O reflexo da Princesa escrita por Lola


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora. Mts coisas conspiraram contra esse cap, mas finalmente to postand!



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"Mãe da Rapunzel: Excelente, agora eu sou a vilã!" - Enrolados

• Um fio de cabelo da pessoa que lançou a maldição

• Lágrimas de uma viúva

• Sangue de um coração puro

• Ouro de uma bruxa

Só faltam três ingredientes para Felipe se livrar dessa maldição. “Só” não é uma palavra muito apropriada. Em que buraco vamos conseguir essas coisas?

“É impossível!” Joana joga as mãos para o alto, como se estivesse se rendendo. Estamos no jardim do castelo há vinte minutos tentando pensar em qual será nosso próximo passo e até agora não tivemos nenhuma ideia. “Mesmo que consigamos os outros ingredientes, ninguém tem um coração puro! Como vamos conseguir sangue de uma pessoa com o coração puro?!”

Um estalo acontecesse dentro de mim. Meus pensamentos são puxados para dias atrás, quando encontrei Dona Amélia.

“Eu também gostaria de saber, minha querida. Só tome cuidado para não criar laços tão fortes aqui que te impeçam de voltar. Agora acho melhor você volta antes que o pessoal do palácio sinta sua falta.”

Subitamente, minha mente viaja para aqueles maravilhosos olhos azuis. Levanto do sofá, atordoada. Agradeço por tudo e vou atravessando a porta quando ela me chama. Ela me entrega um pequeno pote de vidro com um líquido transparente dentro.

“Você vai precisar disso. Uma poção para purificar o coração.”

“Ai Meu Deus!”

Deixo escapar, sem nem mesmo perceber. Sem dar explicações a eles, saio correndo em direção ao meu quarto. Reviro-o todo em busca da minha mochila e a acho jogada no fundo do meu guarda-roupa, embaixo de uma pilha de roupa suja. Não importa em que dimensão eu esteja, meu guarda-roupa sempre vai ser uma zona.

Encontro o frasquinho que Dona Amélia me deu com facilidade e volto correndo o mais rápido que posso para o jardim. Chego lá arfando e com a testa molhada de suor. Apoio as mãos nos meus joelhos e tento regularizar minha respiração. Assim que consigo, mostro o frasco com o conteúdo transparente para eles dois, com um sorriso triunfante no rosto. Os dois me olham confusos como se eu fosse louca. Felipe pega o frasco da minha mão, o coloca sobre a luz do Sol e o analisa.

“Isso é uma poção para purificar o coração! É muito difícil de fazer! Onde você conseguiu isso?”

Gelo. Se eu explicar onde consegui, terei que dizer que encontrei a vidente e ele vai ficar puto comigo por causa disso. Então prefiro me aproveitar da maldição enquanto ela ainda dura.

“Não vou te dizer e você não vai mais me perguntar.”

Ele faz uma careta de revolta que é engraçada. Pego o frasquinho de volta da mão dele e tiro a rolha.

“O que você tá fazendo?” Ele pergunta.

“O que você acha que estou fazendo? Bebendo, claro. Pelo que eu sei, a poção só funciona se alguém beber.”

Ele muda o peso de um pé para o outro e passa a mão pelo cabelo, claramente desconfortável.

“É que antes de beber, acho melhor você saber os efeitos que isso pode causar...”

Levo meu dedo indicador aos seus lábios e faço “Shh”, para que ele se cale.

“Eu quero te ajudar. E seja lá o que isso cause, é melhor eu nem saber para não mudar de ideia.”

Dito isso, eu levo o frasco aos lábios e bebo de uma só vez. O líquido desce queimando pela minha garganta. Tusso algumas vezes, tentando me recuperar. O mundo à minha volta começa a girar e sinto minhas pernas fraquejarem. Caio de joelhos no chão. A tosse se intensifica à ponto de eu não conseguir respirar. Uma forte dor explode no meu peito e todo meu corpo parece estar em brasa. O calor é tanto que minha vontade é pular em uma piscina com gelo. Machas pretas tomam conta da minha visão, e eu desmaio.

(...)

Acordo com a luz do Sol batendo contra meu rosto. Abro os olhos lentamente e tento me situar. Reconheço o quarto de Felipe segundos depois. Minha cabeça lateja, mas eu me sinto incrivelmente leve. Tudo parece mais bonito e harmónico. Levanto da cama e rio quando uma leve tontura se instala em meu corpo e eu quase caio na cama de novo. Como eu sou desastrada! Saio correndo do quarto em direção ao corredor, tropeçando em meus próprios pés, com um sorriso bobo no rosto.

Continuo correndo/ saltitando e desejando um bom dia para todos que cruzam meu caminho. Vou abrindo as cortinas das imensas janelas do castelo toda vez que eu passo por uma delase. Este lugar fica bem mais bonito e aconchegante quando está iluminado. Em um dos corredores um guarda com um semblante sério pergunta se estou bem.

“Nunca estive melhor,e você?”

Ele fica confuso por um tempo e depois responde:

“Eu estou bem. Obrigado, Alteza.”

“Hmm... Você não parece bem. Por que está tão sério?”

“Eu tenho que ficar assim no meu trabalho, Alteza.”

“Faz sentido... Você corre rápido?”

“Acho que sim.”

“Quer brincar de pega-pega?”

“O que?”

Ele pergunta confuso.

“Corre!”

Ele começa a correr e eu corro atrás dele, rindo. Atravessamos o castelo quase todo. Tenho que admitir que ele é rápido e habilidoso. Enquanto eu esbarro em todo mundo, ele desvia com uma graça impressionante. Por onde passamos, as pessoas me lançam olhares estranhos, como se eu fosse louca. Muitas pessoas estão me lançando olhares estanhos como se eu fosse louca ultimamente. Estou começando a achar que talvez eu realmente seja louca.

Chegamos ao jardim, o guarda já arfando. Ele para um pouco para respirar. Aproveito a oportunidade e toco em seu braço.

“Peguei! Sua vez.”

Saio correndo pelo jardim, sem olhar para trás para ver se ele está me seguindo. Encontro o Rei, a Rainha e a família do Conde junto com duas pessoas que não conheço e Joana sentados em uma mesa tomando chá. Corro até eles, rindo.

“Bia!”

Felipe exclama quando me vê. Todos olham para mim. Aceno para eles e continuo correndo. Consigo ver de com o canto do olho, Felipe lançando um olhar desesperado para Joana. O Rei fala alguma coisa no ouvido de um guarda ao seu lado que logo vem atrás de mim. No começo corro um pouco para que ele me não me pegue só que momentos depois fico cansada e acabo me jogando nos braços dele. Ele me carrega e me coloca em uma cadeira ao lado da minha mãe. Tento manter-me ereta, mas meu corpo fica mole de maneira que eu perco o controle dele. Apoio minha cabeça na mesa usando meu braço como travesseiro.

“O que aconteceu com ela?”

A Rainha pergunta a ninguém em especifico, ela tenta levantar minha cabeça, mas seu esforço é em vão.

“Acho que ela bebeu alguma poção, ou algo do tipo. Vou acompanha-la até meu quarto, lá eu tenho alguns antídotos.”

Felipe fala e Joana concorda.

“Ah, eu bebi, sim! Lembra não? Você que me deu! Aquele líquido gostoso e saboroso.”

Felipe gela e começa a gaguejar, rio dele.

“Impossível, Alteza. Felipe esteve comigo a manhã toda, acho que não foi ele que te deu a poção.”

Começo a protestar, mas antes que eu termine meu raciocínio, Felipe e Joana me arrastam para longe do resto das pessoas e me levam para o quarto de Felipe.

“Não sei ao certo qual era o efeito daquela poção, mas com certeza não era esse.” Joana fala, Felipe se ajoelha em frente a mim e me encara.

“Bia, como você está se sentindo?”

“Feliz. O mundo está mais bonito, colorido, leve.” Respondo com um grande sorriso no rosto.

“Então funcionou. Joana, você pode ir ao hospital pegar uma agulha para coletarmos o sangue dela?” Joana assente e sai. Ela volta minutos depois com todo material necessário. Com uma delicadeza que eu não fazia ideia que ela tinha, ela pressiona a ponta da agulha contra no meu dedo indicador e deixa o sangue escorrer em um potinho, depois limpa com algodão e coloca um curativo.

Eu nunca me importei em ver sangue das outras pessoas, mas ver o meu sangue faz minha pressão baixar na hora. Não me pergunte o porquê. Assim que vejo o líquido vermelho escorrendo pelo meu dedo, fico tonta. Desvio o olhar e respiro fundo. Encosto a cabeça no travesseiro de Felipe e fecho os olhos, adormecendo.

(...)

Acordo não sei quanto tempo depois. Toda a felicidade que existia em mim horas antes de esvaiu, o mundo voltou a ser o mesmo de sempre. Escuto sussurros vindos do outro lado do quarto. Abro um pouco os olhos e vejo Joana e Felipe conversando, há lágrimas nos olhos dela e, apesar de nunca ter ido com a cara dela, isso faz meu coração partir.

“Você é um idiota! Eu sempre estive ao seu lado quando você precisou, não ela! Desde a primeira vez que te vi, eu me apaixonei e fiz de tudo para chamar sua atenção e você nunca, nunquinha nem me olhou diferente! Passei anos a fio tentando fazer você enxergar que seu lugar é ao meu lado,que somos perfeitos um para o outro! Sou eu que sei todos os seus segredos, dúvidas e inseguranças, não ela! Eu te amo! E sabe o que mais? Eu me odeio por isso.”

Ela para de falar porque as lágrimas não deixaram. O discurso dela faz meu coração partir. Agora consigo enxergar as coisas com outra perspectiva. Sempre culpei Joana por tornar meu romance com Felipe (ainda mais) complicado, mas percebo que eu cheguei depois. Eu sou a vilã(talvez até mesmo a vaca). Aquela personagem que aparece no meio da história para estragar tudo, porém logo depois vai embora e deixa o casal protagonista viver seu lindo romance.

Felipe abre a boca para se defender, mas Joana o manda calar a boca e sai correndo do quarto,e ele nem se dá ao trabalho de segui-la. Levanto da cama. Se ele não vai atrás dela, eu vou. Felipe vem até mim e tenta me impedir, segurando meu braço.

“Me solta!”

Ele obedece por causa da maldição. Corro atrás de Joana, praguejando por meu vestido ser tão longo. Não sei qual é o meu problema. Posso odiar mortalmente a pessoa, sempre tenho o impulso de ajuda-la de alguma forma quando a vejo sofrer.

Perco Joana de vista quando uma multidão de guardas vêm em minha direção, eles estão atômicos. Pergunto o que está acontecendo, mas nenhum parece interessado em me ouvir. Escuto barulhos de coisas se quebrando e gritaria. Um guarda alto e branquelo me segura pelo braço e me arrasta até um corredor mais afastado onde tem um quadro enorme ocupando a parede. O guarda tira o quadro do gancho e olha para mim como se esperasse que eu fizesse alguma coisa. Olho para a parede amarelada a minha frente, depois para o guarda, então olho para a parede e para o guarda novamente. Arqueio a sobrancelha.

“É uma parede muito legal, mas eu estou um pouco ocupada.”

“Alteza, o castelo está sendo atacado. Não é hora para gracinhas. Abra a parede.”

Suas palavras são acompanhadas por uma onda de adrenalina que invade meu corpo. Minha mente viaja para o dia que achei aquela passagem secreta. Os magos finalmente atacaram, com tanta coisa acontecendo eu já tinha até esquecido disso.

Encaro o guarda, esperando alguma dica de como ele espera que eu abra uma parede, e é então que eu lembro. Não sei se vai dar certo, mas vale a tentativa.

Rasgo minha pele com a unha e sujo a parede com meu sangue. A mancha vermelha some e é substituída por um buraco que vai se abrindo lentamente. Assisto à magia acontecer, maravilhada, mas não tenho tempo de apreciar todo o espetáculo porque o guarda me empurra dentro da abertura e a fecha com o quadro logo em seguida, me deixando sozinha em meio ao breu.

Tateio às cegas, procurando alguma coisa. Minha mão encontra uma superfície irregular que julgo ser a parede. Estico o outro braço e toco a outra parede, me desespero ao perceber que estou em um cubículo, mal consigo esticar dos dois braços por completo. Calma. O ar aqui dentro não vai acabar, Bia. Tento tranquilizar a mim mesma. A parede não impede que o barulho do ataque lá fora penetre em minhas orelhas e não é um som muito agradável quando se quer tentar relaxar. Principalmente quando ele parece cada vez mais próximo.

Dou um passo à frente, com o intuito de saber exatamente o tamanho do cômodo e finalmente descubro o que ele tem. Uma escada.

Saio rolando sem parar, machucando uma parte diferente do meu corpo a cada degrau. A escada parece ser eterna. Tenho mudar de posição de maneira que a quebra de torne mais agradável. Consigo mudar de posição, mas ela não é necessariamente mais agradável. Agora em vez de descer rolando, eu desço “de barriga”. Quero que isso acabe logo, porém ao mesmo tempo tenho medo de bater a cabeça quando chegar ao chão.

E então eu paro. Meu pé “engancha” em um degrau. Abro os olhos lentamente, nem percebi que eu os tinha fechado. Não sei descrever o imenso alivio que sinto ao ver guardas vindo em minha direção. Eles seguram tochas e parecem prontos para atacar. Suas posturas relaxam quando veem que só sou eu.

Levanto trêmula, tentando ignorar as pontadas de dor em todo meu corpo. Um guarda vê que estou mancando e se oferece para me ajudar. Sorrio gentilmente em agradecimento e digo que estou bem. Acompanho-os por um longo corredor que dá direito a uma pequena porta de madeira, atravesso-a e entro em um cômodo. Dentro dele há o Rei, minha mãe, Eduardo, o Conde e sua esposa, junto com alguns funcionários e guardas. Minha mãe corre em minha direção e me abraça. O carinho não é bem recebido pelo meu corpo. Solto um gemido de dor. Ela faz uma cara de preocupação e me leva até uma cadeira ao lado do Rei. Sento e ela diz que vai chamar a enfermeira que está conversando com um guarda do outro lado do recinto.

“Por Deus, Bianca! Você quase nos matou de susto. Pensamos que os magos tivessem achado esse esconderijo.”

“Eu estou bem, papai. Obrigada por se importar.”

Falo com um tom carregado de ironia, ele se prepara para dá uma resposta, mas um guarda chega e tira toda a atenção dele.

“Aquele negócio já está seguro, Majestade. Dez soldados estão protegendo o cofre.”

“Ótimo.”

O Rei parece aliviado.

“Que negócio?” Pergunto curiosa. O Rei diz que é melhor que eu não saiba. Tento insistir, mas ele me ignora.

Vejo um guarda entrando no cômodo com Joana em seus braços. Meu corpo gela ao ver que ela está apagada. Corro tão rápido que nem a enfermeira que estava praticamente ao lado da porta chega mais rápido que eu. Chego seu pulso e respiro aliviada ao constatar que ela está bem. Quer dizer, quase bem. Se não levarmos em consideração o ferimento do braço.

Ver Joana me faz lembrar de que tem uma pessoa que não está no abrigo comigo.

Felipe.


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Notas finais do capítulo

Cap passado não tiveram poucos comentários! Espero q isso não se repita, ok? Hehe. A ultima vez q isso aconteceu eu abandonei a história e só voltei a escrever anos depois, transformei em um cap único e o casal não ficou junto! ~eu botando medo~ Espero que tenho gostado! Comentem, favoritem e recomendem... Beijos :D