Tive de escolher uma aula extra. Acreditam nisto?

Só mesmo High School Esperance.

Entre chefe de claque, atletismo, gestão domestica, basquetebol, futebol feminino, vólei e ginástica. Claro que escolhi basquetebol. Ninguém me vence com uma bola nas mãos. Pelo menos a Erika não. Agora sou Amerika, e Amerika irá para a claque. Rosalya estava comigo na claque como Li. Íris ficou em basquetebol, que inveja! Kim ficou pelo futebol feminino. Quanto a Melody, ela foi para a gestão.

O ginásio teve de ser dividido entre todas as turmas mas era suficientemente grande para todos e mais alguns. Vi que as raparigas da aula de Bilogia estavam comigo em claque. Segundo Íris, a rapariga que ficava á minha frente era a Violette e a outra era a Bia. E elas faziam parte de um grupo qualquer chamado Ambis, mas tenho a certeza de que foram Kim, Íris, Li e Rosaya que lhe puseram esse nome. E a líder daquele grupinho era uma loira de cabelos cacheados compridos e olhos azuis, uma tal de Ambre. E faltava a Charlotte? Sim acho que é isso.

–Muito bem, meninas. O campeonato começa daqui a 2 semanas. Temos de estar preparadas, em grandes. Pois nós vamos vencer. Não quero outra coisa se não a vitória!

A treinadora de basquetebol era um pouco violenta mas eu gostei dela. Se não ganhássemos por mérito seria por medo daquela mulher. E eu gosto de vencer. Ou Erika gosta. Porque meu treino fica do outro lado. Oh deus, tenho de vestir aquelas coisas?

–Alguma vez fizeste isto?- Perguntou-me Li.

–Não.

Nem morta.

–Muito bem. Temos uma colega nova.- Começou Ambre. Parece que ela era a capitã.- E como todas nós ela tem de fazer a prova. Se fizer uma coreografia com o máximo de 3 erros entra se não está fora.

–Ok, Ambre. Amerika, chega aqui.- Chamou-me a treinadora Mirany.

Fui para o lado da treinadora, uma mulher esbelta de cabelos loiros curtos presos num rabo de cavalo e olhos verdes pequenos. Ela também vestia o uniforme de torcida mas em comparação tinha calças.

–Sabes alguma coreografia?

–Sei.

E por acaso sabia. Mesmo ficando de parte rindo da torcida eu aprendi os passos todos daquelas garotas. Não era lá muito difícil. Eu e Kali tínhamos até feito uma vez apenas para gozar com elas mas depois não chegamos a entrar.

FLACH BACK ON

Isto ia ser divertido.

–Pronta, Kali?

–Pronta, E.

Sorrimos uma para a outra e saímos do balneário feminino. Mika, Olive, Kelsey, Amanda e Jane, minha gangue feminina, esperavam por nós no lado de fora. Quando nos viram sorriram.

–Ficais melhor ai dentro que aquelas mimadas.- Elogiou-nos Mandy.

–Obrigado, sexy.- Mandei-lhe o beijo e bati minha anca com Kali.

Ela era a minha nova garota. Ela tinha entrado numa guerra e não sei bem como eu acabei entrando também e para o lado dela. Mas enfim, gostei desta miúda e acabou por entrar, quase. Este episódio irá determinar se ela entra ou não. Mas eu tenho certeza que sim.

–Vamos, K?

–Vamos nessa, E.

Esta garota não tinha medos.

O uniforme era curto o suficiente para se verem grande parte das nossas pernas o que agradou aos rapazes. Meus rapazes sempre estavam a par de todos os nossos passos e desta vez não foi diferente.

–Hey, baby.- Blank desceu as bancadas e abraçou-me sorrindo sensualmente.

–Hey, querido. Pronto para o espetáculo?

–Sempre, linda. Arrasa.- Beijou-me e piscou-me o olho antes de ir de volta para as bancadas.

–Mostra-lhes como é, gata!- Encorajou-me Parker.

Meu velho e melhor amigo fiel. Mandei-lhe um beijo e pisquei-lhe o olho. Aquelas patricinhas iam ver.

–Olá meninas.

Patrícia, Caren e Willow viraram-se para nós com nojo e confusão. Continuei com meu maior sorriso no rosto. Eu ia amar aquilo.

–O que estais a fazer aqui?

–Viemos para as provas da claque, claro.- Expliquei inocentemente.

–Vocês? Não me fáceis rir.- Disse Patrícia rindo.- Nem passareis da primeira fase.

–Veremos.- Prometi acenado e dirigi-me para o pé das outras com Kali.

–Vamos deitar isto a baixo, Erika?

–Vamos pois, K. Ou se vamos.

–Atenção a todas. Vamos começar as provas. Irei expulsando portanto não precisais fazer nada se não concentráreis-vos. Prontas? Comecem.

A música Ready or nor de Bridgit Mendler começou a tocar e eu e Kali demos nossos melhor. Aquilo era fácil. Algumas espargatas, uns saltos e o resto da coreografia. Eu fui a única que fiz as cambalhotas mas dou graças a isso a todo o exercício que faço involuntariamente a fugir da autoridades e vítimas raivosas.

E quando acabou, meu sorriso era ainda maior. Isto até foi divertido. Minha adrenalina estava em alta. Como quando fazemos as corridas ilegais. Não há melhor.

–Uau! Muito bem.- Elogiou a treinadora.

Restámos 5. Eu, Kali, uma garota do 2 ano, Wendy e mais duas novatas. O que mais me agradou foi ver a cara das 3 patricinhas mimadas.

–Amerika e Kali, muito bem, meninas! Boa ginástica, Amerika.

–Obrigado, stora.

–Bom, estão todas dentro.

A professora aprecia que tinha ganho o euro milhões mas isto era apenas para gozar com aquelas piranhas por isso…

–Obrigado, stora, mas nunca na vida iria entrar em algo tão sem noção como a torcida.

–A não ser que meu QI baixa-se uns 35 pontos.- Concordou Kali.

–Bye.

Eu e Kali virámo-nos acenando e sorrido vitoriosas. Lamento pela treinadora mas não pelo grupo de idiotas. Nunca na minha vida entraria para uma claque.

FALCH BACK OFF

E agora cá estou eu.

Então acabei minha coreografia no presente e todos aplaudiram. Tirando talvez, Ambre e seu grupo. E mais uma vez senti a adrenalina que á muito deixei de ter.

Isto era vicioso.

–Pensei que tinhas dito que não tinhas feito parte da claque.- Disse Li de boa aberta sorrindo.

–E não fiz.

–Então como fizeste uma coreografia do 4 período?- Perguntou Rosalya sorrindo.

Dei de ombros sorrindo.

–Tenho boa memória.

Elas riram e ouvi Íris gritar animada por mim.

–Bem, acho que isto significa que entrastes.- Treinadora sorriu para mim.- Não é assim, Ambre?

–É.- Murmurou a loira fuzilando-me com os olhos.

Porque as patricinhas tinham tanto ódio de mim? Ó bem.

–Bem vinda a time, Amerika.

–Viva!- Rosalya abraçou-me animada e aproveitou para me segredar.- Viste a cara de Ambre? Isso sim foi incrível.

O resto do treino foi calmo se não contarmos com os olhares de raiva de Ambre, mas por dentro eu gostei daquilo. Era uma sensação familiar. Amerika fengia não estar a perceber-se, mas Erika, essa garota não parava de saltar de felicidade e orgulho.

Erika, Erika, Erika, primeiro dia de aula e já com inimigos? O que iremos fazer contigo.

O final das aulas! Isso sim é uma alegria.

Eu fiquei de ir buscar Rosy e Noah ao colégio então combinei com Íris e Rosalya de nos encontramos no apartamento. Estávamos quase fora do recinto escolar quando nos deparamos com Ambre e um rapaz de cabelos negros ou vermelhos? Não faço ideia mas era uma cor estranha. Mas gostei de seus olhos. Eram de um tom acinzentado como num dia de tempestade. Eu gosto de tempestades. Ficar a ouvir os trovões. Prefiro o barulho ao silencio. Ou preferia. Barulho agora me dá… medo? Isso ou pânico. Começo a ouvir os pneus do carro e as lágrimas começam ao lembrar-me que não voltaram.

Mas agora o que interessa…

O rapaz deu uma tragada no cigarro tranquilamente enquanto Ambre se empoleirava no seu braço. Suas amigas estavam ao lado deles. Violette me chamou a atenção porque em vez de estar sorrindo falsamente com as outras ela corava olhando o chão.

Passámos por eles ignorando-os mas não fomos ignoradas como pretendíamos.

–Ó tu! Ameline! Novata!

Revirei os olhos e parei virando-me para ela junto com minhas amigas.

–É Amerika.

–Tanto faz.- Disse com desdém.- Quero que fique esclarecido que não vais roubar meu lugar na claque. Eu sou a líder e ninguém mais.

–Desculpa desiludir-te, Amber. Mas Amerika já roubou teu lugar. Não sei se percebes-te, mas a prova dela foi mil vez melhor que a tua.- Rosalya sorriu e cruzou os braços.- Teus dias como Líder de torcida estão contados, princesa.

–Ninguém está a falar contigo, Wings. Podes ser a filhinha do diretor mas não passas de uma sangue ruim como tuas amiguinhas.- Amber virou-se para mim e chegou perto ficando a uns 5 centímetros de distância.- Quanto a ti, “Ameline”, vê se te manténs longe de mim ou farei tua vida num inferno.

Esta garota pensa que eu sou quem? Já derrotei cães mais perigosos que ela.

–Experimenta, Amber. Tu experimenta sequer chegar perto dela e verás o que acontece.- Ameaçou Rosalya pondo-se á minha frente.

Meus olhos arregalaram-se involuntariamente. Nunca ninguém me tinha defendido porque, bom, eu nunca precisei. Todos sabem que Erika Holt se defende melhor que ninguém por isso mesmo ninguém se mete com ela. Mas a atitude de Rosalya fez Amerika emocionada de uma certa forma.

–Está a ameaçar-me, Wings? Tu?

–Podes me querer, Jones.

–Uau, que se passa aqui?- Lysandre apareceu com os gémeos e Kentin. Não perdeu tempo e logo se pôs ao lado de sua irmã.

–Tua irmãzinha que pensa que me mete medo.

–Esta piranha que acha que é a rainha.

–EU sou a rainha!- Disse superior lançando o cabelo para trás dos ombros.

–Sou se for de um chiqueiro.

Tapei a boca para conter a risada o que fez meus olhos lacrimejarem do esforço.

–Ok, ok, vocês duas parem quietas e expliquem-me o que se passa.- Disse Lysandre sorrindo para não rir.

–Esta garota tentou meter-se com Amerika mas deu-se mal porque ninguém ameaça meus amigos!

Eu cada vez mais gostava desta garota.

–Ela ameaçou-te, Amy?- Lysandre perguntou-me mais apenas dei de ombros ainda sorrindo.

Era impossível não rir com esta cena. A sério. Eu podia perfeitamente chegar ao pé de Ambre e fazê-la calar-se para sempre, mas ver Rosalya atuar em meu lugar era muito mais divertido.

Afinal, esta era a vida de Amerika e não de Erika.

–Ambre, qual é o teu problema? A garota acabou de chegar e tu já a ameaças?

–Não me enchas, Lysandre. Essa garota que nem pense roubar-me o lugar na claque e eu não lhe farei nada.

Revirei os olhos e decidi entrar na conversa.

–Ok, para que fique esclarecido eu não pretendo roubar-te o lugar em lado nenhum. Apenas entrei na claque por entrar e…

–E ela não tem culpa que se tanha saído melhor que tu.- Interrompeu-me Rosalya fazendo-me olhar para ela reprovando-a.

–Ninguém é melhor do que eu!

–Pois, como queiras.- Disse voltando-me de novo para a “princesa”.- Já que és assim tão boa não precisas me ameaçar porque de certo me vences, não é?

Ela engasgou-se com as palavras fazendo-me sorrir.

–Claro…eu…

–Pronto. Ok. Tudo resolvido. Vamos embora.- Empurrei Rosalya que ria alegremente da cara de Ambre. Eu mesma sorria orgulhosa de Amerika. Nada de violência.

Por enquanto.

–Aquilo foi incrível. Vistes bem a cara dela?

Todos rimos e Jason ou Jass, colocou um braço nos meus ombros.

–Muito bem, Amy. É assim mesmo que se faz.

–Obrigado. Agora diz-me. Tu és quem?

Eles riram e fiquei a saber que era o Jason e não o Jass. Nem sei porque me o disseram porque de certeza amanhã iria confundi-los de novo então… prontos.

Eles seguiram seu caminho e eu segui o meu chegando á escola deles, já tinha tocado á 6 minutos. Rosy e Noah correram até mim e abraçaram-me.

–Desculpem o atraso. Prometo que para a próxima venho a horas.

–Tudo bem. Sónia teve a contar-nos histórias enquanto esperávamos.- Sorriu Noah dando-me a mão.

–Á sim? Quem é Sónia?

–É a auxiliar.- Explicou Rosy no meu outro lado.- Ela e muito simpática.

–Ainda bem. Gostastes do primeiro dia?

–Sim!- Gritaram juntos.

Ri e compôs o meu casaco castanho com o emblema da escola. De certeza absoluta que ainda iria nevar hoje.

–O que achais de um chocolate quente para me desculpar pelo atraso?- Perguntei quando avistei o apartamento.

–Com natas?- Perguntou Rosy.

–E pinta rolas?- Perguntou Noah.

–Ok, ok, com tudo o que quiséreis.

Eles riram animados e senti-me aliviada. Um enorme peso se foi dos meus ombros ao ouvi-los rir. 1 Meses ainda não era nada para esquecer o que aconteceu, nunca iria esquecer o que aconteceu, mas pelo menos eles estavam a seguir em frente.

Noah correu para a porta e puxou-a mas não ressoltou de nada porque estava trancada. Ele virou-se para mim com um beicinho e os braços cruzados.

–Não abre!

–A sério? Talvez isto ajude.- Disse mostrando-lhe a chave.

Ele deitou-me a língua de fora e eu ri.

–Cuidado para não ficares com ela congelada.

Ele rapidamente pôs a língua de volta e voltei a rir com Rosy.

–Seria giro ver, Noah com a língua congelada.- Disse minha irmãzinha para mim. Suas bochechas e a ponta do nariz estavam vermelhas do frio e seus olhos azuis brilhavam. A minha maninha era uma pequena princesinha.

–Sim, mas não me agradaria nada ficar cá fora e congelar eu.- Disse compondo o casaco rosa do colégio dela.

–Amy, posso abrir a porta?

–Claro.- Dei-lhe a chave e ia a abrir a porta mas ela se abriu sozinha revelando o rapaz que estava com Ambre.

Noah olhou para aquele rapaz grande e recuou batendo em mim assustando-se com seu tamanho. Eu não me assustei com o tamanho. Assustei-me foi com aqueles olhos que apenas refletiam perigo.

–Oi.- Disse o rapaz.

–Hmm, oi.

Noah e Rosy correram para dentro com frio e Rosy abraçou-se tremendo. Aquilo era estranho.

Entrei também e tirei meu casaco pondo nos ombros dela.

–Melhor?

Ela assentiu agradecida e olhei para Noah que esfregava os braços.

–Com frio, Noah?

–Não! Estou bem!

Sorri para a cara de firmeza dele e despenteei-lhe o cabelo castanho. Levantei-me para abri o elevador e vi que o rapaz ainda ali estava nos olhando.

–Algum problema?

Ele pareceu acordar e olhou-me. Aqueles olhos…

–Não.

E saiu.

–Ok.

Para além de namorar um patricinha mimada é arrogante.

Peguei em Rosy e dei a mão a Noah e subimos para o nosso andar. Quando chegámos ao ap de Marina eles correram para a lareira e eu sorri de lado.

–Não tinhas frio, hem?- Disse para Noah que sorriu envergonhado.

Deitei a mochila no sofá e fui para a cozinha preparar o chocolate quente. Marina apenas chegaria daqui a umas 3 horas no máximo com nosso jantar então tínhamos a casa só para nós.

Os meninos estavam fazendo os trabalhos de casa e tinham acabado o chocolate quando bateram á porta. Sabia que era Rosalya e Íris.

–Olá garota.- Disse Rosalya abraçando-me.

–Oi.

Elas foram até ao sofá e sentaram-se ao lado de meus irmãos. Rosalya foi mais descarada e acariciou barriga de Rosy.

–Olá. Então tu és a Rosalya?

–Sim, mas todos me chamam de Rosy.

–Rosy? Tão giro. Quando tinha a tua idade meus irmãos chamavam-me de Lya.

–Tens o meu nome?- Perguntou minha irmãzinha animada.

–Tenho. Prazer. Sou a Rosalya.

Rosy riu e pegou na mão oferecida de Rosalya. Elas iam dar-se bem.

Quando Marina chegou elas já tinham ido e logo comemos e contámos o nosso dia. Estava esfomeada. Eu sempre estou na verdade. Meu melhor passatempo é comer. Quando não estou a fazer nada estou a comer, quando estou a fazer alguma coisa, estou a comer. Gosto de comer.

Tive de dar os 2 beijos de sempre aos gémeos mas como estavam a faltar os de ontem dei mais 2 e fui para o meu quarto. Em vez de me deitar logo na cama fui até á janela e sentei-me lá a ver a neve cair.

Ouvi gritos do andar de cima e pouco depois uma luz se acendeu e pude ver o reflexo de uma pessoa. Sobe que era um rapaz quando o vi tirar a camisola e mesmo não vendo nada com a cortina corei violentamente e baixei o olhar.

–Abre esta porta, Castil!

Ui, alguém não estava nada feliz.

–CASTIL!

Quando voltei a olhar para cima já não havia cortina e o rapaz estava em olhando. Aquilo foi arrepiante porque mesmo com a janela fechada me arrepiei e senti aqueles olhos em mim.

–É melhor ir dormir.- Murmurei para ninguém se não eu mesma preparada para mais uma noite de pesadelos.