Bela

Depois de Ayla sair eu e Tay continuamos conversando, decidindo as etapas de nosso plano e ignorando completamente os pontos super plausíveis que ela apresentou. Aham, somos adeptos da filosofia do "viva perigosamente" e só aprendemos se der merda depois (???)

Resolvemos que iríamos sair na noite do dia seguinte (ou seja, hoje) assim que nosso turno no trabalho terminasse e que usaríamos a saída da passagem secreta no meu quarto pois o plano exigia total discrição, até porque estamos indo nos embrenhar na floresta dois capítulos depois de Legolas dizer que é ilegal, mas eu bem que avisei que já tava planejando minha excursão pra lá (???)

 Cada um levaria um barril de vinho vazio pegos da adega pra poder encher com a água do rio encantado. Isso tudo no modo ninja pra não sermos pegos por alguma patrulha tanto na ida quanto na volta. E orcs e aranhas? Bem...hum...contando com a sorte pra nenhum aparecer? O que? Parem de botar obstáculo em tudo, parecem a Ayla, eu hein.

— Dan, Ro... - escuto a voz de Legolas ao me aproximar do centro dos campos de treino. A voz dele tá tão doce que falta pingar mel e isso me parece falso (?) me aproximo mais e percebo um sorriso super fofo como se estivesse muito feliz com a presença dos gêmeos (mais um indício de falsidade) - SAIAM DAQUI - o sorriso se desfaz e dá lugar a uma carranca raivosa /EuAvisei

— Ai, Legolas - Elladan, eu acho, coloca a mão no peito de Legolas - Esse seu coraçãozinho não anda bem - Legolas bufa e afasta a mão de Dan

— Irmão, ele não valoriza a nossa presença... - Ro, eu também acho, da um sorriso - portando, devemos forçar até que valorize

— Estou trabalhando, estou ocupado - Legolas aperta a ponte do nariz com o indicador e o polegar - Não posso dar atenção pra vocês agora

— Calúnia! Aposto que pra essa bela humana você da atenção - um dos gêmeos aponta pra mim

— Exatamente. Uma pena pra vocês.

a-

Euzinha tenho a atenção de Legolas Greenleaf e isso saiu dos belos lábios dele. Estou delirando? Soy una mujer sedienta perdida no meio do deserto e Legolas és mi miragem. 

 Observei encantada Legolas se afastar dos gêmeos e se aproximar da área de treino de tiro com arco. Ele pegou o arco preso as costas e lançou um olhar preguiçoso e satisfeito pra mim ao me ouvir suspirar.  Esticou o braço, apertando com firmeza o arco e puxando, fazendo os músculos de suas costas se contraírem.

— Me flecha nunca te pedi nada - suspiro novamente - Eu posso ser seu alvo particular

— Quer que ele te fleche e de preferência no meio das pernas né - Ayla diz sem olhar pra mim, anotando algo em um caderninho. Nossa, nem vi ela chegando.

— Eu to aberta a opções

— Literalmente, você ta aberta pra ele - Tay, outro que não vi chegar, da uma risadinha maliciosa 

— Olha essas costas - suspiro - esses músculos - suspiro de novo e observo Legolas atirar em sequência nos alvos, acertando no centro de todos rapidamente e com muita facilidade - esses ombros

— Se você suspirar de novo eu juro que te jogo no meio desse campo pra ser usada como alvo - Ayla resmunga, erguendo o olhar do caderno apenas para me fuzilar 

— Como se você não suspirasse perto do Thranduil

— Eu não suspiro perto dele - volta a olhar pro que quer que esteja escrevendo - eu bufo, e é de ódio

— Tem razão, parece um touro raivoso prestes a atacar toda vez que ele balança aquela capa vermelha dele 

— Bela?

— O que?

— Você é um incômodo

— É um prazer amiga - pisco um olho

— Prazer é o que você quer ter com o Legolas 

— Verdade - dou uma risadinha - E o que você tanto anota aí?

— São só coisas pra festa - ela fecha o caderno quando tento bisbilhotar - Olha lá, Legolas está tirando a camisa

Olho na hora na direção.  E bem, ouso dizer que apenas ele teve minha atenção pelo resto do dia.

Ayla 

— Oi, seu guarda! Tudo bom? - dou um sorrisinho afetado e junto as mãos atrás das costas. Ele apenas olha pra mim impassível - Eu sou Ayla, uma das responsáveis pela organização da festa. Tenho que catalogar o vinho.

O guarda confere se meu nome consta entre os organizadores sem dizer nada e logo me deixa passar, fechando a porta em seguida. Só Thranduil mesmo pra colocar guardas em uma ADEGA. Tinha que ser um obsecado por vinho mesmo. Mas se bem acho que é o trauma depois que os anões fugiram hihihihi.

Entro e sento em cima de um barril fechado e pego meu caderninho para fazer as anotações necessárias. 

— Tenho certeza que me colocaram aqui pra me torturar - resmungo, rabiscando com força - A quantidade de barris de vinho! Vou levar uma eternidade e como não tenho esse tempo vou morrer no processo e...é isso! É o plano do elfo rei das galhadas pra se livrar da minha pessoa, ele não aguenta todo meu explendor, minha VIVACIDADE.

Então, por um breve momento, escuto uma especie de chiado vindo do outro lado da adega. Hum...volto olhar para minhas anotações, pensando se tratar de...bem, de nada.

— Shhhhhh - ????

— Shhhhh teu rabo eu nem falei nada! - ????

— Você tava chiando igual uma...uma...abelha!

— Abelhas não chiam, elas zumbem! Zzz zzz

Ah Valar eu mereço viu.

— Bela, Tay...vocês sussurram alto demais

— Ta vendo sua alpaca manca? - Bela levanta de dentro de um dos barris e fuzila o barril ao lado, do qual Tay surge - ela escutou!

— E agora viu você sua burra - o ruivo resmunga

— Culpa da Ayla falando sobre a "vivacidade" dela - Bela começa a rir - Ai gente 

— O que vocês dois estão fazendo aqui? - falo devagar, suspirando e olhando pros céus pedindo por clemência...ou um raio

— Ora, precisamos de barris 

— E como foi que entraram?

— Pela por...- Tay para a frase no meio do caminho perante meu olhar mortal - Que? Mas foi pela porta! 

— Eu vou apagar você no soco, ruivo

— Ai ta bom humana ingrata. Eu te ajudo com o ice king, apelido que uma leitora maravilhosa e VISIONÁRIA deu, e é assim que você me trata?

— Tay...

— Foi na troca de turno dos guardas, um saiu antes do próximo chegar então entramos ninjamente daí nos escondemos durante a inspeção. Satisfeita ingrata? Desse jeito nunca vai ser uma ice queen

— Nunca vou ser? É o que veremos! Até o final dessa temporada vou ter aquele loiro de joelhos - insira aqui uma risada maligna

— Aquele elfo não deve se ajoelhar nem pra fazer oral quanto mais pra voc...

— Que Thranduil não se ajoelha pra ninguém não é novidade, ele é um rei e é orguhoso - Bela sai de dentro do barril e tira de lá uma mochila. Tay faz o mesmo - mas vamos ver os planos de nossa querida Ayla, eles sim são novidade

— É, vamos ver - Tay da um sorrisinho

— Voltando pro outro assunto. Vamos só esperar a próxima troca de turno e levar os barris, não temos tempo a perder

— Vão ver vocês no caminho sua pamonha - digo

— Minha passagem secreta tem uma entrada aqui perto, é só sermos discretas. E de lá vamos direto pra floresta 

Olho pra cima pedindo forças novamente e conto até 50 porque 10 não é suficiente. Eles vão mesmo fazer isso.

— Vocês vão causar o caos na Terra Média!

— Nós vamos, você quis dizer. Você vai com a gente - Bela tira de dentro do barril outra mochila e joga pra mim - Ficamos juntas em todos os momentos até aqui e não é porque temos um plano mais ou menos seguro que você vai...vai...desertar!

— MAIS OU MENOS SEGURO? - seguro a mochila com força pensando seriamente em atira-la na cara dessa maluca - VOCÊ QUER IR ATRÁS DE ORCS

— Não grita que vai chamar a atenção dos guardas! 

— Bem que eu queria a atenção deles - Tay suspira sonhador

— É daqui até a prisão se nos descobrirem então quieto 

— Prisão não, você quis dizer forca né? - reviro os olhos

Bela acena como se não fosse nada demais. Tay da de ombros. Valar, eu sou a única com senso de perigo aqui?

— Você exagera e além do mais não vão nos descobrir. Mais confiança, Ayla Lowell

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Viramos nossos barris e começamos a rola-los rapidamente pelo caminho. Sim gente, eu to indo. Mas não porque disseram que eu tinha que ir, jamais! Estou indo porque me preocupo com esses dois e não quero que morram ou sei lá...morram.Tá que se for pra morrer eu vou morrer junto e vamos ficar lá os três, esquecidos, abandonados, comida pra aranha...e se vivermos vamos morrer de todo jeito porque vamos estar cometendo um crime então...é eu devia voltar. Não acredito que vou morrer por ser uma pessoa incrível. Não existe justiça nesse mundo?

Saímos da adega rapidamente e fomos em direção ao primeiro corredor a direita, onde Bela disse estar a outra entrada da passagem. Paramos e ela começou a passar a mão pela parede procurando, provavelmente, algum ponto onde empurrar. Com um barulho baixinho a porta se abriu, empurramos todas juntas e então entramos. 

Soltei a respiração quando percebi estar prendendo. Por sorte não encontramos ninguém no caminho, nenhuma alma, nenhum guarda, nenhum nobre ou o cacete. Nem sei porque estou aliviada, provavelmente acabamos de gastar toda nossa cota de sorte.

Bela tirou uma vela da mochila, acendeu e foi na frente iluminando o caminho nos guiando para fora do palácio e para dentro da floresta.