Eu e ele éramos apenas bons amigos desde que nos conhecemos na faculdade há uns dois anos atrás, mas agora ele é o garoto que eu amo. Seu nome é Naruto-kun e temos a mesma idade, 19 anos. Falar sobre o amor era algo que não acontecia muito entre eu e meus pais, por isso eles nunca chegaram a me perguntar se eu tinha sentimentos por alguém ou o que eu pensava sobre essas coisas mesmo que, desde pequena, minha mãe já me falava que sentimentos não devem ficar guardados, e sim, revelados. Mas depois que cresci, acabei me apaixonando e guardando esse segredo dela e do papai. Claro que amar alguém leva você a esperar que a pessoa amada também sinta o mesmo, mas nunca fui capaz de chegar até ele e confessar meu amor, por essa razão e outra aproveitei a oportunidade de convidá-lo sabendo que ele estaria só no natal desse ano por causa da viagem de seus pais. Estava decidida quando o convidei com o consentimento dos meus pais: Iria me confessar e saber o que ele sente por mim também. Não sendo convencida comigo mesma, mas eu já percebi muitas vezes que quando cruzarmos na rua e ele, no meio de uma conversa, começa a me dizer algo, mas logo quando trocamos olhares por certo tempo ele... Por alguma razão desiste e muda de assunto. Isso me deixa sempre com as mesmas perguntas em mente: “O que ele iria me dizer?” “Por que parou?” “É impressão minha ou ele parece meio tímido?!”; Já cansada disto e determinada a tomar iniciativa por mim mesma sinto que esta noite irei esclarecer tudo. E enquanto me pego novamente em pensamento me dou conta que falta pouco para terminar de enfeitar a grande árvore de natal erguida na sala de casa. Lá fora, os flocos de neve caindo lentamente. Seria uma noite bem fria, afinal das contas. Vendo meus pais tão preocupados com a mesa logo alí na cozinha e ansiosa esperando a chegada do Naruto-kun eu começo a imaginar como será tudo esta noite. Meus pais, eu e o Naruto-kun, juntos, curtindo o natal. É uma pena que minha irmã Hanabi esteja também de viagem. Queria que ela compartilhasse conosco desses bons momentos!

– Está quase anoitecendo, Hinata! – ouvi uma voz vinda da direção da porta.

Era ele que havia acabado de chegar enquanto eu terminava de colocar os enfeites na árvore sobre meus devaneios acordada. Olhei em direção a porta e o notei em certa ansiedade. Não consegui responder nada de imediato, pois realmente fiquei surpresa por sua pontualidade e também, claro, estava hipnotizada pela sua beleza. Ele vestia aquele seu lindo casaco laranja comprido com detalhes em cor preta e esquentava o pescoço com seu costumeiro cachecol cinza e um gorro estilo-noél na cabeça. Rapidamente levantei e fui abrir a porta para ele.

– Não vai dizer que concorda?- ele sorriu para mim me cumprimentando.

O cumprimentei de volta. Naquele momento senti minhas maçãs do rosto queimando, logo virei o rosto. Ele com certeza deve ter notado, que vergonha!

– S-Sim! Não tinha percebido ainda. Estava focada aqui! P-Por favor, sente-se!

Sorri disfarçando a timidez e então ele se sentou. Meus pais que pareceram ter ouvido a voz dele só agora chegaram na sala e o cumprimentaram. Foi só isso que aconteceu para que eu olhasse as horas e percebesse que, subitamente elas “voaram” e já era hora de começar a ceia.

– Minha nossa! Sem perceber já são vinte horas! – Exclamei surpresa

– Bom saber! Já está tudo pronto na mesa. Vamos cear?!

Minha mãe estava mais que animada. Todos nós concordamos e fomos para a cozinha. A mesa estava lindamente arrumada, como já era de se esperar pela minha mãe, cheia de variedades possível. Tinha como escolher o que gostaria de comer. Não pensei duas vezes em retirar um pedaço da carne assada e me assentei ao lado do Naruto-kun. Papai e mamãe do outro lado da mesa também estavam saboreando. Naruto-kun começou a se servir também. O clima foi de bastante conversa, Naruto-kun até parecia estar um pouco tímido em estar conosco à mesa. Coloquei então uma música de fundo para animar mais e ele ficar tranquilo. Depois de um tempo o silencio preguinou na cozinha enquanto mastigavamos. Aproveitei o silêncio para pensar em como eu faria o que já tinha me decidido. Acabei por resolvendo chamá-lo lá para fora depois que aquele jantar acabasse.

– Naruto-kun,- falei atraindo os olhares para mim – Será que depois que comermos você pode vir comigo para fora? Gostaria de lhe mostrar uma coisa! – Sorri sem graça enquanto meu coração parecia querer sair pela boca.

– Hinata ele ainda nemexperimentou os demais preparados! Deixe-o terminar primeiro! – Meu pai parecia enciumado.

– Não, tudo bem por mim! Estou um pouco cheio e pararei por enquanto! – coçou a cabeça.

– O que? Mas já? – Mamãe estava surpresa – Ainda tem o leitão, os panetones recheados e as demais sobremesas!

– Desculpa mesmo! Se eu forçar não vai dar nada legal! Hahahaha!

Ele fez com que todos nós ríssemos.

– Mas não se preocupe porque faço questão de ir só depois que experimentar de tudo aqui! Não farei nenhum desfeito, tá?

Ele sorriu de uma forma tão gentil que mamãe sorriu de volta agradecida. Ele me olhou já farto e me falou:

– Já podemos ir então?

– S-Sim! O-Obrigada! – falei me levantando junto com ele.

Papai nos olhava como se estivesse reparando em tudo, até mesmo na forma como falavamos com o outro. Mamãe o serviu mais uma vez a pedido dele enquanto íamos para fora da casa. Era tudo que eu precisava. De um momento a sós com o Naruto-kun que pareceu ficar feliz com meu convite e terminou rápido de comer. Preferi deixar a sobremesa para mais tarde igual ao Naruto-kun que, surpreendentemente também tinha pedido. Pude sentir que os olhares estavam sobre nós; Eles, com certeza continuariam alí ceiando. Os conheço muito bem, hehe! Enquanto caminhávamos segurei no pulso do Naruto-kun e o puxei até o lado de fora de casa mais rapido.

– Hinata não precisa-

– Shiu!! - sorri

O impedi de continuar educadamente. Já estávamos do lado de fora, na varanda, quando ele voltou a falar.

– Hinata, o que foi isso? Assim tão repentino? – Ele parecia mega curioso

– D-Desculpe! Fiz mal? – abaixei a cabeça um pouco triste.

– Não!!! Claro que não! Me expressei mal, desculpe! É que... Fiquei bem curioso com o convite, ainda mais para saber o que queria me mostrar, só isso! – coçou a cabeça.

Notei que o rosto dele estava rosado. Meu coração começou a pulsar de um modo mais acelerado. Não havia mais como voltar atrás e inventar uma mentirinha para tudo aquilo. Iria dizer-lhe!

– E-Entendo... – suspirei - Na verdade eu não quero te mostrar nada! Eu na verdade quero... Te dizer algo muito importante que tenho guardado dentro de mim há um bom tempo...

Meu Deus! Era vergonhoso demais isso. Mas tinha que ser forte! Não contive a vergonha e olhei para o chão. Ele, surpreso tocou-me o ombro direito.

– Heh? Você quer... Me dizer algo? – se expressou bem surpreso

– Sim, mas depois que eu falar... – olhei para ele com bastante vergonha - Quero saber de você também. T-Tudo bem?

Olhei séria para ele. Não estava aguentando aquele clima de ansiedade, era naquele momento ou nunca. Naruto-kun parecia bem ansioso, engoliu seco e me respondeu.

– Claro, como quiser! – um sorrisinho de canto já era visível.

– B-Bom, sabe... É que, desde que nos conhecemos na faculdade, isso já faz um bom tempo... Eu sinto que, quando estamos perto um do outro, como agora, meu coração acelera de uma forma estranha! Sinto um calor em meu peito e m-minha voz... – senti que minha voz saía exatamente como estava detalhando no momento - Enrouquece e meu íntimo diz ardentemente que... Te ama, Naruto-kun! – nessa altura nem o olhava mais, apenas fechava os olhos com força tentando disfarçar a vergonha que sentia – E só de olhá-lo... Gluph! – engoli seco - Minha respiração fica ofegante e em meu coração eu sinto... Sinto que te desejo mais!! – nem o olhei nos olhos evitando ter um infarto.

– Hinat-

O cortei novamente, falando-lhe ainda.

– Eu te convidei para passar o natal conosco aqui e não foi só porque seus pais não estariam presentes e sim porque... – meus olhos já estavam cheios de lágrimas – E precisava te confessar que te amo... E te quero ter sempre por perto... – minha voz saía, além de rouca, embargada – C-Consegue sentir meu coração nesse momento?

Coloquei sua mão esquerda um pouco acima de meu peito. Ele corou. Não parecia ter alguma resposta para mim naquele momento. Então decidi esperar seu momento.

– Hinata... – seus olhos azuis brilhavam e ele parecia ter ficado bem desconcertado com a minha confissão.

– Naruto-kun eu sei que todas as vezes que nos olhamos você sempre tenta me dizer algo, mas parece não conseguir! O-O que seria e por que? – meus olhos fixaram o chão novamente – Muitas vezes eu me pegava me perguntando se... – sussurrei – Era porque você... Me ama também... – não sabia se estava sendo ousada demais, mas queria as respostas logo; estava muito ansiosa. – Naruto-kun, responda-me, por favor!

Meu rosto todo, nessa altura, já estava umedecido pelas lágrimas derramadas. Tive a impressão de que eu lembrava uma garota desesperada. Ele então retirou sua mão de meu peito e tocou-me os olhos, secando as lágrimas que havia derramado de amor. Aquela atitude me surpreendeu bastante e me fez encará-lo mais uma vez.

– Shiu... Você já fez o suficiente em me dizer seus sentimentos!

Ele sorriu tão gentilmente que, conforme passava seu dedo polegar nas minhas teimosas lágrimas senti meus olhos brilharem por ele.

– T-Tudo...

Sussurrei.

– Hã?

O deixei surpreso.

– Tudo o que eu mais desejei nesse natal foi esse momento! – segurei em sua mão que ainda mantinha no meu rosto - O momento que eu me confessaria a você e te ouviria de volta! – dos meus lábios não sairia nada melhor que um sorriso de satisfação.

Ele me olhava bem fixamente que parecia olhar para minha alma. Um silêncio tomou conta naquele instante alí para nós dois. Enquanto isso a neve não parava e as horas? Bom, poderia ser nove ou até mesmo dez horas que não me importaria. O friozinho já gelava meu rosto. Inesperadamente o Naruto-kun me abraçou. Me senti tão aquecida em seus braços! Não demorou muito até ele começar a falar.

– Hinata... – sua voz saiu suave - Fico feliz em saber que me ama tanto assim; Caramba! Hehe, não imaginava que tomaria inicitativa! – ele riu carinhosamente de mim enquanto seu outro braço largou minha cintura – Hmmm, sabe... – ele olhou para o céu escuro e nevoso enquanto continuava a falar, parecia até mais calmo que antes - Não conheci até hoje uma garota tão linda e corajosa como você a ponto de se confessar desse jeito pra mim! – me olhou - Você é uma pessoa muito especial pra mim, se quer saber. Também se me perguntar desde quando... Bom, então diria que foi desde a primeira vez que nos encontramos, lembra? Debaixo daquela imensa cereijeira onde você falava sobre seu primeiro ano na faculdade?

Emoções passadas me vieram à tona lembrando dos tais momentos.

– Hehe, lembro sim... Eu conversava comigo mesma quando apareceu derrepente! – sorri

– Exato. E foi nesse primeiro encontro que eu me interessei sobre você!

Arregalei os olhos quando ouvi isso. Olhei para ele, mas o mesmo já tinha virado o rosto para o lado disfarçando a timidez. Pude perceber em seu rosto sinais de vergonha ainda mais nítidos agora. Meus lábios tremeram de ansiedade, junto do frio, influenciando a maneira como minha voz saía a seguir.

– J-Jura?

Quando então ele virou para mim bastante sem graça e respondeu.

– Sim princesa, meu coração já tinha te escolhido para ser minha amada desde aquele instante! Eu preciso dizer que... Tambem amo você?

A voz dele saiu um pouco embargada em conjunto com aquela expressão tão fofa. Ele sorriu dando uma tossida para disfarçar. Olhei para seus lábios e eles pareciam me chamar, o que descompassou meu coração mais um pouco. Era o fim das dúvidas, ele também me amava. E eu estava muito feliz com isso!

– Naruto...kun...

Não sabia as palavras para dizer naquele momento. Naruto-kun me olhava apaixonadamente e eu pude até mesmo ouvir as batidas de seu coração animado também. Parecia um sonho.

– S-Se eu te disser que te trouxe um presente... Iria levar a sério?

Fiquei surpresa com a pergunta. Mas o que ele estava pensando? Obviamente levaria em conta sim. Respondi mais que imediato.

– Mas é claro que sim!

Vi ele tirando algo do bolso de seu casaco. Era uma caixinha preta. Ele, antes de abri-la segurou meu queixo obrigando-me a olhá-lo nos olhos garantindo sinceridade no momento.

– Heh? – fiquei com vergonha da aproximação de nossos rostos.

– Hinata você pensou que eu tinha aceito o seu convite só porque, caso contrário, teria de passar a data sozinho? – balançou a cabeça negativamente em ar de graça.

Estranhei aquela pergunta, mas remetia a que eu fiz para ele mais cedo.

– Érr... – ele me interrompeu desta vez.

– Não. Não aceitei seu convite por isso. A principal razão para tudo foi porque, coincidentemente também havia feito um desejo interior de revelar tudo! E também porque estar junto de você é muito significante para mim! – sorriu – Então vim preparado, pois eu sabia que um momento desses chegaria de uma forma ou outra e, então, poderia te pedir algo...

– (Ele... Já tinha reparado em meus sentimentos antes?) Pedir? M-Mas o q-

Mais uma vez ele me interrompeu, agora estávamos quites. Desta vez, com o dedo indicador nos meus lábios. Vi Naruto-kun ajoelhar-se diante de mim enquanto beijava minha mão direita. Tremi naquele instante.

– Eu estou com essa aliança de compromisso aqui! Vim com o desejo de te pedir que seja minha namorada, princesa. A-Aceita?

Ele parecia já ter se habituado ao momento. Pra mim foi um sonho realizado! Estava muitíssimo feliz porque, além de ter conseguido me confessar e saber que Naruto-kun sente o mesmo por mim, ainda recebi uma proposta de namoro! Nem o friozinho que estou sentindo em minha pele me incomoda mais, tudo o que mais desejo nesse instante é aproveitar o resto da noite possível com meu loiro!

– Naruto-kun... Isso é sério??? – estava paralisada

– Muito sério! – ele sorria sem cansar.

– C-Claro que eu aceito!!

Não preciso dizer que no momento já o abracei forte, ele me retribuiu o gesto. Mas inesperadamente me separou dele e me disse perto do ouvido...

– Não quero só ter seu abraço... - sua voz mansa me fez arrepiar a espinha.

– Heh? – estava claramente surpresa.

Ele então enlaçou com uma das mãos na minha cintura me puxando para mais perto dele, quanto que a outra levou meu rosto para mais próximo ainda. Fiquei ultra-mega envergonhada. Era possível sentir sua respiração muito próxima e nossos tórax colados um no outro me fazia ser capaz de sentir também as rápidas batidas do coração dele, muito provavelmente ele sentia o meu.

– Naruto-k-

– Não precisa ficar com vergonha! Nos amamos, não é?

Contemplar aqueles olhos azuis bem perto é o que eu mais queria. Devagar, Naruto-kun aproximou mais nossos rostos e mais rápido que nunca, juntou seus lábios aos meus. Corei ainda mais, tenho certeza! Foi um beijo muito romantico o que ele me deu. Naquele momento nada me importava, nem mesmo se meus pais saíssem lá pra fora e nos vissem. O frio também não incomodava diante do calor dos nossos corpos. Só paramos para pegar um fôlego... Daria tudo para podermos ficar assim, para sempre... Só retornando para dentro depois que aproveitasse-mos bastante, mas sabia que logo, logo, meus pais nos chamariam. Foi então que Naruto-kun separou nossos lábios e falou...

– Não sabia que você beijava tão bem! – sorriu divertido

Fiquei completamente desconcertada com o comentário, mas gostei.

– Não está brincando comigo, está?

– Não, claro que não! É sério! Eu gostei muito e já sonhava com isso há muito tempo!

Ele me deu um selinho tão rápido que me despertou do transe daquelas palavras.

– V-Você também... – virei os olhos para o lado – Foi mesmo um sonho pra mim realizado também!

– Ei, me olhe! – falou puxando meu queixo levando nossos olhares a se encontrarem - Não precisa ter vergonha agora. Você é minha amada namorada, não é? Vamos entrar e contar tudo para seus pais?

– Heh?? A-Acha mesmo que já deveríamos contar?

Estava preocupada com o que meus pais pensariam, afinal tínhamos saído para eu “mostrar algo ao Naruto-kun”, não? Vai que eles acharão que tudo foi um plano e que só arrumamos um jeitinho de ficarmos juntos? Vai começar ‘aquela’ seção infinita de perguntas. Não que a segunda opção não seja a real, pois de fato ocorreu coincidentemente de forma recíproca. Mamãe sempre disse que as coisas quando têm que acontecer, acontecem... E foi isso!

– Claro que sim, vamos lá... Eu explico tudo direitinho! – ele me tocou nas costas

– Bom, se é assim... – refleti – Mas não é justo lidar com isso sozinho! Vamos fazer juntos! – segurei em sua mão enquanto sorri para ele.

Ao apertar nossas mãos pude sentir a aliança já bem encaixada no meu dedo. Depois de nos abraçar mais uma vez e nos beijarmos de novo paramos de frente à porta e nos encaramos.

– E-Então... Vamos lá? – Tanto eu quanto ele parecíamos bem confusos e receosos, mas havíamos já decidido!

– Vamos, dattebayo! – ele respondeu com sua frase-chave predileta que há tempinhos não escutava.

Abrimos a porta da sala ainda de mãos dadas e já pudemos ver que nossos pais estavam misteriosamente sentados no sofá conversando, dessa vez já nos encarando; Pelos olhares, acredito que eles acabaram desconfiando da nossa demora e acabaram nos vendo. Humph, sabia que não seria nada fácil explicar tudo, mas como estava com meu amado pude ter confiança! Esse seria, definitivamente, o melhor Natal para todos!

The End.