Not That Kind Of Girl escrita por Roberta


Capítulo 2
A cat or a guy?


Notas iniciais do capítulo

Obrigada as lindas Senhorita Secrets, Thais H, Cecilia Mason Odair e BrittanaEver, Roh Lerman e Girl of the blue eyes ♥



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Pov Clove

Uma vez eu li em um livro que quanto mais oxigênio estiver armazenado em seu corpo, mais tranquilo você fica. Assim que me lembrei disso, comecei a abastecer meu corpo com oxigênio. Comi mais um pedacinho do chocolate que estava em minha mão, mas nada pareceu funcionar até que finalmente Katniss apareceu.

Um alívio tomou meu peito quando ela colocou os documentos carimbados em minhas mãos. A única coisa que faltava para partirmos era o chamado de nosso voo. Iríamos de classe econômica para que nada ficasse suspeito ou alguém desconfiasse de nós.

"Melhor viver assim, do que trancada a sete chaves." Pensei comigo mesma evitando chamar atenção. Daqui para frente eu teria que fazer muito isso para não ser desmascarada. Mas, apesar da peruca coçando minha cabeça, das roupas parecerem XG no meu corpo magro e ser o "garoto" com a voz mais fina do mundo, até que eu estava me divertindo muito.

Kat e eu demos boas risadas quando fomos provar nossas "roupas de plebeias" - como ela adorava dizer. Achamos uma peruca curta para tapar meu cabelo, roupas mais simples (e que a deixariam mais jovem) e finalmente, roupas para um garoto MUITO magrela.

– Se eu não soubesse o que as suas calças escondem - Katniss sussurrou para mim dentro do provador - eu até daria uma chance para você.

Nós duas rimos. O reflexo de Christopher Green no espelho a minha frente parecia bem convincente. Eu podia me acostumar em ser um garoto (pelo menos por um tempo).

– Anda, vamos pagar por isso antes que alguém nos veja - Kat e eu recolhemos as roupas e corremos até os caixas antes que alguém nos visse.

– Falta apenas meia hora, Clove. Aguenta firme - Katniss falou baixinho segurando minha mão.

– Estou calma, Kat - Menti - Vamos olhar por um lado bom. Se ninguém comentou nada ou olhou torto para nós, é porque está tudo dando certo. Tentei acalma-la. Mas, como fazer isso se minhas mãos tremiam aflitas?

– Bem, um monte de gente deve achar que somos um casal, então deve estar dando certo mesmo. - Deixei sair uma rápida risada - Mas, minhas preocupações de verdade não são por causa dessas pessoas.

Eu entendia o que ela estava se referindo. Alguma hora alguém maior que todas as pessoas em volta de nós desconfiariam. Alguém de dentro da casa, alguém perto de meu pai, alguém muito íntimo de minha vó. A qualquer momento, os guardas e os fotógrafos começariam a me procurar.

– Tudo vai dar certo, Kat. Tudo vai dar certo - Repeti apertando nossas mãos.

– Espero que dê mesmo - Uma voz conhecida falou em minhas costas. Me virei com o coração na boca. Apenas abaixei a cabeça e quieta a deixei falar. Eu tinha certeza que depois desse plano ridículo, minha avó me prenderia em casa para o resto da vida.

– Vovó, eu... Eu juro que eu não queria que fosse assim... Eu... Eu... - Tentei me defender, mas tudo que conseguir arrancar de minha boca foram gaguejos. Katniss me afastou de vovó. Interpretei aquilo como "Cala a boca, Clove!"

As duas conversaram um pouco continuando afastada de mim. Depois de quase cinco minutos de conversa, agoniada, sentei-me na primeira cadeira que meus olhos enxergaram.

Quando as duas finalmente terminaram, Katniss veio até mim. Surpreendentemente ela abriu um pequeno sorriso e agarrou algumas das malas. Se eu entendi alguma coisa? ÓBVIO QUE NÃO!

– Ela quer falar com você - Katniss Everdeen murmurou - Seja rápida. Estarei esperando por você lá dentro.

Assenti e caminhei devagar em direção de vovó. Ela tinha um lenço verde na cabeça para não ser reconhecida para os olhares mais espertos. Respirei fundo tentando ficar mais calma.

– Achei que esse dia nunca chegaria, Clove - Vovó Margareth falou calmamente. Suas delicadas mãos seguraram as minhas enquanto ela falava baixinho - Nunca pensei que aconteceria assim, ou com essas roupas, mas pelo menos aconteceu.

Rimos juntas e ela continuou: - Você e Katniss foram muito criativas. Katniss inicialmente estava saindo um pouco dos limites, mas eu continuei acreditando nas loucuras dela.

– Você sabia de tudo? - Perguntei surpresa.

– Sim, minha querida. Alguém tem de acobertar você enquanto estiver longe de nós, não é mesmo? - Concordei. Para todos (inclusive para o papai), eu iria terminar o Ensino Médio em um colégio interno no interior de Portugal.

– Obrigada, vovó eu-- - Minha voz foi cortada pela voz nos auto-falantes que davam as ultimas instruções sobre o meu voo.

– Ande, ande logo, você irá se atrasar, Christopher - Ri da encenação. Coloquei a mochila nas costas e depois dela depositar um beijo em minha testa, corri para o embarque.

– Siga seus sonhos, Christopher - Foi a única coisa que consegui sussurrar para mim mesma (e para Christopher) antes de me encontrar com Katniss dentro do avião.

Pov Cato

– Todo gato tem o direito de ser gato, mas e o garoto, tem o direito de ser gato? - Li para o resto da turma a mesma frase pela milionésima vez. Tínhamos de interpretar essas frases idiotas na aula de Literatura, mas ninguém conseguia analisar da forma certa ou decifrar essa porcaria.

– Continuamos na próxima aula - A professora de pele negra e cabelos longos falou assim que sinal tocou. Caminhei até meu armário pensando em qualquer coisa que não fossem aquelas frases idiotas.

– Repete de novo - Minha mãe falou rindo. Ela tentava esclarecer a parada do gato e do garoto. Repeti a frase para ela.

– Desde quando as escola ficou tão difícil? - Ela perguntou. Aumentei o som do rádio do carro. Por algum motivo estava tocando música asiática. Eu não entendia nada além dos refrões em inglês ou as partes com "baby", então desliguei aquela droga. Eu devo ser a pessoa que mais odeia cultura asiática no mundo e a culpa era toda da minha vizinha: Prim.

A mãe de Prim é enfermeira, então passa o dia todo trabalhando no hospital. Prim não tem irmãos, ou seja, seu dia se resume em ficar em casa fazendo o que quiser (no caso, jogar "JUST DANCE" ou escutar k-pop no último volume). Então, quando ela não está no meu quarto irritando, está cantando k-pop com aquela voz horrível dela.

– Você não tem treino hoje? - Mamãe perguntou ao estacionar o carro na garagem.

– Não. Eles me liberaram porque o garoto chega hoje.

Christopher Green seria o meu novo irmão por quase um ano. Ele podia ser pelo resto da vida se os pais dele continuassem nos pagando o que vão pagar pela estadia dele na nossa casa. Christopher é aparentemente francês, mas vai fazer um intercâmbio de doze meses no continente onde os sonhos se tornam realidade - na América!

– Não é porque hoje tem treino, que eu não vou jogar mãe! - Falei procurando pela bola de basquete. Eu jurava que tinha deixado ela na sala ontem de noite.

– Tanto faz, Cato - Minha mãe gritou da cozinha.

– VOCÊ VIU A MINHA BOLA, MÃE? - Gritei procurando pela esfera laranja por todos os lugares - MÃE! - A chamei novamente.

– Que droga, Cato. O que foi?

– Onde está a bola? - Perguntei sério.

– Eu não sei onde está.

– Eu sei que você escondeu ela. Porra mãe, onde você escondeu?

– Ei, olha a boca! - Ela falou me apontando o dedo - Primeiro você vai jantar, esperar pelo Christopher e ser legal com ele. Depois eu te entrego a bola, tudo bem?

– Aham, aham, mas primeiro me dá.

Ela bufou e foi até a lavanderia. Quando voltou a bola alaranjada e desgastada estava em uma de suas mãos. - As vezes eu acho que você gosta mais dessa merda do que de mim! - Ela reclamou me entregando a "merda" e voltando a cozinhar nosso jantar.

– Eu vou estar lá atrás - Gritei quicando a bola até a porta dos fundos. Empurrei-a e comecei a lançar minha bola nas cestas improvisadas penduradas nas árvores. Tirei minha blusa e a joguei em qualquer canto do jardim - já conseguia escutar a Srta. Miller reclamar em meus ouvidos.

Quiquei a bola com mais força, corri algumas vezes de um lado para o outro e acertei no mínimo sete vezes seguidas os lançamentos.

– Oh, que vista boa! - Primrose Everdeen gritou da varanda de seu quarto (que infelizmente ficava para o lado de nossa casa).

– Vai se ferrar, garota. Você não tem mais nada pra fazer? Pintar as unhas, fazer um desenho, deixar o Cato em paz, talvez - A respondi fazendo mais dois pontos seguidos.

– Para ser sincera... Não! - Ela riu e sentou na varanda de mármore. Arremessei a bola mais uma vez - Bela jogada!

– Não precisa mentir eu-- - Parei de falar depois que notei que aquela voz não vinha da boca pervertida de Primrose.

Vinha da boca de Christopher.

– Com licença - Ele falou educadamente saindo do canto da casa e chegando mais perto de mim. Não reagi de nenhum jeito, só estiquei a mão e ele a apertou.

– Quem é esse? - Prim perguntou da varanda. Christopher olhou para cima procurando a voz.

– Meu nome é Christopher Green - Ele falou abanando a mão para Prim (que fez uma cara esquisita).

– Ahn... Desculpa... - Me atrapalhei. Eu ainda não acreditava que ia ter que dividir o quarto com alguém pela primeira vez na vida - Eu sou Cato. Cato Miller, mas você já deve saber disso - Disse enquanto ele deixava escapar uma risadinha.

– Eu nem acreditei que você jogava basquete, tipo, de verdade - Christopher apontou para a bola em meus braços. Sorri para ele.

– Quer tentar, Christopher? - Ele recusou, mas eu insisti para que ele se sentisse mais a vontade.

O cara era bem baixinho, mas acertou a bola na terceira tentativa. Bati palmas e ensinei mais alguns paços para ele (que parecia tropeçar em todas as peças de roupas enormes a cada passo).

– Agora você faz isso - Falei depois de explica-lo o que fazer. Ele moveu um pouco a cabeça e tentou se movimentar rápido. A coisa toda não deu certo, logo, tive que segurar o corpo do "carinha" para que ele não desce de cara no chão.

Eu ri das bobagens que o corpo dele tentava fazer - que quase nunca davam muito certo - e sempre que não conseguia, Christopher Green fechava a cara. Eu tive a vaga lembrança de alguém ao ver a cara carrancuda dele, mas não podia ser. Chris Green era francês e essa pessoa, bem, era uma das garotas mais graciosas e educadas de toda a Terra. NADA-A-VER eu ter pensado nisso!

– Christopher! - Minha mãe gritou ao vê-lo jogar comigo. Ela o agarrou pelos braços e o puxou para dentro de casa com a intenção de fazer o garoto se sentir em casa.

Peguei a minha blusa do chão e joguei a bola para um canto do jardim. Também recolhi o casaco enorme que Christopher retirou do corpo. Olhei nos bolsos procurando por alguma coisa, mas nada.

– O que você está procurando aí, hein? - Prim apareceu novamente na sacada.

– Nada, sua garota metida.

– Sei. Estou de olho em você Cato Hugo Miller. Em você e nesse Christopher aí.

Ignorei totalmente aquela maluca batendo a porta na cara dela. Eu só queria tomar um banho, comer meu jantar, fazer perguntas para Christopher e depois jogar mais, mais e mais.


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Notas finais do capítulo

Sim, Katniss e Prim são irmãs e sim, tudo será explicado :)
Então, o que vocês acharam? Ficou maior o capítulo porque eu tava inspirada (eu acho) *-* Deixem reviews e opiniões, galera. Beijo e até o próximo!