The Crooked Man escrita por Senhor Silêncio


Capítulo 11
Capítulo 11 - Um enigma.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe o atraso :D É que... Férias... Sacuméné?



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Reino Unido - Inglaterra/1842

Eu estava irritado porque passei a noite inteira sendo um idiota. Depois de arrumar todas as trancas e correntes, fiquei sentado com a espingarda apontada para a porta. Essa postura se sucedeu por várias horas até eu perceber que nada ia acontecer. Peguei no sono duas ou três vezes, e só acordei devido aos miados que Hugo dava. Cansado, e olhando para o relógio no meu pulso de dez à dez minutos, me levantei e subi as escadas para dormir.

Não tive muito tempo para descanso, já que precisava acordar cedo e ir para a padaria trabalhar, e tenho certeza que fazer isso com armas não é uma boa ideia. A falta que meu casaco fazia era demais. Por impulso, ainda tentava colocar as mãos nos bolsos que nem estavam mais ali. As camisas sociais que trouxe na mala eram tudo o que servia para me aquecer.

Depois de esfregar os olhos várias vezes e tomar coragem para me levantar da aconchegante cama, me espreguicei e olhei pela janela quebrada do quarto. O vento era fresco e pude formar um sorriso no rosto com a agradável sensação que me vinha da natureza. Não ter mais a visão daquele espantalho nas plantações adiante, era um fator positivo para mim. Me virei, ajoelhei, e rezei. Tenho feito muito isso ultimamente. Se eu vou jogar contra forças malignas, é bom ter divindades do meu lado para igualar essa maldição.

A calma se fazia, por mais que fosse difícil de acreditar, presente dentro de mim. Eu não estava com medo, estava seguro. Sentia como se algo me protegesse. Ao abrir a porta e sair, esse sentimento morreu. Desci as escadas angustiado e acendi a lareira na sala para me aquecer. De acordo com o relógio, daria tempo de ter alguns minutos de lazer antes de pegar o caminho para Biggin Hills. Não pude evitar de olhar para cima e relembrar que atrás daquele quadro monótono, existia uma passagem para debaixo da casa.

Me recordo que um representante do reino havia me informado que antigamente guardavam carvão aqui. Isso deve servir como explicação para o lugar rochoso, mas e aquele túnel que ia até a floresta? Não tinha nenhum sinal de minas ou escavações. Para mim, deve ter sido uma passagem secreta no passado. Já li sobre as guerras em torno da Inglaterra e da França, então provavelmente era um esconderijo. Não deixava de ser menos abalador, já que as chances de gente ter morrido abaixo da minha residência eram altas. Esse pensamento só me deixou mais desnorteado.

Olhei para os lados, no chão. Aqueles papéis com palavras estranhas e esquisitas pareciam debochar da minha cara. Hugo já tentou me mostrar alguns deles, porém, não adiantou. Peguei um e fiquei o encarando. É como se eu fosse uma criança que não sabia ler e aquilo fosse um texto formal explicando os princípios da matemática. Estava pronto para jogar aquilo nas chamas, mas a vontade de usar o banheiro foi maior. Fui para lá ainda com o papel em mãos, este que puis em cima da pia. Depois de usar e dar a descarga, lavei as mãos e notei algo no espelho rachado. Alguma coisa estava escrita ali. Não, não estava escrita lá, estava escrita no papel, aquilo era somente um reflexo. Uma linha era possível ser reconhecida linguisticamente.

Olhei para a folha: só consegui ver garranchos. Olhei para o espelho: apesar das palavras não estarem em inglês, era notável que alguma língua se fazia presente. Levantei-o e puis de frente para o espelho. As palavras da linha que aparecerem foram as seguintes: Aliquis vivere in medio nostrum?

Eu não entendia, no entanto, tomei a liberdade de anotar em uma pedaço em branco de papel que arranjei na prateleira perto da cozinha. (acho que ninguém se importaria se eu rasgasse algum daqueles livros velhos) Num sobressalto, me coloquei para pensar.

– Os outros papéis... - murmurei.

Voltei e recolhi cada um dos que estavam espalhados, inclusive os que o gato fez o favor de me entregar em uma noite passada. Mostrei cada um deles para o espelho e, conforme as palavras iam aparecendo no reflexo, eu escrevia tudo em pedaços separados de papel. Fiz tudo numa pressa incrível, sem parar nem para respirar. Não estavam em ordem correta, todavia, se eu souber a tradução, poderia separa-los e formar o que significa. Em cada folha era uma linha equivalente à duas ou três palavras.

Joseph autem mercatus prava, cattus et mus captus a prava. Sex gradus in medio nationis pravae et perversae invenit. Et habita in domum a pravis. Et habitabit in judício, prauis.

Estava pronto. É o que eu consegui formar. Não me parecia muita coisa, mas já tinha o que fazer. Sem ter a criatura aparecendo, as chances de descobrir algo iam para zero, porém, isso muda tudo. Agora era preciso um intérprete ou algum livro de linguagens internacionais. A biblioteca seria meu próximo ponto quando fosse à cidade... a cidade... Olhei para o relógio novamente. "Droga."

Eu estava atrasado para o trabalho. Fiquei tão entretido com essa incrível descoberta que acabei esquecendo de minhas prioridades. Peguei minha anotação e parti às pressas. Será que o Hugo sabia dessa mensagem? Como? Um gato não pode simplesmente entender algo tão complexo como uma língua estrangeira escrita em papéis espalhados pelo chão. Isso é incrível demais para ser verdade, até sobrenatural.

Incrível também é que fui sem nem notar a falta do meu fiel amigo.


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Notas finais do capítulo

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