Imagine escrita por EuSemideus


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Esse eh pro Dudu, o meu Nico.



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Imagine

"Imaginação

*

Imaginar

*

Alguns dizem que é um dom

Algo, digamos, bom

Mas eu digo que não

Pra mim, imaginar é uma maldição

*

Ela te faz fugir

Da realidade"má"

Mas um dia você vai ter que sair

E a realidade encarar

*

Até digo que

*

Coisas boas existem

Na minha imaginação

Penso que são reais

Mas lembro que não

*

Para, talvez, para de sofrer

Tento parar de imaginar

Mas isso não vai funcionar

*

Então imagino

Imagino um lugar

Onde não precise mais

Imaginar"

Nico leu a poesia no mural e pensou se o autor tinha o mesmo problema que ele, imaginar demais.

Ele ouviu o sinal tocar e os alunos entraram na escola em disparada. Nico colocou o capuz de seu casaco, não gostava de ser visto ou reconhecido, por isso entrava pelos fundos da escola, para que ninguém o visse.

Ele andou até sua aula, história. Sentou-se, como sempre, no fundo da sala, isolado da turma. O capuz cobria seu rosto, se alguém olhasse em direção ao seu rosto, só veria seus olhos, que era negros o bastante para assustar essa pessoa.

Nico nem se deu ao trabalho de prestar atenção na aula, só precisava de média, nada mais.

Ele pensava no poema.

"Imaginar

Alguns dizem que é um dom

Algo, digamos, bom

Mas eu digo que não

Pra mim, imaginar é uma maldição"

Para Nico a imaginação no início parecia uma salvação. Depois que perdeu sua irmã Bianca, sua única amiga, sua mãe entrou em depressão e seu pai mergulho de vez no trabalho. Seu refúgio era sua mente, era lá que ele criava momentos bons, que ele criava amigos que não existiam ou que nem sabiam que ele existia.

No início era bom, reconfortante. Mas depois ele percebeu que quando o que ele imaginava não se concretizava, a dor era duas vezes maior. Mas já era tarde demais, ele não conseguia parar.

Tudo piorou quandoelaapareceu. Ele se apaixonara porelamuito rapidamente, coisa que nunca pensara que fosse capaz, mas ela era incansável.

"Ela te faz fugir Da realidade "má"

Mas um dia você vai ter que sair

E a realidade encarar "

A partir desse dia ela sempre esteve em sua imaginação. Criando momentos impossíveis, que se mostravam absurdamente doloridos quando ele a via com seu namorado.

A pior fase foi quando eles terminaram. Nico imaginava milhões de maneiras de declarar seu amor a ela, mas nunca conseguia dizer nada. Seu sub consciente o parava dizendo "Você vai ser feito de bobo, como tudo que você já imaginou, isso não ai se realizar".

Nico ouviu o sinal tocar. Ele se levantou e saiu da sala sem dizer nada. Não assistiria a próxima aula, não queria encontrar comela.

Mas isso não deu muito certo. No corredor, enquanto ia para seu refúgio, passou porela. Se não tivesse se escondido mais em seu capuz e virado o rosto, perceberia o olhar que ela lhe lançara. Mas assim tinha sido melhor, menos uma coisa para ele imaginar o significado.

Nico andou até as arquibancadas, ele atravessou todos elas e sentou debaixo da última. Se fosse qualquer outra, encontraria um casal se pegando, mas não naquela. Aquele era a única das arquibancadas antigas que tinha sobrado depois da reforma da escola. Todos tinham medo de ir até ali, pois pensavam que ela cairia a qualquer momento, mas Nico não se importava muito. Ela aprecia estar bem firme e se por acaso caísse, faria um favor a ele.

Assim que Nico encostou a cabeça no ferro de sustentação ele ouviu um choro. Droga. Alguém tinha descoberto seu esconderijo. Ele rapidamente se levantou e já estava indo embora quando ouviu um:

– Nico?

A voz era chorosa, mas eradelasem dúvida. Como podia? Desde quando ela sabia seu nome? Por que ela chorava?

Nico se virou de cabeça abaixa. Ela se aproximou limpado os olhos, eles estavam vermelhos e seu rosto inchado.

– Seu nome é Nico, não é? - ele não respondeu nada, mas ela tomou isso como um "sim" - Eu sou Thalia Grace.

Nico levantou a cabeça e olhou nos olhos azuis da garota. Mas ela ao contrário dos outros não estremeceu e desviou os olhos, ela só o encarou

– Sei quem você é - ele disse.

Thalia sorriu.

– Nunca tinha ouvido sua voz - ela disse indo para o seu lado.

Nico assentiu. Era possível. Ele quase não falava. Era incrível o fato de estar realmente falando com ela.

– Por que estava chorando? - ele perguntou tomando coragem.

Thalia suspirou.

– As coisas não tem ido muito bem ultimamente - ela admitiu dando uma risada pelo nariz - Nem sei porque vou te contar isso, já que não contei nem mesmo para minha melhor amiga.

"Me apaixonei por um garoto algum tempo atrás, logo depois que terminei com Luke, meu ex-namorado. Mas ele não fala comigo, quando chego perto ele vira o rosto, como se não quisesse me ver. Não sei porque ele me odeia. As vezes imagino que um dia ele vai vir falar comigo, mas isso nunca vai acontecer . Então, para talvez, parar de sofrer/Tento parar de imaginar/Mas isso não vai funcionar."

– Você leu o poema - ele disse simplesmente.

Não sabia o que dizer de todo resto. Saber que ela estava apaixonada por outro lhe doía ainda mais o coração.

– Na verdade fui eu que escrevi - ela disse abrindo um pequeno sorriso.

Nico se surpreendeu. Será que ela sentia tudo aquilo? Será que era capaz de entende-lo?

– Mas, esse garoto, não sabe do que você sente? - ele perguntou tentado saber mais.

Thalia riu. Aquele som era música para os ouvidos de Nico.

– Acho que até hoje ele nem sabia meu nome - ela disse.

– Até hoje? - ele indagou.

– É - ela disse se aproximando - Hoje ele me viu chorar e perguntou o por quê. Meio irônico não?

Não era possível! Não podia ser ele! Podia?

– É? - ele perguntou vendo até onde aquilo iria.

– É - ela disse se aproximando e olhando para cima para olhar em seus olhos, afinal Nico era, pelo menos, dez centímetros maior que ela - Eu fiquei imaginando se ele iria tirar o capuz, me abraçar, me beijar e dizer que me ama como eu o amo.

Nico sorriu quando sentiu ela abaixar o capuz, mas logo voltou a ficar sério. Ela o olhou e suspirou. Nico passou um braço pelo cintura e o outro por suas costas a trazendo para mais perto de si. Sensação do corpo dela contra a dele era ótima.

– Assim?- ele perguntou.

Thalia assentiu.

– Assim.

Nico sorriu. Ele estava ciente que era a primeira vez que alguém o via sorrir verdadeiramente em anos, mas não se importava. Lentamente se aproximou e a beijou. Ele sentia o corpo dela em seus braços, a boca dela contra a sua. Ele sentiu as mãos dela em seus cabelos e aprofundou o beijo. Ela acariciava seu coro cabeludo e Nico sorriu entre o beijo. Quando se separaram, Nico falou ao pé do ouvido dela :

– Eu te amo .

Thalia sorriu.

– Eu também te amo - ela disse e o puxou para outro beijo.

"Então imagino

Imagino um lugar

Onde não precise mais

Imaginar"


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Notas finais do capítulo

Eh, ta meio meio estranha, mas ok! Deixem reviews! Se gostarem favoritem! Bjs, até EuSemideus