MARINA

A noite demorou para passar e meu sono simplesmente era afugentado pelas visões que tive em meu sonho.

Ella estava em sono profundo esparramada em minha cama logo ao meu lado, eu a olhava enquanto dormia e desejava só por um momento que toda essa guerra não estivesse acontecendo, assim todos nós poderíamos estar vivendo uma outra realidade. Mas querer não é poder.

O silêncio dava espaço apenas ao som da respiração de Ella enquanto vagava pelo mundo dos sonhos, contudo, um estampido me fez erguer-me rapidamente da cama e mais do que surpresa, um rubor crescente e imediato acometeu minha face. Oito.

– Shhhh – Ele falou baixinho com o indicador direito a frente da boca, se virou e movimentando-se como um gato, sem fazer barulho, pegou um casaco meu com sua mão direita e em seu corpo vestia o seu próprio. Esticou a mão para mim, e eu fiquei lhe fitando em meio a pouca luz do quarto.

– Onde? – falei ainda mais baixo sussurrando de forma quase inaudível. E, como sempre e misterioso ele apenas sorrio me estendendo a mão. – SEM APRONTAR! – falei de forma exasperada ainda aos sussurros, o que fez ele soltar uma ligeira gargalhada e eu peguei em sua mão. No momento seguinte sumimos.

OITO

Apesar da noite ter me dado um prenuncio fatal novamente, eu estava feliz. No momento em que teleportamos reaparecendo, Chicago se estendia como uma grande lençol recortado com prédios e casas, lojas e mercados, e bem ao fundo o horizonte desenhava uma linha incerta devido as construções da megalópole.

– Bom estamos aqui...

– C-CADE O MEU CASACO??! – Marina falou ao se aproximar de mim com as mãos trêmulas e buscando o casaco que estava em minha mão oposta. Imediatamente gargalhei com minha falta de cuidado, mas a envolvi em um abraço ao passo que meus braços se fechavam sobre seus corpo e também colocava seu casaco sobre o corpo.

Eu a havia trazido para o terraço, o amanhecer estava começando e o azul marinho começava a dar espaço para um azul anil conforme o sol adornava a linha do firmamento com sua luz.

– Desculpe... – Falei ao seu ouvido ainda enquanto a abraçava.

– Pelo que? – Ela perguntou.

– Estou sempre te dando trabalho, não é mesmo? – Me afastei por alguns centímetros olhando-a de cima abaixo em seus olhos castanhos. O vento assobiava de forma assombrosa em meu ouvido, mas ali naquele instante tudo parecia parado e em silêncio apenas ao observá-la.

– Não seja bobo. – Ela respondeu enquanto um rubor surgia em suas maçãs do rosto.

O sol começava a sair e as buzinas e freios e toda a movimentação da cidade se atenuava com seu movimento.

Eu desviei meu olhar de sua face por um segundo, e neste mesmo momento sua voz chegou aos meus ouvidos.

– Não vou deixar nada acontecer com você... – Seus olhos nunca demonstraram tanta determinação, e sim, meu olhar encontrou o dela mesmo que dê soslaio.

Sorri em resposta.

– E então vai me obrigar a cumprir minhas promessas? – Falei olhando-a de frente novamente, meus cabelos dançando pelo vento que nos envolvia.

– Com certeza... Mas você prometeu, então você tem que pensar onde iremos... – Marina falou sorrindo enquanto esperava que eu lhe dissesse que tinha algo planejado. O que realmente não era verdade.

– Bom... Se sou eu que vou escolher então vai ser surpresa. Vamos descer e tomar café, depois disso vamos sair...- Lhe respondi

–Hmm, então ta. Vamos... – ela concluiu.

Peguei em sua mão e beijei-a.