Jogos da Virtualidade escrita por GMarques


Capítulo 18
Precisamos Sempre Fugir.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Aqui está o capítulo novo. Um capítulo que eu acho estar bem elaborado, ou não, deem sempre sua opinião.



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Alguém está tentando matá-la! Alguém está tentando matá-la! Preciso salvar Joana. Não posso deixá-la. Pego uma faca e lanço contra a pessoa. Mas a faca não corre o ar para atingir o sujeito que tenta matá-la. Pelo contrário, simultaneamente há outra faca em meu peito. Eu caio. Só posso ouvir um grito longo e profundo. O grito começa a se tranformar em um chamado. Joana está olhando para mim. Tudo fica preto. E eu a enxergo novamente, me chamando. Foi um sonho.

–Marcaé, acorda! -Joana está assustada.

–O que aconteceu? -Digo me levantando. Minah voz sai em um tom de desespero. Todos estão de pé, olhando para a floresta que nos cerca. O dia ainda não amanhaceu, mas não parece estrar tão escuro agora, posso enxergar, mesmo que com dificuldade.

–Fique... -Jennifer fala baixo, mas claro, com uma pausa -...Quieto.

Todos estão com as armas na mão, exceto Joana e eu. Luzia com a zarabatana, Mohinder com uma faca, não é grande nem pequena. Jennifer usa um machado, cujo as pontas inclinam-se para trás.

As folhas se movem acompanhando os passos ágeis de alguém. Agora sei porque estão alertas.

–Fiquem atentos. -Luzia fala. Sua voz está em um tom que lhe revela confiante.

Pego, três facas. Não costumo retirá-las de minhas vítimas, não consigo. Mas, mesmo que não goste, eu terei que começar a fazer isso. Só me restam essas facas, e o punhal que peguei embaixo da árvore.

–Fique atrás de mim Joana. -Não quero que ela se fira.

–Eu não vou morrer, Marcaé. -Ela diz de modo frio -Digo... Não do seu lado. -Ela saca seu arco.

A relva e as folhas se movem novamente, e de dentro dela, uma garota morena de cabelo curto sai em direção a Jennifer. Não silenciosamente, gritando. Ela está com algo em suas mãos que me lembra uma espada, sobre sua cabeça. Antes que a garota possa fazer algo, Jennifer finca seu machado na leteral de sua cabeça, e o tira, num único golpe a garota está no chão.

–Ó meu Deus. -É tudo que consigo dizer. A feição de Jennifer é de nojo, ou algo parecido, não sei ao certo.

Não consigo olhar para o chão e ver como está a cabeça da garota, e sinto que, mesmo que eu tivesse coragem para olhar, não me sentiria bem.

Ouço gritos em várias línguas. Seja quem estiver aqui, está ou estão bravos. Não entender o que falam é um bom sinal, significa que não estão no alcance do tradutor, mas também não significa que estão longe.

–Vamos sair daqui! Corram naquela direção. -Luzia aponta para a mata e começa a correr na mesma direção. Todos a seguem, inclusive eu.

É difícil conseguir acompanhar Mohinder e Jennifer, que estão na minha frente, então tento ficar o mais próximo de Joana.

A grama se agita atrás de nós. Estão nos seguindo, não sei quantos são. Os primeiros raios de luz alcançam o céu e iluminam rasuavelmente o caminho. Correndo no ar, uma lança passa ao meu lado, e se crava numa árvore. Olho para trás para checar se Joana está bem, e está. Tudo que lhe digo é para que continua a correr, não há resposta, ela somente acata.

Outros objetos começam a percorrer o ar, facas ficam no tronco das árvores próximas. O movimento atrás de nós é bem notável, está ficando difícil acompanhar Mohinder.

–Tome cuidado! -Ofegante, alerto a Joana.

Joana tenta dar uma resposta, mas antes que algum som saia de sua boca ela tropeça e cai ao chão. Paro para levantá-la, volto um pouco e me abaixo. Ajudo-a a levantar, mas quando estamos de pé, dois garotos se aproximam. Um com uma lança prestes a lançar e outro com duas facas em sua mão. Não há tempo de reação, tudo que faço é fechar os olhos e esperar a morte. Mas ao invés de nossos corpos caindo, ouço o deles.

–Vocês me devem essa. -Reconheço a voz de Luzia. Me viro e posso ver a zarabatana em sua mão, a mesma em que está o tradutor -Parece que isso tem um veneno bem forte. Vou tomar cuidado para não me espetar. -Ela brinca com a situação.

~~~

Agora estamos andando na mesma direção em que corríamos. As armadilhas e a probabilidade de que tinham alguma coisa ficaram para trás.

Se não fosse por Luzia, talvez a essa hora nem eu nem Joana estaríamos aqui para contar a história. Joana está quieta, só andando. Na verdade, não só ela, todos estão sem dar um piu.

A folhagem começou a ficar menos espessa há alguns passos atrás, a ponto que agora está muito mais fácil andar. As árvores estão começando a ficar mais longes uma das outras, e menores também. Essa floresta, estamos saindo dela.
–Finalmente essa floresta está terminando. -Jennifer expressa sua felicidade -Mas estou com fome agora.

Não posso negar que meu estômago está vazio. Ninguém tem nada para comer por aqui.

Continuamos a andar. A área fica livre de árvores, só grama baixa nos cerca agora. Andamos mais um pouco, quando quase por acidente Jennifer, que estava na frente, cai num abismo enorme.

–Acho que essa é a nossa parada. -Mohinder fala, olhando para o final do penhasco.

–Vamos sentar para descansar, depois tentamos outra direção. -Jennifer se senta -Quem sabe contornamos esse penhasco.

A visão daqui é ampla, é como se não fosse acabar. O mais incrível é saber que tudo isso não passa de um engano mental, que eu continuo preso em Virtualidade X, sentado naquela cadeira. Eu estou sendo um escravo de Kêntrikou. Fico pensando como Shisuodin conseguiu me avisar sobre o cartão bônus, que não serviu para nada, e qual foi sua punição por me avisar. Decido não pensar nisso, e em Odin, ela me lembra A Outra, e também que tive culpa por sua morte.

Tentar esquecer d'As Shisus me fez lembrar de minha mãe e de Carolina. As duas devem estar agora me assistindo, já devem ter visto as pessoas que matei. Não sei se elas podem saber a dor da culpa na qual eu enfrento.

Todos estão sentados, meio afastados uns dos outros. Joana está conversando com Jennifer e Mohinder, é legal saber que ela está conversando com alguém, mesmo que seja pouco.

Luzia se levanta de onde está, e senta mais pra perto de mim, ela quer me dizer alguma coisa.

–Preciso conversar com você. -Ela está desconfiada de algo. -Sobre Mohinder e Jennifer, e não pode ser aqui.

–O que você tem a dizer sobre eles?

–Eles não são quem você pensa que são. -Ela diz quase sussurando enquanto olha pros lados -Toma, -Diz, tirando o tradutor de seu braço e colocando-o no meu. -Fique com isso.

–Mas... -Ela me interrompe. Não estou entendo.

–Depois eu te conto, agora é arriscado. -Ela dá um sorriso para mim -Já cansei de usar isso! -Ela eleva a voz e dá uma gargalhada forçada. Isso me soa muito estranho.

Quando Luzia se levanta Mohinder faz o mesmo, chamando-a. Eles vão para a beira do abismo e começam a conversar. O tradutor está no alcance.

Jennifer, Joana e eu ficamos sentados, conversando. Na verdade, Joana e Jennifer estão conversando, eu só estou as observando, escutando-as.

–Você é estadunidense? Não é?

–Sou. -Jennifer responde -Mas penso que nossas nacionalidades não nos servem em nada na nossa situação atual.

–Concordo contigo. -Responde Joana.

–E vocês dois? Já se conheciam antes disso? -Jennifer se refere a mim e a Joana.

–Ó meu Deus! -Joana grita, assustada. Consigo saber o porquê, ouço os gritos de Luzia, como nos sonhos, se afastando cada vez mais. -Ele jogou ela! -Joana se levanta e aponta o dedo para Mohinder.

–Fique quietinha aí! -Jennifer se levanta rapidamente e agarra Joana pelas costas e ameaça cortar seu pescoço com seu mechado -Quietinha... -Ela prolonga.

Pego uma das minhas facas, e quando estou pronto para ir para cima de Jennifer e tentar alguma loucura Mohinder usa sua faca, ameaçando cortar, agora, o meu pescoço.

–Larga a faca. -Não obedeço. Então ele pressiona um pouco mais a lâmina -Agora! -Dessa vez eu acato.

–Seus traíras! -Grito. Para que qualquer um que esteja perto ouça e decida o que quiser.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que acompanham, favoritam e comentam a fic. Vocês me incentivam muito a fazer uma coisa que amo profundamente: escrever.