Minha Fraqueza escrita por Jinx Vengeance


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Tomei coragem de vim postar essa fic >.< Se passa no universo original, o do livro/filme. A música que acompanha a fanfic é essa: http://www.jpopsuki.tv/video/Kishidan---Omae-Dattanda/fb2ede0a43e783614ccdee5e755be611 Quem tiver interesse é só copiar e colar em outra guia. Vamos à leitura? Ignorem os eventuais erros ;u; Estou tentando arrumar a formatação do texto para que fique mais apresentável. Eu visei e foquei bastante nos sentimentos do Cato.
Enjoy!



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Minha Fraqueza

Por J. Vengeance

Capítulo Único

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Você está ao meu lado

Você está sorrindo

Você parece feliz

Eu também sorrio

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Eu ainda consigo me lembrar de seu sorriso, do seu verdadeiro sorriso. Só de recordar isso, uma sensação reconfortante me atinge. Ainda me lembro de quando nos conhecemos, afinal, como poderia esquecer? Praticamente via essa cena se repetir quase todas as noites antes de fechar os olhos e dormir. Eu sempre sorria sem querer pensando nisso. Incrível a forma em que me trazia paz. Só você conseguia esse feito.

Éramos apenas duas crianças inconsequentes que se tornaram amigas pelo interesse alheio, que não sabiam o que o futuro reservava. Pelo menos você aparentava não saber. Ás vezes me pergunto o que e onde eu poderia ter mudado para termos conseguido alcançar a verdadeira felicidade. Porque eu sabia. Sabia onde tudo aquilo ia acabar, da forma mais dolorosa possível, mas eu tentava me convencer do contrário. Mas era difícil negar a verdade quando essa está estampada em sua face.

Eu sabia que você percebia a preocupação no meu olhar. E eu me martirizo até hoje por te deixado aflita com meu pensamentos, naquela época. Nós éramos jovens, tínhamos que aproveitar o tempo restante. Porque parecia que o tique-taque do relógio se fazia presente de propósito, confirmando que o tempo estava passando. Que o tempo estava acabando. Porque ele era limitado para nós, infelizmente.

Todo dia eu sentia culpa, a consciência pesada. Por quê, eu não sabia exatamente, mas esse sentimento nunca me abandonava. A não ser quando você sorria. Seu sorriso fazia com que todo o fardo que eu carregava me desse uma folga. E então eu retribuía, por que era a coisa certa a fazer, e a mais sensata, afinal, tem como não fazê-lo diante de si?

Mas as coisas mudaram.

As responsabilidades bateram a nossa porta.

E eu e você tínhamos deveres a cumprir.

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Você era inocente

Você era gentil

Você chorava às vezes

Eu me preocupava

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Tinha dias que eu me perguntava se você era mesmo real, quer dizer, você me fazia tão bem. Tão em casa. Com certeza se a palavra 'lar' fosse uma pessoa, esta seria você. E outra certeza que eu tinha era que o sentimento era recíproco.

Os anos passaram em um estalar de dedos e inconscientemente uma barreira fora construída entre nós. Uma que requeria muito esforço para se quebrar e ultrapassar, que nos impedia de fazer e falar sobre assuntos que considerávamos normais antes de tudo. Então ficamos por isso, na comodidade e com aquele clima estranho pairando sobre nós, como se fossemos completos estranhos que eram forçados a terem uma relação saudável e estável, mas com a sensação mútua de desconforto. Como se não nos reconhecêssemos mais. As coisas não eram mais as mesmas. Talvez nunca mais seriam.

Desde criança, você sempre foi muito influenciada, principalmente por sua família. Não era aquele tipo de influência boa, aquela que não temos escolha de carregar por conviver com nossos semelhantes, mas uma influência ingênua e um tanto perigosa. Você podia se comparar a uma tela em branco que poderia ser colorida pelas cores de qualquer um, uma massa que pudesse ser modelado por quem bem entender. Mas como você sempre esteve comigo, nunca mudei esse seu jeito e me arrependo muito, porque eu era ciente que isso poderia se tornar um defeito monstruoso tempos depois. Mas do mesmo jeito não fiz nada.

E mesmo eu não querendo acreditar, mesmo negando veemente, o que eu mais temia se concretizou. Você ficou diferente. Eles te transformaram, fizeram uma espécie de lavagem cerebral, porque você se esqueceu de todos os seus objetivos e de suas metas, de suas convicções e de suas críticas. Você se deixou transformar e eu te odiei. Também me odiei por não ter impedido, por não ter percebido antes, porque tinha minhas próprias batalhas internas para lutar e me esqueci de quase tudo que estava a minha volta. Você, que sempre foi tão inocente e gentil, aquela garotinha que sempre tinha um sorriso no rosto, estava diferente. Você mudou. Então, eu me deixei levar. Me rendi. Deixei-me mudar para ficar com você, para ficar ao seu lado, mesmo depois de tudo.

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Naquele tempo que eu era mais forte que todos

Minha única fraqueza

Era você

Era você

Foi você

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Não lembro quando minhas perspectivas e valores mudaram, mas me dei conta quando estávamos lá, nos Jogos. A contagem regressiva ecoando nos meus ouvidos surdos, onde eu só ouvia o meu coração descompassado bombeando sangue para o resto do corpo. Meus músculos estavam tensionados, meu olhar focado e uma parte esquecida de mim, o meu eu antigo, estava encolhido no fundo da minha alma, com medo, temendo por mim mesmo... E por você.

Pela minha visão periférica, conseguia vê-la, seu rabo de cavalo negro esvoaçando com o vento que trazia o delicioso e mortal cheiro de pinheiros. Estava confiante e com um olhar feroz, poderia até ser considerado sanguinário, totalmente diferente da pessoa que conheci anos atrás. Aposto que você desistiu de lutar contra tudo e se entregou a esse modo de vida e a esse sistema opressor, ao contrário de mim. Mesmo não parecendo, eu ainda estava tentando, arranjando um jeito de mudar essa realidade deturpada. Para quê Jogos? Qual a sua finalidade? Por que temos que sofrer tanto?

Mas, por ora, eu tinha que me concentrar. Estávamos finalmente lá, o evento pelo qual sacrificamos tanto - parte de nossa infância, consequentemente nossa inocência e toda a juventude - e eu não iria vacilar agora, meu único pensamento era viver. Eu tinha confiança em mim mesmo, eu era forte. Mais forte que todos, mais poderoso que todos, eu poderia vencer sem problemas, mas a questão não era essa, exatamente. Era sobreviver áquela carnificina, mas levar você junto comigo. Por que não haveria sentido viver sem a pessoa que sempre me lembrou que sou tão humano quanto qualquer um. Que tenho sentimentos, que não sou composto por apenas esse manto superficial em que fui obrigado a me esconder, uma perfeita máquina de matar. Não haveria sentido viver sem você, a minha única fraqueza.

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Eu quero te ver

Superando a noite

Superando a raiva

Eu quero te ver agora

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Andando sozinho pela penumbra da floresta da morte, pensava no possível futuro que poderíamos ter juntos. Seria uma possibilidade alcançar a felicidade novamente após tudo isso? Pelo o que ouvi meus familiares comentando, ninguém que vai e luta nos Jogos Vorazes volta completamente são. Surtos, pesadelos, fobias irracionais. Questiono-me o que Panem ganha fazendo com que seus queridos 'vitoriosos' fiquem loucos a esse ponto. Pela televisão tudo parece tão surreal. Ganhar os Jogos parece ser uma honra de extrema grandiosidade, mas será que tudo isso vale a pena para ficar o resto de nossas vidas temendo o inexistente?

Eu não sei. Eu não sei.

Pelo o que dizia o anúncio do locutor espalhafatoso Claudius Templesmith há alguns dias, dois tributos poderiam vencer esta edição, desde que viessem do mesmo distrito. Não acreditei nessa possibilidade, não podia ser real, eram bom de mais para ser verdade. Me devolveu um sentimento que pensei ter perdido há tempos, me fez crer que tudo que fomos obrigados a fazer poderia valer a pena. Me trouxe de volta a droga da esperança, me fez perceber que talvez, nem tudo estivesse perdido, afinal.

Eu, como qualquer um nascido em um distrito carreirista, fui criado para vencer e trazer toda glória e fortuna para meu distrito. Honra, fama, prestígio.

Poder.

Eu não tive escolhas, não tive opções, apenas segui as regras impostas, mesmo relutando muito em meu interior. Mas, pergunto-me, porquê? Virei um ser arrogante, convencido e intimidador para essa finalidade fútil e frívola? Será mesmo que minha opinião não conta? Mas, por agora, tenho que deixar esses pensamentos de lado e agarrar-me a esse fiapo de esperança e acreditar que essa realidade vivida por mim possa, de alguma maneira, ser alterada. Quero acreditar que poderíamos, eu e você, superar tudo isso.

Perdi a linha de raciocínio quando ouvi gritos. Repentinamente, os tordos, em um raio de cerca de cem metros, saíram voando das copas das árvores que repousavam, assustados. Alguém gritava de uma forma grotesca e gutural como se fosse a última vez, como se a sua vida dependesse daquilo. Logo me dei conta o que a pessoa gritava. O meu nome.

Cato.

Cato.

Cato?

Seus gritos, sua voz... Cada vez mais distante.

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Você era o orgulho de todos,

Porque você era tudo para mim.

Porém, acostumou-se a mentir,

E eu te protegerei, das suas mentiras

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Cheguei tarde demais.

Vi seu sangue jorrando da ferida aberta na cabeça.

Peguei seu corpo ainda quente, mas inerte.

Observei com atenção seus olhos abertos, vazios e escuros.

Ouvi o canhão soando, confirmando a pior de minhas hipóteses.

Gritei. Permiti-me chorar. Deixei aquela máscara de indiferença e frieza que carrego por longos e árduos anos cair por alguns instantes.

Por quê?

É para isso que nascemos? É para isso que treinamos? É para isso que fomos feitos, para sofrer?

Antes, o que era uma dúvida, agora é uma certeza. Minha existência é uma questão sem resposta.

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Agora, olhe para o amanhecer,

Ah, é o cheiro do óleo e do brilho da luz da manhã,

Estava sozinho de baixo da sombra do sol que estava alto no céu

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A vingança não contribui em nada, não melhora nada. Eu sei disso porque mesmo depois de matar Thresh, o assassino de Clove, não me senti melhor. O efeito foi o contrário, me senti mais sujo. Olhei para as minhas mãos, viscosas e banhadas da cor carmesim; sangue seco entornava as minhas unhas irregulares, resultado das noites mal dormidas de angústia e ansiedade da sensação de morte iminente. Eu era melhor que alguém ali? Thresh era realmente a causa do meu sofrimento? A minha raiva era mesmo direcionada a ele, ou para outra coisa?

Todos nós entramos naquela arena com um objetivo em mente: vencer. Havia aqueles que tinham poucas esperanças, de fato, mas outros tinham desejo e determinação de não desistirem, de voltarem para casa. Éramos apenas crianças, jovens sem escolhas. Os Jogos foram criados para colocarem os distritos uns contra os outros, para que fiquemos competitivos e desunidos, para que não enxerguemos a verdade por trás de toda essa falsa paz e alienação. O verdadeiro inimigo, a Capital.

Depois da chuva escabrosa que se seguiu durante o meu combate, finalmente amanhece. Só quando o sol banha a minha pele, percebo o quanto estou ferido. Não sinto nada devido a adrenalina que ainda corre em minha veias, anestesiando toda a dor. Aquele calor me aquece de uma forma inimaginável, mas de uma maneira falsa. Tudo isso aqui é falso. Esse sol majestoso, as estrelas encantadoras que aparecem no céu límpido durante a noite, o modo como vivemos. Tudo uma tremenda farsa.

Me sinto imundo por isso. Por tudo isso que me assola. Porque Thresh não tinha uma opção concreta. Era ela ou ele. Era matar ou morrer. Mas mesmo assim não consigo perdoá-lo, ainda o odeio. Mas me odeio ainda mais porque me deixei levar por toda essa ilusão. Ainda há motivos para viver? Ainda há motivos para lutar? A resposta para mim é não. Mas não quer dizer que outra pessoa não vá.

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Naquele tempo que eu era mais forte que todos

Minha única fraqueza

Era você

Era você

Foi você

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Dos vinte e quatro jovens que entraram com vida nesta maldita arena, apenas quatro restam de pé. Eu; mais a garota ruiva com cara de raposa chamada Finch e Katniss e Peeta, os amantes desafortunados. Distrito 2, 5 e 12 torcendo por seus respectivos tributos, famílias rezando para que seus filhos voltem com vida, não em caixões de madeira de quinta categoria.

Reta final.

Mesmo eu sendo um carreirista, alguém que deve ser frio e inexpressivo, sinto meu coração apertar. Não ligo mais para o que devo ser ou o que devo fazer, minha aparência diante das pessoas que me assistem e das câmeras ou das atitudes irracionais que não condizem com a minha denominação. Meus preceitos mudaram quando Clove morreu. Talvez já estivessem alterados e eu nem percebi, mas agora não faz diferença.

Lembro-me vagamente de todos aqueles jovens, os meus concorrentes. Uns mais, outros menos. A garota sardenta do Distrito 7. O garoto gigante, que andava mancando, do Distrito 10, mais o garoto inteligente e sagaz do Distrito 3, quais ambos matei com as minhas próprias mãos. A garotinha franzina que gostava de assobiar, do Distrito 11. Eles estão tão vivos em minha memória que fica difícil acreditar que estão realmente mortos. É um tanto desanimador e depressivo.

Desde muito tempo de quando eu, fascinado e ao mesmo tempo horrorizado, ainda assistia os Jogos pela televisão lá em casa, percebi que há uma fase em os tributos que foram capazes de sobreviver um tempo considerável, entram em uma espécie de torpor. Isso acontece, normalmente, no ápice da competição, nas parte em que as emoções estão mais transparentes, os nervos á flor da pele.

Eles se arrependem de ter matado.

Questionam suas próprias vidas.

Repensam suas escolha precipitadas.

Reprovam alguns atos passados.

Ás vezes, tenho a vontade enlouquecedora de rir descontroladamente e ao mesmo tempo chorar compulsivamente. Nem dá para contar nos dedos de quantas vezes tive anseio de fazer isso desde que entrei aqui. Não sei o que está acontecendo comigo. De alguma forma, não estou mais me reconhecendo. Não sei o que fazer.

Um pouco distraído, me exalto quando um tiro de canhão ecoa pela floresta na parte da tarde e logo percebo que restam três, apenas. Eu e os amantes, sem dúvidas.

Há algumas semanas, tinha certeza que esses Jogos seriam brincadeira de criança, que todo o treinamento que tive iria ser mais que suficiente para enfrentar tudo isso.

Mas não foi bem assim.

Ninguém nunca me disse nada sobre essa sensação, a de morrer. Porque é assim que me sinto. Morto, sem vida, sem propósitos.

Agora não me sinto ou aparento estar tão forte como antes.

A pergunta que não quer calar é: O que me resta?

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Seguro você estava

Você estava

Você estava

Você estava

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Estou ofegante e sangrando muito.

Não me sinto bem.

Não me sinto eu mesmo.

Não me sinto são.

O que aconteceu comigo?

Minha roupa por baixo dessa espécie de armadura que estou vestindo está ensopada de suor. Os rosnados e grunhidos dos bestantes abaixo de mim estão me deixando atordoado e temendo o que está por vir. Logo após me dou conta que tenho companhia além daqueles monstros tão semelhantes aos tributos que conheci.

Isso me deixa mais confuso do que já estou. Será mesmo mais uma obra da minha mente não tão lúcida ou isso é realmente real? Durante os últimos dias tenho vendo coisas que não existem. Ouvindo sussurros e lamentos. Meu subconsciente pregando-me peças, como se eu tivesse sido ferroado novamente pelas teleguiadas. Esses animais são tão familiares. Esses olhos, as expressões. Deus, será mesmo que eu enlouqueci?

Desvio minha atenção daqueles seres e vejo que os amantes desafortunados estão no mesmo estado que eu, tentando recuperar o fôlego da corrida que fizemos até aqui, acima da Cornucópia, e talvez questionando a existência daquelas criaturas intrigantes.

Antes que eu perca a oportunidade, parto para cima dos dois, porque é o certo a fazer. É o que todo mundo quer ver.

Vou para cima de Katniss e jogo o seu arco, que pende na beirada do grande chifre onde estamos. Tento acertá-la com minha espada e quando fico cansado de golpear o ar, apenas a empurro e direciono minhas mãos a sua garganta. Ela esperneia enquanto a aperto tentando asfixia-la com todas as forças que me restam, com os sons aterrorizantes e animalescos dos bestantes ao fundo dramatizando ainda mais a cena para quem estava assistindo-nos.

Logo Peeta, o qual tratei de empurrar no processo para chegar até a garota em chamas, me agarra por trás e então foco minha atenção nele. Ele me acerta alguns socos, alternando entre meu maxilar e a boca do meu estômago, se aproveitando que está encima de mim, deixando-me mais zonzo do que já estava. Logo viro o jogo ao meu favor e agora sou eu quem está por cima. Levanto-me rapidamente e o ergo, com meus braços em volta de seu pescoço, minhas mãos prontas para virá-lo e quebrá-lo, do mesmo modo que matei aquele pivete do Distrito 3. Katniss está a posto novamente com seu arco e flecha, mirando em nós.

Percebo que não há saída. Então era esse o meu destino glorioso, no final de contas? Acabo sorrindo com escárnio. Me dou conta que estamos na extremidade da Cornucópia e então digo, provocando, segurando o pescoço do Conquistador com mais força:

– Atire. Vai, atire. Então nós dois caímos e você não ganha.

A respiração do garoto a minha frente está ofegante e os olhos de Katniss se arregalam.

– Vamos - digo, com a voz embargada por causa do sangue amargo que sobe pela minha garganta em direção a minha boca, fazendo com que eu fale de uma maneira embolada e arrastada - Eu já estou morto mesmo. Eu sempre estive, né? Mas eu só descobri isso agora.

Era verdade. Estou completamente fora de mim. Estou praticamente morto, mas meu corpo sequer me obedece e ainda reluta em desistir. Peeta Mellark finca as unhas curtas nos meus ante braços para que eu afrouxe a aperto, mas não cedo.

– Há, não era isso que vocês queriam? - grito erguendo os olhos para o céu, mais precisamente para todos os nossos telespectadores. Solto mais uma gargalhada maquiavélica, onde até os meus ouvidos insanos compreendem que não há volta para as condições que me encontro - Eu... Eu ainda posso fazer isso... Eu ainda posso... Ainda posso matar mais um.

Não há mais volta.

Preciso fazer isso.

Não há mais nada e nem ninguém que podem me fazer voltar ao o que era antes.

Parabéns á Capital, pois conseguiram o que queriam. Conseguiram aquilo que me fez lutar contra com tanto afinco.

Me fizeram perder Clove.

Me fizeram perder minha essência, uma das poucas coisas quais não abriria mão de forma alguma.

Eu me perdi.

– Afinal, é só isso que consigo fazer, não é? Ser um orgulho para o meu distrito - continuo a falar, fitando a garota em chamas hesitando, indecisa - Não vai fazer diferença.

Antes mesmo que eu termine a última frase, sinto uma dor aguda na mão direita e percebo que Katniss atirou uma flecha ali. Com o reflexo, acabo soltando Peeta do aperto, que agilmente me chuta na região das costelas, me fazendo perder o equilíbrio e cair.

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Eu quero te ver

Mas não posso

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Quando atinjo o chão nem tenho tempo para reclamar pelo impacto, pois os bestantes logo me atacam, excitados pelo cheiro de sangue fresco que emana de meu corpo. A dor começa a me dilacerar, a cada mordida parece piorar. Será que esse é o meu castigo por todos os meus pecados? Será que ter levado Clove de mim não foi o suficiente? Será que preciso passar por mais sofrimento até partir para o 'outro lado', se é que é mesmo verdade que existe vida após a morte?

Por entre aqueles monstros, consigo ver Katniss Everdeen e Peeta Mellark me observando de cima da Cornucópia. Seus olhares ternos entre si se revezam com as expressões horrorizadas quando me fitam. Eles ainda tem um ao outro. Talvez eu tenha mesmo que aceitar que perdi e me juntar a Clove. Suplico.

"Por favor"

Praguejo mentalmente por ter falado tão baixo, não sei se fui claro o suficiente e não tenho forças para repetir, mas então vejo a garota tirar a última flecha da aljava e a posicionar no arco. Fecho os olhos tentando ignorar a dor e os barulhos externos e uma fração de segundo depois tudo se silencia.

Tudo para. Dor, sofrimento, culpa.

Parece que o fardo que carreguei por todos esses anos desaparece. Como se nunca tivesse existido. Tudo parece ficar mais leve, aquele clima de tensão se dissipa e me sinto renovado, com mais disposição do que me lembro.

Pela primeira vez sinto a sensação de estar livre. Livre das responsabilidades, dos deveres, das amarras que a sociedade e minha família impuseram para que eu fosse perfeito. É inebriante. Me dá uma certa nostalgia dos velhos tempos, mais precisamente de uma certa pessoa. Reprimo um sorriso que sem minha permissão surge nos meus lábios. O mesmo sorriso que eu sem querer deixava escapar, quando era criança, pensando em um certo alguém antes de dormir.

Paro de tentar esconder o sorriso e meus músculos relaxam por causa desse pequeno gesto.

Acho que agora posso afirmar que sou verdadeiramente forte.

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Era você


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Notas finais do capítulo

Explicações adicionais:
Para quem ficou um tanto perdido ou achou que as informações ficaram muito implícitas no texto, explicarei. Quando escrevi essa fic, imaginei que Cato e Clove se conheceram quando crianças, por insistência de suas respectivas famílias. O destino deles já estavam marcados, eles iriam aos Jogos juntos quando completassem 16 anos, independente de suas escolhas pessoais. E, com o passar do tempo, Cato se apaixonou, mas nunca soube se era correspondido. Clove, com o os anos, aceitou seu destino e começou a se esforçar para ganhar, esqueceu de sua 'essência', ao contrário de seu companheiro de distrito.
Para quem prestou atenção, viram que eu juntei o filme e o livro, não? A morte de Clove foi como descrita no livro, com Thresh portando uma pedra, mas a de Cato foi como o do filme. Só quis esclarecer 'u'
Quanto á música, quem teve interesse foi lá e escutou, perceberam que é japonesa, não é? Tentei ao máximo traduzi-la para por na fic, mas a tradução não está 100% confiável, então desculpem. Fui em vários sites e até pedi ajuda para a minha mama, mas esse foi o máximo que pude fazer.
Wow, essa foi a nota mais comprida que já escrevi. Enfim, quero saber a opinião de vocês. Gostaram, detestaram, críticas, podem me mandar uma review.
Beijos e até mais.



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