_Meu aniversário... -murmurei quando levantei-me de minha cama.

Eu havia completado nesse dia 18 anos. Senti-me um pouco animada, mas infelizmente minha animação durou pouco tempo, já que lembrei-me que tinha aula. Meu professor Draco Malfoy iria contar provavelmente a coordenação da escola o bullying que eu estava sofrendo. Se minha classe ficasse ciente disto iriam com certeza sentir mais raiva de mim. Olhei para o relógio que marcava 6:20 e normalmente era nesse horário que eu me vestia para ir ao colégio. Abri a janela do meu quarto e observei meu jardim iluminado pelo sol (moro em uma residência.) com uma expressão pensativa cravada em meu rosto.

_Não vou para a escola hoje. - decidi. - Não tenho nenhuma falta. Posso muito bem mentir para a escola alegando que estou doente.

Senti-me covarde por tomar essa atitude. Mas eu nunca quis contar a escola sobre o que estava acontecendo. Essa decisão foi tomada pelo meu professor Draco Malfoy. Mas por um lado, eu não deveria ter concordado com ele.

Bom, minha decisão já estava tomada. Dei levemente de ombros e voltei a me deitar na cama acompanhada de meu celular, fone de ouvidos e um pouco de música.

❃❃❃

Quase no final da tarde, enquanto eu estava jantando o meu celular tocou. Fui atende-lo mas antes olhei para a tela para saber de quem era o número.

_Estranho, não sei de quem é esse número. - murmurei atendendo o celular. - Alô? - perguntei

"Olá, estou falando com a senhorita Granger?" - perguntou uma voz conhecida do outro lado.

_Sim sou eu. - confirmei. - Quem fala, por favor?

"Aqui quem fala é seu professor Draco Malfoy. Posso saber por que você não veio a aula hoje?" - perguntou ele com um tom de repreensão.

_Eu tive medo de ir a escola e... espera, como você conseguiu meu número?– perguntei me auto-interrompendo.

"Professores tem acesso a dados dos alunos." - respondeu ele com um tom de quem pede desculpas. - "E eu precisava saber se você estava bem... olha, eu posso passar aí para entregar-te as lições de hoje?"

Meu rosto corou e eu nem ao menos sabia o motivo.

_P-pode... - respondi com a voz trêmula. - Conseguiu meu endereço do mesmo modo que conseguiu meu telefone?

"Garota esperta. - disse-me ele, encerrando a chamada em seguida.

❃❃❃

A campainha estava tocando e fui rapidamente atende-la. Havia colocado meu melhor vestido cor-turquesa. Na mesa da cozinha havia chá quente de hortelã e dois pratos cada um contendo um pedaço de bolo que eu mesma tinha feito.

_Cheguei muito atrasado? - perguntou Draco Malfoy quando abri a porta para ele.

_Não, imagina. - falei educadamente. Na realidade ele estava meia hora atrasado, mas eu não precisava falar.

_Onde posso deixar suas tarefas escolares?– perguntou ele apontando para uma bolsa preta que ele segurava em uma de suas mãos.

_Pode por em cima do sofá. -falei apontando para o sofá.

_Ok. E você se importa se eu conversar um pouco contigo? È rapidinho, prometo que não vou demorar. - disse ele colocando a bolsa no local indicado.

_C-claro... - falei. - Aliás preparei um lanche para nós dois. Eu precisava mesmo conversar...

Draco Malfoy lançou-me um sorriso gentil. Caminhou até minha direção e ficou de frente para mim fazendo meu rosto ficar bastante ruborizado. Eu torcia mentalmente para que o professor não percebesse.

_Me leve até a cozinha, então.

❃❃❃

_Está uma delícia esse bolo, senhorita Granger. - disse meu professor servindo-se de mais uma garfada.

_Obrigado. È uma receita de família. - agradeci.

_Aliás... onde estão seus pais?– perguntou ele.

_Eu só tenho meu pai e ele está viajando. - respondi. - Brigamos o tempo todo , então ele acaba saindo de casa...

_Desculpe eu não sabia disso.

Fiquei apenas em silêncio.

_Bom, vamos mudar de assunto. Sobre o que você disse no telefone. Sobre sentir medo...eu não entendi que medo é esse.

_Já que hoje você ia contar a coordenação da escola sobre o bullying...tive medo de meus colegas descobrirem e ficarem com mais raiva de mim. Apenas isso...

Draco Malfoy baixou os olhos com uma expressão pensativa. Em seguida, ele tomou um atitude que eu não esperava. O mesmo segurou minha mão fortemente.

_Senhorita Granger. Você sabe que o que falamos para a coordenação fica velado. Seus colegas jamais vão saber que eu contei sobre o bullying que estão fazendo contigo. Então não precisa se preocupar.

_Verdade?

_Verdade. Eu prometo. Tente confiar em mim, mesmo eu sendo apenas um mero desconhecido. Você não está sozinha nessa senhorita Granger. Também estou fazendo de tudo para você não sofrer mais.

Eu não entendia...eu não entendia uma coisa. Essa pergunta não se calava em meu interior eu precisava perguntar.

_Professor...

_Hm?– perguntou ele bebendo um gole do chá.

_Por que o senhor está me ajudando?

_Digamos que você além de lembrar eu no tempo de escola... também me lembra uma pessoa. - respondeu ele fixando seus olhos nos meus.

Eu o faço lembrar de alguém?

_Professor quem...

_Eu preciso ir. Está ficando tarde. Muito obrigado pelo café. -disse ele erguendo-se da cadeira. - E eu quero ver você amanhã na escola, está me ouvindo?

_O-ok,professor. Deixe eu te levar até a porta.

_Não precisa se incomodar eu sei achar o caminho. Boa noite.

Que estranho, ver o professor se afastando fazia-me sentir uma dorzinha no peito. Meu coração estava demasiado acelerado. Mas eu não entendia o motivo de tais reações.

❃❃❃

P.O.V da autora

Draco Malfoy estava sentado no ônibus indo a caminho de casa. De seus olhos lágrimas caiam e ele tentava disfarça-las olhando para a janela. Que droga! Ele não devia ter se lembrado dela . Por que de repente ela voltara aos seus pensamentos ? Sim, a sua aluna Hermione Granger lembrava fisicamente e de personalidade muito ELA. Talvez isso tivesse desencadeado tais lembranças.

"Merda" - pensava de tempos em tempos.

Tudo começara em sua escola quando Draco Malfoy tinha seus 17 anos. Ele , estudava em um colégio chamado Hogwarts. Lá era odiado pelos colegas sendo o tempo todo chamado de "filho de papai." já que o garoto realmente era o mais rico da Sonserina. As pessoas implicavam com ele nas aulas, no salão comunal. E não era só o pessoal da Sonserina que zoava dele , mas também os outros alunos das outras casas. E as implicações não eram só verbais mas físicas também, quase o tempo todo Draco era azarado por estudantes.

Mas havia apenas uma pessoa que não odiava ele e era gentil até. A garota mais inteligente da Grifinória, seus cabelos eram volumosos e ondulados, em seus braços sempre haviam pesados livros e seus olhos expressavam sabedoria. Draco Malfoy era apaixonado por essa garota. Seu nome era Cristal Wood. Infelizmente o garota não tinha coragem de confessar seu amor, já que Cristal vivia rodeada de garotas e garotos ( alguns deles faziam parte do grupo que o zoava.)

Um dia, Draco Malfoy decidiu escrever uma carta de amor para a garota. E deixou debaixo de sua mesa na sala de poções, já que logo começaria a aula. Mas o garoto fora para a aula mais cedo com a intenção de colocar a carta sem ser visto por ninguém.

No ínicio da aula Cristal sentou-se como de costume em sua mesa. Ao colocar os livros embaixo da mesa percebera a carta ali. A garota pegou-a e leu-a discretamente sem que sua amiga ao lado percebesse. Ao terminar de ler a carta seus olhos arregalaram-se e em seguida voltaram-se para Draco que rapidamente baixou sua cabeça em direção a sua própria mesa, claramente constrangido.

Mais tarde no término da aula, Draco arrumou rapidamente seu material e saiu da sala as pressas não querendo encontrar-se com Cristal. Ao andar pelos corredores seu coração palpitava de animação por ter finalmente se declarado. O que será que ela sentiu ao ler a carta? Será que seu amor seria correspondido?

Ao subir o último degrau da escadaria para sair das masmorras, Draco encontrou um grupo de garotos, todos com varinhas em suas mãos.

_E aí loiro azedo?– perguntou um deles. - Soube que tirou um "ótimo" na prova de poções. Deve estar todo se achando.

_Eu não estou me achando... - disse Malfoy com amargura.

_Ah, só está dizendo isso pois está com medo da gente. - disse o rapaz grandalhão do grupo. - Só não tiramos boas notas pois não temos dinheiro para pagar professor particular.

_EU NAO TENHO PROFESSOR PARTICULAR. - gritou Draco irritado.

_LEVICORPUS. - gritou o grandalhão fazendo Draco ficar suspenso no ar de cabeça para baixo.

_Parem! - gritou uma voz feminina. Era Cristal que estava no último degrau da escada. A garota arfava demasiadamente e seu olhar era de fúria. - Parem com isso ! Deixem ele ! Ele não fez nada de errado! Por favor!

_Não se meta, bonitinha. LEVICORPUS. - disse o grandalhão fazendo a menina ficar suspensa no ar.

_Pare... - pediu um garoto mais magricela dirigindo-se ao grandalhão. - Nós não fazemos isso com garotas. Deixe-a. Solte-a.

_SOLTE-A. - gritou Draco debatendo-se inutilmente.

_Vocês que mandaram.-disse o grandalhão quebrando o feitiço.

Infelizmente, a garota estando antes no último degrau da escada ao ser mandada forçosamente para baixo, o resultado disso fora a garota cair diversos degraus escada a baixo. A única coisa que dava-se para ouvir era o grito dela enquanto caia, em seguida um silêncio horrível seguiu-se. O grandalhão demasiado espantado com o que acontecera enfraquecera seu feitiço de Levicorpus em Draco dando a chance do garoto se auto-libertar.

Em seguida, Draco desceu correndo as escadas. E nos últimos degraus via-se Cristal caída no chão com os olhos entreabertos.

_C-cristal... - murmurou Draco ajoelhando-se ao seu lado e segurando sua mão. - Cristal, aguenta firme você vai ficar bem.

_Draco... - murmurou ela. A garota do nada estendera sua mão e segura nela havia um papel cuidadosamente dobrado.

Draco pegou o papel e abriu-o, seus olhos arregalaram-se ao ver o que estava escrito:

"Eu também te amo, Draco! Eu te achei fofo desde a primeira vez que eu te vi! Estou feliz em saber que nossos sentimentos são iguais! " - No final do papel haviam diversos corações desenhados.

_Você queria me entregar isso? - perguntou Draco.

A garota confirmou com a cabeça com bastante dificuldade.

Logo, Draco inclinou-se em direção a garota e deu-lhe um selinho que Cristal amorosamente retribuiu. Ao seu afastar de seu rosto, o garoto podia ver seus olhos sem vida olhando para o vazio, seus lábios com o formato de seu último sorriso.

_N-não... - disse Draco chorando e abraçando-a fortemente. - Não me deixe... por favor... Não me deixe! CRISTAL! CRISTAL!

Saber que ela jamais responderia... era uma tortura.

❃ ❃ ❃

_Acho que... vir para o mundo dos trouxas...não foi uma boa idéia. - disse Draco sentindo o sabor salgado de suas lágrimas.