– Nada ainda? - meia hora depois, Dean pergunta.

Não havia nem uma pista de quem - ou o quê - poderia ser o desconhecido. Nenhuma característica física marcante ou anormal, nenhuma língua estranha mencionada, nada.

– Pode ser algum tipo de criatura que simplesmente avisa as pessoas. Zela por elas, ou sei lá - comenta Sam. - Ia ser legal, para variar, alguma criatura que possa ajudar ao invés de matar.

– Ou ela pode ser uma criatura ardilosa que adora confundir pessoas e se alimenta dessa confusão - retruca Dean.

Ele já dissera que desistiria de Celeste por enquanto, mas para quem já desistiu, ele era teimoso demais. À cada mais ou menos dez minutos ele soltava um comentário como aquele.

– Ah, cala a boca, Dean - Kath retruca impaciente.

– O que mais dá para pesquisar, Kath? - Sam pergunta.

– Eu já disse tudo! Não sei mais nada de...

Então, algo acontece.

Primeiro uma dor de cabeça muito forte, repentina, que faz a garota apertá-la entre as mãos.

Ela solta um breve arquejo e cambaleia, apoiando-se na mesa onde descansava o laptop de Sam.

Então, uma visão. Uma imagem vívida, que surge em sua cabeça como que vinda do nada.

Ela estava novamente na sala de aula, mas não havia carteiras. O cara estava lá de novo, bem no meio. A sala estava escura, como em um dia de tempestade ou num dia especialmente nublado. Estava tudo meio nebuloso, confuso, mas ao mesmo tempo claro como água.

Ele a olhou por alguns instantes, bem fundo, nos olhos.

Devagar como em um vídeo em câmera lenta, ele flexionou os joelhos, um deles à frente do corpo, mas o outro quase tocando o chão sob ele.

Ficou mais ou menos um segundo nessa posição. Então, um grande par de asas surgiu. Asas de penas negras, que se posicionaram para voar. Vinham diretamente das costas do cara.

E, com um único impulso, ele se lançou para o alto, e levantou voo.

.

– Kath! Katherine! - chamava Sam.

Katherine pisca uma, duas vezes. Então percebe que provavelmente caíra no chão quando teve a visão, pois sentia a superfície dura, lisa e gelada do piso sob suas costas.

– Oh, damn... - ela pragueja, fechando os olhos e levando a mão à testa, enquanto se senta com o outro braço. - Eu estou bem. Que droga acabou de acontecer?

– Eu é que pergunto - retruca o irmão do meio.

Dean também está perto. Ele parece ter parado de fazer as gracinhas da outra sala e se aproximou para ver a irmã, mas não se dá ao trabalho de se abaixar ao lado dela.

– Eu... sei lá - ela sente que tem que começar assim. Não entendera nada com nada do que tinha acontecido, mas tenta simplificar. - Eu acho que tive... uma visão. Acho, não sei direito.

Aquilo parece prender a atenção do primogênito, que se inclina para mais perto.

– Visão? - ecoa Dean. - O que você viu?

Kath pensa um pouco. O que, de fato, ela vira?

– Sam - ela chama. - Pesquise aí... Anjos.