Os Três Winchester's escrita por Cassiela Collins


Capítulo 1
A Partida de John




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- ALGUMAS SEMANAS?

Dean não pode acreditar no que o pai dissera. Será que ele ouvira direito?

- Dean - John insiste. - Essa é uma caçada perigosa e demorada. Vou estar bem longe, e posso demorar a voltar. Não tenho certeza de nada ainda; posso demorar algumas semanas ou alguns dias. - pelo tom da voz do pai, Dean percebe imediatamente que ele não acredita no que disse. - Mas, filho, enquanto eu estiver fora, preciso que cuide dos seus irmãos, está bem?

Dean suspira profundamente. Eles estavam sempre indo para novas escolas, passando pela fase dos calouros, e quando as coisas começavam a melhorar, eles partiam.

Era um ciclo infinito. Ele nunca se encaixaria em lugar nenhum - não no mundo mortal, povoado por toda uma infinidade de crianças e adultos que nem faziam ideia dos perigos que os espreitavam. Demônios, fantasmas, vampiros. Contos para dormir; nada mais que isso.

O pai nota a reação do primogênito.

Ele coloca a mão no ombro do filho e abaixa o volume da voz.

- Dean, eu sei que você não gosta disso, e eu também não gosto de deixá-los, mas... pense nos seus irmãos. Você não gostaria que eles tivessem uma vida tão normal quanto possível? Ir para a escola? Fazer amigos? Você negaria essa chance a eles?

Dean não retrucou sobre a parte dos 'amigos', mas sabia que, nômades como eram, Sammy e Kath nunca teriam chance de ter uma amizade douradoura.

Mas, mesmo assim, John havia marcado um ponto.

Dean disfarçadamente olha para os caçulas pouco atrás. Eles estavam distraídos, olhando a nova escola, examinando-a de cima a baixo. Não pareciam ter nenhuma opinião formada sobre a construção, mas Dean sabia que era apenas questão de tempo.

Katherine, ou Kath, de doze anos e cabelos de um tom raro de castanho-claro acizentado, lisos puxados para um semi-ondulado, alcançando o meio das costas. Os olhos escuros e brilhantes. Por ser a mais nova e a única mulher em uma família de homens - e, ainda por cima, caçadores - ela parecia sempre tentar compensar isso, sendo 'mais macho' do que os irmãos mais velhos. Forte, rápida, agressiva, defensiva e desconfiada, sempre arranjava brigas com toda a sorte de valentões. Adorava estar em desvantagem, e parecia ser a única que estava feliz com sua vida. Caçar monstros, investigar casos, arriscar a vida ajudando... Sendo heroína, era como chamava. Parecia de fato pensar que vivia nos livros, e Dean sempre pensara que, se a irmã se viciasse um pouco mais em adrenalina, acabaria virando uma suicida em tempo integral. E ela nem ficava com os piores monstros...

Samuel - Sam ou Sammy, para os próximos - tem cabelos cor de chocolate, revoltos, que envolvem sua cabeça como - às palavras de Kath - 'ondas se chocando contra uma rocha na praia'. Ou simplesmente a contornando, em ondas sutis. Os olhos de um tom mais comum de castanho. Era o pesquisador da família. O oposto de Kath, sempre quisera ter uma vida normal, mas não costumava se queixar da que levava. Crescera assim, e, aos quinze anos, já estava se acostumando.

Dean fechava o círculo. Aos vinte e dois anos, tinha cabelos loiro-escuros, rebeldes, e olhos também castanhos. Vivia atrás dos caçulas, se certificando de que não se meteriam em encrencas. Sendo filhos de John e Mary Winchester's - como, de fato, eram - eram alvo de ódio de vários demônios. As outras criaturas, solitárias, cotumavam reagir à eles como a qualquer outro. Comida. Vítimas. Nada demais.

Mas, é claro, mesmo que não houvessem demônios atrás deles, sempre havia a possibilidade de topar com algum ser sobrenatural. Afinal, os Winchester's sempre haviam sido um íma para esse tipo de problema.

Dean suspira. Não podia negar aos irmãos pequenas chances como essa. Passar algumas semanas longe de perigos... ou, pelo menos, tão longe quanto possível. Quem haveria de identificá-los entre tantos alunos?

- Está bem. O que eu vou ser? - ele pergunta. Não tinha mais idade para ser um simples colegial.

- Acadêmico. - John responde, como se Dean não pudesse deduzir aquilo sozinho.

- Claro. - Ele responde, seco, ainda ressentido por ter perdido a discussão. - Faculdade de quê?

John ri baixinho, antes de falar.

- Faculdade de direitos.

Dean se engasga.

- O quê? Você tá de brincadeira...

Dean, faculdade de direitos? Um engomadinho, andando por aí de terno, gravata e pasta? Só a mera possibilidade o deixada incrédulo.

John sorri.

- Piadinha particular, admito. Acho que tem a ver com o seu aniversário - duas semanas haviam se passado desde 24 de janeiro, aniversário de Dean. - Quando você nasceu, sua mãe e eu imaginávamos se você teria uma carreira de sucesso. Acho que essa faculdade é o maior esteróripo de carreira de sucesso que existe.

- 'Esterótipo'? Pai, desde quando você começou a falar como a Kattie? - ele brinca. - Pera, tem certeza de que essa frase está gramaticalmente correta?

John ri da sacada.

- Certo. - Então, sua expressão torna-se mais séria, e ele abre a boca para falar, mas torna a fechá-la.

- Pai, o que foi? - Dean pergunta, também sério. - Ainda sem notícias da mamãe?

Os três irmãos não consideravam Mary como 'família' por um simples motivo: ela era ausente. Nunca os via, nunca falava pessoalmente. Sempre era for telefone ou algo do gênero. Quanto estavam sozinhos, os três se referiam à mãe simplesmente como 'Mary'.

O olhar pesaroso de John é sua resposta.

Mary Winchester havia simplesmente sumido da face da Terra pouco antes do aniversário de Dean. Não atendia o telefone, não mandava recados, nenhum dos outros caçadores havia ouvido falar dela. Mary sempre sumia, mas nunca por tanto tempo quanto estava agora. Em constante perigo de vida, a principal norma da família era: 'sempre mantenha contato. Se você estiver em perigo, será mais fácil de saber.'

- Essa caçada tem a ver com ela, né? - Dean indaga, dedutor.

- É, de certa forma.

Ele começa a falar mais, mas nesse instante Katherine irrompe entre eles, saltando como um alce hiperativo. Dean percebe que ela já tem uma opinião formada.

- Quando as aulas começam? - ela pergunta.

- Já começaram, há uma semana. Mas vocês são esperados para amanhã. - esclarece o pai. Então, olha o relógio em seu pulso. - Bom, tenho que ir. Minha carona sai em dez minutos. Dean, cuide do Impala, certo?

Dean sorri. Ele adorava aquele carro. Secretamente, o apelidara carinhosamente de 'Baby'.

- Pode deixar, pai.

O pai se despede do primogênito. Então, se vira para o do meio e a caçula, deseja sorte com as aulas e se despede também.

Quando começa a se afastar, ele para por um instante. Se vira e diz:

- Dean, apenas... cuide bem deles, ok?

Sem ouvir a resposta, ele torna a se virar, e começa a andar normalmente pela rua, como faria um humano comum, que não caçasse demônios e histórias ambulantes, com uma mulher desaparecida e três filhos que carregavam o sobrenome amaldiçoado da família.


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