Apenas Colegas de Apê escrita por Dreamy Girl


Capítulo 65
O sorriso


Notas iniciais do capítulo

HEEEEY
SABER QUEM TÁ DODÓI? EUUU
Mas Tô melhor, tá? E escrever me deixando feliz 💓 Bora?
PDV STEVE IS ON



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– Amorzinho, vamos pra casa? - Claire faz mais uma de suas mil perguntas no último minuto. Parece que hoje eu estou sem a menor paciência e ela com o seu melhor humor. Achei que todos os meus "Ahan" a fariam perceber que eu NÃO estou a fim de conversa. Mas não. - Ah, antes vamos passar naquela lojinha pra você comprar meu presente. Pode ser? - ela realmente não conseguiria falar qualquer coisa que não terminasse com um ponto de interrogação.

– Claire, hoje não. A gente ainda tá no meio de novembro, falta mais de um mês pro Natal. - respondi, impaciente.

– Mas, baby! - choraminga - Aquele óculos que eu quero vai sair da promoção.

– A gente compra um melhor depois, só vamos pra casa, pelo amor de Deus. - falo, já me levantando e pegando a carteira e as chaves do carro. Nós estávamos no Starbucks pela milionésima vez na semana. Essa garota me fez pegar repugnância do cheiro de café, mas mesmo assim, eu sou obrigado a vir aqui sempre, e pra não fazer desfeita, eu acabo tomando suco.

Aí você me pergunta : por que você tá com essa menina?

Vou explicar do começo, bem do começo mesmo.

Comparar a dor do dia do término com qualquer outra dor, é mancada. Nada pode ralar a dor de ter visto aquela cena.

Por dois meses, eu fiquei sentindo e pensando aquilo tudo que disse pra ela: que ela era uma galinha, que eu estava sentindo nojo dela e tal.

Mas depois disso, ao me lembrar da carinha dela de choro, me pedindo para ouví-la.. tudo o que eu queria era poder voltar no tempo pra realmente fazer isso.

Eu sempre deixei claro e transparente que aquilo que vivemos era real. Ver aquela cena me fez ter vontade de nascer de novo, pra esquecer tudo, apagar tudo e nunca mais me lembrar da existência dela. Mas, nem outra vida seria capaz de fazer isso.

Na noite da ligação daquele tal de Sam, dias depois do término, o que senti pode ser facilmente comparado ao ódio. Ódio dela. Ódio de mim. Ódio daquele cara que estava com a minha menininha, fazendo aquilo que eu jurava que faria pra sempre.

Imaginá-la com outro, que não era eu, que não era o idiota do Taylor, foi horrível. E então, me transformei.

Fiquei um mês inteiro sendo igual - ou pior - ao que era antes dela, antes do namoro, antes de todo aquele amor.

Saía, bebia, pegava geral.. e num dia desses, vi que esse pefil não combinava mais comigo, com o que eu me tornei.

Encontrei a Claire, que fisicamente é até que um pouco parecida com a Rach, mas que por dentro é tão diferente. Como já disse, ela é gente boa, e apesar das crises de frescura, é legal ter um relacionamento com ela.

Nada nem ninguém seria capaz de tirar a Rachel da minha cabeça, e não, eu não deixei de amar e nem a esqueci. Sem chance nenhuma disso acontecer.

Não tem um dia sequer que ela não esteja nos meus pensamentos, não tem um livro que eu veja e não lembre dela.. é como se ela ainda estivesse aqui, mas sem realmente estar.

– Steve! - Claire grita, me fazendo despertar e desviar o carro a tempo de evitar a batida. - Tá dormindo? - pergunta, brava. Nem respondo. - Você não tá legal, e pensei que confiasse em mim pra me contar o que tá acontecendo! - parei no farol. - Poxa amor.. - segurou meu rosto com as mãos. - Estamos juntos há oito meses. Não é o suficiente?

– Desculpa. - falei, com sinceridade. Ela não tem culpa.. ninguém tem,na verdade. - Hoje eu realmente não tô legal, mas não é nada com você. Vou te deixar em casa e vou pro meu apartamento, pode ser? - sim, "apartamento". Parei de falar "Apê" ..

– Não é legal ficar sozinho em dias ruins. Eu posso te alegrar. - diz, maliciosa, me dando um beijo no maxilar. Volto a dirigir e continuo sério.

– Claire, quero ficar sozinho.. me entenda. - digo, tentando não parecer grosso.

– Insuportável. - ela fala, nervosa. - Para o carro, não precisa me levar até minha casa. - pede.

– Claire, não.. eu te deixo lá, para de coisa.

– Para logo. - pede, com mais firmeza. Resolvo obedecer. - Quando estiver de bom humor, me avisa. - e bate a porta com uma força que não imaginei que ela teria.

Respiro fundo. Essa é uma crise de frescura,como disse. Aprendi a deixar pra lá, depois ela sempre age como se nada tivesse acontecido.

***

O motivo do meu dia estar sendo uma bosta é simples : 16 de novembro.

Hoje é aniversário dela. Há um ano atrás, estávamos felizes, completando dois meses..

Peguei o notebook e entrei no Facebook. Já não éramos mais amigos há muito tempo, então digito seu nome e entro pra ver seus recados de "feliz aniversário".

Vejo sua foto de perfil, linda como sempre. Na foto de capa, ela está com Dylan e três meninas que não conheço, na praia. Vi que tiha sido mudada hoje mesmo.

Vou descendo e encontro os recados.

Diego Sanchez :

AEEEE LOIRA! Parabéns! Tudo de bom na sua louca vida, muitos carinhas (Sam, não me mate), muitas festas e muito Diego pra você! Beijo, curta seu dia! Sabe que te amo.

Ela ainda tem contato com esse Diego..

Desci mais, tinham uns recados de amigas, da família, de gente que eu não conhecia e tal.. até achar o que eu queria.

Samuel White:

Já fiz a surpresinha, mas não poderia deixar de vim te desejar tudo aquilo que você merece, ou seja, eu. Hahaha bricadeira nem tão brincadeira assim. Esses meses contigo foram e ainda são incríveis. Obrigado por me fazer tão bem (.........). Minha linda, parabéns pelo que você é, por ser um exemplo de superação e coração restaurado (espero). EU AMO VOCÊ, amiga mais colorida que já tive na vida!

Nem sei como é possível depois de tanto tempo sentir uma coisa dessas.. mas sinto.

Surpresinha? Amo você? Amiga mais colorida? Minha linda? E o que esse monte de reticências dentro dos parênteses querem dizer? Que bem é esse que ela tanto faz?

Fechei o notebook logo antes que o tacasse na parede e liguei pro Peter. Mesmo do Canadá, ele tem sido um ótimo amigo, quando preciso me distrair, rir e tal, ligo pra ele.

– E aí, Steve? A que devo a honra da sua ligação? - atende assim.

– Meu caro Peter, ligo pra saber como estão as louras do Canadá. Ou, quem sabe, as morenas que fazem mais o seu tipo.

– Ah, cara, tô de boa.. a minha irmã me ligou de madrugada, nós falamos da Dyl e tal, aí eu tô meio mal hoje.

– Sabe que eu também? Hoje estou nostálgico, e certar nostalgias não me fazem bem.

– Eu tô ligado.. aniversário dela.

– É.

– Mas e a sua loira, como tá?

Pra mim, minha loira continua sendo a Rachel, mas tudo bem.

– A Claire? Ah. Mesma coisa. Mas eu tô pensando em terminar com ela. Tipo, não tô mais aguentando ficar junto sem realmente querer, sabe? Ela não merece isso.

– Já passou da hora, né? Logo, logo, esses oito meses viram um ano, esse ano, cinco anos e daqui a pouco, você tá casado sem nem perceber. Na moral, faz isso o mais rápido possível. Ficar com ela sem gostar de verdade, vai machucar muito mais do que terminando.

– É, eu sei.. vou fazer isso. Mas, sei lá, tô meio sem coragem.

– Você quem sabe. Já dei minha opinião..

– Valeu, mesmo. Prometo que vou pensar.

– Beleza. Tchau.

– Falou. - desliguei.

É bom saber que aquela merda que eu falei no dia em que eu e a Rachel terminamos, sobre ela poder ter até beijado o Peter sem eu saber, não atrapalhou a nossa amizade. Tipo, ele ficou bem bravo quando fui falar com ele, disse que eu tinha que respeitá-lo e, principalmente, respeitar a Rachel, mas que entendia que foi falado de cabeça quente. Apesar de ter ficado meio resistente à princípio, depois acabou cedendo e me desculpando.

Peguei o celular e liguei pra Claire.

– Melhorou, anjinho? - pergunta, sem nem dizer "alô". Essa é uma mania dela que me incomoda muito: os apelidos melosos. Santo Deus, pra quê isso? "Baby", "Amorzinho", "Bebê", "Anjo".. para, por favor.

– Na verdade, eu queria falar com você, coisa séria. Será que tem como você vir até aqui? - ouço ela dando um longo suspiro (parecia de animação, só não sei por que eu querer ter uma conversa séria com ela pode ser bom.. oh, não, ela não pode achar que vou pedí-la em casamento! Não mesmo).

– Claro! Eu tô indo. - responde, gritando com a voz mais aguda que já ouvi. Sinceramente, pensei que ela furaria o meu ouvido no próximo segundo. - Só vou colocar uma roupa bem linda, já que você deve ter flores aí e uma gravata pendurada no pescoço. Tenho que ficar à altura.

Suspirei. Coloco a mão na cabeça, puxando o cabelo pra trás, e digo:

– Claire, não. Se vier de chinelo e pijama, já tá ótimo. A roupa não importa, só vem logo.

– Ele tá ansioso. - sussurra pra alguém. - Até porque, ele vai querer tirar a minha roupa rapidinho, né?

– Mano, Claire, é sério. - falei, já nervoso. - Não torne as coisas mais complicadas.

– O mau humor não passou, mas eu já tô indo. Me espere. - e fez som de beijo. Revirei os olhos e desliguei.

Isso vai ser milhões de vezes mais difícil do que eu imaginei. Não quero magoar ninguém, mas como o Peter disse, ficando com ela sem ter um sentimento recíproco, é bem pior. Terminando, eu vou deixá-la livre pra viver um novo - e verdadeiro - amor.

Quinze minutos depois, ela toca a campainha. Dou um longo suspiro e me levanto pra abrir. Ao abrir a pprta, me deparo com uma Claire toda arrumada, de vestido vermelho e saltos. Ela pula em meu pescoço e me sufoca em um abraço apertado.

– Meu amorzinho! Eu aceito. - diz. Eu, sem saber o que dizer, entro e a empurro sutilmente. Ao olhá-la, vejo seus olhos marejados.

Merda, meu ponto fraco, não. Ver uma mulher chorar, quebra minhas pernas.

Torno a suspirar e decido ser direto.

– Claire.. é o seguinte : não é de hoje que.. que eu não quero mais esse relacionamento. Tipo, você é legal, é linda.. mas eu só estou com você por comodidade, sabe? Estar com você é bom.. mas eu tô preferindo ficar sozinho, agora.

– Como é? - ela grita.

– Desculpa.. mas eu não sinto esse mesmo amor que você sente.

– E por que me enrolou durante quase um ano? Seu cachorro! - continua a gritar e me bate.

– Porque eu não queria que você reagisse dessa maneira.

– Você acabou de pisar no meu coração, ele estava bem debaixo dos seus pés. - fala, chorando, porém mais calma. - Por que?

– A verdade é que tem alguém que ainda não saiu do meu coração. E eu não acho justo com você continuar assim. Eu quero seu bem, te juro.

– Mas isso não me faz bem.. eu tô completamente destruída. - soluça.

– Agora, não, mas logo vai estar. Obrigado por esses oito meses. Você me ajudou muito.. mas, agora eu te deixo livre pra conhecer alguém que te ame do jeito que você merece. - digo, com sinceridade.

Ela fica um tempo calada.

– Mas.. eu quero você, é só você que eu amo, Steve. - chega mais perto de mim.

– Claire, vai ser feliz.. tenho certeza que consegue. Agora, acho melhor você ir..

Ela vai até a porta, me olha e sai.

***

É véspera de Ano Novo. Peter voltou do Canadá e me convidou pra passar com ele na praia. Parece que ele (e a Rachel, que não vejo desde aquele dia, no final de novembro..) brigou com a mãe e não quer (e nem a Rachel) passar as festas de final de ano com ela.

Então, nós combinamos de vir pra Santa Mônica.

O dia está ótimo, o sol rachando, a água na temperatura perfeita.. tá tudo muito bom.

De noite, vai ter uma festa pra virada do ano, e promete ser A festa. Todo mundo por aqui tá comentando, esperando ansiosamente e tal. Não passou negar que também estou nem animado.

Peter e eu estamos aqui desde o dia 23 de dezembro, e vamos voltar dia 5 de janeiro, que é até onde o nosso chefe do estágio permitiu, porque de dependesse da gente, ficaríamos por aqui até o próximo Reveillón.

Agora, são três da tarde, e o sol já não está mais tão forte como antes.

O Peter volta de um mergulho e se senta do meu lado.

– A água já tá ficando mais fria, parece que hoje vai esfriar mais cedo. - ele diz, passando a mão no cabelo.

– Se de noite estiver frio, vai ser chato pra caramba. Festa no frio é um saco.

– Concordo. O que nos resta é torcer.

– O plano com a Dyl é pra hoje? - pergunto, me virando do mar, para ele.

– Sim. Já tá tudo certinho, as meninas chegam logo, logo. E, relaxa, a Rachel tá de boa com você. - ele diz, antes que eu pergunte. Apenas balanço a cabeça. É realmente bom saber que ela não vai ficar meio "assim" comigo, depois daquele dia estranho..

– Acho que quero voltar pra casa. - eu falei, e ele me olhou como se eu tivesse algum tipo de problema. - Não pra casa, casa. Casa.. casa. - termino, percebendo o quão senta sentido essa frase foi.

– Ah, entendi. - fala, ironicamente, rindo.

– Tipo, a casa do seu amigo, não o apartamento.

– Agora eu entendi.

– Vamos? Ou vai ficar de olho nas novinhas? - pergunto e ele ri.

– Vou ficar de olho não minha moreninha, porque ela acabou de chegar. - ele diz e se levanta, indo até onde a Dylan estava. Com ela, uma outra menina. A Rachel não estava. Pensei que ela não estivesse tão de boa quanto o Peter me falou e tivesse resolvido ficar em casa, com os outros amigos.

Não que eu me considere um amigo dela, mas depois de toda a nossa história, não é como se eu pudesse passar como um simples conhecido.

Confesso que não vê-la me deixou decepcionado. Ter a Rachel por perto ainda me deixava feliz, mesmo sem poder tocá-la, beijá-la, fazer tudo aquilo que eu tanto sinto falta.. mas acontece que na maioria das vezes, a nossa vontade não pode ser realizada pelo simples fato de, um dia, nós termos feito algo contrário à ela por impulso, transformando todas as nossas futuras vontades em simples desejos do nosso coração, como consequência de um ato impensado.

Fui até a Dylan, cumprimentei e segurei MUITO a língua pra não perguntar da Rach.

Descobri que quer estava com ela era a Gabi, a tal menina que vejo grudada com as meninas.

– Então você é o tão falado Steve? - ela diz, me olhando fixamente, com um sorriso meio torto e a mão estendida.

– Prazer. - eu digo, imitando seu sorriso.

Ela e Dylan, então, entram na casa (a casa é do amigo do Peter, tem uma galera hospedada nela pras festas de fim de ano. É grande, tem sete quartos e fica bem de frente à praia).

Eu e Peter resolvemos imitar as duas e entramos também.

Como as cinco horas se aproximavam e a festa começa às oito, o pessoal já estava começando a se arrumar (vulgo meninas que precisam de horas e horas), mas eu resolvi ficar no quarto mesmo. Praia cansa muito, tudo que eu preciso é dormir.

E foi o que fiz.

Tive um sonho estranho, mas que eu gostei.

Tipo, eu estava na praia com muita gente, comemorando a virada do ano. Uma música tocava alto, e de repente, uma lenta começou. Vários casais se formaram e começaram a dançar.

No meio da multidão, um sorriso aparece, um sorriso lindo. Eu sabia que conhecia de algum lugar, sabia que era familiar, e sabia que amava aquele sorriso. Mas, eu não conseguia ver o rosto de sua dona.

Aquilo, de certa forma, me deixou feliz.

O Peter apareceu na porta.

– E aí, dorminhoco? Tô ajudando uma recém chegada a tirar as malas do carro e depois já vou pro banho. Essa noite promete! Espero que quando eu voltar, você já tenha liberado o banheiro, falou?

– Pode deixar. E eu vou tentar não te zoar, porque, na moral, sua empolgação pra esse plano aí tá muito engraçada. - falei rindo.

Ele faz careta e sai.

Eu tomo banho e, como manda a tradição, coloco calça jeans e camisa branca de botões. Deixo um pouco aberta, afinal é praia, coloco sapatênis azul marinho, e fico esperando.

Não sei se era espírito de ano Novo, mas meu humor se tornou incrível.

Fiquei de boa, animado, feliz, a noite inteira. E, faltando um minuto pra virada, toda a festa se silenciou e começou a contagem.

Três...

Dois...

Um...

E os fogos começam. Entre toda aquela movimentação, um coque alto me atrai.

Os olhos, antes fechados, se levantam e olham o céu, se iluminando instantaneamente.

Um sorriso brota em seus lábios , e de repente, parecia que toda aquela multidão havia sumido ao redor.

Era o sorriso.

A dona dele me olha e, depois de tanto tempo, o seu olhar quente, sedutor e carinhoso volta, deixando de lado aquele olhar frio que ela insistia em me lançar.

O sorriso se abre mais e eu tive certeza: o amor não foi, e nem pretende ir embora.


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Notas finais do capítulo

Curiosas? Hahahaha
Sou do mal, né?
Beijo pra vocês e até logo 😘