Uma brasileira em South Park escrita por Caty Bolton


Capítulo 4
Capítulo Três


Notas iniciais do capítulo

Eu tentei escrever um capítulo maiorzinho, mas ainda não está do tamanho que eu queria -q

Desculpas sinceras pelos erros gramaticais e de concordância!



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Na sexta-feira o sr. Garrison mandou todos eles fazerem um grande trabalho de historia, o qual deveria ser entregue em duas semanas e valeria uma nota daquela matéria. O trabalho era em grupo de três a cinco pessoas. Ana Heloísa não conseguiu entrar ou formar nenhum grupo, então acabou ficando com os ditos “rejeitados” da classe. Damien, quem não gostava do anticristo nutria um certo medo dele; um tal de Craig Tucker, que aparentemente não era de grande ajuda em situações como aquela e um Dovahkiin, que pelo que a morena conseguiu perceber não tinha nenhum tipo de intimidade com seus colegas de classe. Isso além de ter um nome estranho pra caramba. Pensou sem emoção.

No ultimo minuto Damien conseguiu convencer Craig, o mesmo não ficou muito feliz, mas no final foi obrigado a contribuir pelo menos com isso.

Já no sábado Heloísa tentava encontrar a casa do Tucker sem vontade alguma, reclamando de trinta em trinta segundos do absurdo frio que fazia naquela cidade no fim do mundo.

–C-cacete, por que eu tive que esquecer as luvas? –Resmungou enquanto esfregava as mãos tentando aquece-las.

De repente a morena ouviu unas vozes que pareciam estar um pouco longe, berrando coisas como orações e talvez... Exorcismos? Questionou-se em pensamentos. Antes que conseguisse se virar para verificar o que estava acontecendo alguém puxou-lhe pelo braço forcando a morena a correr na mesma direção.

–Damien?! –Gritou pelo susto. –O que diabos esta acontecendo?!

–Depois eu explico! –Respondeu com uma ponta de raiva.

Heloísa olhou para trás por breves instantes e viu uma multidão de religiosos raivosos, que pelo que conseguiu deduzir, perseguiam Damien.

–Volta aqui seu demônio! –Gritou uma voz em meio à multidão.

–Mas que bosta eu fiz pra vocês!? –Retrucou em inglês.

–NASCEU! –Responderam todos em uníssono, com um tempo assustadoramente perfeito.

–Bundões... –O anticristo murmurou irritado.

Se Damien realmente é o príncipe das trevas, por que ele simplesmente, sei lá, não queima todos eles vivos...? Refletiu por alguns instantes, sendo bruscamente interrompida por uma pedrada vinda de uma pessoa aleatória, que atingiu as costas da morena.

–SEUS BAITOLAS! –Vociferou com ódio, mandando o dedo médio para a multidão.

–Não perde tempo com isso. Esses bastardos são uns débeis mentais que não conseguem compreender nem a coisa mais obvia de todas... –Damien pareceu falar aquilo mais para si mesmo do que para Heloísa, soltando o braço da mesma.

Sem realmente perceber a dupla passou direto pela casa de Craig, que observava tal cena com o seu costumeiro olhar apático. Depois de algum tempo os dois conseguiram se afastar da multidão de religiosos e se esconder em um beco, que ficava mais ou menos a quatro quadras da casa do Tucker.

–Acho que conseguimos despistar aqueles infelizes. –Murmurou Damien, observando a multidão se afastar mais e mais.

–Tudo... bem. –Heloísa falou ofegante, apoiando as mãos nos joelhos. –Será que agora cê pode... explicar o que diabos estava acontecendo?

–Como você já sabe: eu sou o anticristo. Aquele que futuramente vai trazer o caos e a discórdia para o mundo. Mesmo que essa ideia não seja exatamente do meu agrado. –Suspirou cansado. –Obviamente existem pessoas me caçando, querendo me matar e afins. E aquele grupo é um dos centenas que existem por todo o mundo.

–Tá, mas por que você não queima todos eles vivos? Isso não resolveria a maior parte dos problemas?

–Eu penso o mesmo, mas o meu pai não.

–Suponho eu que seu pai seja Satã, ceerto?

–Não, meu pai é Jesus Cristo. –Falou irônico e ligeiramente irritado. –Sem querer eu matei dois garotos naquela vez que explodi as portas do refeitório, meu pai tinha me proibido de matar humanos. Na época o velho estava de tmp e selou três quartos dos meus poderes... Aposto que o maldito do Hussein fez alguma coisa com o velho. –Murmurou a ultima parte com raiva.

–Como...? –Heloísa questionou-se se havia ouvido a ultima frase direito.

–Enfim. –O anticristo ignorou a pergunta da morena. –Nesse momento meus poderes se resumem basicamente em um humano com poderes psíquicos. Tipo os x man, só que bem mais fraco. Mas eu ainda sou meio que imortal...

Heloísa encarou Damien duvidosamente, se perguntando se aquele tipo de coisa era mesmo possível.

–Acho que nós estamos atrasados. –O anticristo comentou desinteressado.

–Provavelmente.

Quando Heloísa, acompanhada de Damien, chegou na casa de Craig o moreno mandou ambos entrarem com o seu costumeiro semblante de indiferença. Aparentemente Dovahkiin havia chegado há meia hora. Já com tudo organizado, Damien matava o tempo levitando algumas canetas, Craig e Dovahkiin mexiam nos seus respectivos celulares e Heloísa observava tudo no seu canto.

Aposto que não vamos começar com esse trabalho hoje. Pensou. Enfrentei uma multidão de religiosos loucos atoa. Suspirou meio decepcionada, atraindo a atenção de Dovahkiin. O garoto devia ter no máximo doze anos de idade, com cabelos castanho claros curtos, olhos escuros, no canto do olho direito possuía uma cicatriz e na bochecha esquerda um bandaid, ele usava um moletom vermelho e calça e sapatos pretos.

Depois de um tempo a morena notou que estava sendo observada por aquele estranho garoto, arqueou as sobrancelhas e apontou para todos os livros e papeis espalhados desorganizadamente no meio do chão, algo que particularmente irritou Heloísa. Dovahkiin deu os ombros, se aproximou daquela bagunça e começou a ler um dos livros.

–Eu sinceramente acho que nós deveríamos começar com isso. –Heloísa comentou, em seguida jogando uma bolinha de papel em Damien.

–Tá, tanto faz. –Respondeu em inglês, jogando a caneta em um canto qualquer do quarto. –Mas por onde?

A morena jogou outra bolinha de papel em Craig, que respondeu apontando o dedo médio para a mesma, sem tirar os olhos do celular.

~ #%@ ~

O grupo impressionantemente já havia dado um jeito e feito uma parte do trabalho quando a mãe de Craig chegou com uma bandeja de sanduiches de queijo, a qual saiu com pressa e sem cumprimentar ninguém.

–Damien, que horas são? –Craig perguntou, mordendo um sanduiche.

–Quatro e meia da tarde. –Falou verificando em seu próprio celular.

–Tsc, vocês já ficaram aqui por tempo demais...

–Fala a pessoa que não ajudou em merda alguma. –Heloísa comentou um pouco alto do que pretendia.

–O que ela falou?

–Que você não fez absolutamente merda alguma. –Damien traduziu.

–Isso não deixa de ser verdade. –Falou dando os ombros.

–E não faz nem questão de se defender. –A morena murmurou com uma ponta de irritação na voz, atraindo um riso seco de Damien.

–Que tédio. –Falou Dovahkiin, talvez pela primeira vez nas ultimas horas.

Heloísa assustou-se minimamente por ter ouvido o garoto falar, ela estava começando a pensar que ele era mudo.

–Cê não era para ser mudo? –Fez a pergunta sem pensar direito.

–Não. –Respondeu, em seguida pegou um dos sanduiches na bandeja.

–Você tá’ me entendendo?!

–Mais ou menos. –Falou. –Eu sei um pouco do português de Portugal, mas não sei falar direito.

–Eu não sabia dessa sobre o dragonborn. –Craig olhou duvidosamente para Dovahkiin.

–Será que é tão difícil parar de me chamar assim?

–Força do abito. –Falou com um meio sorriso. –Sir Babaca.

Dovahkiin apontou o dedo do meio para Craig, o qual respondeu da mesma forma, ainda com um meio sorriso estampado no rosto.

–Sir Babaca? –Heloísa não entendia o rumo da conversa há algum tempo.

–Longa historia. –Damien disse em português, enquanto fazia um dos sanduicheis levitar.

–Eu ganhei esses apelidos em uma brincadeira estupida, se eu me lembro bem era algo sobre reinos competindo por um galho de árvore ou qualquer coisa do tipo...

–O pau da verdade. –Corrigiu Craig.

–Pau... –Heloísa segurou alguns risos, atraído à atenção dos outros três, mas acenou com a cabeça para avisar que estava entendendo.

–Lembro-me que fui para no Canadá, destruí uma nave alienígena, desbravei o esgoto, me fingi de gótico, lutei contra zumbis nazistas entre outros... Apesar de tanto o Cartman quanto o Broflovski serem uns bundões, eu admito que me diverti.

–... Hein? –A morena não soube como encarar tudo aquilo.

–Esse tipo de coisa é normal em South Park. –Damien avisou.

Mãe e pai, por que cês me obrigaram a morar em um lugar estranho como esse?! Lamentou-se. O que custava me ter deixado na casa da tia Estrela ou até mesmo com o primo Bruno?!

–Eu ainda me lembro daquele dia do ataque dos porquinhos-da-índia gigantes. –Craig falou enquanto voltava a mexer no celular. –Eu tenho o poder de soltar raios-laser pelos olhos até hoje...

–PROVEM-ME! –Heloísa gritou se levantando do chão e apontando para os três garotos. –Provem para mim que tudo isso realmente aconteceu!

–Ana. –Damien falou antes de qualquer um, em inglês. –Algo de estranho aconteceu com você nesses últimos dias? –Pausou. –Além disso, o filho do mal está bem na sua frente! É claro que essas coisas bestas podem acontecer.

–Mesmo assim porra! –Ignorou sem perceber a pergunta do anticristo. –Aliens? Zumbis nazistas? PORQUINHOS-DA-ÍNDIA GIGANTES?! –A morena ainda não conseguia acreditar. –Como eu nunca ouvi falar de South Park antes?!

–Olha que eu nem falei sobre o Cthulhu. –Sussurrou o Tucker.

–Eu me fiz essa pergunta varias e varias vezes. –Deu a primeira mordida no seu sanduiche e engoliu. –Mas cheguei à conclusão que é mais fácil não se estressar com isso. Serio. Nem tente entender. É impossível.

–Casete. –Murmurou se sentando de pernas cruzadas no chão. –Ainda não consigo acreditar.

–Eu também não acreditei no começo. – Dovahkiin falou. –Porém quando você acha que já viu tudo de estranho no mundo, chega essa cidade e te obriga a repensar no conceito do que realmente é estranho. Do impossível também.

A morena ficou em calou-se por alguns segundos, apenas tentando engolir as palavras de Dovahkiin.

–Nos nem comentamos sobre o submundo do colégio... –Damien falou com Craig. –Imagina como ela vai ficar quando souber das merdas que acontecem debaixo dos panos.

–... –Heloísa não quis falar nada.

Todos ficaram calados por vários minutos apenas comendo os sanduicheis de queijo, sem mais nenhum assunto em mente. Até que Craig finalmente quebrou o silêncio:

–Você esta falando demais pro meu gosto, Sir Babaca. –O Tucker disse, começando a comer o segundo sanduiche e ao mesmo tempo mexendo no celular. –É quase um recorde!

–Tsc, cala a boca. –O garoto voltou a mexer no seu celular.

–O príncipe das trevas não deveria andar com humanos como esses. –Damien reprovou-se em voz alta.

–Eu nunca deveria ter saído do Brasil...

~ #%@ ~

Heloísa saiu da casa do Tucker às seis e vinte da tarde, o tempo parecia estar mais frio que antes e já estava escurecendo. As ruas estavam estranhamente desertas para aquele horário e a morena tinha a impressão de não estar sozinha. Deve ser coisa da sua cabeça, Ana Heloísa. Pensou quase se convencendo daquela ideia e apressando o passo.

Quando chegou em casa foi recebida por Oliver.

–Como foi o trabalho? –Perguntou Oliver

–Produtivo. –Aquilo não foi uma mentira. Mesmo que Craig tivesse se negado a ajudar na maior parte do tempo e algumas vezes a falta de comunicação atrapalhasse, o grupo havia feito bastante progresso.

–Impressionante Helô. Eu sinceramente pensei que vocês não fossem fazer nada. –Oliver comentou sem demonstrar interesse, mudando os canais da televisão.

–Eu também não pensei que fossemos fazer algo. Mas por sorte dois dos três que estavam no meu grupo entendiam um pouco de português.

–Foi sorte mesmo. –O moreno parou em um canal de noticias. –Todos que eu conheci até agora nem sabiam qual era a língua falada no Brasil, a maioria chutou no espanhol...

Oliver foi interrompido por um barulho de explosão vindo da cozinha. Logo em seguida uma espeça fumaça se espalhou pela casa junto de um cheiro de massa queimada.

–Cê deixou a mãe cozinhar alguma coisa?

–Tá’ louca irmãzinha?

Os irmãos correram até a cozinha e viram exatamente a cena que temiam ver: Júlia com um extintor de incêndio apontado para o fogão e o mesmo coberto de espuma branca.

–O-oliver... ? A-ana? –A mulher estava visivelmente atordoada.

–Pega um copo d’água pra mãe e deixa que eu vejo o estrago.

Heloísa concordou com a cabeça, encheu um copo com água e guiou a sua mãe até uma das cadeiras da mesa circular que ficava no meio da cozinha. Júlia bebeu um gole de água e colocou o copo sobre a mesa.

–O pai vai precisar comprar um fogão novo... –Oliver falou mais para si mesmo do que para qualquer outro presente na cozinha.

Depois desse tipo coisa que eu tenho certeza de quem puxei a minha falta de habilidade culinária. Júlia nunca foi a melhor cozinheira da família, na verdade a única pessoa que ganhava da mãe de Heloísa nesse aspecto era a própria morena, que já havia desistido a muito tempo de cozinhar qualquer coisa. Eu só sirvo para limpar as coisas. Pensou meio chateada consigo mesma.

–Desculpe filho.

–Não tem problema, apenas fale com o pai para ele comprar um fogão novo.

–Eu... Amanha eu limpo isso. –Heloísa sorriu torto para a mãe. –Não precisa se preocupar. Só suba logo para arrumar esse cabelo.

–Eu amo vocês! –Júlia se levantou e abraçou os dois filhos ao mesmo tempo. –Meus tesouros!

–Tá’ mãnhe, agora já pode me largar... –A morena falou, já sentindo uma certa dificuldade de respirar.

Júlia subiu para se arrumar, aparentemente ela e Paulo iriam sair com alguns outros adultos do bairro. A mãe deve estar de tpm. Heloísa chutou, sua mãe geralmente era uma mulher calma e não tinha o costume de demostrar seu lado afetivo exageradamente, seus cabelos loiros costumavam ficar bem arrumados e sempre usava maquiagem, mas precisamente para realçar o verde escuro dos olhos.

–Ela está de tmp. –Oliver falou.

–Provavelmente.


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Notas finais do capítulo

Não me perguntem o motivo de eu ter colocado o Dovahkiin na historia, eu não sei se vou saber responder... Enfim, minha pessoa tentou deixar o capítulo mais "dinâmico" ou divertido de ler. Eu quero saber se ele não ta muito... coisado.

Comentem, eu realmente preciso das vossas opiniões!