You aren't coming back, are you? escrita por lady


Capítulo 1
Dying isn't only when your heart stops.


Notas iniciais do capítulo

Ei, eu de novo. Espero que gostem, boa leitura!



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"My eyes are closing and I'm scared
cause I only dream of you.
You're a beautiful nightmare,
and nothing can wake me up from you."

O trem deslizava em sua velocidade constante, o mundo a fora passando rapidamente. John se endireitou em seu assento, o movimento lhe causando dor. Estava viajando a mais de duas horas, deixando tudo para trás... Era o que gostava de pensar. Não, não gostava, mas era o único termo que lhe vinha à cabeça enquanto preparava uma mala com algumas roupas e se despedia de Londres horas mais cedo. Se despedir... Fugir seria o correto. Sabia que mesmo deixando Londres, indo para o mais longe possível, as coisas que lhe torturavam durante a noite continuaram até o resto de sua vida. Se dois meses não tinham o ajudado melhorar, agora que não seria a hora.

“Adeus, John.” As palavras ecoavam em sua cabeça fazendo o buraco em seu peito ameaçar se aprofundar, não o deixando esquecer a imagem de Sherlock estendendo a mão em sua direção, enquanto a sua estendida em busca do mesmo, mas nunca o encontrando.

Imagens voavam pela sua mente assim como as árvores cobertas de neve voavam lá fora. Perguntas que nunca seriam respondidas queimavam na ponta de sua língua, ardiam por respostas. Sherlock estava morto. Não o veria nunca mais, não havia a quem correr e pedir respostas. O pensamento fez seus olhos arderem. Em geral, John nunca foi um homem muito emotivo, nunca chorava, não expressava seus sentimentos e encontrava muita dificuldade em fazê-lo quando queria, mas algo dentro dele se quebrou no exato momento em que pegou o pulso de Sherlock logo após este ter se suicidado. Não havia pulso. Não havia vida. John tentou se acomodar novamente, mas era mais do que claro que não ficaria confortável em qualquer posição que desejasse. Seu conforto não existia mais. A morte de Sherlock o deixou em um estado irreparável.

John lembrou das primeiras semanas após a morte de Sherlock. Lembrou-se de como tentou não sentir nada e manter-se ocupado, com o pensamento em seus pacientes. Não obteve muito sucesso, seu esforço sendo em vão.

A noite chegou depressa, mas não sentia sono, nem fome, mesmo não tendo comido há dois dias. Não sentia vontade de dormir, de comer, falar... Nada. Os dias tem seguido assim desde a queda de Sherlock, as vezes forçava a comida para dentro, nada saudável também. Já não reclamava mais. Como poderia, se Sherlock não voltaria? Não havia milagre que o trouxesse de volta e até certo ponto, o doutor aceitou isso. Só não se sentia satisfeito com o mundo a sua volta. Não tinha mais vontade de continuar, não fazia sentido. Era como se estivesse morto, apenas com seu coração bombeando sangue para o resto de seu corpo. Isso não era a definição de viver.

“Queria que estivesse aqui...” John sussurrou entre um suspiro. Era algo comum agora, isso de sussurrar no meio da noite, como se de alguma maneira, Sherlock o pudesse ouvir. Fechou os olhos e deixou seus pensamentos se perderem em torno de palavras que diria a Sherlock se estivesse vivo, como sempre faziam antes de dormir.

Oh Sherlock, eu tinha tanto para lhe dizer. Nós nunca fomos muito afetuosos, mas não precisávamos dizer muito, precisávamos? Tenho certeza de que sempre soube exatamente o que eu pensava, o que eu sentia. Mas agora, meu caro, gostaria de lhe dizer como dói o pensamento de não te ter mais aqui. Gostaria que soubesse pela minha própria boca todas as formas que me salvou, como foi precioso para mim. Gostaria de lhe dizer que como fui tolo por ignorar meus sentimentos, por deixar o que as pessoas pensavam de nós me afetasse tanto. Sinto muito. Sinto sua falta. A tua ausência me causa dor, seria pedir demais ter tudo o que tivemos um dia? Não suporto esse silêncio, ele me agride de forma assustadora. Eu estou assustado com essa depressão que tem tomado conta de mim. Quero suas reclamações de volta, quero o som do seu violino às três da manhã, suas deduções que nunca deixaram de me impressionar, quero nossas discussões sobre as coisas mais banais como você não saber sobre o sistema solar, mas saber sobre meu chá favorito. Quero seus experimentos no meio da nossa bagunça, quero de volta os casos mais loucos que só você deixava interessante. Quero correr por Londres ao seu lado, só nós dois contra o mundo. Quero nosso flat. Nossa sala, nossa cozinha, nosso banheiro, quero nossa vida de volta. Quero você de volta. Mas você não vai voltar, vai? Nunca mais...

John cedeu às lagrimas mais uma vez, sabendo que nem isso aliviaria sua dor, mas não tinha muito que fazer, tinha?

“Você não vai voltar!” John disse em alto tom, não se incomodando que o ouvissem do lado de fora da cabine, não se importava. Dormiu entre o choro e os soluços, entre frases inacabadas e uma dor insuportável.

Mas dormir não melhorava, não amenizava a dor, às vezes - em sua maioria -, piorava. Tinha os mais terríveis pesadelos. E então, quando acordava, descobria que, afinal, não haviam sido apenas pesadelos. De uma forma ou outra, Sherlock estava morto. Sua realidade era agora um pesadelo.

X

Mais tarde naquela noite, a porta da cabine onde John estava se abriu, e uma figura usando um sobretudo preto adentrou e fechou a porta cuidadosamente para não acordar o doutor que já estava dormindo profundamente.

“Oh John...” A voz grave, mas quebrada sussurrou. Pegou o cobertor caído no chão e o cobriu. O rosto do doutor estava perturbado, seus demônios não o abandonavam nunca. “Meu John.” Sussurrou novamente, tocando seus cabelos com tal suavidade para não acordá-lo. “Eu estou aqui, eu nunca te deixei.”

Sherlock sentia-se perdido ao ver seu doutor tão machucado. Como era capaz de causar tanto dano ao ser humano que mais prezava em todo o mundo? Ele estava de fato mais magro, com os olhos inchados e rodeados de olheiras densas, mas não deixava de ser belo. Sherlock sempre se lembrava com carinho das feições de John. Para ele, não havia pessoa mais admirável no mundo, sendo pela pessoa que era como pela aparência. Sentia a falta dele também, mas a distância e a mentira ainda eram necessárias por enquanto.

“Eu vou voltar, meu caro. E vou compensar todos esses anos que perdemos.” Sussurrou ao passar a mão suavemente pela face do doutor adormecido, e então com um suspiro, abandonou a cabine, sentindo as pontas de seus dedos formigarem com a falta de contato com a pele de John.

Ele voltaria para John, sempre voltaria.


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Notas finais do capítulo

É isso ai. Desculpem pelos erros caso sejam muito grotescos, caso não sejam também. Se vocês puderem comentar o que acharam, se gostaram, se não gostaram e tal, seria bem legal. Isso me incentiva a continuar. Enfim, até a próxima! Xx



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