Cloudy Sky escrita por BeeatrizCastro


Capítulo 4
Do not help assholes


Notas iniciais do capítulo

Capítulo misturando o POV da Sophie e do Logan.



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Capítulo 3

Logan Foster acordou de um sono mal dormido e percebeu que o colchão ao lado de sua cama estava vazio. Bocejou e esfregou as mãos nos olhos, pensando no que passava pela sua mente quando resolveu ajudar John Hastings de novo.

Mas o que mais vinha a sua mente não era bem John Hastings, o cara que o fez perder o emprego, e sim o abraço que havia dado em Sophie. Ainda não havia se acostumado com o fato de ter se aproximado tanto da garota que o desprezava em apenas um dia. Aquilo tudo parecia um sonho meio impossível que ele deveria ter tido enquanto dormia, mas ao sair do quarto e ver John sentado na mesa com Eleanor, soube que era tudo real.

Eles haviam acabado de por a mesa. Havia ovos, bacon e waffles– Eleanor já havia aprendido a se virar sozinha. Ela e John se pareciam se dar bem.

– Bom dia – Logan murmurou para ambos.

– Bom dia – responderam de volta.

Logan encarou John durante poucos segundos, pensando no quanto - para usar de eufemismo - não gostava do garoto. Para ele, John Hastings era apenas um riquinho idiota. Um pseudorrebelde querendo chamar atenção dos pais, um narcisista sem senso de consequência para suas atitudes.

Será que ele não percebia o quanto sua família estava desmoronando apenas por causa dele? Não era novidade, principalmente em Constance, que os Hastings eram a típica e infeliz família rica. Pais quase separados, um dos filhos drogados... Antes, Sophie costumava andar mais em festas e fazer mais besteiras, mas há um bom tempo, desde que a situação com John piorara, ela aquietou-se e dedicava-se a não permitir que o irmão fizesse muita besteira e destruísse o frágil fio que ainda não deixava que a família Hastings se destruísse. Tarefa difícil.

Eleanor sorriu para Logan, daquele jeito adorável que só a irmã sabia sorrir.

– John me disse que queria ter uma irmã como eu!

Você já tem a sua e deveria agradecer por ela, Logan pensou não apreciando muito a ideia de John amigo de sua irmãzinha.

– Todo o mundo quer ter uma irmã como você! – ele disse afagando seu cabelo. – Onde é que está a mamãe?

– Ainda está dormindo. Ela tem aquilo... – Eleanor parou para pensar, fazendo uma careta. – Ressaca!

Logan virou-se e foi ao quarto da mãe e da irmã. Sra. Foster, se é que assim poderia ser Andrea chamada, estava quase jogada na cama. Era uma mulher bonita, atraente. Os cabelos loiros de Logan e Eleanor certamente eram herdados do pai, aquele homem cujo Logan odiava sequer pensar. Andrea Foster tinha os cabelos num tom muito preto e os olhos verde-acinzentados. Um rosto anguloso, lábios secos e cílios espessos. Ela poderia ser bem mais bonita se não fumasse nem bebesse, ou pelo menos o fizesse menos.

Ela poderia até ser uma boa mãe... Mas desde que o pai de Logan e Eleanor havia abandonado a família, era vivera doente, depois começara a beber e seus dias eram quase todos inconscientes. Logan fazia um pequeno esforço para não odiá-la. Era ele que cuidava de Eleanor, era ele que pagava as contas com seus míseros salários e a ajuda da tia, que estava sempre segurando a barra quando ele precisava.

– Mãe – ele murmurou sacudindo-a levemente. – Mãe, levanta...

Andrea abriu os olhos, bocejando enquanto se espreguiçava.

– O que é? – disse no meio do bocejo, de um jeito não muito hostil.

– Vem comer – Logan respondeu. – Tenta não fazer besteira, tem um... colega meu em casa.

Saiu do quarto antes que ela começasse a perguntar.

Sentou-se a mesa junto de John e Eleanor e sua mãe apareceu quando ele dava a primeira mordida no waffle.

– Bom dia – ela disse de um jeito arrastado dirigindo um longo olhar para John que não deixou Logan feliz. – Prazer, sou Andrea – ela esticou a mão para o garoto, que a cumprimentou de volta. – Mãe do Logan e da Eleanor.

– Sou John, amigo de Logan – ele respondeu.

Aquele foi um café estranho, um pouco mais estranho do que de costume, na verdade, já que sempre que Andrea resolvia passar um tempo com os filhos as coisas eram meio tensas.

Mas o pior dessa vez foi ela ficar flertando com John. Logan tinha raiva de Andrea desde quando ela começou a beber, e também não nutria uma amizade por John, então aquele café da manhã foi horrível.

Depois sua mãe resolveu que ainda não bebera o suficiente e saiu, dizendo que voltava antes do anoitecer. Mas Logan já estava acostumado com isso. Ela quase sempre saia de manhã e voltava tarde, completamente bêbada, carregada por algum amigo.

Enquanto Eleanor assistia desenho na TV da sala, John o chamou.

– Obrigada – John disse sério, encarando-o.

– Uhum – Logan murmurou de volta, rude.

– Por... Me ajudar. De novo. Depois de ter feito você perder o emprego e tudo mais. Você nem me conhece... Obrigada – ele disse, agora parecendo um pouco envergonhado.

– Não há de quê – Logan respondeu, ainda com a voz rude. Então tentou fazer um esforço para não soar tão ignorante. – Não tem problema... Sério – mentiu.

– Er... A Sophie me mandou uma mensagem – ele disse quando John estava se virando para ir fazer qualquer outra coisa depois de segundos em silêncio. – Ela disse para eu voltar para casa – ele falou.

Logan estranhou o fato de Sophie não ter ligado para ele, mas depois do momento estranho que haviam passado na noite anterior, talvez a garota não quisesse mesmo falar com ele.

– Certo... Tem alguma coisa sua lá no quarto? – Logan perguntou depois de ver a mochila de John no canto do sofá.

– Não, não – ele respondeu. – Obrigada, mesmo, cara.

Logan levou-o até a porta depois que ele deu um abraço e disse tchau para Eleanor. John foi embora e Logan jogou-se no sofá, puxando a irmã enquanto fazia cócegas nela.

– No fim, sempre sobramos nós dois – Logan sorriu para ela, falando.

– É mesmo! – ela disse entre risos.

Logan decidiu ligar para Alice.

Alice precisava dele, ele era seu porto-seguro e sabia disso apesar de ela tentar não demonstrar tanto. Mas ela também era muito importante para ele. Alice era quase sempre feliz, apesar de todos seus problemas, e isso o contaminava. Ela o ouvia. Sabia muito bem como retribuir todo o apoio que Logan a dava. Ela entendia tudo por que ele passava e achava que ele era a melhor pessoa do mundo por ainda ser tão paciente e gentil apesar disso. Alice era maravilhosa. Era forte, perseverante e tinha uma alegria delicada como a primavera. O jeito que ela ria de cabeça baixa e corava quando ficava com vergonha era uma das coisas que ele mais gostava nela.

Mas ela também era tempestade de vez em quando. Quando se descontrolava ou estava com raiva, ela poderia ser a pior pessoa do mundo, e também sabia muito bem como fazer besteiras. Mas esse temperamento meio imprevisível também era seu charme.

– Alô, Alice? – ele murmurou ao telefone em seu quarto.

– Alô, Logan! – ela disse com uma voz alegre. - Você tá bem?

– Eu estou, sim – ele disse carinhoso feliz por ouvir sua voz. – Eu tenho muitas coisas pra te contar, A. Posso ir para sua casa hoje à noite?

– Claro que sim. Com certeza! – ela disse. – Não pode me dar uma prévia do que tá acontecendo, Logan?

– Só uma palavra, A: John – ele murmurou.

– Como é? – ela perguntou surpresa.

– O resto eu digo pessoalmente, ok? – ele disse gentil. – Eu tenho que ficar com Eleanor, por enquanto. Lisa está trabalhando e minha mãe tá fora, como sempre.

– Tudo bem. Vem de que horas?

– Não sei direito... Mas provavelmente tarde. Eu não sei que horas Lisa vai poder ficar com Eleanor e nem que horas minha mãe vai estar aqui. Tem algum problema, meu bem?

– Não, não tem problema algum.

– Então certo. Se cuida, viu? Eu te amo muito.

– Se cuida. Eu te amo também! Mas isso é óbvio – ele pôde ouvi-la rindo e não evitou rir de volta.

– Até, A – ele disse e desligou o telefone depois de ouvi-la se despedir, depois voltou para a sala e deitou-se com Eleanor.

A tarde passou lenta, enquanto ele assistia com a irmã.

A irmã era uma das razões por ele ainda estar em casa, ou melhor, por ele ainda ligar para alguma coisa. Eleanor tinha a personalidade colorida certa para aquela casa já tão cinza. Era extrovertida, alegre, mas também muito compreensiva e um tanto quanto responsável. Eleanor sabia fazer sua própria comida, arrumava sua cama e a de sua mãe, ela recolhia os pratos e os lavava, e estava sempre mantendo a casa arrumada do jeito que pudesse. Apesar de toda aquela inocência e ignorância em relação às coisas ruins do mundo que ela parecia ter, Eleanor sabia o que Logan passava, sabia da situação tão delicada de sua família. Ela nunca reclamava se Logan a pedia para ajeitar alguma coisa, ou quando ele estava muito estressado para sentar com ela no sofá e assistir os desenhos que eles sempre assistiam quando Logan tinha tempo – apesar de ele realmente não assistir e cochilar sempre, ela nunca o acordava, porque sabia que ele estava muito cansado de... tudo. Eleanor era uma das únicas coisas boas que ele tinha, e não havia como ela ser mais perfeita.

Havia sua tia também, Lisa. Ela estava sempre lá com eles, quando Logan tinha que deixar Eleanor sozinha em casa ou quando eles precisavam de dinheiro. Lisa era gentil, carinhosa, e também forte o suficiente para aguentar as brigas que a irmã tinha com ela muitas vezes. Andrea não gostava de Lisa lá. Elas viviam sempre brigando, mas Lisa geralmente não ligava. Ela só queria estar lá para Logan e Eleanor.

Seu celular estava meio enterrado entre as cobertas e travesseiros que estavam no sofá já que aquele dia era frio, e Logan o ouviu tocando abafado as primeiras notas de I’ve Just Seen a Face. Achou o celular e viu que era Sophie quem o ligava. Atendeu o telefone, surpreso.

– Olá, Sophie?

– Logan... Er, obrigada por ficar com John até agora – ela disse. – Eu consegui convencer minha mãe de deixá-lo voltar. Ele pode vim para casa agora – continuou. – Desculpe a demora para dar notícias, mas eu quis esperar ela se recuperar e esfriar a cabeça...

– Espera, espera, Sophie. John não está aí contigo?

– Como é?

– Ele me disse que você havia mandado uma mensagem. Que ele poderia voltar. Eu estranhei você não ter me ligado, mas pensei que depois de ontem... – ele deixou as palavras no ar.

Ela deu um suspiro cansado e ele escutou um soluço de agonia do outro lado da linha.

– Não é sua culpa. Eu... Eu vou procurá-lo, Logan – ela disse se controlando. – Muito obrigada. De verdade.

– Ei, quer que eu vá contigo? – ele perguntou precipitado.

– Claro – ela respondeu rápido. – Você quer que eu te pegue aí?

– Eu vou ligar para ver se Lisa pode ficar com Eleanor. Deve ser o tempo de você chegar aqui.

– Ok – ela assentiu.

– Sophie... A gente vai achá-lo – disse quando já ia desligar.

– Não tenho tanta certeza – ela disse triste e desligou depois de alguns segundos de silêncio.

Quando Sophie o ligou dizendo que estava o esperando ao lado do prédio, Lisa já havia chegado. Ela tinha conseguido sair mais cedo do trabalho depois que ele ligou. Ele desceu pelas escadas, apressado.

– Oi, Logan – ela disse quando ele entrou no carro.

Sophie continuava linda como era sempre, mas parecia devastada. Seus cabelos castanhos não estavam impecavelmente lisos como sempre estavam. Na verdade, estavam um pouco embaraçados num coque mal feito e bagunçado. Ela tinha olheiras suaves e usava uma roupa um pouquinho amassada.

– Oi, Sophie – ele respondeu. – Tem alguma ideia de por onde começar?

– Na verdade, eu tenho, sim – ela disse. – Já fui buscar John em muitos lugares diferentes. Mas ele parece estar sempre para as bandas da Dark, então a gente poderia começar olhando uns bares por lá.

Dark era como chamavam uma rua aonde os riquinho de Nova York gostavam de ir para fazer coisas erradas. Havia bares ilegais, jogos ilegais, gente vendendo drogas, prostitutas, caras procurando confusão. Logan sabia que sua mãe ia para lá de vez enquanto também, mas já não se importava. Pelo menos até aquele dia. A ideia que veio na sua cabeça quando Sophie falou que John ia para lá vez ou outra não lhe agradou.

– Ele continua me desapontando – ela disse quando eles já estavam a caminho da Dark.

– Eu... – Logan tentou dizer alguma coisa, mas nada lhe veio à mente. – Desculpa, eu não sou a melhor pessoa com as palavras.

– Tudo bem.

Depois que Sophie estacionou em algum canto qualquer, eles saíram andando pelos prédios estranhos da Dark. Havia desde bares com gente muito bêbada e estranha até casas de jogos que pareciam vir direto de Vegas. Mesmo com Sophie do lado, umas três prostitutas cantaram Logan.

Eles já haviam visitado várias daquelas instalações estranhas e não acharam John em nenhuma delas. Logan estava começando a achar que ele poderia não estar na Dark e eles só estiveram desperdiçando tempo durante essas horas de busca sem sentido, mas quando entraram em um bar discreto com um interior até um pouco agradável, Logan reconheceu os cabelos longos e pretos que pertenciam a Andrea. Ela estava encostada num canto do bar, beijando John, e ninguém no recinto parecia se importar muito com eles.

Sophie os viu também e fez uma cara espanto e choque, mas Logan foi rápido em sua reação: puxou John e o deu um murro no rosto antes mesmo que ele tivesse tempo de saber que era Logan quem o fazia. Andrea, quando percebeu a situação, envergonhou-se, mas também ficou espantada com a reação do filho e tentou o impedir de dispor mais golpes no John semi-inconsciente que se encontrava caído no chão.

Sophie puxou Logan para trás, espantada por vê-lo perder a paciência pela primeira vez em tanto tempo. Ele era sempre tão gentil e calmo, paciente. Aquilo ali não era normal.

Todos que estavam no bar olhavam para eles e um homem atrás do balcão gritou que ali não era lugar para isso e já queria os expulsar, mas Sophie colocou Logan para trás gentilmente – isso por que ele permitiu, claro – e o cara ficou mais tranquilo quando viu que eles não planejava mais fazer nenhuma confusão. Abaixou-se e viu que o irmão ainda estava acordado e, como ele não estava em estado de ouvir reclamações, simplesmente limpou o sangue que fluía como um rio de seu nariz e ajudou-a se levantar, levando ele para o extremo do bar, o mais longe possível de Logan, que agora parecia mais controlado, mas encarava a mãe com um misto de decepção e raiva nos olhos.

Logan praticamente puxou a mãe pelo braço porta a fora do bar.

– Tchau, Sophie – ele disse ao passar por ela e o irmão mal os olhando.

Ela continuou ajudando John que estava sentado numa mesa limpando o sangue do nariz com guardanapos de papel e preferiu não ir atrás de Logan. Ele precisava de um tempo com sua mãe, e também tinha que esfriar sua cabeça. Agora ela teria que lidar com John, que evitada encará-la.

– Qual o teu problema, John? – ela disse baixinho, com os olhos enchendo de lágrimas.

Ele continuou calado, olhando para o outro lado.

– Sinceramente, você parece uma criancinha que não sabe as consequências dos seus atos. Fica aí sentado nessa mesa, sem me encarar, como uma criança intimidada quando erra – ela disse tentando não soar rude. – Você não poderia ter feito isso com Logan. Ele te deixou dormir na casa dele, ele te ajudou e nem te conhece direito. Você o fez perder o emprego e mesmo assim ele ainda te acolheu. E, além disso... Olha o que você está fazendo comigo! – ela aumentou um pouco o tom de voz e deixou as lágrimas caírem. – Eu faço de tudo para não deixar você cair, para não deixar você ir... Eu convenço a mamãe de que você precisa de outra chance, eu te protejo, eu te ajudo com os problemas que você se mete. Eu não quero passar isso na sua cara, não... Mas eu quero que você, por favor, reconheça que eu não mereço passar por isso. Você é uma das pessoas que eu mais amo, seu idiota. Mas parece que você não ama ninguém. Você só decepciona as pessoas ao seu redor.

Ele olhou para ela, com uma expressão um tanto fria.

– Desista de mim, Sophie – murmurou.

Ela quis estapeá-lo, gritar tudo que tinha engasgado na garganta... Os anos de angústia, as noites de preocupação, todo o esforço que ela havia feito para cuidar dele. E ele a tratava assim? Como se nada importasse? Não era justo.

– Você tem certeza? – ao invés de dizer tudo que queria, apenas perguntou isso friamente. Ele assentiu com a cabeça voltando a olhar para o lado.

Sophie saiu do bar e andou sem derramar uma lágrima sequer, mas começou a chorar assim que entrou no carro e encostou sua cabeça no volante.

Logan e Andrea tiveram que pegar um metrô, e todo o percurso até o apartamento foi feito num frio silêncio que se estendeu entre eles. Quando chegaram, entraram e Logan bateu a porta atrás de si para encontrar seu apartamento muito limpo e arrumado e sua tia sentada no sofá com Eleanor do lado, elas brincavam de algum jogo de tabuleiro. Ele disse para Lisa que queria que ela levasse Eleanor para sua casa por enquanto, já que queria conversar com sua mãe.

– Mãe... – ele murmurou procurando as palavras que sempre lhe fugiam nessas horas quando estava a sós com Andrea. – Mãe? Você não é mais isso. Na verdade, eu estou sendo a mãe e o pai aqui nessa casa, e você só uma filha inconsequente – ele falava baixo, quase para si mesmo.

– Logan... – ela murmurou entre soluços. – Eu... Por favor...

– Não! Você vai me escutar – ele falou encarando-a e aumentando um pouco o tom de voz. –O que você tem na cabeça? É o John... O cara tem a minha idade, mãe! Isso é ridículo – ele disse, mas na verdade esse não era o maior problema. Havia muito ódio e decepção acumulados em Logan. Ele sempre fora calmo, quieto, compreensivo e gentil, mas por dentro, guardava muito rancor. Seu pai perdido era uma das razões, mas a principal era a ausência de sua mãe. Ela não parecia se importar com os filhos e tudo aquilo parecia engasgado na garganta de Logan. – Mãe... Era você quem deveria tomar conta de mim! E de Eleanor também. Eu não sou um adulto, eu não deveria estar vivendo isso! Onde a senhora está quando eu preciso, quando Eleanor precisa? Bêbada?! Eu não...

– Logan, me desculpa – ela murmurou segurando em sua mão. – Eu te amo, meu filho. Eu te amo tanto... Eu sei que eu...

– Pare! – ele gritou e abaixou a cabeça. – Eu não quero te ouvir. Não agora – disse mais calmo e saiu do apartamento, deixando uma Andrea completamente arrasada lá dentro.

Ele não foi muito longe. Na verdade, nem saiu da área do prédio, simplesmente sentou na calçada e ficou observando a lua cheia que brilhava no céu escuro. Num instante, lembrou que já era tarde e que deveria estar na casa de Alice. Havia se esquecido totalmente disso depois de todos os acontecimentos do dia. Se sentiu culpado, mas já não queria ir atrás de Alice quando era para ele querer estar com ela. Geralmente, quando acontecia algo ruim, um corria para o outro. De qualquer jeito, Logan ligaria para ela mais tarde. Agora só queria ficar sozinho. Ou talvez não queira tanto, pensou quando viu o carro de Sophie entrando pela portaria. Ela estacionou e foi direto para onde ele estava.

Ela tinha trocado de roupa, pois estava com um casaco bem grande de lã que não usava mais cedo. Seu cabelo estava amarrado e ele pôde ver o quanto seu rosto era bonito, mas também pôde ver que também se encontrava um pouco inchado e avermelhado de choro.

– Me desculpa, me desculpa, por favor! – ela disse se sentando ao seu lado e olhando para a lua.

– Não é sua culpa, Sophie – ele respondeu.

– Claro que sim! Eu sei que eu abusei pedindo isso para você, Logan. Mas não vai acontecer mais, de qualquer jeito. John me pediu para deixá-lo em paz.

Logan olhou para ela surpreso.

– Sério?

– Sim. Eu falei tudo que tinha para dizê-lo. E ele só me mandou deixá-lo em paz. Eu estou com uma imensa vontade de achá-lo e arrancar aquela cabeça estúpida... – e lágrimas começaram a brotar de seus olhos. – Mas eu o amo... Só que não posso fazer nada por ele.

– É o melhor. Eu sei que ele é seu irmão, mas ele é um idiota. Não merece sua atenção, Sophie.

– Eu não o darei mais minha atenção. É uma promessa a mim mesma – sussurrou a última frase. – Mas como você está? E a sua mãe?

– Eu falei algumas coisas para ela que estavam engasgadas há muito tempo – disse. – O que há na cabeça dela? Minha mãe é mais adolescente do que eu.

– Não sei como você lida com tudo isso.

– Eu digo o mesmo a seu respeito – ele respondeu.

Nenhum dos dois tinha muito que falar naquele momento.

Sophie sentia-se quase como se não fosse ela mesma. Ultimamente, ela andava gentil, quieta, e apenas querendo paz. Nada de brigas, nem o egoísmo de sempre, nem as festas e besteiras que já eram tão sua cara. Ela crescia.

Logan também se sentia estranho. Há uns tempos atrás, não nutria nenhuma simpatia pela garota, mas ultimamente ela não parecia mais a menina tão inconsequente e egoísta que sempre foi e todos aqueles acontecimentos, por mais trágicos que fossem, os aproximavam.

Agora olhavam uns nos olhos do outro. Então Sophie deu um sorriso triste, e Logan o retribuiu. Seu celular tocou no mesmo momento em que ambos começavam a rir. Logan o atendeu.

– Alice? – ele disse ao telefone e Sophie pareceu surpresa e um pouco culpada ou ouvi-lo.

– Onde você tá, Logan?! – ela perguntou do jeito impaciente que sempre ficava quando estava curiosa.

– Eu... Eu preciso dormir um pouco agora, meu bem – disse se sentindo o pior namorado do mundo. – Desculpa? Foi um dia muito longo, eu estou muito mal, A. Eu prometo que amanhã a gente se vê... Vou até aí, vai ser a primeira coisa que farei.

Ela suspirou no telefone.

– Logan, por favor, me diz o que tá acontecendo. Você não está normal – ela disse com aquele tom de preocupação que o matava. – Você anda distante... Qual é o problema? Eu estou aqui para te ajudar, também.

– Eu vou te dizer amanhã, A. Eu te prometo. Agora eu preciso ir, minha princesa. Eu sei que eu to sendo um péssimo namorado, eu sei... Mas me desculpa.

– Ugh! – ela bufou, chateada. – Certo. Eu te amo.

– Eu... – ele hesitou e olhou de relance para Sophie, que fingia não prestar atenção na conversa. – Eu também te amo.

Desligou o telefone e olhou para Sophie.

– Eu vou subir para descansar, Sophie. Obrigada por se preocupar.

– Er... – ela hesitou enquanto os dois levantavam. – Não há por que pedir obrigado. Eu que peço desculpas e agradeço. Bem, durma bem – disse sem saber se deveria abraçá-lo ou não.

– Você também – ele disse e começou a andar até o prédio prédio, mas Sophie tocou seu braço e ele se virou. – Oi? – murmurou quase inaudivelmente.

Sophie o respondeu com um beijo rápido na bochecha, quase tímido e não normal de sua parte. Logan pareceu levemente atônito, mas sorriu em resposta e a deu um abraço apertado, beijando o topo de sua cabeça. Então se separam e cada um foi para um lado diferente, os dois meio tontos, confusos, e ao mesmo tempo amando a sensação de arrepio que subia pelas suas espinhas.


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Notas finais do capítulo

E aí? Tá legal, tá chato? Continuo a escrever ou paro mesmo? :x Alguém opina, por favor! kkk



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