Mais uma vez ela esperava no banco por alguém que não viria, alguém que não merecia seu amor ou dedicação. Mais uma vez ela era observada por alguém que, com olhos tristes balançava a cabeça em desaprovação.

 - “Ainda espera por ele... Até quando irá esperar? Até quando irei suportar essa dor? Não foi suficiente ele ter ido embora e ter te abandonado? Quando irá enxergar o quanto te amo?”

Ele não compreendia como ela poderia ainda amar aquele ser tão desprezível, tão egoísta. Poderia ter tudo, poderia ter reconstruído seu clã ao lado de uma linda mulher, ser feliz realmente, com seus filhos a sua volta, uma família.

Mas ele preferiu partir em busca de vingança. Sem saber que o irmão seguia ordens de Konoha, sem saber que o irmão, mais que qualquer outro, o protegeu com a perda da própria felicidade, da própria vida.

E mesmo agora que cumpriu sua promessa, que conseguiu sua miserável vingança, que tornou-se o verdadeiro vingador da família e último de sua linhagem, mesmo agora ele não volta.

 - “Talvez tenha se arrependido do que fez... Talvez a vergonha seja maior que a vingança. No final das contas ele tinha sentimentos. Mas ainda não consigo sentir uma gota de piedade que seja. Ele buscou por tudo isso. Ele nos abandonou e correu atrás da própria infelicidade e encontrou tudo aquilo que procurou com tanta voracidade.”

 - “Um dia irá voltar, eu sei. Um dia poderei dizer tudo o que senti por você, tudo o que sinto por você. Então entenderá minha decisão. Saberá que o que eu sinto por você não irá mudar mais, mesmo que me peça, mesmo que me implore. Quando este dia chegar não encontrará mais a menina e sim a mulher. Uma mulher decidida e que não deixa ninguém lhe ferir ou magoar. Uma mulher determinada que vai atrás de sua felicidade, custe o que custar. Então entenderá o meu sentimento e minha decisão.”

Uma lágrima rolou solitária pelo rosto dela. Seus cabelos róseos não conseguiram esconder de seu observador que ela chorava. Aquilo foi como uma adaga em seu peito. Ela chorava por ele, ela esperava por ele, ela ainda guardava seu amo para ele. 

Teve vontade de sair dali para não mais presenciar aquela cena. Teve vontade de correr até ela e dizer o quão patética ela era por esperar pelo amor daquele traidor, o quão cega ela era de não enxergar o seu amor para com ela. Amor esse que ele nutria a muito tempo, até mesmo antes daquele traidor ir embora, quando ela era apenas uma garotinha. Teve vontade de muita coisa. Mas não era a primeira vez que ele se pegava em pensamentos como estes, não era a primeira vez que ele a via chorar por ele. E como todas as outras vezes ele ficou imóvel apenas observando.

 A garota secou suas lágrimas, se levantou e num shunshin de folhas desapareceu.

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Já em sua casa, preparava um banho de óleo com pétalas de rosas em sua banheira. Aquela era uma noite muito especial para ela. Seria a noite que ela não mais esperaria e iria atrás daquele que era dono de seu coração.

 - Posterguei isso por muito tempo. Não posso simplesmente esperar que ele volte. Tenho que tomar minhas decisões e ter coragem para cumpri-las.

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Não muito longe dali, em outra casa da vila um homem tomava um saquê. O copo pendia em sua mão, apenas um gole tinha sido tomado, os olhos fixos em uma foto no porta-retrato, uma foto do passado que se fora e nunca mais voltaria. O sorriso da garota da foto não existia mais há muito tempo, o mesmo acontecera com seu próprio sorriso.

 - Por que fui tão tolo a ponto de deixar você escapar de mim assim? Por que não fui capaz de dizer meus sentimentos? Seria muito tarde para dizer o quanto te amo?

Falava sozinho já há muito tempo, na verdade quase todas as noites. Jogou o copo de sua mão com força na parede. Queria acertar a foto como último recurso para afastar aqueles pensamentos de sua cabeça, mas errou. Errava sempre propositalmente.

Ficaria assim a noite toda, mas uma batida a sua porta o fez despertar de seus devaneios.

Ao abrir a porta seu coração acelerou, sua respiração falhou, sentiu as pernas tremerem e o chão sumir. Apertou os olhos numa tentativa de afastar aquela ilusão, mas o toque em seu ombro denunciou que aquilo era real.

 - Vim me despedir. Preciso fazer algo que deveria ter feito há muito tempo e não fiz. Eu espero que... - Não pôde terminar sua frase.

 - Vá, não precisa se explicar para mim. Sei que é muito importante para você. Na verdade eu sabia que esse dia chegaria e até esperava que você fizesse. Vá e não se explique. – Sua voz continha muita dor, o que não conseguiu disfarçar. “Adeus minha flor.” Completou em pensamento.

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 Longe dali, num pequeno vilarejo, o responsável por tanto sentimento em Konoha olhava fixo para o fogo da lareira.

 Seus braços pendiam pela poltrona onde estava sentado, no chão próximo a sua mão direita um copo caído com o líquido espalhado pelo chão, ao lado uma garrafa de saquê.

 Não se moveu com a chegada de sua visita, nem ao menos a olhou para saber quem era.

 - Sakura.

 - Sasuke.

- Então veio finalmente me implorar para voltar. – sua voz era fria e sem sentimento – Já me arrependo de tudo o que fiz, mas ainda não posso te dar o amor que deseja... – uma leva pausa para um pequeno suspiro – Talvez pudesse e devesse ter te amado antes, ter feito minha, mas agora somente remorso e dor tenho para oferecer. 

 -Não vim aqui para isso. – os olhos dele a fitaram curiosos, o que mais poderia ser? Ela estaria com a guarda de Konoha? Teriam vindo para prendê-lo? Talvez assim fosse melhor. – Vim dizer adeus Sasuke!

 Aquelas palavras o atravessaram como uma espada e dilaceraram cada parte de seu ser que ainda tinha alguma esperança em ser feliz. Sentiu-se realmente sozinho no mundo depois da morte de seu irmão. Agora mais do que nunca precisaria por um fim na dor.

- Adeus Sakura. – apena disse com pesar – Seja feliz. – disse muito baixo, mas o suficiente para a rosada ouvir antes de sumir num shunshin.

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Voltava para casa correndo. Queria chegar logo e logo ir atrás dele, mas não precisou ir até sua casa. No caminho, Mas já dentro da vila, viu aquele que procurava na ponte olhando o rio. Ficou o observando por algum tempo, ele era lindo demais, e a luz da lua somente aumentava sua beleza. Queria dizer o quanto o amava há muito tempo. Se surpreendeu quando viu uma kunai em uma das mãos ferir gravemente seu outro pulso e ser enterrada em seu peito antes dele se jogar no rio.

- NÃO!! – Foi tudo o que conseguiu gritar antes de correr e pular no rio para salvar seu amado.

 Saiu do rio com o corpo em seus braços. Precisou de muito chakra para fechar os ferimentos, e se não fosse tão experiente não teria conseguido.

- “A morte é calma, serena. Desculpe por ser tão fraco Sakura, espero que possa me perdoar... um dia. Ah, até sinto seu cheiro, seu toque. Como desejei ter seu toque em meu corpo... como desejei ter seu corpo junto ao meu. Teríamos uma linda família... Droga, até ouço a sua voz.”

 - Kakashi? Kakashi? KAKASHI! Não me deixe! Não agora, não depois de tudo o que suportamos. Por favor abra os olhos, abra os olhos. KAKASHI!

Ao abrir os olhos pensou estar morto, mas então sua pequena também estaria, sentiu uma dor enorme ao perceber isso. Mas então notou que respirava com dificuldade e que sua pequena chorava.

- Yare pequena. Estou aqui. Pensei que não voltaria, pensei que tivesse ido atrás de Sasuke...

- Eu fui. Mas não para fazer o que está pensando. Fui dizer adeus. Adiava esse momento por tempo demais. Agora posso seguir com minha vida ao lado de quem amo.

- Pensei que amasse Sasuke. – sua voz era divertida, mas seus olhos denunciavam confusão.

- O amor que eu sentia por Sasuke era amor de menina. O amor que sinto agora é amor de mulher. Te amo Kakashi.

Dito isso Sakura retirou a máscara de seu sensei e pela primeira vez vislumbrou seu rosto perfeito para logo em seguida selor seus lábios com os dele. O verdadeiro amor de Sakura nasceu quando ela ainda era menina, mas só aflorou quando ela já era uma mulher.

FIM