The Crooked Man escrita por Senhor Silêncio


Capítulo 18
Capítulo 18 - A porta do Inferno.


Notas iniciais do capítulo

Opa! :D

Bom... aposto como vão querer as explicações da significativa ausência de postagens, não? Eu simplesmente só tenho a dizer que fiquei sem PC e sem Internet. Já faz uns dias que tenho os dois em posse novamente, mas a condição decaiu muito. A conexão está lenta e já não sei mais se vou conseguir restaurar as coisas.

Enfim, vamos ao que interessa, não é? E peço desculpas pela ausência.

Ah, quero agradecer a minha amiga e colega de classe, Kesia. Acompanhou sem eu nem ter divulgado ;D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/510148/chapter/18

Reino Unido - Inglaterra/1842

Não nos dirigimos uns aos outros na maior parte do tempo. O corpo do gato morto tinha simplesmente sumido no momento em que nos distraímos para contemplar nossos machucados. Parecia ileso somente Hugo, que ronronava e tinha o olhar perdido em uma das paredes, como se estivesse pensando.

Nós saímos pelo túnel comprido e escuro que dava na escada diretamente para uma parte da floresta, perto da estrada que levava até Biggin Hills.Tomamos o caminho contrário, para irmos de volta até a casa. Jacob não usava mais os óculos escuros e quadriculados, sendo possível enxergar os arranhões por toda a extensão do seu rosto.

Mesmo sendo mais rápido que nós, Hugo decidiu caminhar na mesma velocidade. Nos encontrávamos um do lado do outro. Umas duas vezes pensei em abortar algum tema para irmos conversando, porém, dizer que o dia estava lindo depois de um abrupto ataque não era uma boa ideia. Não demorou muito para chegarmos até a precária residência, cujo único cômodo bem cuidado era o quarto no andar de cima.

Parei e dei uma olhada geral em volta, enquanto Jacob e o gato entravam. O sol já não se encontrava tão alto, e a sua luz já começava a tomar um aspecto alaranjado. As florestas e as grandes plantações ainda se mantinham paradas, sem a presença do frescor vento. O espantalho também permanecia na mesma posição, como se fosse uma zombaria. "Eu posso fazer o que quiser e vocês nem notarão." Isso me irritava, mas não era hora de perder a cabeça.

Entrei na casa logo em seguida e fechei a porta. Jacob estava largado em uma das cadeiras velhas da cozinha; Hugo deitou no chão e continuou silencioso.

– Você está bem? - perguntei, quando notei que Jacob fazia força para não ceder a vontade de tocar no rosto.

– Estou, mas arde feito água fervida - Respondeu - Eu não esperava por algo assim, nunca vi animal tão violento!

– Você ainda acha que aquilo era um animal? Pensei que tivesse te convencido da presença de coisas sobrenaturais acontecendo por aqui.

– Ah, sim! Sem a menor dúvida me convenceu, só não quis ressaltar esse fato. - Seu olhar foi de mim para Hugo, que continuava jazido no chão - Creio que minha teoria esteja, agora, fracassada...

– Como assim? - puxei uma cadeira e me sentei também.

– Bom, - Jacob franziu a testa e se acomodou melhor - de acordo com o verso, existe um gato que foi encontrado pelo Sangrento. Muitos livros lá na biblioteca tratam de explicar sobre magia negra e pactos demoníacos. Sabe, os egipcios consideravam o gato uma divindade, mas muitos dizem que são de mau agouro. Já ouviu falar que o olho...

– ... do gato é a porta do inferno? Sim, conheço essa teoria. Então você achou que Hugo fosse o gato dos versos?

Achei. Depois do que presenciei até pouco tempo essa ideia se desfez da minha mente. Este gato - Indicou Hugo com a cabeça - é uma benção por ter nos salvo!

Fez-se silêncio. Caí em devaneio, imaginando onde meu gato poderia ter estado todo esse tempo que não o via. Em determinado momento, seu olhar encontrou o meu. Gravei bem aqueles olhos brilhantes e felinos na minha mente. Uma vez eu salvei a vida dele quando o tirei de perto dos destroços em que o homem torto tinha sobreposto o corpo para farejar e fugi, correndo, com ele.

Pode não ter sido a melhor das ideias, todavia, eu não queria ter ficado para descobrir o desfecho. O corpo do outro gato sumiu, o que significa que ele pode não estar morto. Agora são duas criaturas que me querem ver morrer. Mas eu ainda posso retardar o processo. Pegar eles antes que me peguem

– Você por acaso não teria um livro sobre armadilhas lá na biblioteca, teria? - questionei, recebendo um olhar curioso de Jacob.

– Armadilhas? Não me diga que quer tentar pega-lo. Se o que você me disse sobre a invasão for verdade, ele pode escalar ou até pular uma altura que ultrapasse três metros. Não acho que consigamos o prender com...

– Não quero prendê-lo! - o interrompi, afinal, estava começando a tirar conclusões erradas - Apenas encurralá-lo. Temos armas, e podemos por um fim nisso de uma vez por todas. Se eu morrer...

– Não diga isso!

– ... Se eu morrer, não será divulgado. E tenho certeza que mais gente irá de vir se aventurar neste lugar. Não quero que mais ninguém passe por isso. Sangue na parede, perseguições ao anoitecer, gatos homicidas, é tudo muito além de forças humanas. E se eu for o próximo espantalho?

Jacob fez uma careta por baixo de sua barba negra e espessa.

– Sei que já te pedi demais, e foi um grande risco ter me seguido até o subterrâneo esta tarde, as feridas no seu rosto e nossas roupas esfarrapadas comprovam isso! Eu preciso que me ajude porque você tem a inteligência e visão de acontecimentos que não cabe a mim. - Suspirei e o encarei mais severamente - De alguma forma, sei que o que aconteceu na antiga vila de fazendeiros tantas décadas atrás, o lago estranho, a árvore torta, e esse homem torto está interligado. Uma coisa deve ter levado a outra e preciso de você para me ajudar a desvendar isso.

Jacob estava com a expressão inflexível. Seu olhar se demorou em mim e depois se abaixou para os seus pés. Hugo ronronava enquanto passava a pequena cabeça por sua calça, como um incentivo.

– Tudo bem! - falou, e quase me puis a comemorar - Mas vamos ter que contar para a Annie!

Talvez agora eu fosse morrer, não por uma criatura estranha, assassina e tortuosa, mas por uma mulher. Me pareceu ainda mais assustador, o suficiente para me fazer sorrir.

– É, acho que ela iria acabar descobrindo uma hora ou outra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Favoritos? Recomendações?