Escorriam gotas de luz por minha face alva, que pousaram sobre lágrimas perdidas e despencaram em meu belo vestido . Mirei a lua através do vidro, segurando o meu peito com uma das mãos, enfraquecida por meus próprios delírios. As estrelas me cortejavam, cantando serenatas de amor que só poderiam ser decifradas por meu coração ardente. Sobre pormenores eu me lancei através de meu reflexo, desliguei a minha mente e dancei apaixonadamente. Feridas escarlates se abriram em meu corpo delicado, misturando-se com o rubro de meu vestido, casando em harmonia enquanto a última nota alcançava meus ouvidos. Mergulhei de costas, banhando-me com poesia, e meu coração parou.

Leve pena que cai sem hesitar, entregando-se de pronto aos mais enigmáticos filhos da incerteza. A efêmera divindade, o amor impossível. A dama vermelha submergiu no mar negro que a consumiu, mas a sua alma se libertou. O limite dominante que finalizou sua dor, trazendo-a para mim. Minha eterna companheira, amante decidida, banhada pela lua e cantada pelas estrelas. Tomei-a pela mão e selei os nossos lábios. Num abraço apertado, vivemos uma verdadeira odisséia. Os corpos enlaçados, o vestido adornado, o olhar enfeitiçado.