiando a mão em seu ombro.

A garota se sobressalta.

Ela desliza o fone da cabeça. Por uma fração de segundo, Sam consegue ouvir um trecho da música - Warrior, de Berth Crowley.

A música, sozinha, já teria sido um mal sinal. A caçula só ouvia essa música quando algo a preocupava muito.

Mas isso não era tudo.

Depois de tirar o fone do pescoço e deixá-lo cair, desastradamente, nos degraus de pedra, a garota se vira para Sam e afasta um pouco dos cabelos do rosto.

Ela empalideceu de um jeito assustador de um dia para o outro, e tinha um aspecto doentio. Seus olhos não brilham mais; tal como tudo nela, parecem ter perdido todo a sua energia e entusiasmo característicos.

– Ah, é você, Sam - ela murmura, baixo demais, com a voz rouca.

– Meu Deus, Kath! O que aconteceu? - Sam se assusta.

Katherine resmunga algo, baixo demais para que Sam escute.

Ele não sabe o que fazer. Deveria insistir? Ou isso a deixaria mais nervosa?

Por fim, ele decide que tem algo que precisa esclarecer.

– Kath, isso não tem nada a ver com... você sabe... monstros ou algo do tipo, né?

Kath solta um riso baixo, sem humor, e balança negativamente a cabeça, como quem diz 'quem me dera'. Se fosse um monstro, com certeza Kath já não estaria mais assim há tempos.

– Hum... tá - ele diz, hesitante. - Ahn... você... quer falar sobre isso?

Mas antes que Kath responda, ambos ouvem um barulho.

O celular de Sam. Ele tira o celular do bolso da jaqueta.

É uma mensagem de Dean:

'Oi. tenho um compromisso, não vou poder buscar vocês hoje. Chego em casa à noite. Não me esperem para o jantar.'

Aquilo também já não era mais novidade. Dean arranjava compromissos com cada vez mais frequência, e quase nunca aparecia para buscá-los na escola.

– Bom, acho que temos que voltar para casa a pé... - Sam começa a dizer, então percebe, surpreso, que Kath já está de pé, com a mochila nos ombros.

Em silêncio e sem esperá-lo, ela começa a andar, a passos largos, em direção ao Motel, e pela primeira vez é Sam quem tem dificuldade de companhá-la.


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Notas finais do capítulo

Não.
Sinceramente, não estou exagerando. Eu mesma, que me vejo muito na Kath, já fiquei assim antes. Não que já tenha acontecido comigo o que está acontecendo com ela, mas já, sim, aconteceram várias coisas do tipo. Pessoas normais não gostam de escola; para mim, até março deste ano, era um verdadeiro inferno.