Frio Demais escrita por Mary


Capítulo 1
The Fire Princess


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira oneshot aventureira :3



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BMO quem tinha me dado a notícia. Me encontrara perto de um pequeno lago no meio da floresta ao lado do Reino Doce, e estava ofegante. Sua expressão era de assustado, e aquilo já me dizia tudo.

Algo havia acontecido com o Finn.

Segui as instruções que o robozinho havia me passado, correndo. O rastro de fogo que eu deixava afetava os seres, mas eu não conseguia me importar com nada a não ser o menino humano e no que poderia ter ocorrido com ele.

Estava começando a perder forças. Foi quando me lembre de algo: o Reino de Gelo estava próximo. Na região onde me encontrava, já era capaz de sentir o ar frio que o cercava. Sentei na grama e respirei fundo. Se ele estivesse no meu lugar, correria, procurando-me. Acho que ele nem ao menos teria parado. Afinal, era um herói. Levantei-me e voltei a andar, em busca do lugar.

O que encontrei machucou-me como uma lâmina atravessando minha barriga.

Havia um círculo com criaturas assustadas e tremendo em volta de um Rei Gelado maior e mais forte e um Jake irritado e com o rosto molhado de lágrimas – algo que eu achei que nunca veria. E o mago voou para longe ao me ver, deixando uma brisa gelada para trás.

Aproximei-me do cão lentamente, com os seres abrindo o círculo por medo a mim. Ele me olhou nos olhos e temi o que estivesse ocorrendo.

Finn estava encolhido, tentando tomar o mínimo de espaço possível. Tremendo, em seu peito estava cravada uma espada de gelo, que brilhava assustadoramente sob a luz da lua. Ajoelhei-me do seu lado e toquei a arma. Mesmo com a dor, envolvi meus dedos pelo seu punhal e a puxei. Joguei-a para longe, deixando-a cair em qualquer lugar. Não me importava. Em seu lugar, havia um buraco. A camisa dele estava suja de sangue.

Mesmo molhado pelas lágrimas, toquei seu rosto e permaneci. Ao sentir-me, Finn se remexeu.

- Quente – sua voz estava fraca.

Afastei a mão.

Vê-lo daquela maneira doía demais. Eu nunca havia imaginado que aquele humano pudesse por um momento sequer ser frágil, ou chorar tanto que seus olhos estivessem expostos apenas por uma pequena fenda de tão inchados, ou que haveria um buraco em frente ao seu coração. Mas ali estava, prestes a se quebrar diante dos meus olhos.

- Não – gemeu – Por favor, continua.

E lhe toquei.

Também estava chorando, mas não fazia som. Queria guardar minhas lágrimas para quando aquele momento acabasse.

Meu dedo estava se apagando, mas continuei.

E, ao notar que estava fraco demais, olhei em seus olhos escuros e encontrei o que precisava. Refletiam a luz das minhas chamas e estavam perdendo aquele brilho de felicidade, aquele brilho que estava ali a quase todo o tempo, aquele brilho pelo qual me apaixonei. Aproximei meu rosto da sua face, sem parar de lhe tocar.

Rapidamente, beijei seus lábios. Uma última vez.

Notei a dor em seus olhos, mas também a alegria. E eu sei que ele, assim como eu, tinha gostado daquela minha última demonstração de amor. Ainda sinto saudade da sensação de beijá-lo, porque era maravilhosa.

- E-eu... - ele tentou falar, mas balancei a cabeça.

Percebi que todos, até mesmo Jake, haviam saído.

- Silêncio, Finn.

Minha mão estava sobre a sua barriga durante sua última respiração. Com um suspiro, seus olhos deixaram de focar qualquer coisa. O luar, o pior dos luares, os fazia brilharem. Eu não sentia mais seu coração bater nem nada que indicasse sua vida.

Debrucei sobre seu corpo e comecei a chorar, soluçando coisas como: “Por favor, Finn, volte!”. Mas a verdade, a dura e fria verdade, atingiu-me.

Finn estava morto.

Seu sorriso bobo ainda estava na minha mente e eu o repassava como todas as imagens dos nossos momentos, todos os momentos, desde os bons até os maus.

Ao meu redor, a grama estava sendo incendiada. Eu estava mais forte e me sentia mais fraca.

Não consegui olhar para seu rosto novamente até fechar seus olhos.

Deitei-me ao seu lado e segurei sua mão gelada. Pus-me a imaginar tudo o que teríamos passado se fôssemos seres normais. E aquilo só me machucava ainda mais.

- Você foi um herói, Finn, o Humano. E é o meu herói. Sempre será. Eu... te amo.

Beijei sua bochecha fria e me afastei. Corri, tentando esquecer tudo, mas não dava certo. Meu caminho era feito de fogo.

Avistei a torre feita de gelo. E, com a minha raiva e tristeza misturadas, a árvore mais próxima se incendiou. Gritei para a noite:

- Vingarei, Rei Gelado! Ele era um herói, você não deveria ter feito aquilo! Se arrependerá de ter nascido!

Eu estava longe do Reino de Doce quando percebi que estava cansada. Sentei em um canto qualquer e voltei a chorar. Estava frio demais.

Não adiantava desejar que nada daquilo fosse real, ou que eu fosse uma criatura comum. A realidade é essa, e eu preciso aceitá-la. Nós nos machucamos e nos curamos, não necessariamente nessa ordem. Sou um ser do fogo, Finn era um humano e o Simon é um mago com poderes do gelo. Tudo o que posso fazer é agradecer. Agradecer por todas as vezes que Finn me deixou feliz e bem comigo mesma.

E ali estava eu. Sozinha, em um canto qualquer, chorando. Perdida na noite. Perdida com as estrelas.

Talvez fosse melhor assim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3
E comentem, por favor.