Sozinho escrita por Tornsalker


Capítulo 2
Capítulo 1




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Meu psicólogo me pediu para ter paciência, pois tudo se resolveria. Como poderia me conter? Eu amava muito minha esposa. Ainda a amo. Perdi ela há alguns meses em um acidente aéreo. Ela estaria de volta, depois de quase duas semanas inteiras longe de mim e nossa filha.

Fui buscá-la no aeroporto quando ela me ligou e disse que chegaria em cerca de duas horas. O avião dela nunca chegou a voltar. Esperei horas, chegavam novos passageiros, centenas de pessoas andavam de um lado para outro, impacientes esperando seus voos, ou aguardando alguém.

Eu olhava para todos os lugares, observava minha pequena princesa, minha filha, andando impaciente pelo aeroporto à espera da mãe.

Tentei ligar para ela, mas não obtive sucesso, então minha filha se aproximou de mim.

–Papai, podemos passear depois? - Perguntou ela, animada - Quero comprar um presente para a mamãe.

–Claro que podemos, querida - Respondi cativado pela ideia de minha filha - Bem, a mamãe está demorando para chegar. Nós podemos ir agora mesmo e voltar em seguida.

Ela me puxou pelo braço, correndo em direção à saída

–O que você acha que a mamãe vai gostar? - Perguntei, seguindo-a

–Mamãe gosta de livros. Quero dar um à ela.

Quando chegamos à livraria, avistei estantes e mais estantes repletas de livros de todos os gêneros. Estava bisbilhotando a seção adulta procurando por algo que pudesse interessar minha esposa quando minha filha me mostrou um livro com o título um tanto obsceno.

–Olha pai, que nome estranho. O que quer dizer isso?

–Nada - Respondi, constrangido - Lá tem mais livros que a mamãe pode gostar - Apontei para outra estante a uns cinco metros de distância, onde podia-se ler "Romance"

–Mamãe gosta de coisas estranhas. Ela me contou que as vezes você age de modo estranho.

–Estranho como? - Perguntei, mas Esther já estava correndo em direção à outros livros.

Minutos mais tarde Esther voltou segurando em sua mão o que eu distingui ser um diário e me arrastou até o balcão para pagar.

Quando estávamos de volta ao carro, decidi tentar ligar novamente para minha esposa e procurar saber se estava chegando.

Liguei. O celular estava desligado. Tinha me esquecido desse detalhe. Helena não embarcava com seu celular ligado. Fui direto para casa. Esther adormeceu no banco traseiro.

Quando estávamos chegando, observei, no fim da rua, minha casa. Havia uma movimentação na casa do vizinho. Estava vendendo suas velharias.

Estacionei o carro na garagem e caminhei alguns metros até a casa de Cody, o cara alto, com barba por fazer, porém, musculoso e bonito.

–Ei, Cody! O que tem aí pra vender?

–Cara, é melhor correr, o estoque está acabando! - Exclamou ele, animado pelo ótimo dia de vendas - Guardei algo que possa te interessar - Cody era meu amigo, sempre sabia o que podia me interessar, assim como Helena. Conheci ela graças à ele.

Ele me levou para a sala de estar, já longe da movimentação em frente sua casa. Seu cachorro correu para cima de mim abanando a cauda e tentando me lamber. Era um tanto grande e desajeitado, assim como seu dono.

Cody me deixou esperando ali no meio da sala e subiu as escadarias para seu quarto. Voltou carregando algo parecido com uma caixa, mas era pequeno. um radioamador.

–Eu sabia que você estava querendo um - concluiu ele - Então, como eu tenho um e não uso para nada, é seu.

–Eu não sei nem o que dizer - E eu não sabia mesmo - Muito obrigado, cara. Quanto custa?

–Nada. É um presentinho para você.

Ele voltou para as vendas em frente sua casa e eu fui atrás logo em seguida. Dei uma olhada nas outras coisas. Não havia nada que me chamasse a atenção. Voltei para casa e minha filha já havia acordado. Estava no sofá passando os canais, com cara entediada. Foi quando eu ouvi um pequeno pedaço de uma frase em um telejornal.

–O acidente com o avi... - Não pude ouvir o resto pois Esther mudara de canal.

–Volte ali, por favor - Ela apertou o botão do controle remoto.

–...o avião caiu hoje cerca de onze horas da manhã e acaba de ser encontrado. A polícia ainda está avaliando o caso e podem ser liberadas mais informações a qualquer momento - Disse a jornalista

Fiquei preocupado de início, mas sabia que não poderia ser o mesmo avião de minha esposa. Não podia ser.

Já eram quatro horas da tarde. Recebi uma ligação que fez meu mundo desabar. Era a confirmação. O avião de minha esposa explodiu e houveram apenas treze sobreviventes.


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