Desculpas

Assim que o dia amanheceu, o celular de Soluço tocou, vibrando como uma maquina possuída em cima da cômoda.

 - Já estou indo, já estou... – Ele bocejou alto e se movimentou, tentando não acordar Merida.

 - Espinha de peixe, se você não desligar isso logo eu vou quebrar seu maldito celular. – A ruiva murmurou, a boca contra o travesseiro.

 - E eu vou ajudar ela. – Jack deu sinal de vida. Rapunzel ainda dormia pacificamente.

Ele agarrou seu celular com rapidez, e atendeu, esfregando o sono dos olhos. Em pouco tempo, ele já não precisava das mãos, que caíram gradativamente ate atingirem suas coxas. Enquanto ele ouvia as terríveis novidades, seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu em um esgar de horror.

Merida notou a mudança de emoção dele, que passou a concordar com a pessoa do outro lado da linha, devagar, serio.

Quando ele finalmente desligou, não podendo mais se conter, Merida se levantou em um cotovelo e perguntou o que tinha acontecido.

 - Elsa sofreu um acidente. – O moreno respondeu, tenso.

Rapunzel, que acabara de acordar, deu um pulo para longe de Jack e fora da cama, susto evidente em seu rosto. Ate Jack parecia nervoso.

 - O que? Como, quando?

 - Calma, respira. – Merida foi para o lado da amiga, as mãos segurando de leve os ombros da mais baixa.  – nós não sabemos tudo ainda, temos que ir para o hospital.

Punzie sentou de volta na cama, choque ainda evidente em sua expressão. Jack olhou pela janela e fez uma careta.

 - Temos mais um problema. – Merida olhou irritada para ele. – Estamos sem carro.

Soluço soltou um suspiro de desagrado. O que eles iam fazer agora?

 - Alguém já avisou Anna? – Rapunzel perguntou enquanto tomavam o café da manha. Soluço levantou os ombros em sinal negativo.

Foi como se uma lâmpada acendesse em cima da cabeça dos quatro.

 - Fada! – Jack, Soluço e Merida disseram ao mesmo tempo. Rapunzel corou e olhou para baixo.

Agora, Toothiana não era rancorosa, mas não é tão fácil esquecer quando alguém te amarra em um tronco de arvore. Quando Soluço falou o que tinha acontecido, porem, ela se esqueceu momentaneamente do acontecido e correu para avisar Anna, Kristoff e pedir que Coelhão tirasse o carro. Eles não tinham tempo a perder.

Á caminho do hospital Rapunzel não consegui parar de olhar na direção de Fada. Culpa mordia as bordas de sua consciência. Merida olhou para amiga, perguntando silenciosamente qual era o problema. A loira rolou os dedos juntos, avisando que depois explicaria.

Coelhão dirigia como um louco, mas seu estresse não chegava nem perto do de Anna, que já tinha roído todas as unhas, e Jack temia, os dedos seriam os próximos. Enquanto estacionavam o carro, Anna abriu a porta e saltou para fora, seguida por um Kristoff muito afobado.

Os adolescentes entraram em um rompante barulhento no hospital recebendo olhares desagradáveis da enfermeira na recepção. Quando Merida finalmente conseguiu explicar o que tinha acontecido por sobre as vozes ansiosas dos amigos, a enfermeira cerrou as sobrancelhas e contou.

 - Apenas três pessoas por vez. – Quando eles se viraram para decidir quem iria, a mulher pareceu lembrar-se de algo. – Ah, e já tem um rapaz lá. Moreno, alto...

 - Flynn. – Jack e Soluço disseram em uníssono. A decisão de quem iria primeiro era obvia e não levou muito tempo. Anna e Kristoff, junto com Merida, que parecia a mais calma no momento.

Depois que os três saíram da linha de vista, Jack perguntou se os outros queriam algo para beber e Soluço se voluntariou para ir com ele buscar os sucos e refrigerantes. Coelhão conversava com um enfermeiro no balcão, ouvindo atentamente a causa do acidente e quais eram os ferimentos. Depois ele saiu, murmurando algo sobre comprar flores para Elsa.

Antes que se dessem conta, Fada e Rapunzel estavam sozinhas e o silencio que caiu passava do constrangedor, para fisicamente doloroso.

Porem, quando Fada fez menção de se levantar, Rapunzel falou, um pouco alto de mais, a voz tremula.

 - Espera Fada. Eu queria... – Ela parou, olhando para o chão e apertando as mãos. Quando ela levantou o rosto, sua expressão era de desolação e lagrimas começavam a se formar em seus olhos verdes. Fada, que estivera olhando a garota com olhos semicerrados, os abriu de uma vez, surpresa. – Eu só queria dizer que sinto muito. Mesmo.

Fada abriu a boca, sem tentar esconder a surpresa.

 - Eu estava com tanto ciúmes de você. – Rapunzel disse, um sorriso triste se formando em seus lábios. – Quer dizer, com alguém como você por perto, Jack...

Ela parou nesse momento, se sentido mais patética por estar quase chorando e dizendo isso. Fada provavelmente iria rir dela, e ela não poderia nem culpar a garota.

Foi por isso, que quando a garota de cabelos curtos tocou seu ombro com cuidado, a loira deu um pequeno salto de susto. Fada então apertou de leve o ombro de Rapunzel para confortá-la e a olhou diretamente nos olhos.

 - Esta tudo bem. Eu também de devo desculpas por me insinuar daquele jeito.

 - Não! – Rapunzel disse, arregalando os olhos. Fada riu, fechando os olhos. – Não se preocupe Punzie. O que me diz de nos esquecermos que isso aconteceu?

Pela primeira vez desde que chegaram a loira pareceu relaxar, sorrindo grata para a morena. As duas se abraçaram, um pouco mais calmas.

Quando se separaram, Rapunzel perguntou, um sorriso travesso, que assustadoramente se parecia com o de um garoto de cabelos brancos.

 - Então, como vão as coisas com Coelhão?

Fada ficou vermelha, mas não teve tempo de responder, por que os garotos já estavam voltando e ela se limitou apenas a dar uma leve cotovelada em uma Rapunzel risonha.

Enquanto bebiam, Anna e Kristoff viam saindo, Anna de olhos vermelhos. Todos se levantaram, prontos para bombardear o casal de perguntas, mas Kristoff lhes mandou um olhar ameaçador que dizia Agora não tão claro como se ele tivesse gritado.

Merida apareceu logo depois, uma expressão seria em seu rosto delicado.

  - Estão prontos? – A ruiva perguntou. Quando todos assentiram, ela se virou. – Venham.

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