Culpado? escrita por Little Panda


Capítulo 1
Capítulo 1 - Culpado?


Notas iniciais do capítulo

Como já mencionei, é uma brincadeira apenas, não quero ofender ninguém, apenas de achar que o escrevi aqui não irá ofender ninguém mesmo...
Espero que gostem



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Culpado?

A ampla sala já tinha seus assentos ocupados, as cores marrom e bege predominavam, nas mesas voltadas ao júri havia duas mulheres de aparência idêntica ajeitando alguns papeis.

-Todos de pé para receber a Juíza Editora. – anunciou o pequeno guarda.

Todos no recinto ficaram em pé, olharam com atenção a mulher de vestes negras que logo se sentou, encarando primeiro as advogadas que se mantinham com expressão séria.

-Este é o caso n°962-01, Leitor versus Autor. – anunciou com todos se sentando – Ambos comparecerão?

-Sim meritíssimo. – anunciaram as advogadas ao mesmo tempo.

-Por pedido dos clientes, manteremos os dois fora da corte quando não for altamente necessário sua presença. – a Editora informou todos vendo o chefe do júri assentir em seguida – Algum comentário antes de iniciarmos?

-Sim meritíssimo. – pediu permissão para ir a frente uma das advogadas – Meu cliente, o Escritor vem aqui sob a acusação de não postar suas histórias em determinado tempo, desleixo com o Leitor. Entretanto, iremos provar hoje que ele é inocente e esperamos que o júri veja quem aqui é o vilão.

-Eu protesto. – a advogada do Leitor se impôs – Minha colega está se referindo ao meu cliente sem ao menos termos começado as acusações.

-Protesto negado. – as advogadas voltaram ao seu lugar – O senhor Leitor, pode começar.

As portas se abriram vendo com dificuldade uma silhueta masculina, esta deu alguns passos mostrando estar com seu rosto coberto.

-Jura falar a verdade e somente a verdade? – perguntou o guarda com a mão do Leitor sob a bíblia.

-Juro. – disse respirando fundo, se sentou em seu devido lugar para que pudesse finalmente dizer o porquê de estar ali.

-Leitor, diga a todos aqui o que o réu lhe fez. – ordenou sua advogada.

-Bem, tudo começou de forma linda, ele me iludiu com suas palavras, me fez amar seu personagem enquanto odiava outro, me viciou a ponto de me fazer todos os dias ver se ele tinha escrito mais alguma palavra... – Leitor tinha a voz embargada, as mãos a procura de algum apoio para conter a emoção.

-Sua vida mudou muito depois disso?

-Sim, eu não conseguia mais sair da frente do computador em busca de alguma notícia, eu precisava disso mais do que comer, beber ou tomar banho. Meus amigos se afastaram de mim tudo porque ele me viciou.

-Eu protesto, meritíssimo! – a advogada do Escritor se pronunciou – O senhor Leitor está querendo dar a entender que meu cliente o forçou.

-Protesto aceito. Mais alguma coisa? – indagou a advogada do Leitor.

-Não meritíssimo.

-Tenha a palavra a advogada do Escritor. – todos se preparavam para ouvir o que ela teria a questionar.

-Senhor Leitor, como era sua vida antes?

-Era normal...

-Seja mais claro.

-Eu frequentava a escola, assistia minhas séries, desenhava...

-Deixou de fazer isso?

-Não, mas...

-Então sua vida não se tornou menos movimentada depois que conheceu o Escritor, ele apenas inseriu algo a mais em sua vida. Certo?

-Sim, mas ele me viciou.

-Foi seu primeiro?

-Protesto meritíssimo, está constrangendo meu cliente o forçando a falar sobre sua intimidade.

-Protesto negado. Responda. – ordenou a juíza Editora.

-Não foi...

-Então já teve muitos outros Escritores em sua vida. Com certeza deu a eles a mesma atenção que deu ao meu cliente...

-Mas eu também não era único para ele! – disse nervosamente.

-Acalme-se. – ralhou a juíza.

-Você ainda tem alguma ligação com eles?

-Sim.

-Mas resolveu acusar exatamente o meu cliente, isso não seria algo mais pessoal? – não obteve resposta – É isso meritíssimo.

-Que entre o réu Escritor. – anunciou Editora, mas antes retiraram Leitor para que não houvesse uma discussão mais séria, pelo menos por enquanto...

As portas novamente se abriram e as atenções se voltaram para aquela direção, virão a silhueta de um outro homem, este andava corcunda, seu rosto escondido pelos cabelos compridos e a barba suja, suja assim como suas roupas. Fez o mesmo juramento e sentou onde antes o Leitor estava.

-Meritíssimo, deixarei minha colega dar início. – disse a advogada do réu se sentando.

-Senhor Escritor, é verdade que escreve historias tão envolventes que vicia seus leitores? E que você tem mais de um Leitor? E ainda mais de uma história?

-Eu escrevo a muito tempo e tenho como um elogio um leitor se viciar em minha história, tenho sim muitos leitores e muitas histórias...

-Todas estão acabadas?

-Não, mas...

-Então você simplesmente os deixa a mercê da sorte enquanto atrai mais vítimas para essa sua teia de palavras?

-Não os deixo a mercê da sorte. Eu apenas acabo tendo um bloqueio criativo...

-Mas isso não significa que deveria ter abandona sua história, deveria se empenhar ali até que terminasse.

-Eu sei, mas preciso de inspiração.

-Tenha enquanto escreve. Pois tenho informações que você costuma fazer faculdade, sair com amigos e namorados, isso no momento que deveria estar escrevendo.

-Eu preciso ter uma vida fora das histórias.

-Se tem vida, que não escreva!

-Protesto! – a advogada do Escritor se aproximou – Minha colega quer fazer com que meu cliente aceite uma opinião falha.

-Protesto negado. – a meritíssima disse – Mais alguma coisa?

-Não meritíssima. Minha colega pode continuar...

-Pois bem. – a advogada do Escritor se aproximou – Escritor, porque você escreve histórias?

-Eu sempre amei escrever e quero dividir isso com os outros.

-É assim que consegue conhecer os leitores?

-Sim, eles me incentivam muito.

-Mas porque não consegue terminar algumas o mais rápido possível?

-Eu tenho uma ideia e então naquele instante tenho toda o enredo em mente, vou para a frente do computador e escrevo tudo que penso, mas acabo mudando ao longo que posto. Cada dia, cada instante me faz ter novas ideias e a história pode ir mudando na minha cabeça e tem um momento que acabo por ter uma ideia para outra história. Quem dera eu conseguisse ser fiel a somente uma história, que não caíssem em tentação com uma nova ideia, mas a vontade de dividir minhas mais loucas alucinações com meus leitores é maior.

-Sua paixão lhe traí, é o que quer dizer?

-Sim, e sinto muito se acabo deixando uma história de lado, mas devo seguir minha inspiração por mais que me doa ter que traí-la.

-Vê meritíssimo, meu cliente é levado pelas emoções, não tem controle sobre si e muito menos sob sua mente fértil. Deve condenar um ser humano por pensar demais? Por ter tamanha criatividade? – se voltou ao jurados – Me digam, jamais começaram algo e a deixaram de lado por algum instante por ter outra coisa para se fazer? Meu cliente é apenas humano que merece sim ter uma vida fora das linhas de uma história, para poder sair, namorar ou fazer o que quiser.

-Posso? – o Escritor pediu a palavra sendo concedida – Peço perdão aos leitores, não somente este que me acusa, mas todos aqueles que me dão a chance de lhes contar uma história. Mas mesmo que me afaste por dias ou até mesmo meses, não os abandonarei. Os amo assim como minhas histórias, pois elas só existem porque há alguém disposto as ler. Tenho apenas que os agradecer por andarem lado a lado nesta aventura literária.

-Sendo isto, teremos um recesso para os jurados se reunirem e decidir se o réu Escritor é culpado ou não. – a juíza Editora bateu seu martelo se retirando, mas antes parou – Lembrando que você que está lendo isso é nosso jurado...

Fim


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Notas finais do capítulo

Então qual a opinião de vocês?
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