TWO FACE´s escrita por Cyn


Capítulo 26
Spicy Resolutions




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Spicy Resolutions

Ela tinha razão. Nós não podemos escolher quem amamos e neste momento, eu estou, completamente perdidamente apaixonado por Amerika Holt. Na verdade, acho me apaixonei assim que olhei naqueles olhos verdes. Ela tinha algo. Algo que não encontrei em nenhum outra pessoa. Isso me assustava. Perdê-la me assustava. Me assustava a porra fora de mim.

Nos separamos ofegantes e eu sorri. Deus, a ter comigo era a melhor coisa de todas. Prova-la. Tê-la apenas para mim.

Dei-lhe dois selinhos antes de a puxar para a minha cama. Sentei-me e a puxei para meu peito sentindo a respiração dela abrandar lentamente.

–O que nós fizemos?- Perguntou depois de um tempo. Sua voz não passava de um fio.

–Nos beijamos.- Ela levantou a cabeça e me olhou com os olhos cerrados. Esta menina não sabia o quanto era linda.

–Não me digas chico esperto.

Eu ri e a beijei de novo. Encostei-me na parede e a puxei para o meio das minhas pernas deitando-a no eu peito. Passei meus braços ao redor dela e encostei minha cabeça no seu cabelo. Ela cheirava tão bem. Nada fedorento e sufocante como a porcaria dos perfumes de Ambre mas algo doce e simples. Como ela.

–Não chegaste a responder á minha pergunta, Cast?

–Que pergunta?- Minha voz soa abafada por ainda estar escondido nela.

–Teu pai.

Suspiro e fecho os olhos com força.

Se ele me tivesse dito a verdade desde o princípio seria tão mais simples.

–Eu não consigo.

–Falar com ele?

–É.

–Isso resolve-se.- Não entendo o que ela quer dizer até se virar para mim.- Teu telefone.

–Para?

–Manda-lhe uma mensagem. Assim não tens de falar com ele.- Diz sorrindo vitoriosa.

Cerro os olhos e finto aquela garota. Eu admirava como ela conseguia pensar tão depressa, admirava a sua perícia em me por a fazer o que ela quer. Eu a admirava por inteiro.

–Eu não tenho o número dele.- Minto.

–Mente-me que eu gosto.- Revira os olhos e eu suspiro.

Como esta garota pode saber isso?

–Não sei dele. Fala-me de teu amigo Parker.- Peço mudando de assunto mas ao mesmo tempo não posso ignorar a porra de dor que enche meu peito.

Eu estou com ciúmes de um tipo que está a horas daqui? Qual é?

–Apenas falo se mandares uma mensagem ao teu pai.

–Não.

–Óptimo. Boa noite.- Bufa e levanta-se para sair. Logo o medo me assusta de novo. Podia ser tarde mas eu ainda não estava disposto para a deixar ir.

–Não, não, não. Espera.- Digo puxando-a pelo pulso de volta.

–Vais mandar a mensagem?

Suspiro frustrado.

Estava garota vai-me deixar louco!

–Tá! Eu faço.

Ela sorri vitoriosa e me sinto um pouco menos irritando apenas ao vê-la me sorrir assim. Pego meu celular no bolso das calças e ela me olha irritada. Dou de ombros sorrindo e ponho nas mensagens sem saber o que escrever.

–E agora?

–Escreve o que tás sentindo.

Pois, parece muito fácil quando ela o diz.

Feliz natal

–Tá.- Ela tira meu celular das mãos e lê logo me olha com uma carranca fofa que me faz sorrir. -O quê?

–Escreve mais.

–Não sei o que dizer, Ame.

–Não mandes a mensagem para teu pai manda para o teu tio.- Olho para ela confuso mas logo entendo o que ela quis dizer.

Suspiro e volto aos tempos em que tudo estava perfeito. Em que eu amava meu pai.

FLACH BACK ON

–Castiel, que tal irmos ao lago hoje?- Ele pergunta e eu sorrio.

–Claro. Queres fazer uma aposta de que eu apanho o maior peixe?

Ele ri e aperta minha mão.

–Combinado, puto. Mas fica sabendo que não facilitar.

–Eu não esperava outra coisa.- Dou de ombros e subo para a carrinha.

O caminho é longo mas ele me distrai falando do seu trabalho e eu da minha escola, meus sonhos. Vejo-o sorrir para mim com um sorriso orgulhoso. Eu sorri para mim mesmo. Eu gostava de o fazer orgulhoso de mim.

–Chegámos.- Ele avisa e tiramos as coisas da mala.

Sentamo-nos numa rocha, a nossa rocha, e ficamos conversando enquanto o peixe não vem. Isto era frustrante se eu não soubesse que iria perder se desistisse.

–Já cansado, Cas?- Pergunta rindo.

–Eu? Não! O peixe é que podia despachar-se.- Bufo e ele ri.

Mais vinte minutos de espera e nada! Onde está o raio do peixe!?

–Isto é uma s…- Calo-me quando a cana quase foge de mim. A agarro com força e meu tio ri.

–Força, Cas!

Eu faço com mais força mas apenas para ele ter orgulho de mim. O peixe puxa mas eu sou mais forte. Fico brincando com ele mais uns 10 minutos até meu tio pegar no camaroeiro e preparar-se para o apanhar.

–Pronto, rapaz?

–Pronto!

Trabalhamos juntos e conseguimos tirar o peixe da água. Ele debate-se mas é inevitável. Dali ele já não sai.

Meu tio tira o anzol e pega no peixe o admirando.

–Que maravilha. Bom trabalho, Cast.

FLACH BACK OFF

Oi tio, tudo bem? Feliz natal para todos aí, espero que tenham comido muitos doces, eu cá não parei.

Eu sei que é tarde mas uma certa ruiva chata que só me sabe tirar o sério me ameaçou a mandar-te esta mensagem. Ela é pequena mas é violenta mas o que tem de loucura tem de doçura, ias gostar dela. Eu cá sei que gosto.

Então é isso, esperto que esteja tudo bem

Abraços,

Castiel

–Feliz agora?- Mostro-lhe a mensagem e vejo-a sorrindo.

–Está perfeita apenas vou mudar uma coisa.

Ela clicou em algumas teclas e me deu o celular de volta. Ela apenas tinha mudado o tio para pai.

–Eu disse que ia resultar.

Esta miúda é brilhante!

Mando a mensagem e ponho o celular na mesinha de cabeceira. Olho para a ruiva de lindos olhos verdes hipnotizantes e lhe seguro no rosto a beijando agradecido verdadeiramente.

–Querias dizer aquilo mesmo? Na mensagem?- Me pergunta olhando-me nos olhos.

–Cada palavra.

–Então, achas aquilo mesmo de mim?- Pergunta hesitante.

–Aquilo e muito mais.

–Oh.- Mesmo estando escuro eu posso imaginar seu rosto corado tanto quanto seus cabelos.

Amerika podia negar o quanto quisesse mas ela era uma garota inocente demais assim como doce. Uma simples facada e ela cai. Eu não preciso de dizer o quão ruim essa hipótese me faz sentir, né?

–Agora me fala sobre esse teu amigo.

Ela se ajeita se sentando á minha frente e pego uma das suas mãos. Preciso ficar em contacto com a pele dela constantemente. Está a tornar-se um vício.

–Bom, que queres que te diga?

–Como vos conhecestes?

–Desde sempre. Ele sempre foi meu vizinho e mamãe era muito amiga da mãe dele então meio que fomos obrigados a conviver juntos. Sempre fomos nós dois contra o mundo sabes? Sempre lá estava comigo e eu com ele. Se algum de nós sofria o outro sofria também. Eu lembro-me de quando comecei a escola ter medo porque pensava que ele me ia abandonar pelos garotos mas aconteceu tudo ao contrário. Ele não saiu do meu pé os dias todos. Ficávamos com os rapazes umas vezes e outras com as raparigas mas eu dava-me melhor com os rapazes então simplesmente passamos a andar com os rapazes.- Disse com uma careta.

–Meus pais amavam-no então ele sempre estava connosco nos nossos passeios ás vezes nas férias. Minha família passou a aceitá-lo como família também. Como Jonas disse parecíamos gémeos siameses e eu gostava disso.

Quanto mais ela falava mais meu coração pesava. Aquele cara era tão importante na vida dela como nenhum outro seria. Pela primeira vez na minha vida, me vi desejando estar na pele de outra pessoa.

Mas ela estava tão feliz contando dele, seus olhos brilhavam com tanta saudade que fui incapaz de a interromper e apenas sorri porque ela me estava a abrir seu coração. A MIM!

–Quando meu pai morreu eu lidei com isso na minha maneira. Sabia que ele estava bem agora, que já não sofria mais, mas me tranquei mesmo assim no meu mundo. Não falava com ninguém, não comia, não fazia nada. Até que ele apareceu no meu quarto irritado. Ele nunca foi um cara irritado. Ele sempre sorria, estava de bem com a vida, alegre, repleto de energia e naquele dia me assustou vê-lo assim. Então ele apenas disse que ou eu voltava a ser eu ou podia esquecê-lo.

–Saíste.- Adivinhei.

–Não podai perde-lo. Perdi meu pai não ia perder também meu melhor amigos.- Assenti.- Mas foi quando tinha 13 que vi a nossa verdadeira amizade. Eu tinha apostado fazer uma coisa estúpida e ele apareceu e fez essa coisa estúpida comigo. Nesse dia eu sabia que nossa amizade ia para além de tudo e todos. Era-mos amigos e ninguém iria mudar isso. Sempre e sempre, nunca e para sempre.

Uma lágrima escorreu-lhe do olho e a limpei com um nó na garganta. Mesmo odiando esse cara eu o traria aqui se pudesse apenas para não a ver sofrer. Claro que eu também seria o primeiro a comprar as passagens de volta para ele mas… isso não interessa.

–Que coisa estúpida apostaste? Não imagino uma menina como tu fazendo algo perigoso ou fora das regras.- Brinco mas é a total verdade.

Amerika é doce demais.

–Não me conheces, Cast.

–Então deixa-me conhecer.- Digo puxando seu rosto para o meu pelo seu queixo.- Deixa-me conhecer-te, Ame.

Mas lágrimas brotaram dos seus olhos e um pequeno sorriso apareceu no seu lindo rosto. Dava tudo para saber o que ela pensava.

Desta vez quem deu o primeiro passo colando nossos lábios num só. Beija-la era tão… diferente. Tão puro. Segurei nos quadris dela e a sentei no meu colo. Sentir seu corpo contra o meu era tudo o que eu pedia. Suas mãos foram para meu cabelo puxando-o um pouco. Senti o gemido na minha garganta e a beijei mais de força.

Quando eu quero que o beijo dure ele é rápido e quando me quero despachar ele demora. Mas porque fazes isto comigo Deus?!

Apertei seu rabo fazendo-a gritar e eu ri rouco entre seus lábios. Ela me bateu no braço e eu a virei deitando-a na cama ficando por cima dela. Eu a queria tanto que até doía.

Beijei seus pescoço fazendo-a suspirar satisfeita. Não pode deixar de sorrir. Ela se sentia tão bem quanto eu. Sua pele era a minha Kryptonite.

Suas mãos exploraram meu corpo arranhando minhas costas levemente. Esta garota ia-me deixar louco! Minha boca sentia a falta da dela, precisava a possuir, a fazer minha.

–Cast!- Ela protestou e eu sorri sabendo que ela pensava o mesmo que eu.

Não torturei nenhum dos dois e voltei a colar nossos lábios com mais de força que antes. Mais pressão, mais possessividade talvez, mas com a mesma paixão. Percorri seu corpo com minhas mãos sentindo cada curva de seu lindo corpo.

Na vinda para cima acabei puxando sua blusa para cima com o processo e senti sua pele quente e os batimentos apressados de seu coração que combinavam com o meu. Eu estava tão duro que me irritava por ser tão fraco. Estava indo rápido demais. Ela merecia melhor. Minha miúda merecia tudo perfeito e não assim!

Sem vontade me afastei e fechei os olhos suspirando pesado. Não os abri porque sei que me perderia de novo naqueles olhos e talvez me arrependesse no final e ela me passasse a odiar.

–Precisamos… parar. Muito …rápido.- Gaguejei com a falta de ar.

Sai de cima dela e me ajoelhei na cama olhando o tecto. Passei minha mão pelos meus cabelos, frustrado. Preciso-me controlar, caneco!

–Castiel eu não…

–Isto está muito rápido, Ame. Eu quero ir devagar contigo.- Digo a olhando. Seus olhos brilham de desejo e meu peito aquece sabendo que ela me quer tanto quanto eu a ela.

–Mas Cast…

–Ame, baby,…-Me sento perto dela e seguro suas mãos a olhando nos olhos.-…me deixa fazer o correcto. Eu preciso fazer o que é certo uma vez na minha vida.

–Bom, ok. Tu é que sabes.- Sorri e eu sorrio de volta. Dou-lhe um selinho e me afasto rápido para não cair na tentação.

Então me lembro de uma coisa que me deixou curioso durante a ceia.

–Ame, porque teu primo te chama de Nicoly?

Ela ri um pouco e passa a mão pelo cabelo.

–Queres mesmo saber?

–Quero.

–Oh, bem, é que é meu nome do meio.

–Então a menina sempre tem nome do meio.- Sorrio e ela ri envergonhada. Isto apenas tornava aquele momento mais engraçado.

FLACH BACK ON

–Katrina? Miranda? Bella?

A ruiva nega com a cabeça rindo e se aproxima dele sorrindo. Eu não posso deixar de admirar seu corpo e sua ousadia. A miúda é gosta para caralho!

–Sabes porque nem tu nem a tua irmãzinha Victoria conseguis descobrir meu nome?

–Porquê, docinho?- O palerma pergunta palerma como sempre.

–Porque não tenho.

Ela se vai batendo com o cabelo fogo no rosto do palerma. Eu sorrio involuntariamente vendo-a partir. Nath ficou com uma cara estúpida olhando-a também. Esta miúda tinha tanto de beleza como de coragem.

FLACH BACK OFF

–Estás a rir-te de quê?- Minha ruiva pergunta sorrindo.

É, ouviram bem, MINHA ruiva então tratem de dar o fora!

–Daquele dia. És uma incrível mentirosa.- Digo admirado.

–Eu sou incrível de qualquer jeito.- Gaba-se e eu apenas rio e a abraço contra mim.

Eu não vou negar que ela é incrível de qualquer jeito mas se ela tivesse fora daquele pijama vermelho eu ainda pensava noutras palavras…

–Qual é o teu nome do meio?- Me pergunta.

–Raphael.

–Castiel Raphael Cross?

–Dinis Cross.

–Aí, gostei. Tua mãe pensou que irias ser um anjo. Posto dos nomes de anjo.

–Errou ao comprido.- Rimos juntos e me deito na cama com ela ao meu lado. Ela vira-se para mim de frente e começa a acariciar meu peito.

–Para que fique esclarecido Castiel Raphael, aí do menino “anjo jamais” que conte sobre meu nome do meio ou eu torturo-o.- Quanto mais ela tentava parecer ameaçadora apenas a achava fofa.

–Porquê?

–Porque sim. Nem minha família toda sabe meu nome do meio e quero que fique assim, capiche?

–Capichei tudo princesa.

–Óptimo, agora beija-me!

Eu como o bom cavalheiro que sou a beijei.

Nunca se deixa uma dama á espera.

Fiquei um pouco em cima dela e a olhei nos olhos sorrindo maliciosamente.

–Porque não me contas mais sobre essa tortura?

Ela cerrou os olhos e eu ri beijando o canto da sua boca, seu nariz, sua testa, suas bochechas, cada um do seu olho e então, só então, sua boca.

–Estava a ver que não.- Murmura na minha boca e eu ri caindo de volta na cama. Ela sorri e é a vez dela de se por um pouco em cima de mim me beijando calmamente.

Deita a cabeça no meu peito e eu a agarro contra mim deitando minha cabeça na sua. Sinto a respiração dela começando a tranquilizar e então ela dorme.

Meu celular vibra e eu o tiro da mesinha.

Castiel, meu filho não tens noção da prenda que me dás hoje. Está tudo bem connosco sim, meu filho. Feliz natal para ti também garoto. Não tens noção do quanto esperei por esta mensagem.

Quanto a menina que te ameaçou dá-lhe os meus obrigados porque graças a ela meu natal ficou perfeito. Ia gostar muito de conhecer essa garota que te massacra a cabeça ou será o coração? Seja como for filho já adoro esta menina apenas por te conseguir domar. Sei que teu feitio é complicado sais-te a mim quanto a isso.

Espero que me perdoes e me venhas ver um dia e trás essa menina contigo. Não precisas de dizer já percebi o quanto ela é importante para ti. Te amo, meu filho. Sempre o fiz sempre te o disse apenas faltava duas palavras no meio.

Feliz natal para ti para tua mãe e para a garota que tens nos braços. (Não me enganas sei que a tens neste preciso momento.) Queria saber muito mais mas cara a cara contigo ao meu lado. Espero que isso seja possível.

Era a única coisa que pedia.

Abraços,

Pai

Sinto uma lágrima cair-me do rosto e ponho o celular no lugar. Abraço-me á minha ruiva, apertado. Entre as lágrimas sorrio e me sinto leve, tudo graças á menina ao meu lado.

7:07 da manhã…

Acordei com alguém chorando e sentindo o calor ao meu lado. Abro os olhos e vejo Ame. Minha Ame. Sorrio mas então paro quando oiço seu choro.

–Ame?- Pergunto a virando para mim.

Ainda dormindo ela aprece com medo e as lágrimas não param. Passo a mão pelo seu rosto e sinto-a quente. Toda ela está transpirando.

–Ame, baby? Vamos, Baby, acorda.- Peço suavemente.- Ame? Baby?

Beijo-a na testa e me sento para a olhar melhor. Sua respiração está acelerada respirando com dificuldade. Aquela porra me estava a assustar.

–Amerika, acorda, por favor, baby. Por favor.

Me lembro da corrida de orientação. Parecia o mesmo mas desta vez ela não estava com febre ou a delirar, ela simplesmente estava tendo o maldito pesadelo.

Ela teria o mesmo sonho todas as noites?

–Baby, acorda, ok? Estás-me assustando aqui.- Seguro seu rosto entre as mãos sentindo meu coração apertado.- Amy?

Seus olhos se abrem para meu alívio e eu suspiro livre. Suas lágrimas ainda não pararam mas pelo menos está acordada.

–Então, princesa? Pesadelo?

Ela assente e me abraça com força. Apenas fecho os olhos e a abraço com a mesma intensidade. Era a única coisa que podia fazer por ela neste momento.

–Já passou, eu estou aqui. Eu estou aqui.

Sinto-a soluçar no meu ombro e a aperto mais contra mim. Aquele maldito acidente a deixou num estado infinito de dor.

–Foi o acidente, meu amor?- Pergunto acariciando seu cabelo e a sinto assentir.- Já passou. Já não estás lá. Agora estás aqui, comigo.

Ela se afasta e enxuga seus olhos olhando para baixo.

–A culpa foi minha.- Sussurra baixo mas eu consigo ouvi-la.

–A culpa não foi tua, Amerika! Olha para mim.- Pego no seu queixo e a faço-me olhar.- Não tiveste culpa de nada!

–Mas Cast…

–Não!

Seus olhos se enchem de novo com novas lágrimas e volta a baixar o rosto. Vê-la assim me deixava um peso novo no peito.

–Ame, aconteceu como podia ter acontecido a qualquer um.

–Se eu não tivesse sido tão estúpida não estaríamos ali!- Disse fria.

–Amerika!- Pego no seu rosto entre minhas mãos frustrado.- Aconteceu, baby! Não podes mudar o passado. Tens de dar graças por estar viva. Tens de pensar nos teus irmãos. Eles te amam e precisam de ti. Lembras-te? O que não era para ser se foi e o que é teu ficou. Baby, eu sei que deve doer mas tens de ultrapassar isso. Podia ser qualquer um ali. Qualquer família. Achas que teus pais estão felizes te vendo assim?

–Eu sei que tens razão, Castiel. Mas mesmo assim… seria tão mais fácil se eles tivessem cá, sabes? Tão mais fácil.- Chora e lhe limpo o rosto.

–Conta-me sobre o sonho.

–A briga. Eles queriam que eu viesse viver com Marina para aqui para me afastar um pouco de lá mas eu não queria. Tinha tudo lá, sabes? Meus amigos, minha vida. Então apenas ouço minha mãe gritar por meu pai e então o carro roda e roda e roda…eu apenas sinto tudo virado ao contrário e então a dor na minha cabeça então acordo no hospital. E descubro que eles tão mortos.- Limpa os olhos olhando suas mão.- Doutor Christopher disse que foi uma morte rápida e sem dor.

–Então vês? Eles estão bem, docinho. Onde quer que estejam, eles estão a olhar por vós felizes pela menina linda e corajosa que criaram.

–Achas mesmo?- Pergunta me olhando. Seus olhinhos verdes brilham com tantas lágrimas ainda não derramas.

–Eu tenho a certeza, baby.

Ela sorri e me abraça pelo pescoço. Suspiro aliviado. Aos poucos e poucos ela irá se recuperar apenas espero ser o que ela precisa para isso.

–Que horas são?- Pergunta quando nos afastamos.

Estico-me até á mesinha de cabeceira e pego no meu celular.

–7:11.

–Tenho de ir andando. Daqui a uns minutos os gémeos vão-me acordar para abrirem os presentes.

–Sério?

–Todos os anos é assim.- Ri um pouco e eu sorrio.

A beijo sentindo de novo seu gosto, seus lábios. Seguro-lhe no rosto a puxando para mim e quando dou por mim já a tenho por completo agarrada a mim. Nos afastamos suspirando ofegantes.

–É melhor eu ir.- Sussurra.

–Sim.

Ela sorri e me dá uma selinho antes de correr para fora da janela. Eu rio para mim mesmo e me deito na cama rodeado por seu cheiro.

Vejo as horas de novo e tento dormir mas é em vão. Nada me faria desmaiar ou tirar meu sorriso do rosto durante um longo tempo. Disso, eu tinha repleta certeza.

Tens razão pai, aquela menina tortura meu coração.


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Notas finais do capítulo

Feito, confirmando e postado
Deixem-me saber o que acharam
bjx