I see the sound of both of us. escrita por OnlyLostThoughts


Capítulo 2
And what's your name?


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pela demora, fiquei sem internet e computador. Meu celular pra ajudar não abria o site, mas agora estou de volta e agradeço a você que veio ler mais esse capitulo.
Obrigado, espero que gostem. :3



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A porta ia se abrindo devagar para não chamar a atenção, mas as dobradiças secas o denunciaram. O ranger da porta mal começou e ele já pôde ver aquele rosto vermelho de raiva, os cabelos negros, repletos de fios brancos arrepiados da pequena senhora Chevez. A mãe do rapaz estava parada frente à escada, sentada em sua cadeira de rodas. Sim, era paraplégica.

– Victor...Hugo...Chevez!

Ela dizia pausadamente, apontando o dedo indicador em direção ao jovem. Ele fechou os olhos, afagava os cabelos da nuca e sorriu com a língua para fora. Não ficou ali parado para ouvir, saiu correndo até a cadeira da mãe e começou a empurrar até a cozinha, gritando e cantarolando.

– Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar.

Ele rodopiou em torno dela e se ajoelhou em sua frente, encostando a cabeça no joelho dela. Ele sorriu e olhou para ela, fixamente, sem piscar, sem se mover, quase sem respirar. Aqueles olhar, sempre comovia à velhinha. A cara fechada aos poucos foi se transformando em um sorriso preso, que não conseguiu ficar oculto por muito tempo.

– Por que faz isso comigo, Hugo? Eu não sei por que você é assim, porque se mete em tantas encrencas. Eu vou morrer cedo se continuar assim.

Ela o encarou segurando o rosto do menino por entre as mãos.

– Estava fumando? Que cheiro é esse? – a velha parecia um cão policial, puxou o rapaz pelo queixo para mais perto. – HUGO! – ela gritou com ele e o rapaz se levantou correndo, beijou a testa da mesma e sorriu.

– Vou me lavar mãe, te amo.

Ele realmente era um rapaz problemático, mas sua admiração pela velha era algo forte. Nunca faltava com respeito com a pequena senhora, o convívio em casa era realmente bom, ele apenas era rebelde fora de casa, essa atitude que a mãe não conseguia entender. O rapaz entrou no quarto, caminhou nas pontas dos pés até a cama, pois esse era o único modo de chegar a sua cama, sem pisar em suas roupas espalhadas pelo quarto. Estava uma zona, mas ele não se importava. Sua mãe nunca ia lá e ninguém nunca era convidado a entrar em seu santuário. Olhando para o teto, ficou a lembrar daquela voz que ouvirá na delegacia. Parecia um anjo, mas ele não conseguiu identificar o rosto da jovem, nem seu nome sabia. Será que iria se encontrar com ela novamente?

Duas semanas se passaram e nesse meio tempo, Hugo conseguiu ir mais três vezes para a delegacia, estava agora prestando serviço comunitário e agora, foi obrigado a ajudar o velho Gilbert em seu restaurante naquela noite. O horário combinado era às dezenove horas e já passavam das dezoito e trinta, mas ele ainda nem havia se banhado. “ Preciso ir, se não, daqui a pouco aquele chato do chefe aparece”, chefe era o apelido que ele dava para o xerife da cidade.

Em um salto ele se levantou, vestiu aquele jeans surrado, calçou o adidas branco, que parecia mais amarelado que de costume e sua camiseta branca, colocou o celular no bolso e suspirou fundo. A preguiça o consumia o rapaz, mas ele foi se arrastando até o restaurante, sua mãe estava na missa e chegaria mais tarde. A fila de espera estava grande, ele até se impressionou com o número de pessoas ali, esperando um lugar para poder jantar. O quadro negro pendurado na entrada dizia: Hoje, voz e violão.

Ele revirou os olhos e já imaginou uma dupla sertaneja, dois velhos desentoados cantando músicas da época de sua vó. Foi direto a cozinha pra não perder e ter o ouvido lotado de insultas e criticas do velhote. O homem era barrigudo, baixinho e de pele morena. – Ei, ei Hugo! – ele estendeu o dedo, mas o menino pegou a bandeja, o avental e a toalha.

– Eu já estou indo. – disse ele em um tom desanimado. A primeira mesa foi rápida, seguiu atendendo a todos, como lhe fora pedido pra fazer. O pessoal do som, tinha acabado de ajeitar tudo e o banquinho branco estava ali, no centro do palco. Apenas um holofote clareava o palco escuro, a luz era roxa, bem claro.

– Hugo! Vá dar uma mão na mesa de bebidas. – ele sorriu e foi depressa, sempre quis ser barman. A toalha branca, foi envolta em seu pescoço e com um sorriso nos lábios, começou a atender. Brair era o nome do rapaz que estava ali com ele, eram amigos, um dos colegas de fuga de Victor. Enquanto trabalhavam, eles colocavam os assuntos em dias, e nem se quer desviavam os olhos dos clientes e das bebidas. Eles agitavam os copos, faziam malabarismos com as garrafas e os clientes estavam mesmo gostando de ver dois belos jovens com tanto vigor e satisfação trabalhando.

Enquanto isso, uma moça que usava um conjunto social preto, segurava na mão de uma menina com violão e a levou para o palco. – Cuidado com o degrau querida. – ajudou a menina a subir, e pôs sua mão sobre o banco. – Está tudo bem, pode deixar comigo. – a voz calma e agradecida da jovem despediu a mulher que sorriu e acenou. – Boa sorte. – ela desceu do palco e então, com dois toques do dedo no microfone verificou se o mesmo estava ligado. Quando viu que estava tudo certo, segurou o microfone que estava preso a um pedestal com as duas mãos e começou a cantar. O salão que estava repleto de conversas paralelas se silenciou em questão de segundos. Era algo surpreendente, parecia um anjo. A música escolhida era “Because You Love me” de Celine Dion. Victor estava debaixo do balcão quando ouviu a voz, ficou parado, era ela. Ao se levantar chocou a cabeça na bancada e gemeu, mas manteve os olhos no palco. Era ela! Ruiva, cabelos longos e com lindos cachos que pendiam nas pontas. Aquele vestido branco, salto rosa e até mesmo o batom vermelho faziam sua pele extremamente branco reluzir. Ele não conseguia piscar, não se movia, não respirava. O ar lhe faltou, o coração estava acelerado e uma sensação estranho subiu por sua barriga. Parecia ter milhões de borboletas em seu estômago. Era isso mesmo, não havia outra explicação para aquilo que estava sentindo. Quando a música acabou, ela foi aplaudida de pé por todos, mas o rapaz não conseguia se mover ainda. O sorriso que ela mostrou ao ouvir os aplausos, o deixou tonto. Quem era ela? E qual seu nome?


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Notas finais do capítulo

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